segunda-feira, 27 de junho de 2011

Estudo alerta para perigo de fungos em electrodomésticos Equipamentos promovem ambiente ideal para estes organismos 2011-06-27

A vida moderna comporta uma necessidade crescente de equipamentos domésticos eléctricos, como máquinas de café, de lavar loiça, ou de lavar roupa que têm em comum, entre outros aspectos, o facto de produzirem um ambiente húmido e quente, propício ao desenvolvimento de fungos.

Um estudo publicado na revista “Fungal Biology” analisou esta questão e encontrou fungos potencialmente patogénicos em alguns dos aparelhos domésticos mais comuns, como o Exophiala dermatitidis e outro denominado E. phaeomuriformis, detectados em amostras tiradas de máquinas de lavar louça em 189 casas, de 101 cidades em seis continentes.

No caso destes electrodomésticos, são produzidas altas temperaturas entre os 60 e 80 graus Celsius, de forma intermitente, utilizando-se detergentes agressivos e altas concentrações de sal a cada ciclo de lavagem.

O resultado do estudo indica que 56 por cento destes aparelhos apresentavam o fungo na borracha de vedação da porta do electrodoméstico. De acordo com a investigação, ambas as espécies “apresentaram uma tolerância notável ao calor, a altas concentrações de sal, aos detergentes agressivos e à água com teor ácido ou alcalino”.

Embora os fungos sejam organismos que conseguem sobreviver ou necessitam fisicamente de condições geoquímicas extremas e raramente sejam encontrados na natureza, são responsáveis por doenças nos humanos. De acordo com o estudo, são responsáveis pela colonização nos pulmões dos pacientes com fibrose quística e, ocasionalmente, causam infecções fatais em pessoas saudáveis.

A investigação indica ainda que a presença generalizada destes fungos nos electrodomésticos sugere que estes organismos registaram um processo evolutivo, aproveitando um nicho doméstico, ao encontrarem um ambiente ideal no calor e na humidade, e que podem representar um risco significativo para a saúde humana no futuro.
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Tuberculose pode aumentar em Portugal, diz especialista Situação “não é de alarme”, mas “de consciencialização” 2011-06-27

Portugal pode estar em risco de registar um aumento de casos de tuberculose devido ao eventual agravamento das condições sanitárias e de fome provocado pela crise que o país atravessa, alertou Meliço Silvestre, infectologista dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), citado pela agência Lusa.

O médico adiantou que a situação “não é de alarme”, mas “de consciencialização”, acrescentando que os médicos e autoridades sanitárias estão atentos.

“Caso se criem condições sociais de carência alimentar muito grande pode haver focos e zonas em que as condições sanitárias sejam tão degradadas que possam levar a condições propícias a desencadear a tuberculose e, muitas vezes, em formas multi-resistentes”, explicou Meliço Silvestre, a propósito do quarto congresso “Pandemias na Era da Globalização” e do simpósio “Medicina do Viajante”, que decorreu em Coimbra.

De acordo com o especialista, “a história contemporânea aponta para uma atenção especial a certas situações que possam vir surgir”, como “focos de fome que possam levar à degradação das condições de nutrição e sanitárias”.

Para que não haja um aumento de casos de tuberculose no futuro, Meliço Silvestre defendeu que se deve fazer uma “prevenção demarcada” e ter um “conhecimento total das pessoas e evitar que haja fome”.

Posição em que grávidas dormem afecta risco de morte do feto Estudo neo-zelandês foi o primeiro a investigar esta matéria 2011-06-21

As mulheres grávidas no final da gestação podem reduzir o risco de morte fetal dormindo para o lado esquerdo, sugere um estudo de investigadores neo-zelandezes que foi publicado no “British Medical Journal”.

No entanto, visto que este este foi o primeiro trabalho a investigar o efeito da posição na qual as mães dormem na saúde do feto, em casos de bebés nados-mortos, e são necessários mais estudos que comprovem estes dados, os cientistas alertaram que ainda é precoce aconselhar as grávidas a dormirem só para esse lado.

Os resultados mostraram que as mulheres que não dormiram para o seu lado esquerdo (dormindo de costas ou para o lado direito), apresentaram quase o dobro do risco de dar à luz um nado-morto. Contudo, a equipa liderada por Tomasina Stacey, da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, advertiu que o aumento absoluto do risco de morte fetal permanece pequeno.

Os partos com nados-mortos ocorreram em 1,96 por mil casos nas mulheres que dormiam do lado esquerdo, em comparação com 3,93 por mil casos entre aquelas que dormiam noutras posições.

De acordo com os investigadores, uma das possibilidades para esta ocorrência está relacionada com o facto de, quando a grávida dorme de costas ou sobre o seu lado direito, o feto poder comprimir a veia cava inferior, que leva o sangue para o coração, o que conduziria a uma diminuição da quantidade de sangue oxigenado que volta do coração para os órgãos da mãe e, em consequência, para o bebé.

Para o estudo, os investigadores entrevistaram 155 mulheres que tinham dado à luz um bebé morto após, pelo menos, 28 semanas de gestação. Estes dados foram comparados com 310 grávidas cuja gravidez evoluiu normalmente.

As mães foram submetidas a um questionário sobre a posição em que dormiam, a duração do sono e se acordavam frequentemente antes da gravidez ou durante o último mês, na última semana da gravidez e na noite anterior ao parto. Os dados foram actualizados regularmente durante o último mês da gravideze mostraram que a posição em que as mães dormiam era o factor mais determinante das mortes prematuras.
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Medidas restritivas adiam medicamento para Parkinson Doentes terão de esperar dois anos pela introdução de novo produto 2011-06-20 Por Lusa

A Bial foi “forçada” a atrasar em dois anos, para 2014, o lançamento de um novo produto para a doença de Parkinson devido às “medidas restritivas” impostas para área do medicamento, disse Luís Portela, 'chairman' da empresa.

“Fomos forçados a atrasar, porque não temos recursos para isso e, neste momento, prevemos que seja lançado no mercado em 2014”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Bial.
A propósito da 17.ª Conferência Anual da «European Association of Research Managers and Administrators» (EARMA), que decorrerá em Bragança na próxima semana, Luís Portela adiantou que também o produto para a hipertensão arterial, que estava previsto ser lançado em 2014, já “passou para 2017”.

“Não temos recursos para conseguir manter o ritmo que seria desejável para o nosso projecto”, referiu, acrescentando que “infelizmente o país vai sofrer” com estes adiamentos, porque “quanto mais tarde introduzirmos os produtos no mercado global mas tarde o país vai recuperar esses investimentos”.

Segundo Portela, o investimento, no último ano, foi de “mais de 40 milhões de euros” em investigação e desenvolvimento, uma quantia que é “muito, muito difícil” cobrir. Para isso, a Bial recorre ao “autofinanciamento”, uma estratégia que tem sido levada a cabo há já quase duas décadas e que passa por “não retirar dinheiro e reinvestir na totalidade” os seus recursos na área da investigação e desenvolvimento.

“Estamos a fazer um enorme esforço”, disse, acrescentando que a empresa recebe também "apoios de autoridades portuguesas e comunitárias", mas também é forçada a ter "apoios da banca”. Luís Portela disse que a Bial está a investir “o mais que pode” em projectos que “são importantes para servir os interesses de saúde da humanidade, que proporcionam novas soluções terapêuticas e que do ponto de vista económico-financeiro são bons”.

No mercado global

Fazendo um balanço da última década de actividade, Luís Portela orgulha-se da Bial conseguir ser “uma empresa inovadora” ao colocar o primeiro medicamento de raiz portuguesa no mercado global.

“Há apenas 23 empresas na Europa que fazem isto e em todo o mundo cerca de 90 empresas capazes de proporcionar medicamentos à humanidade”, sublinhou, acrescentando ser “um valor enorme” ter sido esta a única instituição nacional "a conseguir colocar a primeira bandeirinha portuguesa na área da investigação terapêutica a nível mundial”.

Para Luís Portela, que admitiu ter já recebido “várias propostas” de compra da empresa, “não há dinheiro que pague” este feito, porque “quando se faz as coisas com paixão é o servir as populações e proporcionar novos medicamentos” que conta.

Para o futuro, precisou, a empresa vai continuar a apostar na área da internacionalização, sendo que actualmente já “opera em mais de 40 países”. O departamento de investigação e desenvolvimento da Bial conta com uma equipa de 117 pessoas de oito países, das quais cerca de 30 são doutoradas.

Coimbra encontra terapêutica de origem vegetal para giardiose Doença afecta mais de 280 milhões de pessoas por ano 2011-06-20 Por Carla Sofia Flores

Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) encontraram uma nova alternativa terapêutica para combater a giardiose, uma doença caracterizada por graves infecções no intestino dos humanos, por vezes fatais, e que afecta, anualmente, 280 milhões de pessoas em todo o mundo, nomeadamente crianças, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A equipa multidisciplinar de investigadores liderada por Carlos Cavaleiro, do Centro de Estudos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia da UC (FFUC) trabalhou ao longo de cinco anos na identificação, em extractos de plantas como capim-limão, orégão e uma espécie de tomilho,de compostos que actuam sobre a Giardia lamblia, parasita responsável por esta doença, cuja maior taxa de prevalência verifica-se nos países em desenvolvimento.

“Identificámos terpenóides, substâncias de origem vegetal, que, em estudos in vitro, mostraram ter efeitos muito promissores. Actuam no parasita e alteram a sua funcionalidade, fazendo-o perder a capacidade de se ligar ao hospedeiro”, explicou ao «Ciência Hoje» o coordenador da investigação.

De acordo com Carlos Cavaleiro, depois de realizados os testes in vitro, os cientistas vão iniciar, “dentro de dois meses”, os ensaios em animais, para “comprovar a ausência de toxidade” dos compostos e assim garantir-se a segurança da sua utilização

No entanto, os resultados já disponíveis são indicadores “do elevado potencial para virem a ser utilizados como novas estratégias terapêuticas, menos tóxicas e de menor custo, para combate da giardiose”, uma vez que os actuais medicamentos para tratar a doença são pouco eficazes, têm elevada toxicidade e são muito caros, para além de já apresentarem problemas de resistência do parasita.

O investigador reconheceu que o desenvolvimento de fármacos a partir destes compostos de origem natural pode ser uma alternativa com grande impacto nas regiões onde a doença é mais incidente. “Estes compostos não são exclusivos de uma família de plantas e podem ficar disponíveis para populações que não têm acesso a medicamentos convencionais. Poder-se fornecer matéria-prima vegetal nesses países é uma vantagem”, sublinhou o investigador.

Depois de identificados os compostos, elucidados os seus mecanismos de acção e da validação em ensaios em animais que agora vai iniciar, a utilização destes componentes em humanos dependerá do interesse da indústria farmacêutica e dos resultados dos estudos a que esse processo obriga, explicou Carlos Cavaleiro.

Cientistas testam com sucesso em ratos vacina contra cancro Próximo passo dos investigadores será testar o novo mecanismo em cães

Um grupo de investigadores britânicos e norte-americanos está a desenvolver uma vacina que poderá vir a tratar vários tipos de cancro. Nesta fase de estudos, a vacina conseguiu reverter o cancro da próstata em ratos de laboratório. A investigação, que envolve cientistas da Universidade de Leeds (Reino Unido) e do Departamento de Medicina Molecular da Mayo Clinic (EUA), está publicada na «Nature Medicine».

Os autores explicam que o problema central que tem impedido o desenvolvimento de vacinas contra o cancro é a falta de antigénios identificados, ou seja, moléculas que activem o sistema imunológico para destruir as células cancerosas. Este problema foi solucionado nesta investigação com a adição de um adjuvante chamado hsp70, uma proteína que activa as defesas do organismo.

Em vez de terem utilizado um só gene associado a um determinado tumor, os investigadores desenharam uma vacina com uma “biblioteca” de DNA contendo múltiplos fragmentos de genes, e assim, muitos possíveis antigénios, o que fez com que o sistema imunológico não ficasse sobrecarregado.

Os investigadores introduziram num vírus inactivo essa selecção de DNA do tecido saudável da próstata de um grupo de ratos de laboratório. Depois, injectaram-no em ratos afectados pelo cancro da próstata. Sem efeitos secundários assinaláveis, estes ficaram curados.

Para esta técnica poder ser aplicada a seres humanas ainda será preciso percorrer um longo caminho. Citado pelo jornal espanhol «Publico», José Pulido, da Mayo Clinic, afirmou que o passo seguinte do estudo vai ser testar este mecanismo em tumores espontâneos, já que estes foram provocados. Os investigadores vão começar em breve estudos com cães que tenham desenvolvido cancros.

