terça-feira, 22 de novembro de 2011

Diabéticos são discriminados em Portugal IDF Europa revela estudo que aponta para realidade alarmante

No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinala na próxima segunda-feira, a Federação Internacional da Diabetes-Região Europa (IDF Europa), alerta para os casos de discriminação das pessoas com esta doença, não só os adultos como dos mais novos nas escolas, o que promove a sua exclusão social e dificuldade de aprendizagem.

“A discriminação das crianças com diabetes é alarmante e uma realidade que ainda existe. Os problemas vão desde a recusa no acesso a creches ou escolas pré-primárias ou não dar as condições necessárias para a administração de insulina ou a medição dos níveis de açúcar no sangue, passando pela exclusão nas actividades desportivas e viagens escolares”, alerta João Nabais, presidente eleito da Federação Internacional da Diabetes-Região Europa.

E acrescenta: “As pessoas com diabetes são penalizadas no seu local de trabalho, e em mais de 150 por cento em seguros de vida para compra de habitação, ou simplesmente são excluídas dos seguros de saúde porque esses não têm cobertura. Existem também casos de discriminação nos clubes sociais, nas famílias, na obtenção de um empréstimo bancário e mesmo no acesso a emprego de certas profissões”.

Polícia, condutor de ambulâncias, bombeiro, marinheiro, taxista, motorista de autocarros ou controlador aéreo são as profissões, em Portugal, em que as pessoas com diabetes afirmam ser excluídas no acesso ao emprego, segundo um estudo realizado pela IDF.

“No caso do acesso às cartas de condução, por exemplo, a diabetes é considerada como um problema de saúde que afecta a aptidão para a condução e como tal, as pessoas com esta doença têm de revalidar a sua carta dez vezes ao longo da sua vida; logo os custos indirectos com revalidações de cartas de condução, em Portugal, ascende os 216 milhões de euros”, explica ainda João Nabais.

“Acredito que podemos fazer a diferença e começar já a actuar pela mudança, pois não podemos ficar de braços cruzados, por um lado, ao ver os números de diabéticos a aumentar em flecha, e por outro lado, ao saber que existem diabéticos que sofrem discriminação pela sua doença”, conclui João Nabais, de 43 anos, diabético desde os 12 anos, e o primeiro português a assumir a presidência da federação.

A diabetes tipo 1 é uma doença crónica provocada pela falta absoluta de insulina devido à destruição de células do pâncreas que produzem esta hormona. A diabetes tipo 2, também conhecida como diabetes não-insulino dependente, ocorrem em pessoas que herdaram uma tendência para a doença (história familiar), e que, devido a hábitos de vida e de alimentação errados, e por vezes, ao stresse, vêm a sofrer da diabetes quando adultos. Estima-se que as pessoas com diabetes tipo 2 morrerão cinco a dez anos antes do que as pessoas sem diabetes.

Actualmente, a doença é considerada a principal causa de insuficiência renal, cegueira e amputação de membros inferiores. A monitorização de níveis que lhe estão associados, como a glicose no sangue ou os corpos cetónicos na urina, constituem a principal ferramenta na gestão diária da vida das pessoas com diabetes, permitindo assim traçar directrizes adequadas para o tratamento

Café também reduz risco de desenvolver Diabetes Tipo 2Quatro chávenas por dia pode diminuir incidência da doença

Para além de ter um efeito protector contra o cancro, o café pode diminuir em mais de 30 por cento o risco de desenvolver Diabetes Tipo 2 se forem consumidas, em média, quatro chávenas por dia.

A conclusão pertence a um estudo norte-americano analisado e publicado no relatório do Centro de Investigação de Medicina Baseada na Evidência (CEMBE), da Faculdade de Medicina de Lisboa.

A investigação envolveu cerca de 12 mil homens e mulheres com idade média de 54 anos, brancos e negros e não diabéticos no início do estudo.

O consumo de café nos 12 meses anteriores foi avaliado por questionário dietético e classificado em graus (número de chávenas por dia).

Os resultados revelaram uma associação inversa entre o consumo de café e a incidência da Diabetes tipo 2, uma vez que os grupos com maior consumo de café apresentavam o menor risco.

Segundo António Vaz Carneiro, director do CEMBE, as associações entre o café e a Diabetes Tipo 2 são “consistentes e importantes, seguem um padrão dose-dependente e mantêm-se em pacientes obesos e sedentários, com ingestão ou não de álcool, em novos e velhos, mulheres e homens”. Por outro lado, esta relação parece ser ainda “independente de outros factores de risco conhecidos da dieta e estilos de vida”.

Estes aspectos conjugados permitem concluir que “a ingestão crónica de café pode reduzir significativamente o risco de Diabetes tipo 2”, sublinha o responsável.

Pensar em “zebras” pode salvar vidas Dia Mundial de Sensibilização para os Tumores Neuroendócrinos assinalado amanhã

Os estudantes de medicina são, muitas vezes, relembrados: "Quando ouvirem o som de cascos a aproximarem-se, pensem em zebras, não em cavalos”. Segundo o «Net Cancer Day», “estes profissionais são estimulados a procurarem as condições menos comuns (zebras) – como cancros neuroendócrinos”.

Esta patologia tem sido integrada nas doenças raras, mas existem, matam, já populam milhões de pessoas e, em 50 por cento dos casos, são diagnosticados tardia e incorrectamente; por isso, é importante assinalar o Dia Mundial de Sensibilização para os Tumores Neuroendócrinos (NET), que comemora amanhã a sua 2ª edição.

Contudo, Ana Paula Santos, endocrinologista do Instituto Português de Oncologia (IPO) e coordenadora do Grupo de Estudos dos Tumores Neuroendócrinos, sublinhou ao «Ciência Hoje» que “eram raros, mas já não se podem considerar assim, porque nas últimas três décadas, aumentaram em cinco vezes e o diagnóstico correcto surge com os primeiros sinais de progressão da doença (metastização), decorrendo daqui a necessidade de um melhor conhecimento deste tipo de tumores”.

São cancros derivados de células dispersas do sistema neuroendócrino, presentes em muitos órgãos, incluindo o trato gastrintestinal, pâncreas, vias biliares, ovário, pulmão, testículo, trato urinário, mama, tireóide, timo. «Pense Zebra» (Think Zebra) é o mote da campanha, “especialmente dirigida aos médicos especializados e clínicos gerais, de forma a alertá-los alertar para a necessidade da sua detecção precoce e diagnóstico”.

A médica do IPO alerta para “o mito da progressão lenta” do tumor, já que “alguns têm um comportamento mais agressivo”. Não é uma doença na qual se possa antecipar o diagnóstico, mas é importante avaliar todos os sintomas. “A sociedade recomenda que todos os tumores, mesmo os ‘aparentemente’ benignos sejam considerados potencialmente malignos”, relembrou.

É necessário pensar neles, mesmo quando os sintomas são vagos, “tal como o cólon avermelhado ser confundido com a síndrome do intestino irritável”, mas pode, na verdade, ser uma manifestação de tumor neuroendócrino. Neste caso, o paciente sofre alterações psicológicas como depressão e ansiedade e “perante todas as queixas do doente, o médico deve fazer o despiste, mesmo sendo sinal de outra patologia”, sublinhou ainda.



Campanha alerta profissionais de saúde para diagnóstico precoce.
Ana Paula Santos revelou que o intestino delgado e o pâncreas são “sem dúvida” os órgãos mais afectados. Ainda não existe uma estimativa do número de incidência da doença em Portugal, mas já está em curso um projecto para a realização de um estudo de casos.

Um dia de consciencialização

Ao longo do dia de amanhã, vários doentes e profissionais de saúde – da Austrália à Europa, passando pela América do Norte – estarão em directo na página do «Net Cancer Day» através da partilha de diversas acções de comunicação e vídeos relativos aos NET. Para além disso, decorrerá também uma campanha nas redes sociais, na qual se poderá participar através das acções "Like" e «Think Zebra» (mascote da campanha).

Em Portugal, esta iniciativa conta novamente com a adesão do Grupo de Estudos dos Tumores Neuroendócrinos (GE-TNE) da SPEDM (Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo) – criado com o intuito de optimizar a detecção e terapêutica deste tipo de tumores e que, ao associar-se a esta acção, tem como objectivo alertar para esta patologia de tão difícil diagnóstico.




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Novo fármaco contra obesidade ‘mata’ a gordura Estudo de equipa norte-americana está publicado na «Science Translational Medicine»

Investigadores da Universidade do Texas e do Anderson Cancer Center (EUA) testaram com êxito um tratamento contra a obesidade. O novo fármaco chamado Adipotide provoca perda de peso e elimina a gordura acumulada no abdómen. Ao contrário de outros fármacos com a mesma finalidade, que cortam o apetite ou impedem a absorção de gorduras, este imita o mecanismo de acção de alguns dos tratamentos contra o cancro que cortam o fornecimento de sangue e oxigénio aos tumores para deixá-los sem nutrientes e ‘matá-los à fome’.

Seguindo esta estratégia, o medicamento dirige-se às células de gordura branca, as mais prejudiciais ao organismo. Estas morrem e são reabsorvidas pelo organismo. Até agora, a eficácia do método só foi provada em macacos e os resultados do estudo aparecem na «Science Translational Medicine».


Após um mês de tratamento com injecções diárias, os animais perderam 11 por cento do seu peso corporal. O peso, a circunferência abdominal e o índice de massa corporal (proporção peso/altura) continuaram a cair durante três semanas após o tratamento.

Além disso, os animais melhoraram a sua resistência à insulina, indicador que leva ao desenvolvimento da diabetes tipo 2. O desaparecimento da gordura branca demonstrou-se em imagens de ressonância magnética antes e depois do tratamento.

Quanto a efeitos secundários, não houve nada de grave a assinalar. Os animais não perderam o apetite nem mostraram sinais de náuseas. O único efeito adverso observou-se nos rins. No entanto, os investigadores esclarecem que este problema é previsível e reversível.

Apesar de a gordura ser essencial para manter o equilíbrio energético e ajudar a regular a temperatura do corpo, nem toda ela é igual. Como no colesterol, existe uma gordura boa que queima energia para manter a temperatura adequada e a má que armazena as calorias a mais. Esta última, a gordura branca, aumenta o risco de problemas cardiovasculares.

Artigo: A Peptidomimetic Targeting White Fat Causes Weight Loss and Improved Insulin Resistance in Obese Monkeys

Investigação abre caminho para nova vacina contra a malária Investigadores ingleses descobriram como parasita invade glóbulos vermelhos

Cientistas do Wellcome Trust Sanger Institute, no Reino Unido, descobriram a forma como o Plasmodium falciparum invade os glóbulos vermelhos, o que poderá abrir caminho ao desenvolvimento de uma vacina, noticia hoje a revista científica «Nature».

"A nossa descoberta foi inesperada e mudou completamente a forma como vemos o processo de invasão" do parasita no sangue humano, explicou Gavin Wright, do Wellcome Trust Sanger Institute, co-autor da investigação. "Parece ter revelado um calcanhar de Aquiles na forma como o parasita invade os glóbulos vermelhos. É recompensador ver como a nossa técnica pode ser usada para responder a problemas biológicos importantes e lançar as fundações para novas terapias", disse ainda.

A malária mata aproximadamente um milhão de pessoas todos os anos, sobretudo crianças com menos de cinco anos na África subsaariana, mas ainda não há uma vacina disponível. A descoberta de Gavir Wright e dos seus colegas permite entender como a mais mortal das espécies do parasita da malária, Plasmodium falciparum, invade os glóbulos humanos nos seres humanos. Através de uma técnica desenvolvida no Wellcome Trust Sanger Institute, descobriram que o parasita depende de um único receptor na superfície do glóbulo vermelho, o que parece abrir caminho ao desenvolvimento de uma vacina.

O estágio sanguíneo do ciclo de vida do Plasmodium começa quando o parasita invade os glóbulos vermelhos e é esta fase que é responsável pelos sintomas e pela mortalidade associada à doença. Há muitos anos que os cientistas tentam desenvolver uma vacina que impeça o parasita de entrar nos glóbulos vermelhos, mas até agora não tiveram êxito.

Um dos problemas é que o parasita é adaptável. Embora muitos receptores dos glóbulos vermelhos tenham sido identificados, até agora nenhum mostrara ser essencial: quando se impedia a entrada por um dos receptores, o parasita mudava para outro. A descoberta agora divulgada mostra que há um receptor que é essencial ao parasita para invadir.

