quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Animal com mais genes é a pulga d'água Crustáceo é o primeiro com ADN mapeado e pode ser modelo para a genómica ambiental 2011-02-04

Vive em águas estanques e em lagos e mede apenas três milímetros. Apesar da pequena dimensão, possui 31 mil genes (mais oito mil do que os humanos), tornando-se no animal geneticamente mais rico, revelou um estudo publicado na revista “Science”.

A dáfnia, vulgarmente conhecida por pulga d'água,foi o primeiro crustáceo cujo ADN foi completamente mapeado, sendo que um terço dos seus genes são completamente novos para a ciência.

De acordo com os autores do estudo, do Daphnia Genomics Consortium, a investigação poderá ajudar a compreender a relação entre os genes e o meio ambiente, na medida em que esta espécie desempenha um papel relevante em cadeias alimentares aquáticas, tem uma grande capacidade de adaptação às mudanças sofridas pelos ambientes em que vive, e ainda consegue reproduzir-se em condições extremas, sem a necessidade de um macho.
A vasta quantidade de genes da dáfnia deve-se sobretudo ao facto de serem copiados em grande número. Os investigadores estimam que o ritmo de reprodução de cópias de genes seja três vezes superior nesta espécie do que noutros invertebrados e 30 por cento superior à dos seres humanos.

Modelo da genómica ambiental

A pulga d'água está a tornar-se num modelo de estudo largamente usado na investigação feita na área da genómica ambiental, que tem como objectivo conhecer a interacção entre os genes e o ambiente.

Entre os invertebrados já sequenciados, é a espécie com mais genes compartilhados com humanos. Esta semelhança de genomas e a sua capacidade de adaptação a ambientes extremos tornam importante o estudo do ADN deste animal que, quando usado como “sensor aquático”, pode reflectir a forma como as mudanças ambientais afectam os seres vivos aos níveis molecular e celular.

A construção do mapa genético da Daphina pulex pode trazer conhecimentos aplicáveis à manutenção de recursos hídricos, em estudos sobre a saúde humana, nomeadamente na avaliação do impacto dos poluentes químicos existentes na água.
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Fonte da eterna juventude sempre esteve nos nossos genes Cancro: Cientistas conseguem inverter processo de envelhecimento 2011-02-03

Uma equipa de cientistas liderada pelo luso-americano Ronald dePinho conseguiu, pela primeira vez, inverter o processo de envelhecimento através da manipulação genética, abrindo o caminho para uma espécie de “fonte da juventude” nas células humanas. Publicado na revista «Nature» no final de 2010, o estudo tem vindo a receber grande atenção mediática.

Em entrevista, o investigador, professor na escola de medicina de Harvard e no Dana Farber Cancer Institute, explicou que a sua equipa conseguiu artificialmente “ligar e desligar” o gene responsável pela reparação do ADN de ratos em laboratório.
As cobaias foram primeiro sujeitas a envelhecimento prematuro, que causou a perda de capacidades cognitivas e sinais exteriores, e quando o gene “voltasse a ser ligado” esperava-se um “abrandamento do processo de envelhecimento ou estabilização”.

“Em vez disso, vimos uma inversão dramática dos sinais e sintomas do envelhecimento: o cérebro aumentou de dimensão, a memória melhorou, deixou da haver pelos grisalhos e regressou a fertilidade” – o que significa “que há uma tremenda capacidade de os nossos tecidos se rejuvenescerem por si próprios”, adiantou dePinho.

Mostra como a manipulação, através de enzimas, das extremidades dos cromossomas responsáveis pela regeneração das células, os telómeros, pode inverter o envelhecimento e doenças relacionadas com a idade, como cancro, diabetes ou Alzheimer. Apesar da importância da descoberta, o trabalho a fazer é ainda “tremendo”, afirma, e será precisa “uma década ou mais” até que se chegue a “uma estratégia segura e eficaz” para reparar o ADN.

“Se conseguíssemos descobrir uma droga que pudesse especificamente reactivar este gene e reparar os telómeros, as pessoas teriam menos problemas relacionados com a idade, diabetes ou doenças de coração”, afirma.

Estilo de vida saudável tem impacto imediato na longevidade
Estilo de vida saudável tem impacto imediato na longevidade
Entre as dificuldades que os investigadores enfrentam está perceber em que momento se deve ‘ligar’ este gene e por quanto tempo, porque também células cancerosas podem ser estimuladas, caso estejam presentes no organismo. “Para se poder começar a multiplicar e nunca envelhecer, uma das coisas que a célula cancerosa faz é ligar este gene. Se temos um cancro que já começou e ligarmos o gene, podemos torná-lo mais agressivo”, afirma dePinho.