Artigo: Broad antigenic coverage induced by vaccination with virus-based cDNA libraries cures established tumors

Potencial da saliva no diagnóstico de doenças testado na UA Comprovada eficácia do método para detecção de cárie dentária 2011-06-20

A saliva tem um papel fundamental na digestão e na deglutição, previne infecções devido às suas enzimas e anticorpos, tem propriedades cicatrizantes e neutraliza os ácidos que causam a cárie.

Um grupo de investigadores da Unidade de Química Orgânica, Produtos Naturais e Agro-alimentares da Universidade de Aveiro (UA) acredita que a saliva pode ter outra importante função como meio de diagnóstico de algumas doenças, como por exemplo, a cárie dentária.

Desta forma, pode contribuir para a sua detecção precoce e incorporar em programas preventivos para a saúde oral com elevada importância e impacto sócio/económico.

Ao longo dos últimos 11 anos, os bioquímicos já conseguiram comprovar que existe correlação entre proteínas e peptídeos presentes na saliva e a cárie dentária, uma das infecções bacterianas crónicas mais comuns e que afecta 80 por cento da população mundial e 66 por cento dos portugueses.

A partir da caracterização das proteínas salivares de uma amostra constituída por indivíduos com cáries e outros sem cáries activas e alguns ensaios in vitro e in vivo, os cientistas conseguiram perceber que as pessoas resistentes às cáries apresentavam maiores quantidades de alguns péptidos constituintes da película aderida, contribuindo para a manutenção da estrutura cristalina do esmalte e diminuindo a ocorrência de infecções por bactérias cariogénicas.

Os investigadores acreditam que diagnósticos realizados com a saliva podem ser tão eficientes quanto os tradicionais exames realizados com recolha de sangue, sendo um procedimento mais barato e mais rápido. “A saliva será cada vez mais uma ferramenta de diagnóstico, de prevenção e de monitorização muito menos invasiva, mas apenas se conseguirmos identificar e validar biomarcadores salivares específicos associados a essas doenças”, disse Rui Vitorino, investigador do Departamento de Química da UA.

Apesar de optimista, o investigador refere que há ainda muito trabalho para fazer nesta área e que as potencialidades são variadas. “Queremos estudar mais aprofundadamente outras situações em que ocorrem alterações da composição das proteínas salivares para conseguirmos prever, acompanhar a progressão e verificar os resultados do tratamento de uma forma eficaz, não apenas na cárie dentária mas também em outras doenças como a diabetes e o cancro da cabeça e pescoço. É nossa intenção perceber em detalhe quais as alterações associadas ao aparecimento de cada uma destas doenças”, acrescentou.

Com este objetivo no horizonte, a UA já estabeleceu parcerias com o IPO do Porto, a CESPU e o Hospital de São João e os resultados preliminares neste novo campo de acção já lhes permitiram fazer, também, a caracterização básica da saliva de indivíduos com cancro da cabeça e pescoço e de indivíduos diabéticos. “Tal como no estudo das cáries dentárias, também aqui encontramos diferenças, mas agora temos de perceber essas variações”, avançou o investigador.

testes de Ácido Nucleico em toda a Europa Introdução da tecnologia aumenta segurança na transfusão sanguínea 2011-06-17 Por Susana Lage

O Congresso da Sociedade Internacional de Transfusões de Sangue arranca amanhã, em Lisboa. Uma das novidades do encontro é a introdução dos Testes de Ácido Nucleico (NAT, na sigla inglesa) em toda a Europa, possibilitando um aumento considerável na segurança da transfusão sanguínea.

Ao Ciência Hoje, Peter Maag, presidente da Novartis Diagnosticos, explica que estes NAT tratam-se de “uma técnica bioquímica usada para detectar um vírus ou uma bactéria”. Ou seja, “detectam automaticamente os vírus e microrganismos infecciosos no material genético (DNA e RNA)”.
Os primeiros testes desenvolvidos para identificar as dádivas de sangue relativamente às doenças infecciosas, conhecidos como testes de sorologia, detectavam antígenos virais e anticorpos que o sistema imunitário cria para combater doenças. A mais recente tecnologia introduzida “é diferente do teste sorológico porque analisa o material genético de organismos causadores de doenças, ao invés da resposta do organismo à doença”.

Segundo o responsável, “novas tecnologias moleculares como as plataformas de triagem automatizadas NAT revolucionaram a capacidade dos bancos de sangue de interceptar de forma eficiente patógenos potencialmente infecciosas como o HIV, vírus da hepatite C, vírus da hepatite B e vírus do Nilo Ocidental, continuando a garantir a pontualidade da disponibilidade de sangue. Porque o NAT não depende de resposta do sistema imunitário a um vírus, encurta o tempo entre a infecção e quando a detecção dessa infecção é possível”.

Peter Maag afirma que “os NAT foram introduzidos na Europa pela indústria farmacêutica em 1995 e, por consequência usados para fazer triagem de dadores de sangue em muitos países europeus. Foram introduzidos em França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e ainda no Reino Unido entre 1999 e 2011 na detecção do HCV”. Mais recentemente, “estes testes foram introduzidos progressivamente por toda a Europa”.

Nos dias de hoje, “os testes de Ácido Nucleico são usados na Europa para examinar as dádivas de sangue para a hepatite B (HBV) e da hepatite C (HCV), e o HIV e, nalguns casos o Vírus do Nilo Ocidental”, continua.

E mais acrescenta, “em Portugal, 100 por cento de 400.000 unidades anuais de sangue doadas são analisadas com a tecnologia NAT para o HIV, a HCV e a HBV”.

novo estetoscópio digital pode revolucionar diagnóstico cardíaco Projecto internacional liderado pela UP ainda em fase inicial 2011-06-17 Por Carla Sofia Flores

O diagnóstico precoce de patologias cardíacas específicas pode, em breve, ser simplificado graças a um novo estetoscópio digital que permite a médicos de clínica geral detectarem mais fácil e eficazmente estas doenças.

Desenvolvido por uma equipa internacional de investigadores, liderada pela Universidade do Porto (UP), o projecto "Digiscope" envolve ainda um grupo de investigadores da Queen Mary University of London - que trata do processamento e análise do sinal áudio -, e clínicos do Centro Hospitalar do Alto Ave (Guimarães) e do Real Hospital Português do Recife (Brasil), onde está a ser utilizada a primeira versão do estetoscópio.

“Este primeiro protótipo, que já está a funcionar com doentes reais e integrado na rotina diária dos respectivos serviços de Cardiologia, é essencial para testar a usabilidade deste tipo de sistemas em ambiente hospitalar”, contou ao «Ciência Hoje», Miguel Coimbra, líder do projecto e docente da Faculdade de Ciências da UP.

Contudo, nesta fase inicial, o dispositivo “ainda não diagnostica patologias”. Segundo o investigador, “só depois de se recolher uma base de dados reais é que se consegue detectá-las”, sendo que, neste primeiro mês de utilização, já foram recolhidas mais de 100 auscultações no hospital brasileiro.

Revolução no rastreio

Este sistema, que sincroniza um estetoscópio digital a um computador, tem “potencial para ser o primeiro nível de rastreio de doenças cardíacas em ambiente hospitalar”, na medida em é fácil de utilizar por qualquer médico de clínica geral. A associação dos dois dispositivos permite que, em tempo real, os sons captados pela auscultação sejam analisados e que anomalias do batimento cardíaco, que podem ser associadas a patologias cardíacas específicas, sejam apontadas de imediato pelo clínico.

Alguns problemas cardíacos passam despercebidos em consultas de clínica geral
Alguns problemas cardíacos passam despercebidos em consultas de clínica geral
Desta forma, o médico consegue traçar mais rapidamente um diagnóstico preciso do seu paciente, o que actualmente é “mais difícil”, pois alguns problemas cardíacos podem passar despercebidos em consultas gerais com recurso ao estetoscópio convencional, especialmente quando realizadas por médicos não especialistas em cardiologia.

Recolha de dados

Nesta fase de teste, para além de estar a ser avaliada a validação destes sistemas em ambiente hospitalar, está a ser feita a recolha de auscultações reais para a elaboração de “uma base de dados única a nível internacional” que será utilizada para efeitos de investigação, explicou Miguel Coimbra.

Para isso contribui o facto de o aparelho permitir a colheita, transmissão e gravação das auscultas, sem interferência na habitual rotina do clínico, sendo que também tem funcionalidades de anotação manual dos dados.

Segundo o investigador, durante o primeiro mês de utilização, o recurso a este sistema “correu com normalidade”, no Brasil. Porém, no Centro Hospitalar do Alto Ave, houve alguns problemas de “comunicação e utilização”, que entretanto “já foram corrigidos”. No hospital português, a recolha de auscultações reais deverá iniciar em breve, adiantou.

Primeiro antibiótico em bactérias E. coli Biólogas da UA conseguiram produzir a lichenicidina 2011-06-17 Por Lusa

Duas biólogas da Universidade de Aveiro (UA) conseguiram produzir, pela primeira vez, um lantibiótico, um tipo específico de antibióticos, numa bactéria de Gram-negativo, um feito inédito que abre novas possibilidades no desenvolvimento de novos antibióticos mais eficazes.

Usando a Escherichia coli (E. coli), uma bactéria de Gram-negativo que faz parte da flora bacteriana normal do homem, as investigadoras Sónia Mendo e Tânia Caetano, do Laboratório Associado CESAM da UA, conseguiram produzir a lichenicidina.
Este composto com propriedades antibióticas, que já tinha sido descoberto por Sónia Mendo, em 2004, é produzido pela bactéria de Gram-positivo Bacillus licheniformis, isolada numa fonte termal.

Esta foi a primeira vez que cientistas conseguiram colocar uma bactéria de Gram-negativo a produzir um composto que, de forma natural, não o produziria, quebrando-se assim um velho dogma.

“Houve vários cientistas que tentaram fazer o mesmo, mas sem sucesso. Nós fomos as primeiras a fazê-lo”, disse à Lusa, Sónia Mendo, acrescentando que o composto produzido por E. coli mantém todas as propriedades antibióticas do composto original. Segundo a investigadora, esta descoberta tem como principal vantagem o facto da E. coli ser uma bactéria que é “muito fácil de manipular”.

“Muitas vezes, nos organismos originais não conseguimos fazer as manipulações genéticas necessárias ao estudo dos genes envolvidos no processo e, neste caso, isso é possível”, explicou. Os resultados desta investigação, que foram publicados em Janeiro na revista especializada «Chemistry & Biology», podem, segundo a bióloga, vir a ser aplicados na produção de outros antibióticos ou outros compostos.

Gram-negativas
São bactérias que possuem uma parede celular mais delgada e uma segunda membrana lipídica - distinta quimicamente da membrana plasmática - no exterior desta parede celular. No processo de coloração, o lipídio dessa membrana mais externa é dissolvido pelo álcool e libera o primeiro corante: cristal violeta. Ao término da coloração, essa células são visualizadas com a tonalidade rosa-avermelhada do segundo corante, safranina que lhes confere apenas a coloração vermelha.
Falta longo caminho

O estudo, desenvolvido parcialmente em parceria com o Instituto de Química da Universidade Técnica de Berlim, que contribuiu com a caracterização da estrutura química do composto, mostrou que a lichenicidina tem propriedades activas contra duas bactérias (MRSA e VRE) associadas a graves infecções hospitalares.

No entanto, Sónia Mendo salienta que há, ainda, um longo caminho a percorrer até à sua aplicação e possível produção em larga escala. “É essencial conhecer um pouco mais sobre a natureza química da molécula, o seu exacto modo de acção e a forma como é sintetizada pela célula, para se conseguir optimizar todas as etapas da síntese deste composto e perceber melhor as suas possíveis aplicações, não só ao nível clínico mas também na indústria alimentar e na agro-pecuária”, adiantou.

Posteriormente, existe uma fase de testes em laboratório, em animais e numa população restrita de indivíduos. Só após esse longo percurso, o composto poderá ser lançado no mercado.

Estudo inglês Dieta extrema reverteu diabetes do tipo 2 em doentes 24.06.2011 - 19:41 Por PÚBLICO

A diabetes do tipo 2 pode não ser incurável. Uma dieta extrema aplicada a pessoas que descobriram há poucos anos que sofriam da doença, conseguiu reverter o seu estado e repor a produção de insulina no pâncreas. A descoberta fez parte de um estudo da Universidade de Newcastle, Reino Unido, que foi apresentado hoje numa conferência da Associação Americana dos Diabetes.A diabetes do tipo 2 é causada pelo consumo excessivo de açúcar que acaba por pôr em causa o funcionamento da insulina – a substância que ajuda a metabolizar o açúcar (glicose) no sangue. Por um lado, as células do corpo ganham resistência à insulina, por outro a produção desta hormona no pâncreas é debilitada.