Além de identificarem esta interligação, os cientistas demonstraram que interrompê-la bloqueia completamente o acesso do parasita ao glóbulo vermelho. E isto verificou-se em todas as estirpes do parasita que foram testadas, o que parece indicar que este receptor é uma porta de entrada universal. Os investigadores esperam que a dependência do parasita nesta proteína possa agora ser explorada para desenvolver uma vacina.

"Ao identificar um único receptor que parece ser essencial para o parasita invadir os glóbulos vermelhos do sangue humano, também identificámos um foco óbvio e muito interessante para o desenvolvimento de uma vacina", disse Julian Rayner, co-autor da investigação. "A esperança é que este trabalho leve a uma vacina eficaz".

A vacinação contra a malária será a forma mais simples e com melhor relação custo-benefício para proteger as populações contra a doença. No entanto, para que esta abordagem funcione a nível da população, a vacina tem de ser altamente eficaz para que a vasta maioria das pessoas vacinadas fique imune à doença. A investigação do Wellcome Trust poderá levar a este objectivo.

Células da glândula mamária caracterizadas 'in vivo'

Para definir a hierarquia celular da glândula mamária, durante as condições fisiológicas, uma equipa de investigação da Université Libre de Bruxelles (Bélgica), na qual participou a portuguesa Ana Sofia Rocha, executou experiências onde traçam a linhagem genética e a análise da glândula mamária de ratos durante o seu desenvolvimento ‘in vivo’. O estudo é hoje publicado na revista «Nature».

O interesse do grupo de trabalho era saber um pouco mais sobre a relação entre as células estaminais e as do cancro, ou seja, saber quais seriam as células que iriam mais tarde dar origem à doença. “Verificámos que as células da mama estavam muito mal caracterizadas”, avançou Ana Sofia Rocha ao «Ciência Hoje», acrescentando que “os trabalhos realizados nesta área são, geralmente, feitos em células isoladas, posteriormente injectadas em ratinhos e não directamente em condições fisiológicas tal como este”.

A cientista portuguesa explicou que o objectivo foi tentar descobrir “quais eram as potenciais células e onde estavam localizadas em condições normais, sem interferir directamente nos animais”. Até aqui, “todos os trabalhos dependiam de marcadores específicos e as células dos tecidos mamários eram isoladas e injectadas em ratos fêmeas com glândulas mamárias sem epitélio e verificavam se estas eram capazes de formar um novo epitélio”.

A equipa de investigação identificou “dois ou três marcadores em que as células eram de facto capazes de reproduzir uma glândula mamária nova”. Os resultados dependeram da reprodução ‘in vivo’, ou seja, aplicando uma técnica que ajuda a perceber como funcionam as coisas fisiologicamente (usando marcadores ‘gsp’), seguindo as diferentes linhagens celulares ao longo da vida do ratinho.

A vantagem desta técnica é o facto de não ser necessário extrair células dos animais, nem manipula-las, já que podem ser estudadas e acompanhadas no seu ambiente. A conclusão do estudo mostra que nos ratinhos adultos as duas linhagens celulares mamárias têm células estaminais mais diferenciadas do que se pensava. “Verificámos que a razão pela qual os trabalhos anteriores observavam a bipotencialidade foi por terem analisado células que foram retiradas do seu ambiente natural e, por isso, comportaram-se de maneira diferente”.

“As primeiras investigações usavam células extraídas dos ratinhos, posteriormente injectadas noutro modelo animal e este procedimento altera a capacidade das células", contou ainda a Ana Sofia Rocha. O novo estudo mostra que usando a mesma estratégia, o resultado mantinha-se, mas se forem estudadas no tecido (ambiente celular correcto), já não se verifica o mesmo resultado. “Na prática, para conseguir resultados correctos, o estudo tem de ser reproduzido em tecidos ‘in vivo’”, assegurou.

Penalizada pela idade

Ana Sofia Rocha integrou o laboratório da universidade belga em Abril de 2008, no âmbito do seu projecto de pós-doutoramento e há já três anos que se dedica ao estudo do cancro da mama. A investigadora portuguesa iniciou a sua investigação em cancro da tiróide.

Confessou ao «Ciência Hoje» que terá possivelmente de mudar novamente de área, por não ter uma posição fixa. “É surpreendente o que acontece aqui e não é positivo saber que o meu acesso a todo e qualquer financiamento está bloqueado porque me consideram acima da idade”. Gostaria de continuar o meu trabalho nesta área, mas aqui estou limitada por ter 37 anos”, lamentou.






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Comer bolo num dia especial, com insulina não faz mal

A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) assinala o Dia Mundial da Diabetes, hoje, com a iniciativa «Comer bolo num dia especial, com insulina não faz mal». Os jovens diabéticos vão distribuir bolo, na estação de Metro do Marquês de Pombal, em Lisboa, das 18h30 às 20h, com o objectivo de desmistificar a doença.

O objectivo da acção é mostrar que com as devidas precauções e controlo é possível que todas as pessoas com esta condição possam ter uma vida normal. Segundo Carlos Neves, presidente da AJDP e diabético tipo 1, “é importante que a diabetes não condicione a nossa vida, mas sim que a nossa vida condicione o modo como a controlamos. Um diabético pode ser feliz e ter a vida que bem entender, quando aprende a gerir a doença”.

A diabetes do tipo 1 é uma doença crónica, que se desenvolve quando o pâncreas pára de produzir a insulina de que o corpo necessita e, consequentemente, os níveis de açúcar no sangue sobem. A diabetes tipo 2, mais predominante, é caracterizada pela resistência à insulina e é provocada essencialmente por maus hábitos alimentares e sedentários. Estima-se que em Portugal existam mais de 980 mil portugueses com diabetes, 44 por cento dos quais não diagnosticados. A doença afecta ainda perto de 2600 jovens entre os 0 e os 19 anos de idade.

O Portal da Saúde sublinha que a diabetes não impede ninguém de ter uma vida perfeitamente normal e autónoma. Contudo, é fundamental que o diabético se ajude a si mesmo, autocontrolando a sua doença. Aliás, se as pessoas forem determinadas neste papel de autovigilância, a sua vida ficará muito facilitada.

Sintomas típicos

Os sintomas típicos da diabetes, nos adultos, são: urinar em grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite (poliúria), sede constante e intensa (polidipsia), fome constante e difícil de saciar (polifagia), fadiga, comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais e a visão turva.
Nas crianças e jovens, a diabetes é quase sempre do tipo 1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos. Entre eles encontram-se: Urinar muito, podendo voltar a urinar na cama, ter muita sede, emagrecer rapidamente, sentir grande fadiga, associada a dores musculares intensas, comer muito sem nada aproveitar, ter dores de cabeça, náuseas e vómitos.

É importante ter presente que os sintomas da diabetes nas crianças e nos jovens são muito nítidos. Nos adultos, a diabetes não se manifesta tão claramente, sobretudo no início, motivo pelo qual pode passar despercebida durante alguns anos.

O objectivo do tratamento é manter o açúcar (glicose) no sangue o mais próximo possível dos valores considerados normais (bom controlo da diabetes) para que se sintam bem e sem nenhum sintoma da doença.

Olhos piscam menos cinco vezes por minuto frente ao computador

A utilização intensiva de computadores é um tema que começa a preocupar as sociedades mais desenvolvidas e os especialistas alertam para os sucessivos malefícios oculares causados pelo cansaço. Passar horas a fio perante um ecrã de computador diminui a frequência do piscar de olhos, em média, menos de cinco vezes por minuto – aumentando os sintomas do olho seco e da fadiga ocular, levando dores de cabeça, visão turva, sensibilidade à luz e contribui para que os olhos fiquem secos e irritados.

Segundo explicou ao jornal «Ciência Hoje», o oftalmologista Castro Neves, “os olhos estão preparados para ver ao longe e quando focam um objecto a curta distância o esforço é maior, levando a mais concentração e, consequentemente, a um maior cansaço ocular”.

Quando o olho foca um objecto que se encontra perto, faz ajustes imperceptíveis e incontroláveis para conseguir fazê-lo, como, por exemplo, quando usamos o zoom numa câmara digital. Esses ajustes são chamados de microflutuações da acomodação visual e são realizados através das contracções de um músculo no olho. No entanto, tal como todos os músculos, o esforço contínuo leva a um stresse das funções oculares e ao cansaço e, por conseguinte, os olhos são incapazes de focar correctamente, levando assim à fadiga ocular.

O também coordenador da unidade de Oftalmologia do hospitalcuf Porto avançou que “as pessoas que trabalham frente ao computador devem pestanejar frequentemente para proporcionar um certo descanso aos olhos", na medida em que os humedece e limpa – fomentando "a distribuição frequente do fluido lacrimal e evitando ardências e secura ocular”.
A fadiga visual, também designada como Síndrome Visual do Utilizador de Computador ou CVS (Computer Vision Syndrome), atinge entre 70 e 90 por cento daqueles que trabalham com materiais informáticos.

Recomendações

A quem tem necessariamente de passar muito tempo a trabalhar no computador, o médico recomenda que “desvie o olhar de hora a hora e o fixe no horizonte durante alguns minutos”. Castro Neves alerta também para o facto de ser “preciso regular o brilho e contraste do monitor e evitar o reflexo das luzes ambientais no mesmo”.

Além destes conselhos, o oftalmologista conclui que, “de uma forma geral, proteger os olhos da luz solar, fazer um ‘check-up’ à visão, evitar estar muitas horas a olhar fixamente para o computador, pestanejar várias vezes, desviar o olhar e manter uma dieta rica em fruta e legumes podem conduzir a uma boa saúde ocular”.

O olho é o órgão sensorial que permite ver e reagir ao ambiente, e aquele de que temos mais recordações mentais. Para manter os olhos saudáveis, basta cuidá-los através de alguns gestos.

A frequência com que os olhos devem ser examinados difere com a idade e doenças associadas. Castro Neves refere que “os adultos saudáveis devem fazer pelo menos um exame oftalmológico entre os 20 e os 40 anos. Antes da entrada para a escola, é importante que as crianças façam despiste e descoberta de alguns problemas oculares. Após os 40 anos, o exame ocular deve ser realizado de dois em dois anos em pessoas saudáveis”.
Dicas para a redução dos sintomas de CVS
O monitor deve ficar 10 a 20 graus abaixo do nível dos olhos, a distância entre a tela e os olhos deve ser de 60 centímetros, o ecrã não deve estar em frente a uma janela, pois a luminosidade causa ofuscamento, nem de costas porque forma sombras e reflexos que causam desconforto, deve evitar-se o excesso de luminosidade das lâmpadas e luz natural pois as pupilas se contraem e geram cansaço visual, é importante regular a tela com o máximo de contraste e não de luminosidade e mantê-la limpa, a cada hora, deve-se descansar cinco a dez minutos do computador e piscar voluntariamente os olhos.

Tafamidis aprovado pela Comissão Europeia

A notícia pela qual muitos portugueses esperavam chegou hoje: o Vyndaqel (tafamidis), único medicamento capaz de travar a paramiloidose (conhecida por doença dos pezinhos), foi aprovado pela Comissão Europeia.

Num artigo publicado anteriormente no «Ciência Hoje» dava-se conta da polémica entre doentes e governo, que recusou a aprovação da aplicação do medicamento a título de excepção como o fizeram outros países europeus, antes da decisão da Comissão Europeia. De sublinhar que Portugal é o país europeu com mais casos desta doença neurodegenerativa, rara, hereditária e fatal.


No comunicado hoje divulgado pela Pfizer, farmacêutica que comprou a patente do tafamidis, afirma-se que esta aprovação “representa um avanço importante uma vez que o Vyndaqel é o primeiro e único medicamento aprovado actualmente para retardar o compromisso neurológico periférico em doentes com Polineuropatia Amiloidótica Familiar Associada à Transtirretina (PAF-TTR) de estádio 1”, ou seja no início dos primeiros sintomas.

“O dia de hoje marca um grande avanço para os doentes que vivem com PAF-TTR na União Europeia”, diz Yvonne Greenstreet, vice-presidente e líder do Medicines Development Group da Specialty Care Business Unit da Pfizer.