Sem a hormona, a glicose acumula-se no sangue em valores altos, a chamada glicemia, e se não é controlada vai causando efeitos cada vez mais perigosos para o corpo, desde cegueira, problemas de circulação que podem obrigar os doentes a amputar as extremidades, até aos ataques cardíacos. Medicação, uma dieta cuidada e exercício físico podem controlar a diabetes por anos mas não curam o problema.

A investigação feita na Universidade de Newcastle em onze indivíduos que tinham descoberto há menos de quatro anos a doença, submeteu-os a uma dieta extrema. Durante oito semanas, os diabéticos ingeriram apenas 600 calorias por dia, menos de um terço da dose diária recomendada. A alimentação passava por líquidos nutritivos e vegetais sem amido.

Passados três meses, sete dos onze indivíduos não tinham diabetes. “Ter pessoas livres de diabetes depois de anos nesta condição é marcante – e tudo por causa de uma dieta de oito semanas”, disse citado pelo Guardian Roy Taylor, professor da Universidade de Newcastle, que liderou o estudo. Depois da dieta, os pacientes voltaram a uma alimentação normal, com aconselhamento sobre os alimentos e as quantidades que deveriam ingerir.

Ao fim de uma semana da dieta, análises feitas aos pacientes mostravam já uma concentração normal de açúcar antes do pequeno-almoço. Mais tarde, os exames feitos ao pâncreas destes doentes mostraram que a acumulação de gordura tinha diminuído e que o órgão tinha voltado a produzir insulina de uma forma normal.

“Acreditamos que isto mostra que a diabetes do tipo 2 está relacionada com o balanço de energia no corpo”, disse Taylor. “Se se come mais do que o que se gasta, o excesso é acumulado no fígado e no pâncreas em gordura, o que pode levar à diabetes do tipo 2 em algumas pessoas. O que precisamos de examinar mais é porque é que algumas pessoas são mais susceptíveis ao desenvolvimento da doença do que outras.”

Segundo o investigador, só cerca de cinco a dez por cento das pessoas é que serão capazes de se manter numa dieta tão dura quanta a necessária. Um regime destes deverá sempre ser supervisionado por um médico.

Demência e até morte associados a 80 drogas diferentes Medicamentos dados a idosos podem estar a fazer mal, diz estudo 25.06.2011 - 14:30 Por PÚBLICO

As pessoas com mais de 65 anos que tomam vários medicamentos podem estar a prejudicar a capacidade mental e ter um risco acrescido de morte. Um estudo que envolveu 13 mil homens e mulheres com estas idades verificou que cerca de metade utilizavam químicos que em conjunto podem estar associados a este efeito. O artigo foi publicado hoje na revista The Journal of the American Geriatrics Society.

Pessoas que estão em instituições tomam mais medicamentos com este efeito Pessoas que estão em instituições tomam mais medicamentos com este efeito (Adriano Miranda (arquivo))

O cerne da investigação é o efeito anticolinérgico de 80 medicamentos avaliados. Uma das substâncias importantes para a manutenção das ligações entre as células do cérebro é a acetilcolina. O efeito anticolinérgico impede o trabalho desta molécula.

Há muitos medicamentos que causam esta acção, desde tratamentos à incontinência, comprimidos que ajudam a dormir, medicamentos para doenças como a hipertensão ou paragem cardíaca. Os investigadores do Reino Unido e dos Estados Unidos avaliaram a gravidade do efeito de cada medicamento. Que podia ir de um, o efeito mínimo, a três, o máximo.

Uma pessoa que tomasse dois medicamentos com efeito mínimo e um com o efeito anticolinérgico máximo, teria uma pontuação total de cinco.

Entre 1991 e 1993, o tempo em que foi feito o estudo, 20 por cento dos pacientes que tinham uma avaliação de cinco ou mais, morreram. Em contrapartida, dos que não estavam a tomar químicos anticolinérgicos, só sete por cento é que morreu.

Por outro lado, quem tinha uma avaliação de cinco ou mais, desceu em 4 por cento nas funções cognitivas.

“As nossas descobertas mostram claramente que os médicos precisam de rever o peso cumulativo de anticolinérgicos nas pessoas com dificuldades cognitivas para determinar se as drogas estão a causar um declínio no estado mental”, disse em comunicado um dos co-autores do estudo, Malaz Boustani, médico e investigador na Escola de medicina da Universidade do Indiana.

O estudo também mostra que pessoas mais velhas, com um rendimento menor, e com mais problemas de saúde tomavam mais estes medicamentos. Assim como as pessoas que estavam em instituições.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Problemas na tireóide podem afectar visão das cores Cientistas acreditam na aplicabilidade dos resultados aos humanos 2011-05-10

Um défice das hormonas da tireóide pode afectar a visão das cores em adultos, demonstrou um estudo realizado em ratos por cientistas do Instituto Max Planck para a Investigação do Cérebro, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e da Universidade de Medicina Veterinária Viena, na Áustria.

Vários estudos já demonstraram que a hormona tireoideia, que tem um papel fundamental no desenvolvimento do organismo, sobretudo no sistema nervoso, desempenha um papel de relevância no desenvolvimento do olho, nomeadamente, nas células do cone visual, responsáveis pela visão das cores, mas pensava-se que tal só acontecia numa fase de desenvolvimento.
Grande parte dos mamíferos apresenta dois tipos de cones com diferentes sensibilidades espectrais, que contêm um de dois pigmentos visuais (opsinas): opsinas sensíveis à luz de onda curta (luz azul) ou opsinas de luz de onda média ou larga (luz verde).

Até à realização deste estudo, os cientistas pensavam que o controlo da produção de opsinas pela hormona tireoideia era um fenómeno de desenvolvimento, pelo que assumiam que nos cones maduros, o programa de produção de opsinas era fixo e não precisava ser regulado.

Contudo, o grupo de investigadores liderado por Martin Glösmann e Anika Glaschke questionou este processo e demonstrou, em experiências com roedores, que a produção de opsinas em cones maduros continua a depender da hormona da tireóide, tal como deverá acontecer em todos os mamíferos, incluindo os humanos, acreditam os cientistas.

Até chegar a estes resultados, a equipa analisou cones em ratos adultos com hipotireoidismo ao longo de várias semanas. Nesta situação, todos os cones produziram opsinas azuis, tendo havido uma redução nas verdes.

Depois de um tratamento em que os níveis hormonais se equilibraram, os cones reverteram a sua produção para o tipo de opsinas “normal”: um tipo de cone produzia opsina verde e o outro azul. Assim, os investigadores concluíram que os cones, cujo tipo é definido pela classe de opsina que produzem, são controlados de uma forma dinâmica e reversível pela hormona tireoideia durante toda a vida.

Ao verificar estes resultados, Glösmann afirmou que, “se este mecanismo também funcionar nos cones humanos, o aparecimento de uma deficiência da hormona tireoideia em adultos - por exemplo, como resultado de uma deficiência de iodo na dieta ou pela remoção da tiróide - pode afectar as opsinas dos cones e visão a cores. "
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Herpes genital: mesmo sem lesões, pode ser transmitido 80 por cento dos americanos desconhecem ter

Pessoas com herpes genital podem contagiar os seus parceiros mesmo que não tenham lesões, revela um estudo publicado no “Journal of American Medical Association”, que vem reforçar as suspeitas que os cientistas já tinham neste sentido.

De acordo com Christine Johnston, co-autora do estudo e investigadora da Universidade de Washington, nos EUA, investigações anteriores de grande escala, realizadas pelo governo norte-americano, já tinham demonstrado que 80 por cento dos americanos desconhecem ter herpes genital.

O estudo actual é o maior realizado até à data para examinar a questão e também a utilizar um teste sensível de ADN para detectar o vírus. Isto significa, refere a autora do estudo, “que se pode tornar muito mais clara qual a frequência com que as pessoas propagam o vírus ".
O estudo envolveu 500 pessoas que tinham obtido um resultado positivo da presença do vírus. Cada uma recolheu amostras genitais com um cotonete durante pelo menos 30 dias, sendo que, no total, foram recolhidas e analisadas mais de 28 mil amostras.

O vírus foi detectado em 20 por cento dos dias, em 410 pessoas que tinham sintomas, comparativamente a dez por cento dos dias nas pessoas que não tinham sintomas evidentes. No entanto, em ambos os grupos segregaram a mesma quantidade vírus durante os dias de propagação.

Estes dados sugerem a utilização de medidas preventivas sempre que possível. Entre elas o uso de preservativo, tomar diariamente um antiviral indicado e informar o parceiro sobre a infecção. De acordo com a investigação, "foi demonstrado que estas três estratégias reduzem a transmissão entre 30 a 50 por cento", facto que leva os cientistas a recomendar as pessoas a usarem todas estas medidas.
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Dormir pouco baixa níveis de testosterona Hormona intervém na formação de massa muscular e densidade óssea

Homens jovens e saudáveis que dormem menos de cinco horas por noite têm uma redução drástica dos níveis de testosterona, revela um estudo da Universidade de Chicago, nos EUA, publicado no “Journal of American Medical Association”.

Nesta investigação, a equipa liderada por Eve Van Cauter, líder do estudo e professora de medicina da Universidade de Chicago, foi verificado, em laboratório, que os homens que dormiam menos de cinco horas por noite durante uma semana tinham níveis significativamente mais baixos de testosterona do que quando tinham o sono completo.

Esta baixa tem várias consequências negativas para os jovens, e não apenas na libido e reprodução, pois os níveis saudáveis de testosterona são fundamentais na construção da força e massa musculares e na densidade óssea.

Segundo a líder do estudo, “à medida que a investigação progride, a baixa duração do sono e a má qualidade do sono são cada vez mais reconhecidos como desreguladores endócrinos".

Os dez voluntários do estudo, com uma média de 24 anos, magros e de boa saúde, realizaram testes rigorosos para triagem de distúrbios endócrinos ou psiquiátricos e problemas de sono.

Os jovens passaram três noites no laboratório de sono, onde dormiram dez horas, e mais oito noites em que dormiram menos de cinco horas. Neste processo, os investigadores recolheram sangue dos voluntários a cada 15 a 30 minutos durante 24 horas durante o último dia da fase do sono de dez horas e no último dia da fase do sono de cinco horas.

Os efeitos da perda de sono sobre os níveis de testosterona foram aparentes após apenas uma semana de sono curto. Cinco horas de sono diminuíram os níveis de testosterona entre dez a 15 por cento. Os jovens também relataram uma diminuição da sensação de bem-estar, do ânimo e vigor ao longo dos dias de restrição do sono, à medida que o estudo progredia.

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Pílula anticoncepcional para homens? Antagonista do receptor do ácido retinóico interfere com produção de esperma

Cientistas da Columbia University Medical Center, EUA, estão a desenvolver o que pode ser o primeiro contraceptivo oral, não esteróide, para homens. Testes de baixas doses de um composto que interfere com os receptores do ácido retinóico (RAR), cujos ligantes são metabólitos da vitamina A na dieta, revelaram que causou esterilidade em ratos machos.

De acordo com o ScienceDaily, os investigadores descobriram que as baixas doses da droga pararam a produção de espermatozóides, sem efeitos colaterais aparentes. E, crucial para um contraceptivo, a fertilidade normal foi restaurada logo após a administração da droga ter terminado.
Para testar se o composto impedia a concepção em níveis baixos, a autora principal do estudo, Debra J. Wolgemuth, e equipa, colocou os ratos do sexo masculino tratados com as fêmeas e constatou que a esterilidade masculina reversível ocorreu com doses baixas como 1,0 mg / kg do corpo peso para um período de tratamento de quatro semanas.

“Uma das vantagens de usar uma abordagem não esteróidal é evitar os efeitos colaterais geralmente associados a métodos esteróides à base de hormonas, explicam os investigadores.

A fertilidade foi restaurada após a administração da droga ter terminado
A fertilidade foi restaurada após a administração da droga ter terminado
Opções baseadas em esteróides masculinos têm sido acompanhadas de efeitos adversos, incluindo a variabilidade étnica de eficácia, bem como um aumento do risco de doença cardiovascular e de hiperplasia prostática benigna.

Outro efeito colateral de opções hormonais para homens inclui a diminuição da libido.

Não vimos nenhum efeito colateral, até agora, e os ratos têm acasalado muito bem”, afirmou Debra J. Wolgemuth. Embora a vitamina A na dieta seja responsável pela produção de receptores sensíveis à luz no olho, não se usa o RAR neste processo. Por isso, os cientistas garantem que a droga não irá afectar a visão.

“Um benefício adicional do composto é poder ser tomado por via oral como um comprimido, evitando o processo de injecção. Também parece ter um efeito muito rápido na produção de esperma e uma recuperação mais rápida quando a fertilidade é desejada”, explicou o investigador Sanny S. W. Chung.

Mas para fazer da pílula uma realidade, os cientistas precisam demonstrar que a substância é segura, eficaz e reversível, quando usada durante anos.

Para um futuro a longo prazo, os cientistas estão a planear estudos para determinar por quanto tempo se pode interromper a fertilidade para se conseguir recuperá-la após a administração da droga ter parado. “Esperamos que num futuro não tão distante, possamos finalmente ter mais opções para as pessoas”, afirmou Sanny S. W. Chung.

Hemocromatose: quando o ferro se torna num perigo, sem avisar Assinala-se hoje o dia nacional desta doença 2011-06-07 Por Carla Sofia Flores (texto e fotos)

Parece paradoxal dizer que a doença genética, provavelmente, mais comum entre a população europeia e das mais conhecidas ao nível da sua origem e mecanismos moleculares tem como "maior inimigo" o desconhecimento da sua existência por parte da população em geral.

Mas a verdade é que, mesmo apesar de ter uma terapêutica “eficaz, inócua, simples e barata” e um diagnóstico simples, a hemocromatose, uma espécie de "antítese da anemia", torna-se "perigosa" pela falta de sensibilização para os seus riscos - como cirrose ou cancro do fígado - numa fase avançada, que podem ser perfeitamente evitados com um diagnóstico precoce.

“Muitas pessoas não sabem o que é ou que existe. É uma doença de sobrecarga de ferro no sangue que pode ter consequências graves, mas que se for diagnosticada e tratada muito precocemente não tem problema nenhum. É um protótipo de doença em que se faz prevenção”, declarou ao «Ciência Hoje» Graça Porto, responsável pela consulta de hemocromatose do Hospital de Santo António.
A especialista foi uma das intervenientes numa reunião que se realizou hoje na unidade hospitalar em que trabalha, organizada no âmbito do Dia Nacional da Hemocromatose, hoje assinalado. Segundo a médica, esta data foi criada pela Associação Portuguesa de Hemocromatose (APH) como mais uma medida para sensibilizar as pessoas e chamar a sua atenção para a existência da doença.

“É uma associação ainda muito no início que não está completamente dinamizada em termos de impacto na população. É isso que estamos a tentar fazer”, afirmou. A ideia foi complementada, ao longo da reunião, por Manuel João Costa, vogal da direcção da APH, que falou sobretudo acerca das fragilidades da associação, que precisam de ser suprimidas. Neste contexto, a reunião serviu também para motivar as pessoas, dinamizar esforços para a sensibilização e divulgação da doença e desenhar estratégias, na perspectiva dos doentes e dos profissionais de saúde.

“Esperamos que daqui saia uma acção, que depois deste dia as pessoas que cá estão se comprometam a fazer algo, tanto profissionais como doentes”, avançou Graça Porto.

Doença pode ser facilmente diagnosticada com teste genético
Doença pode ser facilmente diagnosticada com teste genético
O que é a hemocromatose?

Em conversa com o «CH», Graça Porto explicou que esta doença é muito comum. Contudo, a sua real incidência não é conhecida, pois é muito pouco diagnosticada, conhecendo-se, porém, o gene da doença, como é que ela se processa e a frequência da mutação genética em Portugal. "Esperaríamos que uma em cada 500 pessoas corresse o risco de ter a doença, mas essas pessoas, de facto, não estão a aparecer na clínica”, lamentou.

Esta ausência pode dever-se, na opinião da médica do Hospital de Santo António, a vários motivos, nomeadamente o facto de a doença não ter sintomas iniciais específicos, mas comuns a muitas outras patologias, como fadiga, fraqueza, dores abdominais ou perda de peso.

“É com estas pessoas que nos preocupamos, daí a necessidade de um alerta muito grande para prevenir uma doença que, nas suas piores consequências, pode levar a cirrose, cancro do fígado, diabetes, problemas articulares sérios, isto é, problemas de saúde que comprometem a pessoa e que podem ser evitados”, frisou a especialista.

Tratamento e prevenção

O seu tratamento, numa fase inicial é “muito simples” e realizado por meio de sangrias, em que se retira o sangue de forma regular para evitar a acumulação de ferro. “A única maneira de o gastar é obrigando o corpo a fabricar mais sangue, um processo em que o organismo precisa de ferro. Como tal, vai retirá-lo dos seus depósitos, onde estava a mais”, explicou, acrescentando que este tratamento é feito, inicialmente, de forma intensiva. Depois é necessária apenas manutenção: “De tempos a tempos, é preciso ir retirando sangue, mas isso não é muito diferente do que faz um dador regular”, esclareceu ainda.

Por se tratar de uma doença genética, outro passo para a prevenção passa pelos doentes diagnosticados alertarem os seus familiares para a probabilidade de terem esta patologia. “É muito fácil de diagnosticar quem pode ter a doença com teste genético”. Esta “facilidade” resulta, sobretudo, do conhecimento adquirido desde 1996, ano em que se descobriu o gene da doença e a partir do qual se soube os mecanismos moleculares que a desencadeiam ou se descobriu a molécula chave para regular a absorção do ferro.

Graça Porto explicou aos presentes o que é a doença
Graça Porto explicou aos presentes o que é a doença
“O panorama da doença modificou muito. Nessa altura, só se apanhava as pessoas quando diagnosticadas com os sintomas da doença. Desde que se começou a fazer rastreios, diagnósticos e tratamentos mais precoces, o perfil do doente modificou", acrescentou.

Relativamente a novas terapêuticas, a médica acredita que só serão “relevantes para doentes que, por algum motivo, não possam fazer sangrias”, pois a já existente é muito eficaz e sem grandes custos ou complexidade. Tratar a doença através da alimentação, está fora de questão, na medida em que “não se consegue travar a absorção de ferro, a não ser que se deixe de comer. Não existe uma dieta equilibrada sem ferro”, reiterou.

Quanto à oferta clínica nesta área, está mais concentrada no norte de Portugal, zona em que a doença é mais frequente, de acordo com estudos genéticos já realizados. “No Porto foi criado um centro de referência: temos consulta de hemocromatose para diagnóstico e tratamento no Hospital de Santo António ligada a uma consulta de aconselhamento genético no CGPP, no IBMC, onde um grupo de investigação sobre a biologia do ferro estuda a doença”, referiu. Embora acredite que “não é preciso ter consultas de referência em todo o lado”, Graça Porto considera ser preciso espalhar mais pontos para além dos que já existem para os doentes que exigemcuidados primários, visto que a hemocromatose é frequente.

Estudo relaciona rugas faciais com densidade óssea Cientistas procuram identificar risco de fractura em mulheres na pós-menopausa

Um novo estudo apresentado na 93ª Reunião Anual da Sociedade de Endocrinologia, Boston, EUA, sugere que quanto mais acentuadas estão as rugas faciais de uma mulher nos primeiros anos da menopausa, menor densidade óssea esta tem, informa o Eurekalert.

“Nas mulheres pós-menopáusicas, a aparência da pele pode oferecer uma visão sobre o bem-estar do esqueleto, uma interligação nunca antes descrita”, afirmou Lubna Pal, professora de obstetrícia, ginecologia e fertilidade na Yale School of Medicine, Connecticut, EUA.

O estudo demonstra apenas uma associação entre a densidade óssea e as rugas da pele, salientou a investigadora principal do estudo. No entanto, “esta informação pode permitir a possibilidade de identificar mulheres na pós-menopausa com risco de fractura num ápice, sem que se tenha de recorrer a exames caros”.

A investigação é paralela a um estudo multicêntrico em curso chamado Kronos Early Estrogen Prevention Study, ou KEEPS, que é financiado pela Fundação Aurora e pelo Kronos Longevity Research Institute, em Phoenix, EUA.

Este estudo auxiliar incluiu 114 mulheres no fim dos 40 e início dos 50 anos, que tiveram o último período menstrual nos últimos três anos e que não tomavam terapia hormonal. As mulheres que tivessem sido submetidas a qualquer procedimento cosmético da pele foram excluídas de participar.

Correlação inversa

As mulheres receberam uma pontuação para as rugas do rosto e pescoço com base no número de sítios com rugas e na profundidade das mesmas. A firmeza da pele foi medida na testa e nas bochechas com um dispositivo chamado durómetro. As participantes do estudo também foram submetidas à medição da densidade óssea através de absortometria radiológica de dupla energia e ultrassonografia.

Os cientistas descobriram uma correlação inversa significativa entre a pontuação das rugas e da densidade óssea, ou seja, quanto maior a pontuação (e pior as rugas), menor densidade do osso. Essa relação foi evidente em todos os sítios do esqueleto, desde a bacia, à coluna e ao calcanhar, e manifestou-se independentemente da idade, composição corporal e outros factores que influenciam a densidade óssea. Além disso, uma pele mais firme no rosto e na testa foi associada a uma maior densidade óssea.

Embora a relação entre os ossos e a pele possa parecer pouco clara, Lubna Pal explicou que à medida que envelhecemos, ocorrem alterações no colágenio que podem ser responsáveis por alterações relacionadas com o envelhecimento da pele, incluindo agravamento das rugas e flacidez, e que também contribuem para a deterioração da qualidade e quantidade óssea.

No entanto, segundo a investigadora, são necessários estudos de longo prazo para fundamentar uma relação entre as rugas e o risco de fractura óssea.

“Em última análise, queremos saber se a intensidade da pele rugas pode permitir a identificação de mulheres que são mais susceptíveis à fractura de um osso, especialmente do colo do fémur ou da anca, lesão geralmente fatal em pessoas mais velhas”, explica a professora. “Se conseguirmos saber isso, incluir o estudo das rugas faciais noutros factores de risco clínico pode permitir a identificação do risco de fracturas em populações que não têm acesso a uma tecnologia mais cara”, acrescentou.
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Medo da morte pode ser fatal durante enfarte Estudo do “European Heart Journal" faz ligação entre mente e corpo

Um estudo publicado no “European Heart Journal" vem sugerir “a importância da ligação entre mente e corpo”, ao revelar que pessoas que sentem muito medo de morrer durante um enfarte do miocárdio e nos dias seguintes, parecem também apresentar uma maior inflamação, um indicador que poderá anunciar mais problemas de saúde, do que os pacientes que não sentem tanto medo.

Nesta investigação foram avaliados 208 pacientes que tinham recorrido ao Hospital St. George, em Londres, com síndrome coronária aguda (obstrução das artérias coronárias), durante um período de 18 meses. Ao longo da sua hospitalização, os pacientes foram questionados acerca do seu medo da morte.

Simultaneamente, os investigadores mediram os níveis sanguíneos do factor de necrose tumoral (TNF), que desencadeia a inflamação. Três semanas depois, quando os pacientes já se encontravam em casa, a equipa de cientistas mediu a variabilidade da frequência cardíaca e os níveis de cortisol (hormona relacionada com o stress) na saliva.

Um quinto dos voluntários mostrou sentir ansiedade extrema e medo da morte, enquanto dois terços revelaram ter reacções emocionais mais moderadas. Também foi verificado que as pessoas mais jovens, pobres e solteiras (o que poderá indicar um maior isolamento social) eram mais propensas a ter reacções intensas.

O medo da morte foi associado a um aumento de quatro vezes nos níveis de TNF no momento do internamento hospitalar. Três semanas depois, verificou-se que os níveis deste factor foram associados a uma menor variabilidade da frequência cardíaca - associada a maiores taxas de mortalidade após um enfarte do miocárdio - e a níveis mais baixos de cortisol, que podem indicar que o organismo não é capaz de reverter a inflamação causada pelo enfarte.

Apesar destes resultados, os investigadores alertaram para algumas limitações do estudo, como, por exemplo, o facto de 23 por cento dos pacientes terem sido acompanhados apenas durante as primeiras três semanas depois do enfarte do miocárdio; terem sido observadas poucas mulheres e por não ter sido esclarecido se é a ansiedade extrema que causa os efeitos biológicos ou vice-versa.

Contudo, Suzanne Steinbaum, especialista em cardiologia preventiva do Lenox Hill Hospital, nos EUA, acredita que este “estudo mostra que quando os pacientes têm muito medo a inflamação aumenta e diminui a variabilidade dos batimentos cardíacos, que podem levar a maus resultados”, pelo que, nestas situações, “devem ser abordados não só os problemas físicos mas também mentais".

Cirurgia pulmonar pode vir a ser feita através da boca Investigador da UMinho distinguido com o Prémio da Melhor Comunicação Oral 2011 2011-06-08

Fazer uma cirurgia torácica complexa através da boca, como uma lobectomia pulmonar, pode vir a ser uma prática comum a curto prazo. Este método impede complicações associadas às feridas cutâneas, diminui a dor pós-operatória, os distúrbios fisiológicos e, consequentemente, permite realizar mais cirurgias em regime de ambulatório. Além disso, possibilita retomar a vida activa mais rapidamente.