“Esta comunidade necessita urgentemente de uma terapêutica efectiva e estamos muito orgulhosos por disponibilizar o primeiro e único medicamento aprovado para o tratamento dos doentes com esta doença genética rara e debilitante”, sublinha.

Teresa Coelho, médica do Hospital de Santo António no Porto que participou nos ensaios clínicos do Vyndaqel afirma que “um diagnóstico de PAF-TTR, habitualmente realizado em jovens adultos, tem impacto quer no bem-estar psíquico quer emocional dos doentes e cuidadores e limita significativamente as suas actividades diárias”.

A farmacêutica está agora a trabalhar com as autoridades de saúde nacionais na União Europeia para lançar o novo tratamento e antecipa que os profissionais de saúde poderão prescrevê-lo em alguns países europeus no início de 2012.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cientistas descobrem causa genética da magreza Duplicação do cromossoma 16 é associada ao peso abaixo do normal 2011-09-01

Cientistas do Imperial College descobriram a causa genética da magreza extrema, o que pode activar, em crianças, a chamada síndrome da falha de desenvolvimento, segundo um estudo publicado na Nature.

A investigação revelou que pessoas com cópias excedentes de certos genes são mais propensas a serem magras demais.

Segundo os cientistas, uma em cada duas mil pessoas tem parte do cromossoma duplicado, tornando os homens 23 vezes e as mulheres cinco vezes mais propensos a estarem seriamente abaixo do peso.
Geralmente, um indivíduo herda uma cópia de cada cromossoma do pai e da mãe, resultando num par de cada gene.

Mas às vezes, são copiadas ou apagadas secções de um cromossoma, resultando em segmentos a mais ou a menos do código genético.

Segundo Philippe Froguel, professor da Escola de Saúde Pública do Imperial College, em Londres, “em muitos casos, as cópias e apagamentos não produzem qualquer efeito, mas ocasionalmente podem gerar doenças”.

No estudo, os cientistas examinaram o DNA de 95 mil pessoas, em busca de padrões vinculados à magreza extrema. E descobriram que a duplicação de uma parte do cromossoma 16, contendo mais de duas dúzias de genes, é fortemente associada ao peso abaixo do normal, definido como índice de massa corporal (IMC) abaixo de 18,5.

Metade de todas as crianças estudadas com este excedente genético foi diagnosticada com falha de desenvolvimento, o que significa que não ganharam peso numa taxa normal à medida que cresceram.

Um quarto dos indivíduos com genes extra teve microcefalia, uma condição na qual a cabeça e o cérebro são anormalmente pequenos, e que é associada a deficiências neurológicas e a uma expectativa de vida mais curta.

A descoberta é importante porque “demonstra que a falha de desenvolvimento na infância pode ter causas genéticas. Se uma criança não se alimenta, não é necessariamente por culpa dos pais”, afirmou Philippe Froguel.

Investigadores portugueses identificam o que provoca leucemia Descoberta pode determinar tratamento mais eficaz 2011-09-07 Por Susana Lage

Investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, descobriram o mecanismo molecular envolvido no aparecimento de leucemia linfoblástica aguda de células T (LLA-T), um cancro do sangue especialmente frequente em crianças que se caracteriza por um aumento descontrolado do número de glóbulos brancos.

Em entrevista ao Ciência Hoje, João T. Barata, coordenador do estudo, explica que há vários mecanismos descritos para o desenvolvimento de leucemia linfoblástica aguda em geral. “A activação mutacional do gene Notch1 é dos mais frequentes. A expressão aberrante de um outro oncogene, TAL1, também é extremamente comum”, exemplifica.
“Por outro lado, nós demonstrámos no passado que alterações, ao nível da proteína, que levam à inactivação do gene supressor de tumores PTEN, também ocorrem em inúmeros casos de LLA-T”, acrescenta.

O investigador e equipa do IMM descobriram que “existem também mutações que afectam o gene IL7R em cerca de 9 por cento dos doentes. A forma como as mutações promovem o desenvolvimento de leucemia passa pelo facto de elas tornarem a proteina IL-7R, que é um receptor expresso na superfície das células, permanentemente activada”, refere João T. Barata.

E continua: “O receptor interleucina 7R (IL-7R) promove a sobrevivência e multiplicação celulares. Em condições normais tal acontece apenas quando a IL-7, uma proteína que circula no sangue, se liga ao IL-7R. No entanto, no caso da LLA-T, as mutações levam a que o IL-7R funcione de forma permanente e sem necessidade da IL-7. A consequência é um aumento descontrolado da sobrevivência e proliferação das células que contêm estas mutações”.

João Taborda Barata
Doutorou-se em 2003 em Ciências Biomédicas pela Universidade do Porto, com trabalho realizado na Harvard Medical School, E.U.A. Fez pós doutoramento no IMM, em Lisboa, no Institut Pasteur, França e no Utrecht University Medical Center, na Holanda. Desde 2006 dirige a Unidade de Biologia do Cancro, no IMM. A sua equipa, actualmente composta por 9 investigadores, tem como objectivo compreender o papel de factores ambientais e de lesões moleculares no estabelecimento e desenvolvimento de tumores. O objectivo último é o de permitir a identificação de novos alvos terapêuticos contra o cancro.
O estudo dos investigadores portugueses, publicado na revista Nature Genetics, revelou ainda que há um grupo de fármacos que poderá actuar contra o desenvolvimento deste tipo de tumores, abrindo novas perspectivas de terapia.

“Estudámos inibidores de JAK1, uma molécula que verificámos ser indispensável para o funcionamento dos receptores IL-7R mutados. Verificámos que a inibição de JAK1 consegue eliminar a maior parte ou mesmo a totalidade das células que expressam o IL-7R alterado. Inibidores de JAK1 estão actualmente em ensaios clínicos para outro tipo de cancros e no contexto de doenças inflamatórias como artrite reumatóide. Para além destes, estamos interessados em testar outros inibidores farmacológicos (por exemplo de PI3K) ou anticorpos específicos”, descreve o investigador.

E conclui: “A nossa esperança e a razão pela qual trabalhamos todos os dias, é que o estudo se venha a traduzir em algo que beneficie os doentes, aumentando o arsenal de armas actualmente existente para combater este tipo de leucemias pediátricas”.

Excesso de cobre induz o envelhecimento celular Investigação desenvolvida na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 2011-09-07

Uma investigação desenvolvida por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), liderados por Liliana Matos, revela que o cobre está envolvido no processo de envelhecimento celular.

Publicado na revista «Age», este trabalho é o primeiro passo para se perceber de uma forma mais aprofundada doenças como Alzheimer ou a Doença de Wilson, explicou a autora em conversa com o «Ciência Hoje».

“Apesar de ser essencial para o funcionamento do organismo, o cobre pode ser prejudicial se for em excesso ou se existir alguma desregulação metabólica no organismo”, explica a investigadora, que desenvolveu este projecto de doutoramento com o objectivo de perceber em que medida os metais ferro e cobre estão envolvidos nos processos de envelhecimento celular.

Para a realização deste estudo, a equipa, composta também por Henrique Almeida, professor auxiliar na FMUP, e Alexandra Gouveia, professora auxiliar na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, introduziu cobre numa cultura de células. “Verificamos que estas células começaram a apresentar características de senescência”, ou seja, de envelhecimento.

Presente em alimentos como fígado, cacau, nozes, amendoins ou ostras, o cobre é importante para a distribuição de proteínas pelo corpo, para o bom funcionamento do cérebro, do sistema imunológico, dos vasos sanguíneos e para a formação de colagénio.

O excesso de cobre pode acontecer, por exemplo, devido à contaminação excessiva de certos alimentos deste metal (por exemplo o marisco) ou por uma imprópria metabolização do metal.

Liliana Matos afirma que este estudo é a primeira fase de uma investigação que se quer mais aprofundada: “O segundo passo será perceber de que forma o cobre induz a senescência. Queremos compreender, nomeadamente, quais as proteínas envolvidas neste processo”.

A “longo prazo” esta investigação poderá trazer novos conhecimentos sobre doenças degenerativas e mesmo encontrar soluções terapêuticas.

Artigo: Copper ability to induce premature senescence in human fibroblasts

Portuguesa envolvida em investigação que pode travar quarta causa de infecções hospitalares Paula Salgado é co-autora de estudo sobre o fungo «Candida albicans» 2011-09-09

Portuguesa envolvida em investigação
que pode travar quarta causa de infecções hospitalares
Paula Salgado é co-autora de estudo sobre o fungo «Candida albicans»
2011-09-09

Paula Salgado é investigadora no Imperial College London
Paula Salgado é investigadora no Imperial College London
Um grupo de investigadores do Imperial College London, no qual se encontra a investigadora portuguesa Paula Salgado, descobriu de que forma o fungo Candida albicans se liga aos tecidos tornando-se patogénico e extremamente perigoso, principalmente em contexto hospitalar.

“Este fungo foi identificado há já vários anos como sendo a responsável por várias infecções”, esclarece a investigadora em conversa com o «Ciência Hoje». Sabia-se também que para se tornar patogénico tinha de se ligar a tecidos.

A novidade que o grupo de investigação trouxe e que está agora publicada na «Proceedings of the National Academy of Sciences» (PNAS) é que agora sabe-se como o fungo consegue fazer esse reconhecimento.

“Conseguimos perceber todos os pormenores a nível atómico que fazem com que o fungo reconheça os tecidos e se ligue a eles provocando as infecções”, explica.

As infecções, que podem ser leves no caso de a pessoa saudável – manifestam-se em irritações vaginais ou orais – podem ser muito graves se atacarem pessoas com o sistema imunitário fragilizado, devido a quimioterapia, transplantes ou infecção por HIV.

Imagem da estrutura determinada
Imagem da estrutura determinada
Neste caso, o fungo circula através do sangue, podendo atacar vários órgãos. Eventualmente pode levar a infecções mortais, o que acontece em 50 por cento dos casos das infecções em ambiente hospitalar. “Este problema representa 9 por cento das infecções hospitalares, ou seja, é a quarta causa de infecção neste contexto”, informa a investigadora.

Além de permitir, a curto e médio prazo, o desenvolvimento de fármacos que evitarão a contaminação, este estudo é essencial para se desenvolverem formas de evitar a transmissão através de instrumentos cirúrgicos: “Pode-se desenvolver substâncias às quais o fungo não se pode agarrar e aí evitar que este se encontre em instrumentos hospitalares utilizados em cirurgias”.
Paula Salgado, nascida em 1975, na Covilhã, licenciou-se em Bioquímica na Universidade do Porto. Trabalhou no Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) durante dois anos, e em 2001 foi para Oxford para fazer doutoramento.

Neste momento está envolvida noutro estudo também relacionado com infecções, agora sobre a bactéria Clostridium difficile.
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Congestionamento afecta negativamente saúde dos condutores Estudo da IBM revela aumento dos níveis de stresse e raiva

Um estudo desenvolvido pela IBM (Global Commuter Pain), que vai na quarta edição, sobre deslocações em hora de ponta, realizado em algumas das cidades economicamente mais importantes à escala global, mostra que as queixas dos condutores não param de crescer, embora os trajectos e as infra-estruturas tenham melhorado significativamente no último ano.

Em mais de metade dos locais analisados, registou-se um crescimento expressivo (quando comparado com o estudo anterior) do número de condutores que afirmou que o trânsito tem aumentado os seus níveis de stresse, raiva, frustração, afectando o desempenho no trabalho e na escola.

As deslocações diárias de casa para o trabalho e vice-versa afectaram negativamente, no último ano, e de alguma forma, a saúde de 69 por cento dos entrevistados: 45 por cento revela aumento dos níveis de stresse e 35 por cento de raiva. Os problemas respiratórios devido ao congestionamento de trânsito foram mais evidentes na China e na Índia.
“Os efeitos negativos da condução rotineira em hora de ponta não aparecem de forma gratuita”, afirmou Naveen Lamba, especialista da IBM em sistemas de transportes inteligentes (Global Intelligent Transportation). “A resposta emocional dos condutores às deslocações diárias e rotineiras está directamente associada a vários factores, nomeadamente ao congestionamento do tráfego. O estudo deste ano indica que os condutores estão mais instáveis, inquietos e ansiosos do que em 2010”.