Estas são as conclusões do estudo de João Moreira Pinto, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, que acaba de ser distinguido com o prémio da melhor comunicação oral de 2011, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Cirurgia Minimamente Invasiva e pela Associação Portuguesa de Cirurgia de Ambulatório.
O procedimento premiado implica uma incisão da parede torácica de apenas dez milímetros: “Um gastroscópio convencional, com um canal de trabalho para a passagem de instrumentos flexíveis, é introduzido pela boca, e através do esófago. Introduziu-se também um toracoscópio que permite fazer passar instrumentos rígidos e, simultaneamente, visualizar e guiar instrumentos articulados introduzidos pelo esófago”, explica o cirurgião, que está a desenvolver o doutoramento na Escola de Ciências da Saúde (ECS) da UMinho.

O seu trabalho «Lobectomia pulmonar superior direita transesofágica - estudo ‘in vivo’» tem como objectivo resolver as limitações da cirurgia torácica endoscópica por orifícios naturais nos seres humanos. Foi aplicado em modelos suínos, mas pretende-se prolongar o procedimento ao ser humano.

“Os resultados demonstram que a utilização de uma porta transtorácica auxiliar permite efectuar procedimentos endoscópicos transesofágicos mais complexos, proporcionando uma maior segurança e eficiência neste âmbito”, reforça.

A distinção foi-lhe atribuída durante o Congresso de Cirurgia Minimamente Invasiva e de Ambulatório, no Algarve. O estudo foi desenvolvido com a colaboração dos professores Carla Rolanda e Jorge Correia-Pinto, do investigador Aníbal Ferreira e da veterinária Alice Ferreira.





Biografia
João Moreira Pinto licenciou-se em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, tendo também presidido a Associação de Estudantes. Foi depois para Timor fazer voluntariado pela Associação Médica Internacional. Começou a trabalhar no Hospital de Braga e, actualmente, está a completar o internato em Cirurgia Pediátrica, no Centro Hospitalar do Porto, e a realizar o doutoramento em Medicina na UMinho, onde também investiga no grupo de Ciências Cirúrgicas do ICVS. Desde 2010, é assistente convidado e dá aulas de Sistemas Orgânicos e Funcionais na licenciatura de Medicina desta instituição.

Pele de anfíbios pode tratar mais de setenta doenças Proteínas encontradas têm potencial para eliminar células cancerígenas

Uma equipa de investigação da Universidade de Queen, em Belfast (Irlanda), descobriu que as proteínas da pele de duas espécies de sapo têm efeitos positivos no tratamento do cancro, diabetes, derrames cerebrais e em doentes transplantados, uma vez que regulam o crescimento dos vasos sanguíneos.

A investigação premiada, liderada pelo docente Chris Shaw, da Universidade de Farmácia de Queen, identificou duas proteínas nas secreções da pele da Rã Macaco Cerosa (Waxy Monkey Toad) e do Sapo Gigante Barriga de Fogo (Giant Firebellied) que podem ser usadas de forma controlada e direccionada para regular a angiogénese.
Esta descoberta tem potencial para conseguir desenvolver novos tratamentos para mais de setenta doenças importantes e condições que afectam milhões de pessoas a nível mundial. A proteína na pele da Rã Macaco Cerosa tem a possibilidade de eliminar células cancerígenas.

“A maior parte destas só se transformam em tumores quando se alimentam dos vasos sanguíneos e impedir o crescimento desses vasos vai travar o desenvolvimento das células, tendo o potencial de transformar o cancro de doença terminal em doença crónica", refere o docente na página da universidade.

Os cientistas capturam as rãs e extraem as secreções, antes de voltar a libertá-las, não sendo estas prejudicadas durante este processo. Um dos objectivos deste trabalho é mostrar o potencial do mundo natural – como estas secreções poderão aliviar o sofrimento do ser humano. “Estamos convencidos que o mundo natural assegura as soluções para muito dos nossos problemas, apenas precisamos de colocar as perguntas correctas e encontrar a solução”, explicou Shaw.

A pele do sapo Gigante Barriga de Fogo (Giant Firebellied) tem o efeito contrário, ou seja, estimula o crescimento dos vasos sanguíneos. "Esta proteína tem o potencial de tratar uma grande quantidade de doenças que requerem a reparação imediata dos vasos sanguíneos, como cicatrização de feridas, órgãos transplantados, úlceras diabéticas e problemas causados por derrames cerebrais e doenças cardiovasculares", continuou.

Segundo Chris Shaw, “seria uma grande vergonha se a droga maravilha para tratar o cancro existisse na natureza e não se fizesse tudo para que funcionasse”. O cientista e a sua equipa receberam, esta semana, o prémio de louvor na inovação de tratamento de doenças cardiovasculares do Centro Médico de Inovação, em Londres. Este é um dos prémios com mais prestígio da Europa no que diz respeito a tratamentos inovadores nos serviços de saúde.

Estudo relaciona Parkinson e melanoma Trabalhos anteriores não eram conclusivos face a esta ligação 2011-06-13

Um estudo publicado na revista “Neurology”, resultante da análise de vários trabalhos, revelou que as pessoas com doença de Parkinson têm um risco significativamente maior de desenvolver melanoma, o tipo mais perigoso e letal de cancro da pele.

Segundo Honglei Chen, cientista do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental dos EUA e líder desta investigação, os estudos anteriormente realizados para relacionar ambas as doenças “não foram conclusivos”. Dadas estas incertezas, o grupo de cientistas quis explorar um grupo maior de estudos para verificar se a relação entre as patologias seria consistente.
A investigação baseou-se em 12 estudos, realizados entre 1965 e 2010, que analisavam a possível associação entre a doença de Parkinson e o melanoma. Na maioria das conclusões, o número de pacientes que sofria de Parkinson e de melanoma, ao mesmo tempo, não ultrapassava os dez casos, mas a análise global põe claramente em evidência a existência de uma relação entre as duas doenças.

O novo estudo verificou que os homens com a doença de Parkinson tinham o dobro da probabilidade de apresentar melanoma, em comparação com o restante da população, enquanto as mulheres na mesma situação foram 1,5 vezes mais propensas. Não foi encontrada, porém, uma relação clara entre Parkinson e cancro da pele do tipo não-melanoma.

"Os pacientes que sofrem de Parkinson têm em geral menos riscos de contrair um cancro, em particular os relacionados com o tabagismo, mas podem ter um risco maior de melanoma", resumiu Honglei Chen, acrescentando que "uma das explicações possíveis para esta relação entre Parkinson e melanoma é que as duas doenças podem ter em comum factores de risco genéticos ou ambientais”. O investigador sublinhou também que, “no entanto, o conhecimento desta ligação é muito preliminar”.

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Novo tratamento com ultrassons faz regredir tumores

Uma equipa médica da Universidade da Virgínia, nos EUA, está a aplicar um novo tratamento não invasivo para tumores benignos que recorre a ultrassons. O tumor é bombardeado directamente com ondas sonoras a uma temperatura de 80 graus, inofensivo para o corpo, mas fatal para as células anormais. É uma opção de tratamento que não envolve radiação de qualquer tipo, nem cirurgia. Os tecidos envolventes são poupados de qualquer efeito da quimioterapia.

No entanto, a técnica já tinha sido relatada no país vizinho e os médicos espanhóis do Instituto Cartuja de Técnicas Avanzadas de Sevilha relataram uma elevada taxa de sucesso. O método provoca a necrose térmica da zona afectadas sem afectar outras zonas do corpo.

Recentemente, uma paciente foi tratada com sucesso na Virgínia. Stephanie Small, de 27 anos, tinha uma fibroide no útero do tamanho de uma bola de futebol e, através da remoção cirúrgica, iria ficar impedida de ter filhos. Para evitar a histerectomia (remoção do útero), a jovem norte-americana aceitou fazer o tratamento experimental e seis meses depois, o tumor reduziu drasticamente.

Até ao momento, o tratamento com ultrassons já foi aplicado em pelo menos sete mil mulheres com fibroides. Cerca de 90 por cento apresentaram redução dos tumores logo após os primeiros ultrassons.

Os ultrassons usados neste tratamento são dirigidos especificamente aos tumores sem danificar as outras células do corpo. Os investigadores estão agora a estudar maneiras de estender esta técnica aos tumores malignos.

Os testes clínicos começam daqui por dois anos, mas o tratamento já está a ser um sucesso e revela-se como um grande avanço no mundo da medicina. Este problema afecta entre 20 a 40 por cento das mulheres portuguesas com mais de 35 anos.

Retina é a chave para maior visão periférica de surdos Estudos anteriores apresentavam apenas razões neurológicas

Investigadores da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, descobriram o motivo pelo qual pessoas que nasceram surdas ou perderam a audição muito novas têm maior visão periférica.

De acordo com um artigo publicado no “PLoS One”, os cientistas encontraram, em deficientes auditivos, diferenças na distribuição das células do nervo da retina, o que lhes permite ver mais objectos nos extremos do campo de visão e, assim, ter uma melhor percepção do ambiente que os rodeia.

Investigações anteriores já tinham constatado que pessoas com deficiências auditivas viam melhor. No entanto, nesses trabalhos, a explicação assentava em factores relacionados com o córtex visual, a região do cérebro que processa a visão.

Este estudo britânico é o primeiro a explicar que este acréscimo de visão deriva de diferenças no desenvolvimento da retina. Para chegar a estes resultados, os especialistas analisaram as pupilas dos voluntários através de uma técnica denominada Tomografia de Coerência Óptica.

Trata-se de um exame computorizado indolor, que faz diversos cortes ópticos muito finos na retina e avalia a sua espessura e volume, permitindo verificar as alterações anatómicas do nervo óptico. Desta forma, foi possível detectar diferenças entre a formação da retina de pessoas com e sem deficiência auditiva. Os cientistas de Sheffield também avaliaram o campo visual e compararam os resultados com as análises das retinas.

“É a primeira vez que a retina é considerada como uma possibilidade para a ‘vantagem visual’ de pessoas surdas. Como tal, esta descoberta tem implicações na forma como percebemos o seu funcionamento. Com esta informação esperamos melhorar os cuidados visuais para pessoas surdas, pois este é o seu sentido mais importante”, declarou Charlotte Codina, primeira autora do estudo.

Vinho da Beira Interior previne cancro do estômago Alta concentração de resveratrol inibe formação de tumores 2011-06-09

Os vinhos tintos produzidos na Beira Interior são um bom produto para a prevenção de doenças como o cancro do estômago, segundo um estudo de Luísa Paulo, investigadora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI).

A investigação, que deu origem a uma tese de doutoramento em biomedicina, revela que os néctares da região possuem maiores concentrações de resveratrol - substância anti-oxidante associada à prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes -, sobretudo os produzidos com a casta touriga nacional.

“Este estudo veio demonstrar que aquela substância é inibidora da multiplicação da bactéria responsável pelo aparecimento de tumores no estômago”, explicou a investigadora, Luísa Paulo.

A investigadora, que já viu parte dos resultados publicados em três revistas científicas internacionais, considera que "a Beira Interior possui bons vinhos” e atribui os elevados teores de resveratrol no vinho da região às amplitudes térmicas a que as videiras estão sujeitas. "A produção dessa substância é uma forma de defesa que as plantas possuem”, adiantou.

Esta técnica superior do Centro de Apoio à Transferência Tecnológica Agro-Industrial, em Castelo Branco, adiantou que, para este trabalho, “foram analisadas 186 amostras de vinhos de todo o país”.

Na sua investigação, Luísa Paulo teve uma equipa de três orientadores, constituída pelo reitor da Universidade da Beira Interior, João Queiroz, e pelas docentes Eugénia Gallardo e Fernanda Domingues.

Eugénia Gallardo declarou à Lusa que, "no futuro, o objectivo será dar apoio aos próprios produtores, sobretudo no processo produtivo, de forma a que se possam ainda melhorar os níveis de resveratrol".

Com a tese de doutoramento já entregue, Luísa Paulo aguarda agora pela defesa pública da sua investigação.

No caminho para tratar o autismo Cientistas identificam novas regiões no genoma implicadas no distúrbio 2011-06-09

Centenas de pequenas variações genéticas estão associadas a perturbações do espectro do autismo, incluindo uma área de ADN que pode ser a chave para entender por que razão os seres humanos são animais sociais, afirmam investigadores da Universidade de Yale.

O estudo destes cientistas, publicado na revista Neuron, reforça a teoria de que o autismo, um distúrbio que se desenvolve na primeira infância, envolvendo deficiências na interacção social, deficits de linguagem e comportamentos distintos, não é causado por um ou dois grandes defeitos genéticos, mas por muitas pequenas variações, cada uma associada a uma pequena percentagem dos casos.
Matthew State, investigador que conduziu o estudo, analisou mais de mil famílias onde havia uma única criança com um transtorno do espectro do autismo, um irmão não afectado e pais não afectados. A equipa, incluindo o autor principal Stephan Sanders, da Universidade de Yale, comparou os indivíduos com autismo aos seus irmãos para determinar que tipos de mudanças genéticas distinguiam a criança afectada da criança não afectada.

Síndrome de Williams

Um dos aspectos mais intrigantes dos resultados aponta para a mesma pequena secção do genoma que causa a síndrome de Williams, um distúrbio do desenvolvimento marcado por alta sociabilidade e uma aptidão invulgar para a música.

“No autismo, há um aumento no material cromossómico, uma cópia extra desta região, e na síndrome de Williams, há uma perda desse mesmo material”, explica Matthew State. “O que torna esta observação interessante é que a síndrome de Williams é conhecida por um tipo de personalidade que é altamente empática, social e sensível ao estado emocional dos outros. Os indivíduos com autismo têm frequentemente dificuldades neste aspecto. Isto sugere que há um ponto importante nessa região para compreender a natureza do cérebro social”.

Matthew State e equipa também encontraram outras 30 regiões no genoma que são muito prováveis de contribuir para o autismo. “Agora estamos a avançar para uma segunda fase do estudo, em que analisámos mais mil e seiscentas famílias para podermos ser capazes de identificar várias regiões novas que estão fortemente implicadas no autismo”, refere o cientista.

Stephan Sanders e Matthew State estão optimistas com as novas descobertas, sugerindo que a genética é o primeiro passo para entender o que realmente acontece no cérebro a nível molecular e celular. “Podemos usar estes resultados genéticos para começar a desvendar a biologia subjacente do autismo”, revela Stephan Sanders. “Isso vai ajudar muito nos esforços para identificar novas e melhores abordagens para o tratamento”.
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Descoberto trio de genes ligado à enxaqueca Estudo representa um avanço na compreensão biológica desta condição clínic

Foi descoberto um trio de genes relacionado com as enxaquecas, sendo que um deles está exclusivamente vinculado às mulheres, revelou um estudo publicado na revista britânica “Nature Genetics”.

Os cientistas descrevem esta condição clínica, que afecta 20 por cento da população e é três a quatro vezes mais comum entre as mulheres, como uma desordem cerebral em que os neurónios ou células cerebrais respondem de forma anormal a estímulos.

A causa exacta é desconhecida, mas acredita-se que factores hereditários tenham um papel significativo.

Para ter acesso ao componente genético, a equipa de investigadores coordenou uma análise internacional de genomas com 23 230 mulheres, das quais 5122 sofriam de enxaqueca. Os chamados estudos de associação genómica comparam diferenças entre indivíduos nos três biliões de pares dos blocos de construção molecular encontrados no código genético humano.

Neste estudo, que é o maior deste género realizado até agora, os investigadores verificaram variações em três genes que apareceram mais frequentemente em pacientes com enxaqueca. Dois deles, conhecidos como PRDM16 e TRPM8, eram específicos de enxaquecas e contrários a outros tipos de dores de cabeça. Além disso, o TRPM8 foi vinculado a enxaquecas unicamente em mulheres. Estudos anteriores demonstraram que o mesmo tipo de gene contém o "marcador" genético de um sensor de dor, tanto em homens quanto em mulheres.

O terceiro gene suspeito, o LRP1, relaciona-se com a percepção do mundo exterior e em trajectos químicos dentro do cérebro. De acordo com Markus Schuerks, um dos investigadores envolvidos no estudo, o cérebro de uma pessoa com enxaqueca responde de forma diferente a alguns estímulos, pois as suas células nervosas “conversam” de forma diferente.

"Muitos neurotransmissores participam nesta conversa cruzada e alguns parecem ter um papel especial nas enxaquecas. O LRP1 interage com alguns destes caminhos de neurotransmissores e, portanto, pode modular as respostas nervosas que promovem ou suprimem as crises de enxaqueca", referiu.

Segundo os investigadores, a influência destes genes não é suficientemente forte para ser imediatamente usada como uma ferramenta de diagnóstico. Contudo, este resultados são “um avanço na compreensão da biologia da enxaqueca”. As conclusões deste estudo foram replicadas em outros dois de menores dimensões, realizados na Holanda e na Alemanha.

Design das proteínas vale mais do que mil palavras Vacina contra o HIV é um objectivo dos modelos computacionais de Bruno Correia 2011-06-16 Por Carla Sofia Flores

Geralmente têm formas que fazem lembrar serpentinas e cores que saltam à vista de qualquer um. Contudo, os modelos computacionais das proteínas não são apenas "belas ilustrações" destes compostos dos quais dependem todos os seres vivos, mas determinam todas as suas funções biológicas.

“O modelo tridimensional é parecido com uma imagem, mas tem um ‘bocadinho’ mais de informação”, explicou ao «Ciência Hoje» Bruno Correia, um químico português que foi viver para os Estados Unidos em 2006, cativado pela mudança cultural e pela ideia de poder trabalhar e desenvolver ferramentas capazes de produzir estes modelos.

O jovem cientista de 31 anos trabalha actualmente no The Baker Laboratory e no Schief Laboratory, ambos da Universidade de Washington, em Seattlle, no noroeste americano. Foi aí que fez toda a investigação para o doutoramento que concluiu, pela Universidade Nova de Lisboa, em Outubro de 2010 e várias contribuições no campo do desenho computacional de proteínas e vacinas para prevenção ou cura de múltiplas doenças, entre as quais a SIDA. “O que conseguimos [relativamente à neutralização do vírus HIV] foram resultados preliminares que nos indicam que podemos estar no bom caminho, mas ainda não temos o esperado”, salientou.

O interesse pela modelação de proteínas surgiu ainda em Portugal, durante a licenciatura em Química, na Universidade de Coimbra. Integrou então o primeiro programa doutoral português em Biologia Computacional (PDBC), que foi organizado pelo Instituto Gulbenkian de Ciência. Apesar da sua formação de base, nos Estados Unidos, para onde foi graças a um financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Bruno Correia começou por trabalhar com as ferramentas computacionais que desenvolvem o design das proteínas. “Mas quando é necessário também vou ao laboratório”, sublinhou.

Na verdade, este processo de modelação não passa apenas pelo desenvolvimento de métodos computacionais, mas também pela sua utilização e por testes experimentais daquilo que as previsões das estruturas das proteínas sugerem. Como tal, laboratórios como aquele em que Bruno Correia trabalha envolvem pessoas com vários tipos de formação, desde informáticos a químicos, biólogos ou imunologistas.


Bruno Correia
Bruno Correia
O "poder" dos modelos computacionais

As proteínas têm uma sequência de aminoácidos que lhes dá uma determinada forma. É essa estrutura que lhes confere a sua função – “o que fazem nas células e no nosso organismo”. “Daí o interesse em se conhecer a sua forma tridimensional”, destacou o investigador, acrescentando que também “se pode querer manipular a sua função”, tendo em vista a criação de moléculas com fins terapêuticos.

Os programas que fazem a previsão da estrutura das proteínas, neste caso o Rosetta, “exploram milhões de potenciais conformações para uma determinada sequência de aminoácidos”. Depois disso, avaliam “o quão provável é uma proteína ter uma determinada conformação”.

De acordo com o cientista português, “os modelos criados são importantes porque permitem formular hipóteses passíveis de serem testadas em laboratório, de uma forma restrita. Se não forem feitos, o espaço de soluções possível é tão grande que numa vida inteira não se conseguiria testá-lo todo. Este é o verdadeiro poder destas ferramentas: reduzem o número de possibilidades que há em sequências de proteínas de milhões para dezenas ou centenas”.

No entanto, uma vez que os métodos computacionais estão a dar ainda os primeiros passos - têm entre 15 e 20 anos -, a taxa de sucesso do design das proteínas é ainda relativamente reduzida. Segundo Bruno Correia, “deve estar por volta dos 30 por cento, por isso, ter uma previsão computacional não é garantia de que isso vai ser uma proteína viável que expresse ou que tenha a função que se pretende que ela tenha”.

Da previsão à manipulação

A manipulação das proteínas pressupõe mudanças na sequência dos aminoácidos que as compõem e, consequentemente, das suas funções.Trata-se de um processo em que o design é essencial e as ferramentas computacionais são extremamente poderosas para informar este processo. Só depois, em laboratório, se verifica se essa manipulação foi ou não bem-sucedida.Este processo pode ser feito, por exemplo, ao nível das enzimas ou dos anticorpos. “Há enzimas específicas para determinadas moléculas. Se a quisermos adaptar para um substrato diferente, em que tenha mais interesse (como a degradação de uma molécula que seja tóxica), a mudança dos aminoácidos é fundamental”, referiu Bruno Correia.

O mesmo se passa com os anticorpos, cuja sequência de aminoácidos é importante para que reconheçam os vírus. Logo, se for possível manipulá-los para reconhecerem moléculas que ainda não são reconhecidas, podem fazer-se vários avanços ao nível da biotecnologia.

É precisamente ao design de proteínas que imitam vírus que o investigador português mais se tem dedicado, para que se possam conceber novas vacinas.

“O nosso objectivo é utilizarmos proteínas que não são vírus, mas nas quais podemos modelar estruturas e sequências de aminoácidos neles presentes", esclareceu, acrescentando que, depois da modelação no computador, procede-se à sua caracterização no laboratório, onde “se têm os resultados reais de se o design teve sucesso ou não”.São estes testes laboratoriais que verificam se as proteínas ligam aos anticorpos a que é suposto ligarem-se, pois, “na maioria dos vírus, mesmo que não haja vacina, há anticorpos conhecidos que podem neutralizá-los”. Quando se constata que essa ligação existe, as proteínas desenhadas computacionalmente são encaminhadas para laboratórios de imunização que “as testam, em animais, como se fossem vacinas”.
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Biomaterial português promete "rejuvenescer" a coluna Hidrogel recupera discos intervertebrais lesados 2011-06-14 Por Carla Sofia Flores

Um novo biomaterial desenvolvido por investigadores portugueses pode devolver qualidade de vida a milhões de pessoas em todo mundo que sofrem de uma das causas mais comuns de dores de costas: o desgaste dos discos intervertebrais - espécie de “amortecedores” entre as vértebras da coluna que distribuem as cargas e estão constantemente sobre pressão.

Embora já haja formas de reduzir os problemas provocados pelo desgaste destas estruturas – como fisioterapia, utilização de anti-inflamatórios, intervenções cirúrgicas para remoção do disco danificado ou fusão de vértebras -, não há nenhum tratamento com uma abordagem regenerativa, como a que é proposta num trabalho científico do grupo 3B's - Biomateriais, Biodegradáveis ​​e Biomiméticos-, da Universidade do Minho.

O disco intervertebral é uma estrutura que tende a desgastar-se ou a romper-se ao longo da vida, graças à sua desidratação, e cuja auto-reparação é muito difícil. É composto por duas partes: numa posição central está o núcleo polposo, que é formado por proteínas em estado gelatinoso e com grande quantidade de água, enquanto na parte exterior se encontra o anel fibroso, que tem grande resistência às cargas de torsão, inclinação e compressão.

“O nosso biomaterial é focado na regeneração do núcleo polposo” e pode ser “introduzido no disco através de uma cirurgia”, revelou ao «Ciência Hoje» Miguel Oliveira, um dos investigadores envolvidos neste trabalho, cujos resultados foram publicados no “Journal of Tissue Engineering and Regenerative Medicine”.

De acordo com o cientista, quando o núcleo polposo perde água e o disco altura, ganha-se instabilidade mecânica, sendo que os nervos comprimem-se, o que induz dores. O hidrogel agora criado pode ser utilizado para aliviá-las, mas sobretudo, para reformar a parte degenerada e eliminar a lesão.

Miguel Oliveira
Miguel Oliveira
“Este material é formado a partir dos heteropolissacarídeos expelidos pela bactéria Pseudomonas elodea. Modificámos o polissacarídeo para ser injectado no disco e ajudar à sua regeneração. Com o tempo, o biomaterial vai sendo biodegradado e substituído pelas células que existem no núcleo”, explicou, acrescentando que o hidrogel “pode ser combinado com células dos pacientes, ajudando-as a produzir a matriz do tecido”.

A grande mais-valia desta alternativa consiste precisamente na sua “abordagem regenerativa”. Miguel Oliveira sublinhou que “mimetiza a estrutura de um disco normal e tem propriedades mecânicas e fisicoquímicas iguais. Além disso, a performance biológica do material é inovadora”.

Actualmente já foram concluídos os ensaios in vitro e em modelos animais de pequeno porte. “Começámos agora ensaios pré-clínicos em animais de grande porte, como ovelhas. Ensaios em humanos deverão ser só daqui a três ou quatro anos”, esclareceu o investigador do grupo 3 B’s. “Até agora, o material tem-se demonstrado eficaz”, pelo que se adivinha a sua utilização clínica num futuro próximo, conclui.