Segundo os resultados da IBM, o número de queixas tem subido mesmo nas cidades em que os condutores admitem existir uma melhoria substancial no tráfego rodoviário. Entre os queixosos, o desejo de usar novos sistemas e serviços para obter informações mais precisas e oportunas sobre as condições da estrada foi sobretudo partilhada pelos condutores de Los Angeles, Chicago, Moscovo e Bangalore.

"Não podemos simplesmente construir um caminho alternativo, seja em que cidade for", diz Vinodh Swaminathan, director de sistemas de transportes inteligentes, da IBM. “As cidades precisam de avançar a um nível superior de conhecimento e reagir. É necessário encontrar maneiras de antecipar e evitar situações que causem o congestionamento de trânsito, que, caso nada seja feito, transformarão o mundo num estacionamento gigante".
Em economias emergentes

Os resultados do inquérito sugerem um investimento em infra-estruturas rodoviárias nas economias em maior crescimento. Comparativamente a outras cidades analisadas, os condutores de Bangalore, Nova Deli, Pequim e Shenzhen constatam uma melhoria nos últimos três anos.

No entanto, os condutores nestas cidades relatam ainda, com mais frequência do que a média, que o tráfego tem afectado negativamente os seus níveis de stresse, saúde e produtividade. Por exemplo, 86 por cento dos inquiridos em Pequim, 87 por cento em Shenzhen, 70 por cento em Nova Deli e 61 por cento em Nairobi classificam o congestionamento de tráfego como o inibidor chave para o sucesso profissional ou um bom desempenho escolar. Por outro lado, 67 por cento dos condutores da Cidade do México, 63 por cento de Shenzhen e Nova Deli, e 61 por cento em Pequim, admitem que no último mês decidiram ficar pelo menos um dia em casa para evitar o tráfego intenso.

Os resultados do inquérito reflectem uma maior disposição para usar transportes públicos e tecnologia. Globalmente, 41 por cento acreditam que melhorar a rede de transportes colectivos ajudaria a reduzir o congestionamento. Esta utilização revela-se mais habitual em cidades emergentes, incluindo Nairobi, Cidade do México, Shenzhen, Buenos Aires e Pequim. O estudo revela uma disparidade entre vários locais: Montreal revelou ter a estrutura urbana mais acessível entre as cidades estudadas, seguida por Londres e Chicago. A Cidade do México, Shenzhen e Pequim estão no extremo oposto.

Os investigadores procuraram saber junto dos condutores o tempo que demoram a fazer a viagem casa-trabalho ou casa-escola e o tempo médio que estão presos no trânsito, de acordo com os seguintes pontos: preço do combustível, tráfego, pára-arranca, stresse e raiva.
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Dados

8042 condutores entrevistados, em 20 cidades, de quatro continentes;
Condutores em todo o mundo confirmam mais stress e frustrações associadas a condução diária de casa para o trabalho e vice-versa;
41 por cento acreditam que se os governos melhorassem as redes de transportes públicos o nível de stress baixaria.

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Investigadores do ICBAS abrem caminho para travar Anemia de Fanconi Doença genética de evolução progressiva pode provocar leucemia 2011-09-14 Anomalia nos dedos polegares é uma das características da doença Anomalia nos dedos polegares é uma das características da doença

Uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) do Porto anunciou hoje ter desenvolvido um estudo que abre caminho para travar a progressão da Anemia de Fanconi. Esta doença genética rara tem uma evolução progressiva e origina maior predisposição para o aparecimento de cancro, principalmente leucemia.

Manifesta-se maioritariamente em idade pediátrica. No entanto, muitas vezes, não é identificada logo à nascença, sobretudo se a criança não nasce com anomalias visíveis, principalmente do rosto, da pele e dos polegares.

Os investigadores do ICBAS demonstraram que o efeito de determinados antioxidantes pode reverter a frequência da instabilidade cromossómica associada às células dos doentes com Anemia de Fanconi.

É mais um passo na pesquisa de mecanismos que consigam atrasar a progressão e evolução para o cancro, numa doença que afecta maioritariamente crianças e cuja única forma de cura é, até ao momento, o transplante de medula óssea.

A equipa liderada por Beatriz Porto, coordenadora do Laboratório de Citogenética do ICBAS, conseguiu agora demonstrar que “o efeito de determinados antioxidantes pode reverter, in vitro, a frequência da instabilidade cromossómica nas células dos doentes com Anemia de Fanconi para níveis que, em alguns casos, estão muito próximos do normal”.

“Estes estudos poderão permitir, num futuro próximo, o desenvolvimento de agentes profiláticos de aplicação nos doentes, que poderão levar consequentemente a um atraso no desenvolvimento tumoral”, explicou Beatriz Porto.

Beatriz Porto
Beatriz Porto
Além disso, poderão também contribuir para o estudo de outras doenças associadas à instabilidade cromossómica.

O cancro no sangue é uma das causas da morte precoce dos doentes com Anemia de Fanconi, que pode surgir antes de atingirem os 40 anos. Em Portugal, apesar de não haver ainda um registo nacional, estima-se que a esperança de vida média destes pacientes, a partir do momento em que é diagnosticada a doença, esteja entre os 10 e os 14 anos.

A rápida evolução da doença para o desenvolvimento de leucemia pode estar associada à acumulação progressiva de instabilidade cromossómica por acção de agentes oxidantes.
Assim, o desenvolvimento dos estudos em curso têm como finalidade conseguir obter uma prevenção contra o efeito cancerígeno dos oxidantes, a que os doentes estão permanentemente sujeitos.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Animal com mais genes é a pulga d'água Crustáceo é o primeiro com ADN mapeado e pode ser modelo para a genómica ambiental 2011-02-04

Vive em águas estanques e em lagos e mede apenas três milímetros. Apesar da pequena dimensão, possui 31 mil genes (mais oito mil do que os humanos), tornando-se no animal geneticamente mais rico, revelou um estudo publicado na revista “Science”.

A dáfnia, vulgarmente conhecida por pulga d'água,foi o primeiro crustáceo cujo ADN foi completamente mapeado, sendo que um terço dos seus genes são completamente novos para a ciência.

De acordo com os autores do estudo, do Daphnia Genomics Consortium, a investigação poderá ajudar a compreender a relação entre os genes e o meio ambiente, na medida em que esta espécie desempenha um papel relevante em cadeias alimentares aquáticas, tem uma grande capacidade de adaptação às mudanças sofridas pelos ambientes em que vive, e ainda consegue reproduzir-se em condições extremas, sem a necessidade de um macho.
A vasta quantidade de genes da dáfnia deve-se sobretudo ao facto de serem copiados em grande número. Os investigadores estimam que o ritmo de reprodução de cópias de genes seja três vezes superior nesta espécie do que noutros invertebrados e 30 por cento superior à dos seres humanos.

Modelo da genómica ambiental

A pulga d'água está a tornar-se num modelo de estudo largamente usado na investigação feita na área da genómica ambiental, que tem como objectivo conhecer a interacção entre os genes e o ambiente.

Entre os invertebrados já sequenciados, é a espécie com mais genes compartilhados com humanos. Esta semelhança de genomas e a sua capacidade de adaptação a ambientes extremos tornam importante o estudo do ADN deste animal que, quando usado como “sensor aquático”, pode reflectir a forma como as mudanças ambientais afectam os seres vivos aos níveis molecular e celular.

A construção do mapa genético da Daphina pulex pode trazer conhecimentos aplicáveis à manutenção de recursos hídricos, em estudos sobre a saúde humana, nomeadamente na avaliação do impacto dos poluentes químicos existentes na água.
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Fonte da eterna juventude sempre esteve nos nossos genes Cancro: Cientistas conseguem inverter processo de envelhecimento 2011-02-03

Uma equipa de cientistas liderada pelo luso-americano Ronald dePinho conseguiu, pela primeira vez, inverter o processo de envelhecimento através da manipulação genética, abrindo o caminho para uma espécie de “fonte da juventude” nas células humanas. Publicado na revista «Nature» no final de 2010, o estudo tem vindo a receber grande atenção mediática.

Em entrevista, o investigador, professor na escola de medicina de Harvard e no Dana Farber Cancer Institute, explicou que a sua equipa conseguiu artificialmente “ligar e desligar” o gene responsável pela reparação do ADN de ratos em laboratório.
As cobaias foram primeiro sujeitas a envelhecimento prematuro, que causou a perda de capacidades cognitivas e sinais exteriores, e quando o gene “voltasse a ser ligado” esperava-se um “abrandamento do processo de envelhecimento ou estabilização”.

“Em vez disso, vimos uma inversão dramática dos sinais e sintomas do envelhecimento: o cérebro aumentou de dimensão, a memória melhorou, deixou da haver pelos grisalhos e regressou a fertilidade” – o que significa “que há uma tremenda capacidade de os nossos tecidos se rejuvenescerem por si próprios”, adiantou dePinho.

Mostra como a manipulação, através de enzimas, das extremidades dos cromossomas responsáveis pela regeneração das células, os telómeros, pode inverter o envelhecimento e doenças relacionadas com a idade, como cancro, diabetes ou Alzheimer. Apesar da importância da descoberta, o trabalho a fazer é ainda “tremendo”, afirma, e será precisa “uma década ou mais” até que se chegue a “uma estratégia segura e eficaz” para reparar o ADN.

“Se conseguíssemos descobrir uma droga que pudesse especificamente reactivar este gene e reparar os telómeros, as pessoas teriam menos problemas relacionados com a idade, diabetes ou doenças de coração”, afirma.

Estilo de vida saudável tem impacto imediato na longevidade
Estilo de vida saudável tem impacto imediato na longevidade
Entre as dificuldades que os investigadores enfrentam está perceber em que momento se deve ‘ligar’ este gene e por quanto tempo, porque também células cancerosas podem ser estimuladas, caso estejam presentes no organismo. “Para se poder começar a multiplicar e nunca envelhecer, uma das coisas que a célula cancerosa faz é ligar este gene. Se temos um cancro que já começou e ligarmos o gene, podemos torná-lo mais agressivo”, afirma dePinho.

“Atrasar o relógio já hoje”

Além de procurar entender o “calendário próprio” para reactivar o gene, a sua equipa vai agora debruçar-se em como é que os tecidos retêm a capacidade de rejuvenescimento, ou seja “os processos biológicos e moleculares que permitem criar esta resposta tremenda”. Ainda há muito trabalho pela frente antes de se conseguir tirar partido disto e, em última análise, "melhorar a saúde humana”, afirmou.

Co-fundador de empresas de investigação médica – uma delas (Aveo Pharmaceuticals), cotada no Nasdaq – dePinho defende que o conhecimento “ainda é muito básico para poder ser conduzido esforço comercial”.

Segundo dePinho, esta e outras investigações já deixaram claro é que as pessoas podem começar a “atrasar o relógio já hoje”. “É essencialmente fazer exercício, comer devidamente e não fumar. Um estilo de vida saudável tem impacto imediato na longevidade”, sustentou.

Ronald dePinho
O cancro roubou-lhe o pai, mas deu-lhe também o incentivo para se lançar na investigação médica sobre aquela doença e o envelhecimento, que já lhe valeu vários prémios internacionais, embora ainda não o Nobel. “Dediquei a minha vida a encontrar curas para o cancro e por causa do meu pai trabalho tanto nessa área e no envelhecimento”, disse dePinho em entrevista.

Como milhões de emigrantes, o pai do investigador e professor da escola de medicina de Harvard e do Dana Farber Cancer Institute (Boston) cresceu “sem oportunidades” no país de origem. Depois de uma experiência mal sucedida no Brasil, aos 17 anos, chegou ao porto de Nova Iorque como tripulante de um navio e deu o “salto” para a imigração ilegal, começando por trabalhar na construção.

“Gostava tanto deste país e daquilo que ele representava que se alistou para a Segunda Guerra Mundial e assim conseguiu a cidadania”, contou. Ainda regressou a Portugal depois da guerra, onde conheceu a mulher que viria a levar para os Estados Unidos.

Com um sócio, montou uma empresa de construção, negócio que lhe permitiu criar os cinco filhos, que incentivou para os estudos. “Tive a sorte de ter pais tremendamente devotados aos filhos e que realmente apoiam a família em primeiro lugar, sempre”, continuou.

Ronald visitava habitualmente Portugal, onde tinham uma quinta no Furadouro (Ovar), mas o hábito foi-se perdendo. Recentemente, retomou algum contacto com o nosso país através do programa de associação da escola de medicina de Harvard com faculdades portuguesas, e surpreendeu-se ao regressar para o simpósio inaugural.