Cientistas fazem com que coração se repare a si próprio 09.06.2011 - 22:30 Por Reuters

Artigo publicado na Nature
Cientistas fazem com que coração se repare a si próprio Uma equipa de cientistas britânicos conseguiu tornar um tipo de células estaminais em células musculares do coração de ratinhos adultos. O estudo, publicado na Nature, provou que o coração tem células de reparação adormecidas que podem ser reactivadas.investigação está apenas nos primeiros estádios e ainda tem que ser aplicada em humanos, mas os resultados sugerem que no futuro um químico pode ser desenvolvido para ajudar os corações a reparar-se, depois de sofrerem paragens cardíacas.

“Um paciente que corre o risco de sofrer um ataque cardíaco pode tomar comprimidos orais que iriam instruir o seu coração para que se tivesse [de facto] o ataque cardíaco [o órgão] pudesse se reparar”, disse Paul Riley, da University College de Londres, que liderou o estudo.

Os avanços nas ciências médicas nos últimos anos têm ajudado a diminuir o número de pessoas que morrem de ataques cardíacos. Mas a morte das células cardíacas que ficam sem oxigénio durante o ataque causam danos permanentes no tecido.

Se muito do tecido fica morto, os pacientes podem desenvolver uma falha cardíaca em que o coração, por estar debilitado, não consegue bombear sangue para todo o corpo.

A ciência já tentou encontrar várias formas de regenerar os tecidos cardíacos, mas para já as pessoas com falha cardíaca grave tem que recorrer a dispositivos mecânicos ou esperar por um transplante.

A equipa de Riley investigou células na camada externa do coração chamada de epicárdio. Estas células, chamadas de células progenitoras derivadas do epicárdio, são conhecidas por, no embrião, transformarem-se em várias células especializadas, como as células musculares cardíacas.

Os cientistas pensavam que a capacidade destas células se diferenciarem perdia-se quando o indivíduo chegava a adulto. Mas a equipa de Riley descobriu que ao tratar corações saudáveis de ratinhos adultos com uma molécula chamada timosina beta 4, o coração ficava preparado para se reparar a si próprio depois de ser danificado.

Depois de causarem ataques cardíacos em ratinhos que foram tratados com a molécula, os investigadores deram uma dose mais forte de timosina beta 4 e isto fez com que as células do epicárdio transformassem-se em cardiomiócitos que integraram o músculo do coração já existente.

“Estes cardiomiócitos podem ligar-se ao músculo do coração e avançam para as áreas que foram danificadas”, disse Riley aos jornalistas. “E eles estão estruturalmente e funcionalmente acoplados ao coração, e por isso representam uma fonte comprovada de músculo cardíaco novo.”

O investigador disse que esta técnica foi capaz de melhorar as funções de corações danificados de ratinhos até 25 por cento – uma melhoria que faria uma diferença dramática nos doentes que têm falha cardíaca.

A equipa está agora a investigar esta molécula com muita atenção e vai procurar milhares de outras drogas para ver se podem ter um efeito similar nestas células do epicárdio.

Estados unidos estão a mudar legislação Cremes com protecção solar acima de 50 e à prova de água são puro marketing

Os EUA estão a alterar a legislação sobre cremes de protecção solar. Especialista português concorda que protecção acima de 50 e cremes à prova de água são manobra de marketing.Os cremes de protecção solar devem explicar claramente como devem ser aplicados, contra que radiação – UVA ou UVB – protegem e não devem dizer que são resistentes à água. Estas são apenas algumas das alterações que a Food and Drug Administration, a entidade reguladora dos medicamentos nos EUA, quer ver nos rótulos dos protectores solares americanos. E quer também que as marcas admitam que factores de protecção acima do 50 são puro marketing.

Em primeiro, para serem aprovados como protectores solares os cremes devem ser de protecção contra os dois tipos de radiação solar, o UVA, mais associado ao envelhecimento da pele e ao aparecimento de carcinomas, e o UVB, mais ligado à queimadura solar.

“Estas alterações aos rótulos dos protectores solares são importantes para ajudar os consumidores a terem a informação de que precisam na hora de se defenderem a eles e às suas famílias”, frisa o comunicado da entidade.

Os cremes com um factor de protecção entre o 2 e o 14 terão de informar ainda que não são suficientes para evitar o cancro da pele ou o envelhecimento precoce. Mas não basta comprar um creme entre o factor de protecção 15 e 50 para se expor ao Sol: “Os consumidores não devem encarar o creme como a única barreira de protecção da pele. Também devem ser informados que se deve limitar a exposição ao Sol”.

E acrescentam ainda que os cremes que anunciam um factor de protecção superior a 50 não protegem mais do que os de 50, uma vez que não está cientificamente provado que tal é verdade.

As novas medidas impostas pela FDA, num país onde ocorrem dois milhões de novos casos por ano, serão aplicadas dentro de um ano.

Américo Figueiredo, presidente da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, afirma que as novas regras da FDA não são surpreendentes para os dermatologistas. Mas que seria também conveniente que em Portugal os consumidores tivessem acesso a esta informação quando compram um destes produtos.

“Já existem entre os especialistas no geral essa percepção de que factores de protecção acima dos 50 é puro marketing”, diz o especialista que explica que um factor de protecção de 50 dá uma protecção de cerca de 98 por cento contra a radiação, o que é difícil de superar. E que a diferença entre um factor 30 e um 50 é pouca.

Mas há mais coisas que se deve saber antes de utilizar um protector solar: “Os fabricantes deviam explicar que quantidade se deve pôr para atingir este nível de protecção. Se seguisse à regra o que era indicado tinha de colocar no meu corpo cerca de 30 gramas de creme de cada vez, o que é muito. Logo vou ter menos protecção do que a anunciada.”

E também dá razão à FDA sobre outro aspecto referido nas novas regras, que pede às marcas para que deixem de referir a resistência à agua destes produtos. “Não há nenhum à prova de água. Pode haver uns mais resistentes que outros. Mas as pessoas devem saber que depois de saírem da água devem aplicar protector de novo”.

Pelo sim pelo não, Américo Figueiredo, que critica o facto dos protectores solares serem, na nossa legislação, equiparados a cosméticos e produtos de higiene pessoal, recomenda que se sigam as regras básicas para a protecção contra os efeitos nocivos do Sol na pele: “As crianças até um ano não devem ser expostas ao Sol. Após isso devem usar cremes minerais. E quer as crianças quer os adultos nunca se devem expor ao Sol entre as 11h00 e as 16h00”.

A radiação solar é a principal causa de carcinoma da pele entre os portugueses. “E a incidência tem vindo a aumentar, especialmente entre as classes mais altas, que se expõem mais”, alerta o especialista. Em Portugal ocorrem dez mil novos casos de cancro da pele por ano, entre eles mil melanomas, a forma mais agressiva.

Vértebra com menos de um centímetro revela dinossauro mais pequeno da Europa

O fóssil não chega a um centímetro, é uma pequena vértebra encontrada numa pedreira no condado de Sussex, no Sul do Reino Unido. Mas mal o paleontólogo Steve Sweetman olhou para o osso, percebeu que não poderia pertencer a uma cobra, seria provavelmente de um dinossauro, minúsculo. O artigo sobre a descoberta foi publicada publicada na revista Cretaceous Research.
“Originalmente, [o fóssil] foi identificado como uma vértebra de uma cobra, mas assim que o vi percebi imediatamente que era muito mais provável ser uma vértebra de um pequeno terópode”, disse em comunicado Steve Sweetman, paleontólogo da Universidade de Portsmouth.

Sweetman pediu ajuda a Darren Naish, um especialista de dinossauros terópodes para analisar o osso. Os terópodes eram um grupo de répteis que se moviam com duas pernas e eram carnívoros, como o conhecido T. rex. E ao longo da evolução deram origem às aves e a outros animais com uma forma parecida e que também tinham penas.

O fóssil agora encontrado pertencerá a uma espécie destas. A vértebra foi descoberta por Dave Brockhurst, um coleccionador de fósseis que trabalha na pedreira. No lugar, havia restos de salamandras, rãs, lagartos, tartarugas, crocodilos, além de outros dinossauros maiores.

Os dinossauros viveram durante o Mesozóico, o período de tempo que começou há 250 milhões de anos e terminou há 65 milhões de anos. Durante essa era, os répteis espalharam-se pela terra, pela água e pelos ar e evoluíram em muitas formas.

Esta nova espécie teria uma forma de ave e teria penas – como mostra o desenho interpretativo – e um comprimento entre os 33 e os 40 centímetros. “Determinar o comprimento total de um espécime a partir de um único osso é muito especulativo”, disse Darren Naish.

Mas a vértebra da região do pescoço deu algumas respostas. Os cientistas duplicaram digitalmente a vértebra com variações de tamanho e formaram um “pescoço digital”. Depois, posicionaram este “pescoço digital” numa silhueta da família de dinossauros a que a nova espécie pertence. Isto deu uma primeira estimativa do tamanho do indivíduo. A seguir, fizeram uma segunda reconstrução do pescoço, utilizando medidas de outros fósseis.

“Isto é uma descoberta muito emocionante porque representa o mais pequeno dinossauro que foi descoberto até agora na Europa”, disse Steve Sweetman.

Creoula em missão científica entre as ilhas Desertas e os ilhéus das Formigas

Este ano, as atenções voltaram-se para as ilhas Desertas, refúgio da foca-monge, a 22 milhas da Madeira, e para os ilhéus das Formigas, a norte da ilha de Santa Maria, nos Açores. Pelo meio, o Funchal e o Porto Santo também serão alvo das atenções dos biólogos. Tudo para inventariar a biodiversidade marinha, numa expedição que parte hoje de Lisboa, a bordo do navio Creoula, da Marinha, e se prolongará até 25 de Julho.

A caminho das ilhas, o Creoula fará uma paragem no porto de Leixões, onde no sábado estará aberto às visitas do público. Quem quiser pode visitar o antigo bacalhoeiro à vela, construído nos anos 30, que andou pela Terra Nova e Gronelândia.

Organizada pela Estrutura de Missão para os Assuntos do Mar (EMAM), a expedição continuará o trabalho iniciado no ano passado, quando a biodiversidade das ilhas Selvagens, a 163 milhas a sul da Madeira, foi inventariada de forma exaustiva. Além de equipas em terra, que inventariavam a fauna e flora marinhas na zona entre marés, a expedição às Selvagens contava com equipas de mergulhadores que desciam até aos 25 metros de profundidade e com o veículo submarino Luso, tripulado à distância.

Desta vez, nem o Luso, nem o navio que o alberga, o Almirante Gago Coutinho, participam na missão. Nem a caravela Vera Cruz, da Associação Portuguesa de Treino de Vela, que transportou muitos dos participantes. Mantém-se agora o Creoula, para onde regressarão as equipas de biólogos e mergulhadores, depois do trabalho de amostragem e inventariação, e aí terá lugar a triagem e identificação dos exemplares recolhidos. Quando os ilhéus das Formigas estiverem sob o escrutínio dos cientistas, juntar-se-á ao Creoula o navio Arquipélago, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores.

Mantêm-se também os objectivos: os dados recolhidos na campanha serão logo introduzidos no M@rbis - Sistema de Informação para a Biodiversidade Marinha, coordenado pela EMAM, tendo em conta recomendações do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade.

A ideia é enriquecer o M@rbis, cuja informação, inserida com as coordenadas geográficas da fauna e flora, servirá de apoio à decisão política, em particular na extensão ao meio marinho da Rede Natura 2000, rede europeia de áreas a conservar.

Com a participação de mais de 170 cientistas de várias instituições, estudantes e mergulhadores, ao longo de mais de um mês, a campanha continuará ainda, pelo terceiro ano, o programa Professores a Bordo, destinado a quem ensina biologia e geologia no ensino secundário. Este ano, duas professoras poderão ver de perto a ciência tal e qual se faz no terreno e depois transmitir tudo isso aos alunos. Enjoos incluídos.

Novo método testado por cientistas britânicos Reveladas primeiras imagens do cérebro quando uma pessoa fica inconsciente

Pela primeira vez, investigadores britânicos conseguiram captar em vídeo o que se passa no cérebro quando uma pessoa perde a consciência. O novo método, dizem, pode ajudar à recuperação de doentes com danos cerebrais.O novo aparelho – chamado tomografia funcional de impedância eléctrica de resposta provocada – foi aplicado pela equipa de Brian Pollard, da Universidade de Manchester, no Reino Unido. Os investigadores gravaram a actividade cerebral de 20 pessoas, depois de lhes ter sido administrada uma anestesia geral, explica a revista “New Scientist”.

Esta técnica mede a resistência a uma pequena corrente gerada por eléctrodos aplicados na cabeça, para avaliar a actividade eléctrica do cérebro. Ao realizar cem leituras por segundo, a equipa conseguiu produzir um vídeo da actividade de todo o cérebro.

À medida que a pessoa perde a consciência, diferentes partes do cérebro parecem começar a “falar” umas com as outras, explicou a equipa responsável pelo projecto, na semana passada, no Congresso Europeu de Anestesiologia, em Amesterdão.

A consciência e os processos cerebrais nela envolvidos são motivo de algum debate. Uma teoria propõe que as pessoas têm uma região no cérebro que activa ou desactiva a consciência, como se fosse um botão que se pudesse premir, explicou Pollard, citado pela revista. Outra ideia sugere que a consciência é gerada por interacções entre grupos de células cerebrais; basta inibir essa interacção e a pessoa fica inconsciente.

Segundo a “New Scientist”, o vídeo da equipa da Universidade de Manchester mostra que, à medida que a anestesia começa a fazer efeito, a actividade do cérebro aumenta significativamente em algumas zonas. Pollard acredita que se trata de uma sinalização entre células para indicar que o cérebro se prepara para se “desligar”.

Geraint Rees, da University College, em Londres, comentou à “New Scientist” que este trabalho é muito importante porque pode ser utilizado para gravar um sinal de uma pessoa com danos cerebrais que não consiga comunicar, para ver como responde a estímulos externos.

Ainda assim, Pollard diz que é preciso trabalhar e analisar mais leituras da actividade cerebral para dizer, de forma conclusiva, o que está a acontecer.

Criada rede nacional de investigação para a biodiversidade com 300 cientistas

Preencher os espaços em branco sobre a natureza em Portugal e dar apoio científico às políticas públicas é o grande objectivo do InBio, rede que reúne 300 investigadores de 20 nacionalidades e um dos novos Laboratórios Associados do Estado.

O lobo ibérico poderá vir a ser um dos primeiros a beneficiar do InBio - Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva que, durante oito anos, foi apenas uma ideia e que este ano recebeu luz verde do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior como novo Laboratório Associado. A estratégia de conservação do lobo, espécie classificada Em Perigo de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, precisa de “uma revisão” e de “informação mais consistente”, avançou ao PÚBLICO Tito Rosa, presidente do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), organismo estatal que, a 23 de Janeiro, assinou um protocolo de cooperação com os investigadores.

“Cada vez temos menos capacidade para produzir conhecimento, na luta do dia-a-dia para o cumprimento da regulamentação”, comentou o responsável, acrescentando que esta parceria é uma “mais-valia e uma forma de garantir uma intervenção mais correcta, conhecendo melhor os problemas”.

O InBio promove o trabalho em conjunto dos 300 investigadores, 110 dos quais doutorados, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto – instituição que apresentou a candidatura – e do Centro de Ecologia Aplicada Professor Baeta Neves, do Instituto Superior de Agronomia (ISA). A estrutura está aberta à participação de outras instituições.

“O nosso grande objectivo é auxiliar o Estado na política pública da biodiversidade, através daquilo que fazemos de melhor em Portugal a nível de investigação”, comentou Nuno Ferrand de Almeida, director do CIBIO.

Para Francisco Rego, coordenador do Centro de Ecologia Aplicada, trata-se de “capitalizar todo o investimento em Ciência que se fez nos últimos 20 anos e que ainda não está suficientemente utilizado”. E, segundo Ferrand de Almeida, “as equipas [de investigadores] estão muito motivadas”.

Entre os primeiros passos desta rede está a participação na revisão da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e na elaboração de pareceres técnicos-científicos, a partilha de dados para reforçar o conhecimento sobre espécies e habitats, bem como acções de formação e a troca de experiências entre funcionários do ICNB e investigadores do InBio, através de um programa de Residências.

Para já, o InBio vai apostar na promoção da investigação da biodiversidade tropical, no estudo da evolução das espécies na Península Ibérica ao longo dos últimos 20 mil anos e na promoção dos recursos genéticos dos animais e plantas domésticos.

4ª Conferência Europeia de Saúde Pública Localização: The Bella Centre - Copenhaga Data: 10 de Novembro a 12 de Novembro de 2011

A European Public Health Association (EUPHA), a Association of Schools of Public Health in the European Region (ASPHER) e a Danish Society of Public Health (DSOP) organizam, entre os dias 10 e 12 de Novembro de 2011, a 4ª Conferência Europeia de Saúde Pública, no The Bella Centre, em Copenhaga, subordinada ao tema “Saúde Pública e Bem-estar – Desenvolvimento do Bem-estar e a Saúde”.

Logótipo da conferência

Paralelamente ao evento, decorre a 19º reunião anual da EUHPA, a 33 ª reunião anual da ASPHER e a 5º Dia Anual de Saúde Pública de DSOP.

InícioAgenda Diminuir TamanhoTamanho NormalAumentar Tamanho Sem Comentários Partilhar esta notícia Envie a um amigo Subscrever esta notícia Permalink Imprimir Outras Notícias Centro de Direitos Humanos lança Curso de Verão em Operações de Paz e Acção Humanitária Ciclo de Conferências INA “E agora, Portugal?” – 2ª Conferência 5º Congresso Nacional do Idoso Semana Mundial do Ritmo Cardíaco ACSS publica Relatório de Actividade do Sector Convencionado da Saúde 2008/2009 Comente esta notícia XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem

Localização: Coimbra
Data: 18 de Setembro a 24 de Setembro de 2011

A Associação Latinoamericana de Escolas e Faculdades de Enfermagem (ALADEFE), a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e a Unidade de Investigação em Ciências da Saúde – Enfermagem, organizam, de 18 a 24 de Setembro de 2011, em Coimbra, a XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem da ALADEFE. Paralelamente, decorre o III Encontro Latinoamerica-Europa.

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O evento tem o objectivo de analisar o ensino da enfermagem no mundo, com particular enfâse no ensino da Enfermagem Iberoamericana e Latinoamérica-Europa. É a primeira vez que esta reunião é organizada em Portugal e a segunda na Europa, pelo que será motivo de promoção de um reforço de intercâmbio nos processos de formação e investigação em enfermagem entre as Instituições do espaço atlântico.

A conferência destina-se a todos os profissionais do ensino de enfermagem, da prática da prestação de cuidados de enfermagem, investigadores em enfermagem e outros profissionais de disciplinas afins, que trabalhem na formação de recursos humanos da saúde e especialmente de enfermagem.

Consulte Programa Provisório online

Mais informações: XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem

Etiquetas: enfermagem, ensino
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Centro de Direitos Humanos lança Curso de Verão em Operações de Paz e Acção Humanitária

Localização: Aquartelamento de Sant'Ana - Coimbra
Data: 11 de Julho a 15 de Julho de 2011

O Centro de Direitos Humanos da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e a Brigada de Intervenção do Exército Português realizam, entre os dias 11 e 15 de Julho de 2011, no Aquartelamento de Sant’Ana, em Coimbra, o Curso de Verão em Operações de Paz e Acção Humanitária.

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As candidaturas decorrem até ao dia 14 de Junho de 2011 e podem ser efectuadas através do endereço electrónico iusgenti@fd.uc.pt

Consulte o Programa

Mais informações: Centro de Direitos Humanos

terça-feira, 7 de junho de 2011

Caril dá uma "ajuda" na quimioterapia Curcumina é a substância que torna tratamento menos tóxico

Uma das substâncias do caril, a curcumina, pode ajudar pessoas submetidas a quimioterapia para cancro da cabeça e pescoço, diminuindo as doses de cisplatina administradas, revela um estudo publicado na revista "Archives of Otolaryngology".

Investigadores da Escola Médica da Universidade do Michigan, nos EUA, adicionaram um composto à base de curcumina (FLLL32) às linhas de células de laboratório de cancros da cabeça e pescoço, reduzindo assim a dose de cisplatina utilizada na quimioterapia, sendo que a eficácia do tratamento manteve-se.

Thomas Carey, autor principal do estudo e co-director do programa de oncologia de cabeça e pescoço do Comprehensive Cancer Center, explicou que "quando as células se tornam resistentes à cisplatina é necessário aumentar as doses". Acrescentou que, "no entanto, essas drogas são tão tóxicas que os pacientes que sobrevivem ao tratamento acabam por sofrer efeitos secundários a longo prazo".

O médico acredita que o seu estudo pode possibilitar o uso de doses mais baixas e menos tóxicas de cisplatina, atingindo resultados iguais ou melhores na eliminação de tumores, sem tantos riscos para os pacientes.

A principal razão que faz com que os tratamentos de cancro da cabeça e pescoço falhem é o facto de as células cancerígenas se tornarem resistentes à quimioterapia, o que acaba por fazer com que a doença regresse ou se propague, sendo o tempo estimado de esperança de vida para estes pacientes de cinco anos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cientistas descobrem vermes a um quilómetro de profundidade Organismos encontrados em local inóspito para existência de vida 2011-06-03

A descoberta de organismos multicelulares a mais de um quilómetro de profundidade da superfície da Terra, numa mina de ouro, na África do Sul, surpreendeu os cientistas, que até agora acreditavam que apenas bactérias unicelulares eram capazes de sobreviver nessas condições. O achado entusiasmou os investigadores, que agora levantam novas possibilidades sobre a existência de vida no subsolo em outros planetas e luas.

Um estudo publicado na “Nature” indica que foram encontradas minhocas inteiras em duas minas e que o DNA de outra foi detectado noutra. Estes organismos, conhecidos como “minhocas do inferno” ou nematóides, estavam em águas com temperaturas até 48 graus infiltradas que fluem dos poços, nas rochas das minas.

Os vermes que se encontravam mais perto da superfície foram levados para laboratório para um estudo mais profundo. Um deles corresponde a uma nova espécie que foi designada por Halicephalobus mephisto, enquanto o outro já era conhecido por aquatilis Plectus.

Na opinião dos investigadores, estas criaturas são seres com uma complexidade multicelular bastante surpreendente, uma vez que têm sistema nervoso, digestivo e reprodutor. "Isso está a dizer-nos algo novo", afirmou Tullis Onstott, microbiologista da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, acrescentando que, "para uma criatura relativamente complexa, como um nematóide, penetrar tão profundamente é simplesmente incrível”.

Gaeten Borgonie, da Universidade de Ghent, na Bélgica, e membro da equipa de investigadores, salientou que apesar de já serem conhecidos estes seres vivos no fundo do oceano nunca tinham sido encontrados a mais de dez ou 20 metros abaixo da superfície da Terra.

Tullis Onstott, líder do estudo
Tullis Onstott, líder do estudo
Até hoje, apenas organismos unicelulares, como bactérias e fungos, tinham sido encontrados a quilómetros abaixo da crosta da Terra. Os cientistas acreditam que tal se deve à falta de oxigénio nessas regiões, que impede que outros seres vivos lá vivam.

Este tipo de locais só se torna acessível aos investigadores graças às perfurações necessárias para a extracção de minérios. Neste caso, a equipa internacional de cientistas recorreu às minas de ouro Beatrix e Driefontein, na África do Sul, onde colocou filtros em que passavam milhares de litros de água. Habitualmente, este tipo de amostras contém apenas bactérias, pelo que a descoberta dos vermes foi uma surpresa. “Tremi quando os vi mexer”, revelou Tullis Onstott.

De acordo com o investigador, estes organismos sobrevivem a níveis muito baixos de oxigénio, menos de um por cento dos encontrados na maioria do oceano. A água em que foram encontrados tem entre três mil e dez mil anos.

Para já, os cientistas supõem que os animais vieram originalmente da superfície, e que foram levados para baixo da Terra nas fissuras na crosta pela água da chuva há milhares de anos. Segundo Gaeten Borgonie, os animais descobertos parecem os pequenos lagartos das frutas ou da superfície do solo, pelo que, provavelmente, descendem desses organismos.

Os da superfície são capazes de suportar grandes picos de temperatura e podem sobreviver ao congelamento e descongelamento e à desidratação e reidratação. Desta forma, Borgonie referiu que os vermes já têm alguns dos “atributos necessários" para sobreviver a essas grandes profundidades.

Vida extraterrestre?

Carl Pilcher, da NASA
Carl Pilcher, da NASA
Esta investigação pode desencadear alguns desafios para os cientistas visto que apresenta vida com grande complexidade em ambientes nos quais se tinha pensado que era impossível. "O que descobrimos mostra que condições adversas não excluem necessariamente complexidade", esclareceu Borgonie.

Para Carl Pilcher, director do Instituto de Astrobiologia da NASA, na Califórnia, a descoberta dos nematóides é demonstrativa da utilidade da investigação na Terra, permitindo aprender sobre a possibilidade de vida extraterrestre. "É bastante plausível, na verdade, muito provável, que os ambientes do subsolo como os descritos nestes documentos, existam em outros planetas do sistema solar e em outros sistemas planetários", disse.

Segundo o investigador, estes conhecimentos podem ajudar na orientação e no desenvolvimento de missões e experiências para o estudo de outros mundos.