DePinho recebeu em 2009 o prémio Albert Szent-Gyrgyi para investigação sobre cancro, e em 2007 a medalha de Helsinki, além de anteriores distinções da American Society for Clinical Investigation.

O seu nome já foi algumas vezes referenciado para o Nobel, e uma colaboradora próxima, Carol Greider, recebeu esta distinção em 2009. O luso-americano diz-se satisfeito com o reconhecimento que o trabalho da sua equipa tem merecido e diz que o Nobel o deixaria “claramente surpreendido”. “A maior satisfação que tenho é a de ver os meus estudantes e estagiários a fazerem coisas importantes, a contribuírem para a sociedade”, disse à Lusa.


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Australianos avistam novo tratamento para cancro do pulmão Desequilíbrios hormonais influenciam resposta do corpo à doença 2011-08-23

Uma equipa de investigadores da Universidade Nacional Australiana está a investigar uma nova forma de tratamento para o cancro do pulmão a partir de uma enzima capaz de controlar a proliferação das hormonas que influenciam a resposta do corpo a esta doença.

Segundo um estudo publicado na “Medicinal Chemistry Communications”, revista da "Royal Society Chemistry", o grupo liderado por Chris Easton e Lucy Feihua Cao está a trabalhar com uma enzima designada por PAM e a estudar a sua capacidade para activar hormonas peptídicas.

Este novo trabalho demonstrou que desequilíbrios neste tipo de hormonas originam algumas formas de cancro e também doenças inflamatórias e asma. Lucy Feihua Cao explicou que pessoas com maiores quantidades de calcitonina, um tipo de hormona peptídica, têm menos probabilidade de superarem um cancro do pulmão.
"É por isso que trabalhamos para tentar reduzir a quantidade de calcitonina, nomeadamente através do controlo da actividade da enzima PAM", revelou a investigadora.

"Os nossos resultados são promissores, mas estamos numa etapa inicial", apontou Chris Easton, acrescentando que muitos dos testes realizados foram eficazes na redução de calcitoninas.

Com este trabalho, o grupo australiano espera criar um “novo medicamento que melhore e prolongue a vida de muitas pessoas que têm cancro do pulmão", a principal causa de morte por doenças oncológicas no mundo, acrescentou o cientista.

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Casamento feliz, coração saudável! Matrimónio aumenta longevidade após cirurgia de revascularização cardíaca 2011-08-24

Casamentos felizes são benéficos para o coração, revelou uma investigação americana publicada na “Health Psychology”, da “American Psychological Association”. Segundo este estudo da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, as pessoas nesta condição, têm até três vezes mais hipóteses de viveram mais 15 anos após uma cirurgia de revascularização cardíaca.

"Existe algo nos bons relacionamentos que ajuda as pessoas a permanecerem no curso da vida", referiu Kathleen King, coordenadora do estudo. Harry Reis, co-autor deste trabalho, também frisou que o efeito no casamento é tão importante para a sobrevivência após a cirurgia quanto outros factores de risco, como tabagismo, obesidade ou hipertensão.

Contudo, as vantagens do casamento diferem para homens e mulheres. No caso do sexo masculino, o matrimónio está relacionado a altas taxas de sobrevivência, pois quanto mais satisfatória a relação, maior será a sobrevivência.
Para as mulheres, a qualidade do enlace é ainda mais importante. Casamentos infelizes não trazem praticamente benefício algum para a sua esperança de viva, mas quando os relacionamentos são satisfatórios, aumentam em quase quatro vezes este indicador. "A recompensa da felicidade conjugal é mais forte nas mulheres. Por isso, elas devem procurar essa felicidade para terem a recompensa na saúde", disse Harry Reis.

Neste estudo, foram avaliadas 225 pessoas que fizeram uma cirurgia de revascularização cardíaca entre 1987 e 1990. Todos os casados foram questionados sobre a sua satisfação com o casamento um ano após a cirurgia. Houve ainda uma avaliação de indicadores que afectam a sobrevivência em caso de doenças cardiovasculares, como idade, casos de depressão, tabagismo, entre outros.

Quinze anos depois da cirurgia, 83 por cento das mulheres casadas e felizes ainda estavam vivas, frente a 28 por cento das que eram infelizes no casamento e 27 por cento das solteiras. O índice de sobrevivência para os maridos felizes também foi de 83 por cento. Mas aqueles que não eram tão felizes também tiveram taxas elevadas. Homens em uniões não muito satisfatórias tiveram um índice de sobrevivência de 60 por cento, significativamente melhor do que os 36 por cento dos homens solteiros.

Neste estudo, os autores citam ainda investigações anteriores, segundo as quais pessoas que têm um casamento feliz são menos susceptíveis a algumas inflamações relacionadas com doenças cardíacas.
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Patogénios podem viver dentro dos tecidos vegetais Desinfecção exterior dos alimentos é insuficiente para eliminá-los 2011-08-24

Desinfectar o exterior dos produtos pode nem sempre ser suficiente para eliminar os patogénios de alimentos nocivos, revelou um estudo realizado pela Universidade de Purdue, nos EUA, cujos resultados foram publicados separadamente nas revistas “Journal of Food Protection” e “Food Research International”.

Este trabalho demonstrou que a salmonella e a e. coli podem viver dentro dos tecidos vegetais. No caso da e.coli 0157: H7, foi encontrada em tecidos de soja, enquanto a salmonella foi detectada em plantas de amendoim, após as sementes serem contaminadas com o patogénio antes da plantação.

Amanda Deering, investigadora pós-doutorada em ciência dos alimentos envolvida neste estudo, referiu que "as sementes podem estar contaminadas antes ou após a plantação, através do solo ou água contaminados." De acordo com a especialista, nos alimentos analisados, "os patogénios estavam em todos os tecidos, incluindo no que transporta os nutrientes nas plantas".

Robert Pruitt, co-autor do estudo explicou também que "encontrar os patogénios dentro das plantas tem sido um desafio, porque as provas requerem cortar partes da planta, o que pode causar a migração de bactérias do exterior para o interior, ou vice-versa. É difícil saber onde pode ter estado um patogénio antes de ser cortado da planta”. Desta forma, “os resultados são muitas vezes imprecisos dado que os métodos permitem a movimentação das bactérias".

Robert Pruitt e Amanda Deering
Robert Pruitt e Amanda Deering
Para esta investigação, a equipa de cientistas usou um fixador para congelar a localização das bactérias nos tecidos da planta antes de cortarem as amostras. Os anticorpos marcados com fluorescência foram usados para detectar patogénios num processo chamado imunohistoquímica.

"Isso mostra a situação mais próxima do que estava na planta quando os agentes patogénicos estavam vivos” e “o aumento do número de bactérias manteve-se durante, pelo menos 12 dias, tempo que normalmente demora a investigação", explicou Deering.

Deering e Pruitt alertaram assim que, "para uma higienização adequada, deve-se eliminar a salmonella e a e.coli da superfície do alimento, bem como nos tecidos internos", por isso, é aconselhado "cozinhar os alimentos a temperaturas que matem e eliminem os patogénicos".


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Bactéria pode revolucionar combate à dengue 'Wolbachia' permite que insectos não sejam infectados pelo vírus 2011-08-26

Uma nova investigação indica que há uma bactéria capaz de travar a dengue, uma doença que, nos países tropicais e subtropicais, afecta entre 50 e cem milhões de pessoas e mata 20 mil pessoas por ano, sendo que não existe qualquer vacina que a possa prevenir.

Esta doença é provocada por quatro estirpes de um vírus que infecta as pessoas através das picadas do mosquito Aedes aegypti. O vírus causa febre, dores musculares e pode ser fatal, nos casos de febre hemorrágica.

Até agora, a única forma de combater a doença consiste no controlo da população de mosquitos. Contudo, dois artigos publicados na “Nature”, indicam que a bactéria agora detectada é capaz de transformar completamente populações locais de mosquitos em poucos meses.
Há dois anos, a equipa de cientistas utilizou a bactéria Wolbachia - presente naturalmente nos mosquitos - para diminuir o tempo de vida do insecto e prevenir o desenvolvimento do vírus. No entanto, esta primeira tentativa falhou, pois a bactéria era muito forte e matava rapidamente os mosquitos.

Depois disso, os investigadores recorreram a uma estirpe da Wolbachia menos violenta e obtiveram um resultado inesperado ao verificar que a bactéria impedia o insecto de ficar infectado pelo vírus da dengue sem matá-lo. Até agora, ainda não se sabe como é que a bactéria protege o mosquito do vírus, mas os investigadores acreditam que pode ser um processo molecular, um aumento da resposta imunitária ou ambos.

Wolbachia não se transmite ambientalmente
Wolbachia não se transmite ambientalmente
A Wolbachia não se propaga ambientalmente. É hereditária, o que facilita a sua propagação entre mães e filhos. Além disso, os investigadores sabem que só sobrevivem os ovos de mães infectadas pela e que aqueles de insectos fêmea saudáveis que são fertilizados por machos com a bactéria acabam por morrer.

Após perceberem este processo, o grupo de especialistas soltou milhares de mosquitos infectados com a bactéria em Queensland, na Austrália, sendo que a bactéria prosperou. Houve localidades onde a percentagem de mosquitos capturados com a bactéria variava entre 80 e 100 por cento. Também foram encontrados elementos da nova população espalhados em locais onde não foi libertado nenhum insecto.

Com esta taxa de sucesso, o mundo científico está confiante no “início de uma nova era de controlo de doenças transmitidas por mosquitos”, disse Jason Rasgon, especialista do Instituto de Investigação de Malária de Johns Hopkins, em Maryland, EUA, num comentário sobre a descoberta publicado também na “Nature”, acrescentando que, como “a população de mosquito é alterada em vez de ser eliminada, os efeitos nos ecossistemas serão mínimos.” Esta técnica poderá agora ser implementada noutros locais do mundo, como Brasil, Vietname, Tailândia e Indonésia.

Artigos:
Successful establishment of Wolbachia in Aedes populations to suppress dengue transmission
The wMel Wolbachia strain blocks dengue and invades caged Aedes aegypti populations


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Óleo de coentros pode substituir antibióticos Alternativa natural está a ser estudada na UBI 2011-08-29

O óleo de coentros é tóxico para uma ampla gama de bactérias nocivas, concluiu um estudo da Universidade da Beira Interior, publicado no “Journal of Medical Microbiology”. Desta forma, a sua utilização, seja na cozinha ou em fármacos, tem potencial para prevenir doenças transmitidas por alimentos e até mesmo tratar infecções resistentes aos antibióticos, indica o trabalho.

O efeito do óleo de coentros foi testado em 12 estirpes de bactérias, entre as quais a E.coli, a Salmonella enterica, a Bacillus cereus e a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Todas elas mostraram uma redução do crescimento, sendo que a maioria delas foi eliminada por soluções que continham até 1,6 por cento de óleo de coentros. Apenas a Bacillus cereus e a Enterococcus faecalis resisitiram ao efeito bactericida desta solução.
Para além de os coentros serem uma planta aromática amplamente utilizada na cozinha mediterrânica, o óleo é um dos 20 mais utilizados em todo o mundo, sendo já utilizado como aditivo alimentar. Produzido a partir de sementes da planta, o óleo de coentros tem benefícios para a saúde já reconhecidos há vários séculos da “medicina popular”, onde estão incluídos o alívio da dor, cólicas, convulsões ou náuseas, o tratamento de infecções fúngicas e uma ajuda na digestão.

O estudo da UBI não demonstra apenas que o óleo tem um efeito anti-bacteriano, mas explica também o seu funcionamento no organismo, que até agora não era conhecido. “Os resultados indicam que o óleo de coentros danifica a membrana que envolve a célula bacteriana. Isso interrompe a barreira entre a célula e o seu meio ambiente e inibe os processos essenciais, incluindo a respiração, o que acaba por conduzir a célula bacteriana à morte", explicou Fernanda Domingues, cientista que liderou o estudo.
O grupo de investigadores sugeriu também que o óleo poderá ter importantes aplicações na indústria alimentar e médica. "Anualmente, nos países desenvolvidos, cerca de 30 por cento da população sofre de doenças transmitidas por alimentos. Esta pesquisa incentiva o desenvolvimento de novos aditivos alimentares que contenham óleo de coentros para combater patogénios de origem alimentar e prevenir a deterioração de origem bacteriana", assegurou a cientista.

A líder do estudo frisou ainda que "o óleo de coentros também poderia tornar-se uma alternativa natural aos antibióticos comuns, já que pode ser usado como medicamento na forma de loções, anti-sépticos orais e até mesmo comprimidos para combater infecções bacterianas multi-resistentes que, de outra forma, não poderiam ser tratadas, facto que melhoraria significativamente a nossa qualidade de vida ".

Vírus do sarampo pode ajudar no combate ao cancro Estudo publicado na “PLoS Pathogen" 2011-08-30

Cientistas canadianos descobriram que um marcador de células tumorais é um receptor para o vírus do sarampo, o que sugere ser possível a utilização deste para ajudar a combater o cancro.

Os vírus causam infecções ao ligarem-se a proteínas específicas na superfície das células chamadas receptores. De acordo com um artigo publicado na “PLoS Pathogen", uma equipa liderada por Chris Richardson, da Escola de Medicina de Dalhousie, no Canadá, descobriu que o marcador PVRL4 (nectin-4) é o receptor do vírus do sarampo em questão que se encontra nas células das vias respiratórias (alvo deste vírus, assim como os pulmões).

Além disso, grandes quantidades de PVRL4 também estão presentes em muitos cancros que se originam nas células do pulmão, cólon, mama e ovários.

O receptor foi descoberto mediante uma comparação de proteínas produzidas em células cancerígenas susceptíveis ao vírus com proteínas de células resistentes. Dado que o PVRL4 se encontra em muitos tipos de cancros humanos, o vírus do sarampo pode ser usado especificamente para infectar as células cancerosas e activar o sistema imunitário contra os tumores.

A capacidade dos vírus do sarampo para matar as células cancerigenas foi previamente estudada por cientistas da Clínica Mayo, nos EUA, mas esta é a primeira vez que se demonstra que o vírus tem como alvo um receptor comum e altamente expresso nas células cancerigenas do pulmão, cólon, mama e ovários. Desta forma, o método poderá vir a ser usado para combater vários tipos de cancros.
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SNS envia resultados de exames por correio electrónico em 2012 2011-08-30

Os resultados de análises, radiografias e outros exames pedidos pelos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão passar, no próximo ano, a ser enviados para os clínicos e utentes também por via electrónica, disse hoje fonte oficial.

Ainda sem data para vigorar, a alteração será a segunda fase do processo de requisição daqueles meios de diagnóstico apenas por via electrónica, que começa na quinta-feira, disse à agência Lusa o vice-presidente da Administração Central dos Sistemas de Saúde, Fernando Mota.
A alteração vai acabar com a necessidade de os utentes se deslocarem para irem “levantar” o resultado dos exames, podendo a eles aceder através de computador, tal como sucede com os médicos, que deixam de ter que transcrever as conclusões dos exames para o processo do doente, já que poderão anexá-lo informaticamente, especificou aquele responsável.

Ao contrário do que sucedeu com a prescrição electrónica de medicamentos, agora com os exames a situação deverá decorrer com menos sobressaltos, já que o universo de médicos envolvidos é constituído apenas pelos clínicos que trabalham no SNS, considerou Fernando Mota.

Além das vantagens para utentes e médicos, as inovações permitem um maior controlo sobre a prescrição de exames e funcionarão com dissuasor para eventuais fraudes, acrescentou. O bastonário da Ordem dos Médicos disse estar “menos preocupado” com eventuais problemas com o alargamento da prescrição electrónica aos exames do que quando se tratou dos medicamentos, já que agora só estão envolvidos os médicos do SNS.

“Trata-se de uma imposição do Estado a si próprio”, considerou José Manuel Silva. Salientou, no entanto, que o processo não irá funcionar a 100 por cento no início, tal como sucedeu com os medicamentos, mas disse esperar que o Ministério da Saúde salvaguarde forma de ultrapassar as situações em que o recurso aos meios informáticos não seja possível.

Fernando Mota disse que eventuais falhas no sistema informático serão ultrapassadas com o preenchimento manual das requisições para os exames em modelo oficial e específico para o efeito.
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Enjoos excessivos na gravidez provocam distúrbios nos bebés Primeiro estudo sobre efeitos a longo prazo da hiperemese gravídica 2011-08-30

Os vómitos e náuses excessivos e persistentes durante a gravidez e que, por vezes, podem conduzir à hospitalização dão origem a uma condição designada por hiperemese gravídica (HG) que não afecta apenas as grávidas, mas também os bebés, revelou um estudo publicado no “Journal of Developmental Origins of Health and Disease”.

De acordo com este trabalho, as crianças cujas mães sofreram de HG foram 3,6 vezes mais propensas a sofrer de ansiedade, distúrbio bipolar e depressão na vida adulta do que os bebés cujas progenitoras não sofreram dessa condição.

Estudos anteriores já tinham constatado que as crianças nascidas de mulheres que tiveram náuseas persistentes nos três primeiros meses da gravidez tinham mais problemas de atenção e de aprendizagem aos 12 anos. Outras apontavam ainda que a má nutrição fetal, uma consequência frequente da HG, pode conduzir a uma fraca saúde quando adulto.

"Apesar da hiperemese gravídica poder causar fome e desidratação na gravidez, nenhum estudo tinha determinado os seus efeitos a longo prazo nas crianças nascidas de mães com este problema", referiu Marlena Fejzo, co-autora do estudo.

Depois de entrevistarem 155 pessoas, das quais algumas tinham sofrido com a condição da mãe e outras não tinham passado por este problema, os investigadores verificaram que 16 por cento dos voluntários que foram expostos ao HG tinham depressão, contra três por cento do grupo de controlo (aqueles que não nasceram de mães com HG). Além disso, oito por cento do grupo exposto foram diagnosticados com perturbação bipolar, face a dois por cento do grupo de controlo.

Esta diferença também se revelou no que respeita à ansiedade, pois sete por cento dos expostos a HG sofriam de ansiedade na vida adulta, comparados a dois por cento do grupo de controlo. "Ao todo, 38 por cento dos casos do grupo exposto relataram distúrbio psicológico ou comportamental, em comparação a 15 por cento do grupo de controlo", afirmaram os cientistas.

Estas taxas mais elevadas podem ser causadas pela desnutrição e desidratação prolongadas das mães durante o desenvolvimento do cérebro do feto. A ansiedade e o stress, comuns durante e após a HG, também poderiam desempenhar um papel importante nos problemas físicos e psicológicos.

Análises anteriores também já tinham verificado que mulheres com histórico familiar desta condição foram até 17 vezes mais propensas a sofrer do mesmo problema.

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Poliomielite desapareceu da Europa Vírus transmitido por alimentos e água contaminados afecta sobretudo crianças 2011-08-31

A poliomielite - uma doença viral altamente contagiosa, que afecta principalmente crianças e cujo vírus é transmitido através de alimentos e água contaminados e se multiplica no intestino, provocando depois paralisia e deformações no corpo – está completamente erradicada da Europa, confirmou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Desta forma, o velho continente mantém-se livre de poliomielite, depois do aparecimento do vírus em alguns países europeus no ano passado, anunciou a comissão regional europeia para a certificação da erradicação da doença.

A Europa “manterá o seu estatuto de livre de poliomielite após a importação do poliovírus selvagem em 2010”, assegurou a OMS. Desde Setembro de 2010 que não foram reportados quaisquer novos casos, após os países terem tomado “acções efectivas”, declarou a comissão num encontro em Copenhaga, Dinamarca.

De acordo com a directora regional para a Europa da OMS, Zsuzsanna Jakab, citada pela Lusa, esta posição da comissão é uma “notícia excelente para a região e um reconhecimento a todos os estados e parceiros que, individual e colectivamente, combateram imediatamente o primeiro e maior aparecimento da doença na Europa desde a sua erradicação em 2002”.

Em 2010, quatro países – Cazaquistão, Rússia, Turquemenistão e Tajiquistão – registaram 30 mortes e 475 casos de vírus de tipo 1. Desde a criação da Iniciativa para a Erradicação Global da Poliomielite (GPEI, na sigla em inglês, que inclui organizações como a OMS, a Unicef e o Rotary International), em 1988, a incidência desta doença foi reduzida em mais de 99 por cento.

Na altura, anualmente, mais de 350 mil crianças ficavam paralisadas em mais de 125 países onde a poliomielite era endémica. Até agora, segundo dados contabilizados no passado dia 16, foram relatados 325 casos em todo o mundo. A doença permanece endémica em quatro países: Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão.
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XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem Localização: Coimbra Data: 18 de Setembro a 24 de Setembro de 2011

A Associação Latinoamericana de Escolas e Faculdades de Enfermagem (ALADEFE), a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e a Unidade de Investigação em Ciências da Saúde – Enfermagem, organizam, de 18 a 24 de Setembro de 2011, em Coimbra, a XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem da ALADEFE. Paralelamente, decorre o III Encontro Latinoamerica-Europa.

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O evento tem o objectivo de analisar o ensino da enfermagem no mundo, com particular enfâse no ensino da Enfermagem Iberoamericana e Latinoamérica-Europa. É a primeira vez que esta reunião é organizada em Portugal e a segunda na Europa, pelo que será motivo de promoção de um reforço de intercâmbio nos processos de formação e investigação em enfermagem entre as Instituições do espaço atlântico.

A conferência destina-se a todos os profissionais do ensino de enfermagem, da prática da prestação de cuidados de enfermagem, investigadores em enfermagem e outros profissionais de disciplinas afins, que trabalhem na formação de recursos humanos da saúde e especialmente de enfermagem.

Consulte Programa Provisório online

Mais informações: XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem

Etiquetas: enfermagem, ensino
http://www.acs.min-saude.pt/2011/04/30/xi-conferencia-iberoamericana-de-educacao-em-enfermagem/

Champalimaud Neurocience Symposium 2011 Localização: Centro de Investigação Champalimaud - Lisboa Data: 18 de Setembro a 21 de Setembro de 2011

A Fundação Champalimaud organiza, entre os dias 18 e 21 de Setembro de 2011, nas instalações do Centro de Investigação Champalimaud, em Lisboa, Champalimaud Neurocience Symposium 2011, onde estarão reunidos cerca de trinta especialistas internacionais.

No evento serão abordados, entre outros temas:

Organizational Principles of Antagonistic Motor Circuits
Duplication and divergence of neural circuits in bilaterian brain evolution
Neural syntax: segmentation of information in the hippocampus
The balance of inhibition to excitation regulates visual responses and behavior in vivo
Synapse to nuclear transport of a transcriptional regulator during neuronal plasticity
New fluorescent probes and new perspectives in Bioscience
GABAergic interneurons and their role in neuronal synchronization, learning and memory
Synaptic mechanisms of sensory perception


Mais informações: Champalimaud Neurocience Symposium 2011


http://www.acs.min-saude.pt/2011/08/09/champalimaud-neurocience-symposium-2011/

Sem-abrigo, Migração e Mudança Demográfica na Europa – Conferência Europeia de Investigação Localização: Pisa - Itália Data: 16 de Setembro de 2011

Realiza-se, no dia 16 de Setembro, em Pisa, na Itália, a Conferência Europeia de Investigação 2011, subordinada ao tema “Sem-abrigo, Migração e Mudança Demográfica na Europa”.

No evento serão abordados, entre outros temas:

Migração e Sem-abrigo: Novos desafios
Migração e Sem-abrigo: Riscos e vulnerabilidades
Sem-abrigo na Europa: Novas perspetivas
Migração e Sem-abrigo: O Modelo Mediterrânico – o antigo e o novo
Migração e Sem-abrigo: Perspetivas sociais e legais
Migração e Sem-abrigo: Dimensões sobre género

O European Observatory on Homelessness organiza, uma vez por ano, a Conferência Europeia de Investigação, e produz, duas vezes por ano, o European Journal of Homelessness.

Neste contexto, encontra-se disponível, para consulta neste site, a apresentação do modelo de intervenção da saúde no âmbito da Estratégia Nacional para a Integração da Pessoa Sem-Abrigo (2009-2015) da Assessora na área de Saúde do Alto Comissariado da Saúde, Teresa Caldas de Almeida, proferida em 2010, na Conferência Europeia de Investigação “Understanding Homelessness and House Exclusion in the new European Context”.

O Alto Comissariado da Saúde, em parceria com diversas entidades provenientes do sector público e do sector privado, colaboram com o Instituto da Segurança Social, IP, na Estratégia Nacional, tendo assumido o compromisso de implementar um modelo de intervenção em saúde com o objetivo de garantir o acesso a cuidados de saúde atempados e de qualidade às pessoas sem abrigo, em articulação com a Coordenação Nacional para a Saúde Mental, a Direção-Geral de Saúde , o Instituto da Droga e da Toxicodependência e a Escola Nacional de Saúde Pública.

Consulte:

Programa provisório
Apresentação “A Model of Health Intervention – European Research Conference 2010”
Modelo de Intervenção da Saúde – Estratégia Nacional para a Integração da Pessoa Sem-Abrigo

Mais informações: European Observatory on Homelessness

Notícia relacionada: ACS colabora na Estratégia Nacional para a Integração dos Sem Abrigo


http://www.acs.min-saude.pt/2011/08/08/sem-abrigo-migracao-e-mudanca-demografica-na-europa-conferencia-europeia-de-investigacao-2011/

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Casca da maçã pode solucionar problemas musculares


O ácido ursólico, uma substância encontrada na casca da maçã que reduz a gordura, os níveis de açúcar no sangue, o colesterol e os triglicerídeos, pode tornar-se numa boa solução para problemas de desgaste muscular. Uma investigação realizada com ratos, publicada na revista “Cell Metabolism”, mostrou que este componente reduziu o desgaste muscular e provocou o crescimento dos músculos nestes animais.

Christopher Adams, investigador da Universidade de Iowa e autor principal do estudo, acredita que esta substância poderá ser útil no tratamento de problemas como a atrofia muscular, que "é muito comum e afecta a maioria das pessoas nalguma altura da vida", embora ainda não haja medicamentos para solucioná-la.


Os investigadores estudaram a actividade genética nos músculos de pessoas com atrofias e usaram essa informação para procurar compostos químicos que pudessem impedir esse problema, sendo que um dos descobertos foi o ácido ursólico, que está concentrado na casca das maçãs. "Já diz o ditado 'uma maçã por dia mantém o médico longe' e decidimos testar o ácido ursólico nos ratos", assinalou Adams.

"Comprovámos que aumentou o tamanho e a força dos músculos dos ratos. Tal aconteceu graças ao auxílio de duas hormonas responsáveis pelos músculos: o factor 1 de crescimento (IGF-1) e a insulina", acrescentou.

Além de fortalecer a massa muscular, o tratamento "teve outros efeitos benéficos surpreendentes, como a redução da gordura no corpo, a diminuição da glicose no sangue e do colesterol", acrescentou o endocrinologista.

Adams e a sua equipa focaram sua atenção no ácido ursólico através de uma técnica relativamente nova, denominada de “mapa de conectividade”, que compara padrões de expressão genética nas células sob condições diferentes.

O grupo de investigadores verificou que os genes são activados ou desactivados no músculo humano durante a atrofia e comparou esse padrão com os de expressão genética em linhas de células cultivadas e tratadas com uma gama de compostos diferentes. Descobriram então que um desses compostos, o ácido ursólico, causa um padrão de expressão genética oposto ao padrão causado pela atrofia.

Nas experiências que realizaram provaram que os ratos alimentados com ácido ursólico estavam protegidos da atrofia muscular causada pelo jejum e por danos nervosos, enquanto os ratos saudáveis alimentados com ácido ursólico desenvolveram músculos maiores e mais fortes do que os que não receberam essa dieta.
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Nutracêuticos com efeitos irreversíveis no metabolismo




Produtos não são analisados pelo ministério.
A esmagadora maioria da população já se automedicou com suplementos alimentares e nutracêuticos, tais como vitaminas, laxantes, diuréticos, drenantes, sais minerais, produtos para emagrecer, entre outros. Estes, se por um lado, auxiliam na compensação de dietas pobres ou na minimização de deficiências metabólicas; por outro, o seu uso frequente pode não ser o mais adequado, podendo até provocar efeitos irreversíveis no organismo.

O livro «Nutracêuticos e Alimentos Funcionais» – disponível desde ontem nos escaparates, sob a chancela da Lidel-Edições Técnicas –, que conta com a coordenação de João F. Pinto, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), alerta para as repercussões que decorrem do uso abusivo destas substâncias, bem como para a falta de controlo dos produtos.

A obra foi criada a várias mãos, por um grupo de docentes da FFUL e do mestrado integrado em Plantas, e nasce da necessidade de se enquadrar o tema numa óptica técnica e científica adequada, por se considerar que “o conhecimento sobre esta matéria é demasiado disperso”, segundo referiu o coordenador ao jornal «Ciência Hoje» (CH).

A publicação trata o tema de um modo pluridisciplinar, desde aspectos farmacológicos, bioquímicos, tecnológicos, analíticos à comercialização, legislação e utilização dos nutracêuticos. João Pinto sublinhou, no entanto, que alguns nutracêuticos poderão “ser inócuos e apresentam mesmo aspectos positivos”, mas a maioria “tem uma acção fisiológica, que a médio e longo prazo poderá desencadear resultados negativos nos rins, fígado ou outro órgão”.



Nutracêutico
Um nutracêutico é um produto nutricional que tem um alegado valor terapêutico. O termo resulta da combinação entre "nutrição" e "farmacêutica" e estuda os componentes fitoquímicos presentes nas frutas, legumes, vegetais e cereais, dispondo-se a investigar as ervas, folhas, raízes (plantas medicinais) e cascas de árvores para descobrir seus benefícios à saúde e possíveis curas de doenças.

Por exemplo, são conhecidos os efeitos positivos do resveratrol (polifenol que pode ser encontrado principalmente nas sementes de uvas pretas e no vinho tinto), mas em vez de beber um copo de vinho por dia, através da extracção da substância de forma concentrada, esta pode ser ingerido em cápsulas.O docente assinalou mesmo que estes produtos estão sob a alçada do Ministério da Agricultura e não do Infarmed – faltando assim “um controlo analítico, directo ou indirecto, sobre os nutracêuticos”.

João Pinto referiu ainda que o uso recorrente de suplementos alimentares deve merecer particular atenção,"para evitar sobredosagens e interferências com os alimentos e podem afectar o metabolismo do indivíduo com efeitos irreversíveis. Quando se pretende fazer um uso contínuo, a opinião de um médico, farmacêutico ou nutricionista é importante”.

Disse ainda ao CH que, por exemplo, “os produtos para emagrecer, apesar de aceites pelas autoridades, podem estar contaminados com substâncias diuréticas que inibam a absorção de nutrientes essenciais” e tomados sem a orientação de um médico poderão, muitas vezes, "entrar em desacordo com outras substâncias aparentadas, com efeitos cinérgicos ou contraditórios”.

A grande preocupação manifestada pelos profissionais de farmácia prende-se com a “contaminação fraudulenta de algumas substâncias activas, por falta de supervisão, por não existir uma lei que faça uma supervisão detalhada


Estes novos compostos químicos deviam ter a supervisão do Infarmed e nunca do ministério da Agricultura, pois muitos destes compostos são activos e actuam no nosso organismo como compostos farmacológicos com cinéticas capazes de interferir na vida do dia a dia, tanto de uma forma dita positiva como numa dita negativa.
Uma área de negócios a merecer a atenção do governo recém empossado.



http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49822&op=all

Laboratório brasileiro estudou a origem do hambúrguer Big Mac

Uma equipa de investigadores do laboratório de Ecologia Isotópica, da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, viajou pelo mundo para descobrir o segredo do Big Mac, um dos mais conhecidos produtos da rede de fast-food Mc Donald’s, presente em quase todo o mundo. Com o objectivo de apresentar as características culturais da alimentação mundial, o estudo investigou a sande em 26 países.

“O lanche, considerado o carro-chefe do Mc Donald’s, funciona como um poderoso traçador do sistema de produção de carne dos países. O hambúrguer fornece diversas e variadas informações”, referiu em comunicado o investigador Luiz Antonio Martinelli, responsável pelo projecto.

“Por ser servido em quase todo o mundo, a sande tornou-se um importante objecto de estudo. Existe mesmo o «Big Mac Index», um índice económico que calcula o preço do produto em todos os países em que é consumido, com o intuito de medir o valor de uma moeda em relação ao dólar”, continuou.

Para o estudo, a equipa rastreou a cadeia alimentar do gado que lhe dá origem, a fim de descobrir onde e como é produzido o principal ingrediente do Big Mac. Martinelli sublinhou ainda que “a carne moída para a produção de hambúrgueres é preparada em lotes, abrangendo uma multiplicidade de animais comprada de vários fornecedores. Por isso, são úteis integradores das características da carne disponível numa determinada área geográfica”.

Da Austrália para o Japão

O cientista conseguiu provar que, apesar de o Big Mac ser um produto de consumo global, o seu sabor é local, por ser originário do rebanho de cada país. “Mas isso não ocorre no mundo todo. Os isótopos estáveis do carbono e do nitrogénio da carne contida em cada um mostraram, por exemplo, que os hamburgers consumidos no Japão são provenientes da Austrália, com gado alimentado com gramíneas do tipo fotossintético C4”.

Esta conclusão foi baseada no facto de as carnes dos lanches japoneses terem uma razão isotópica do carbono-13/carbono-12 mais elevada do que os esperados num país baseado em uma agricultura de ciclo C3 (norma que caracteriza a forma como a planta faz sua fotossíntese), comprovando que o Japão importa carne da Austrália, onde prevalece o modo fotossintético C4 da lavoura, ou seja, das plantas que suportam altas luminosidades – o que não ocorre no país nipónico.

“As análises dos isótopos estáveis dos elementos carbono e nitrogénio, contidos nos objectos de estudo, no caso a carne do Mc Donald’s, forneceram três importantes conclusões. A primeira refere que com um simples hambúrguer é possível rastrear o que o gado come, anível mundial; a segunda, confere à possibilidade de saber como carnes produzidas em diferentes países viajam pelo mundo e a terceira avança que, "por uma questão de mercado, o igual não é tão semelhante assim”, relatou.

Essas conclusões levaram Martinelli a empregar o conceito “glocal”, fusão das palavras global e local, no Big Mac. “A famosa sande do Mc Donald’s tem a capacidade de estar, ao mesmo tempo, actualizado ao sistema de mercado de empresas globais sem perder a influência cultural imposta pelo mercado local”, finalizou.
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Compostos das uvas protegem a pele dos raios UV

As uvas contêm substâncias que podem reduzir os danos celulares na pele exposta à luz solar, na medida em que ajudam as células a protegerem-se contra a radiação solar ultravioleta (UV), revelou um estudo espanhol publicado no “Journal of Agricultural and Food Chemistry”.

Os raios UV são considerados a principal causa ambiental das doenças de pele, pois conduzem a queimaduras ou eritema solar, ao envelhecimento prematuro da derme e epiderme e até ao cancro. Este tipo de raios actua na pele ao activar espécies reactivas de oxigénio (ERO)- compostos que oxidam macromoléculas como os lípidos e o ADN e desencadeiam certas reacções e a actividade de enzimas (JNK e p38MAPK) que induzem a morte celular.


Os dados deste trabalho, conduzido por investigadores da Universidade de Barcelona e do Conselho Superior de Investigações Científicas, indicam que algumas substâncias, os polifenóis extraídos da uva (flavonóides) podem reduzir a formação de ERO nas células epidérmicas humanas expostas à radiação ultravioleta de onda longa (UVA) e média (UVB).



De acordo com Marta Cascante, a bioquímica da Universidade de Barcelona e líder da investigação, “estas fracções polifenólicas inibem a produção de ERO e, deste modo, também a consequente activação das enzimas JNK e p38, exercendo um efeito protector contra a radiação ultravioleta do sol.”

Outro resultado obtido no estudo apontou que a capacidade foto-protectora dos flavonóides é maior quando apresentam um maior grau de polimerização e de formação de compostos com ácido gálico.

Os investigadores acreditam que os resultados obtidos neste trabalho são "encorajadores" e que devem ser tidos em conta na farmacologia clínica que trabalha com extractos polifenólicos de origem vegetal para o desenvolvimento de novos agentes de foto-protecção cutânea.

Actualmente, existem cosméticos feitos a partir de uvas, mas até agora era desconhecido como funcionavam nas células. "Este trabalho apoia o uso destes produtos para proteger a pele dos danos e morte celular provocada pela radiação solar, além de proporcionar conhecimento sobre o seu mecanismo de acção", conclui Cascante.

Implante pioneiro de válvula aórtica através de mini-esternotomia

Em Portugal, estima-se que uma em cada 15 pessoas com mais de 80 anos sofra de estenose aórtica grave, uma deformidade e calcificação (depósito de cálcio) da válvula aórtica que impede o seu normal funcionamento e o único tratamento é a substituição da válvula; no entanto, “por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas alguns doentes não podem candidatar-se a esta intervenção tradicional”, segundo avançou ao «Ciência Hoje» Vasco Gama Ribeiro, director do serviço de Cardiologia da instituição.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho conseguiu agora realizar, pela primeira vez na Península Ibérica, uma nova abordagem do implante através de cateter da válvula aórtica (TAVI) por via Transaórtica, que poderá ser aplicado a todos os doentes.

"O implante por via transaótica é realizado através de uma mini-esternotomia" – pequena incisão de cinco centímetros no esterno, utilizada com alguma frequência na cirurgia cardíaca minimamente invasiva. “Até aqui as intervenções têm vindo a ser feitas por via percutânea, via femoral ou subclávia, direita ou esquerda – os acessos habitualmente utilizados”, continuou.

Esta técnica é agora diferente e foi a primeira ou apenas a segunda vez a ser realizada no mundo. “É minimamente invasiva porque não exige a abertura do tórax do doente, mas apenas uma pequena incisão para deixar a aorta ascendente à mostra”, referiu ainda Vasco G. Ribeiro.

Os sintomas de quem sofre de estenose aórtica grave traduzem-se em dispneia (falta de ar), síncope (desmaios), sintomas de angina de peito ou morte súbita. Convencionalmente, a estenose aórtica é tratável, mas o objectivo principal é sempre a cirurgia de substituição da válvula. O director do serviço de cardiologia sublinhou ainda que “a válvula é introduzida pela perfuração, não sendo necessário recorrer a uma cirurgia de coração aberto e, por isso, já pode ser feita em doentes supostamente inoperáveis”.

A colocação da prótese aórtica com válvula biológica, uma terapia revolucionária no tratamento da estenose aórtica grave com benefícios clínicos sustentados e resultados evidentes na melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Há muitos doentes que por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas não são candidatos a esta intervenção tradicional, mas hoje em dia já é possível fazê-lo com este novo procedimento e introduzir uma válvula especial biológica de substituição. O hospital já tratou uma média de 70 doentes com este problema, mas este novo procedimento por via mini-esternotomia apenas foi aplicado a uma pessoa. No entanto, foi bem-sucedido.


Cientistas descobrem como a nicotina actua na perda de apetite


Um dos receios que impede alguns fumadores de deixar de fumar é a possibilidade de ganharem peso depois de o fazerem, isto porque a nicotina tem a propriedade de reduzir o apetite. Uma equipa de cientistas norte-americanos conseguiu descobrir como a nicotina actua nos neurónios implicados nos sinais de apetite.

Os investigadores acreditam que esta descoberta pode ajudar fumadores a deixar de fumar e a evitar que ganhem peso depois, bem como a tratar da obesidade. Os resultados da investigação estão publicados na «Science».


A nicotina activa um pequeno grupo de neurónios do hipotálamo que regulam os sinais do organismo e indicam que já se comeu o suficiente.

Marina Picciotto, da Universidade de Yale (EUA), e cientistas de outras instituições determinaram que um subtipo de receptor da nicotina pode agir enquanto um indivíduo come. Quando a nicotina de conecta a esse receptor, activam-se neurónios específicos desencadeando processos que conduzem à supressão do apetite.

“O hipotálamo é uma área do cérebro que integra sinais precedentes dos intestinos e a da presença de gordura, avisando o cérebro se o corpo necessita de comida ou se já tem calorias suficientes”, explica Mariella De Biasi, do College of Medicine.

A identificação deste receptor “é importante para compreender os mecanismos relacionados com a adição, o peso e o hábito de fumar”, explica a investigadora. Por agora, os resultados referem-se a experiências com ratinhos, mas pode abrir portas à descoberta de medidas terapêuticas para ajudar as pessoas a deixar de fumar sem receio de ganharem peso.

Artigo: Nicotine Decreases Food Intake Through Activation of POMC Neurons

Obesidade nem sempre é doença Estudo revela que pessoas com excesso de peso podem viver tanto como as magras

As pessoas com excesso de peso que levam uma vida saudável podem viver tanto como as magras e estão até menos propensas a desenvolver problemas cardiovasculares, segundo um estudo da Universidade de York, Canadá, avança a LUSA.

Os investigadores estudaram seis mil americanos obesos durante 16 anos e compararam o seu risco de mortalidade com o de pessoas magras.

“Os nossos resultados questionam a ideia de que todos os obesos necessitam de perder peso”, afirmou Jennifer Kuk, professora na escola de York de Cinesiologia e Ciência da Saúde e coordenadora do estudo publicado na revista ‘Fisiologia, Nutrição e Metabolismo’.

Segundo a investigadora, tentar perder peso e fracassar pode ser pior para a saúde do que manter um peso elevado e levar um estilo de vida saudável que inclua alguma actividade física e uma dieta equilibrada com muita fruta e verdura.

O estudo revelou que as pessoas obesas com poucos ou nenhum problema físico ou psicológico e que entram na idade adulta já com esse peso a mais tentam menos vezes fazer uma dieta durante a sua vida e têm mais facilidade em ser fisicamente activas.





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A cafeína pode proteger contra cancro da pele

Um estudo levado a cabo em ratos sugere que a cafeína altera a actividade de um gene envolvido na destruição de células com DNA danificado e com a possibilidade de se tornar cancerígeno. A equipa de investigação, da Rutgers University (New Jersey, EUA), avança que a descoberta poderá levar a melhor prevenir o cancro da pele.

A doença pode ser causada por excesso de exposição aos raios ultravioletas. O trabalho foi publicado ontem na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Allan Conney , do departamento de Biologia Química e líder do estudo, ao saber que a cafeína tinha estes benefícios, queria saber que o mecanismo molecular específico seria responsável pelo efeito protector da cafeína.

O investigador suspeitava já que o gene ATR pudesse estar envolvido e, por isso, decidiu testar a sua teoria em ratos geneticamente modificados, que tivesse deficiência de genes ATR, expondo-os a raios ultravioletas até desenvolverem cancro de pele.

Após 19 semanas de exposição solar, descobriu que os roedores tinham desenvolvido 69 por cento menos tumores do que aqueles que tinham genes ATR a funcionar normalmente, aparecendo três semanas depois nos ratos geneticamente modificados em relação ao outro grupo de estudo.

Já após 34 semanas de exposição, todos eles tinham tumores, a maioria revelou ter um tipo chamado de carcinoma das células escamosas ou carcinoma espinocelular – o que sugere a possibilidade de a cafeína ter um efeito inibidor em cancro de pele induzido pela exposição solar. A equipa de investigação afirma mesmo que o composto químico tem ainda “propriedades com um efeito de protector solar”.


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Vacina cura cancro da próstata em ratos

Uma equipa de investigadores norte-americanos e britânicos – da Mayo Clinic, Cancer Research UK Clinical Centre no Hospital St. James e o Leeds Institute of Molecular Medicine – conseguiu bons resultados com um novo fármaco para o tratamento do cancro. O grupo de trabalho criou uma vacina baseada em DNA humano, que curou, em laboratório, tumores em estado avançado na próstata de ratos, sem causar efeitos colaterais aparentes.

O composto “encoraja o sistema imunológico a livrar-se do tumor” sem a necessidade de recorrer à quimioterapia, segundo avança o artigo publicado na «Nature Medicine». Os resultados da equipa norte-americana liderada por Richard Vile, da Mayo Clinic, foram tão significativos que os testes clínicos para desenvolver uma vacina comercial podem começar em dois anos. O tratamento mostrou ser bastante eficiente para tumores da próstata e melanomas, e tem ainda o potencial para tratar tumores mais agressivos no pulmão, cérebro e pâncreas.

O segredo do tratamento é fazer com que as células T, do sistema imunológico, atacassem apenas células cancerígenas da próstata, deixando o tecido saudável intacto. Para isso, os investigadores juntaram pedados do código genético da próstata humana saudável e a um DNA complementar de uma biblioteca (cDNA). O uso dessa informação genética complementar é a chave de todos os tratamentos que visam provocar uma reacção de defesa do próprio organismo.

Todas as infecções, alergias e tecidos, incluindo os cancerígenos, possuem uma “impressão digital” única; no entanto, o corpo nem sempre consegue detectar todos os sinais emitidos pelos tumores – e a vacina serve para “alertá-lo e informá-lo”. Os excertos de cDNA foram inseridos em vírus desactivados, que serviram como vectores para que o material fosse injectado nos ratos.

Dentro do corpo do animal, o vírus geneticamente modificado expressava o mesmo antígeno (partícula ou molécula capaz de iniciar uma resposta imune) ao cancro. Levando o sistema imunológico a pensar que está a ser atacado pelo vírus e a fazer com que este o tente eliminar produzindo uma resposta contra aquele

Nova ferramenta de diagnóstico da asma alérgica

Uma equipa de investigação das universidades de Aveiro (UA) e Madeira (UM) e do Serviço de Pediatria do Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, está a trabalhar numa nova abordagem metodológica para caracterizar a asma alérgica em função dos seus padrões metabolómicos. O grande objectivo deste método é conseguir desenvolver novas estratégias para um diagnóstico precoce, terapias de monitorização e compreensão das patogenias desta doença crónica, que afecta milhões de pessoas em todo o mundo.

A asma alérgica (um sub-tipo de asma) é um problema de saúde crescente que afecta todas as faixas etárias. Os agentes alérgicos responsáveis são comuns ao dia-a-dia de qualquer individuo, tais como, ácaros, mofo, pólen e alimentos ou conservantes destes. Através de um método inovador, os investigadores analisaram os compostos voláteis no ar utilizando a técnica GC/MS. A equipa defende que o ar exalado por um paciente é um bom ponto de partida para a investigação, uma vez que a asma alérgica afecta directamente as vias aéreas.

Para identificar os compostos voláteis da asma foram recolhidas amostras de ar de 35 crianças com asma alérgica, das quais 13 com rinite alérgica. Como controlo de comparação, também se examinaram amostras de outras saudáveis.

“Desenvolvemos técnicas de extracção de compostos voláteis e criámos condições para conseguir recolher, em quantidades que fossem analisáveis, os compostos não vestigiais; optimizámos vários parâmetros para a recolha do ar exalado, como o controlo da variabilidade intra-individual e criámos condições para que o ar ambiente não influenciasse a composição do ar exalado", segundo explicou Sílvia Maria da Rocha, investigadora responsável da UA.

Durante o estudo, utilizaram um método estatístico robusto (PLS-DA) para tratar os resultados, que permitiu verificar que são sempre os mesmos compostos, normalmente associados ao stresse oxidativo, que estão sempre aumentados nas crianças com asma quando comparados com grupos de controlo.



O pólen é um dos agentes alérgicos.
Primeiras conclusões

As primeiras conclusões mostram que não houve diferença estatística entre o ar exalado de amostragem dentro do mesmo dia, bem como entre as semanas de amostragem diferentes. De acordo com a investigadora da UA, pretendeu-se que os resultados fossem fiáveis, controlando as variações, para obter compostos que são marcadores da doença sem influência de factores externos. “A asma é uma doença crónica e, por isso, não estamos a actuar na cura, mas na compreensão de vários aspectos relacionados com a doença, para aumentar a qualidade de vida dos doentes”, referiu ainda a especialista.

Apesar da população em estudo ser pequena, os investigadores conseguiram já recolher informações fundamentais que representam a base científica para a definição de uma ferramenta rápida e não-invasiva de diagnóstico.

A inovação possibilitará aprofundar os conhecimentos na área de diagnóstico da doença, seguir os efeitos da sua terapia e as alterações provocadas no organismo, para, num futuro próximo, se poder intervir numa fase precoce do seu diagnóstico e prognóstico. As primeiras conclusões foram publicadas no Journal of Chromatography A.