“Atrasar o relógio já hoje”

Além de procurar entender o “calendário próprio” para reactivar o gene, a sua equipa vai agora debruçar-se em como é que os tecidos retêm a capacidade de rejuvenescimento, ou seja “os processos biológicos e moleculares que permitem criar esta resposta tremenda”. Ainda há muito trabalho pela frente antes de se conseguir tirar partido disto e, em última análise, "melhorar a saúde humana”, afirmou.

Co-fundador de empresas de investigação médica – uma delas (Aveo Pharmaceuticals), cotada no Nasdaq – dePinho defende que o conhecimento “ainda é muito básico para poder ser conduzido esforço comercial”.

Segundo dePinho, esta e outras investigações já deixaram claro é que as pessoas podem começar a “atrasar o relógio já hoje”. “É essencialmente fazer exercício, comer devidamente e não fumar. Um estilo de vida saudável tem impacto imediato na longevidade”, sustentou.

Ronald dePinho
O cancro roubou-lhe o pai, mas deu-lhe também o incentivo para se lançar na investigação médica sobre aquela doença e o envelhecimento, que já lhe valeu vários prémios internacionais, embora ainda não o Nobel. “Dediquei a minha vida a encontrar curas para o cancro e por causa do meu pai trabalho tanto nessa área e no envelhecimento”, disse dePinho em entrevista.

Como milhões de emigrantes, o pai do investigador e professor da escola de medicina de Harvard e do Dana Farber Cancer Institute (Boston) cresceu “sem oportunidades” no país de origem. Depois de uma experiência mal sucedida no Brasil, aos 17 anos, chegou ao porto de Nova Iorque como tripulante de um navio e deu o “salto” para a imigração ilegal, começando por trabalhar na construção.

“Gostava tanto deste país e daquilo que ele representava que se alistou para a Segunda Guerra Mundial e assim conseguiu a cidadania”, contou. Ainda regressou a Portugal depois da guerra, onde conheceu a mulher que viria a levar para os Estados Unidos.

Com um sócio, montou uma empresa de construção, negócio que lhe permitiu criar os cinco filhos, que incentivou para os estudos. “Tive a sorte de ter pais tremendamente devotados aos filhos e que realmente apoiam a família em primeiro lugar, sempre”, continuou.

Ronald visitava habitualmente Portugal, onde tinham uma quinta no Furadouro (Ovar), mas o hábito foi-se perdendo. Recentemente, retomou algum contacto com o nosso país através do programa de associação da escola de medicina de Harvard com faculdades portuguesas, e surpreendeu-se ao regressar para o simpósio inaugural.

DePinho recebeu em 2009 o prémio Albert Szent-Gyrgyi para investigação sobre cancro, e em 2007 a medalha de Helsinki, além de anteriores distinções da American Society for Clinical Investigation.

O seu nome já foi algumas vezes referenciado para o Nobel, e uma colaboradora próxima, Carol Greider, recebeu esta distinção em 2009. O luso-americano diz-se satisfeito com o reconhecimento que o trabalho da sua equipa tem merecido e diz que o Nobel o deixaria “claramente surpreendido”. “A maior satisfação que tenho é a de ver os meus estudantes e estagiários a fazerem coisas importantes, a contribuírem para a sociedade”, disse à Lusa.


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Australianos avistam novo tratamento para cancro do pulmão Desequilíbrios hormonais influenciam resposta do corpo à doença 2011-08-23

Uma equipa de investigadores da Universidade Nacional Australiana está a investigar uma nova forma de tratamento para o cancro do pulmão a partir de uma enzima capaz de controlar a proliferação das hormonas que influenciam a resposta do corpo a esta doença.

Segundo um estudo publicado na “Medicinal Chemistry Communications”, revista da "Royal Society Chemistry", o grupo liderado por Chris Easton e Lucy Feihua Cao está a trabalhar com uma enzima designada por PAM e a estudar a sua capacidade para activar hormonas peptídicas.

Este novo trabalho demonstrou que desequilíbrios neste tipo de hormonas originam algumas formas de cancro e também doenças inflamatórias e asma. Lucy Feihua Cao explicou que pessoas com maiores quantidades de calcitonina, um tipo de hormona peptídica, têm menos probabilidade de superarem um cancro do pulmão.
"É por isso que trabalhamos para tentar reduzir a quantidade de calcitonina, nomeadamente através do controlo da actividade da enzima PAM", revelou a investigadora.

"Os nossos resultados são promissores, mas estamos numa etapa inicial", apontou Chris Easton, acrescentando que muitos dos testes realizados foram eficazes na redução de calcitoninas.

Com este trabalho, o grupo australiano espera criar um “novo medicamento que melhore e prolongue a vida de muitas pessoas que têm cancro do pulmão", a principal causa de morte por doenças oncológicas no mundo, acrescentou o cientista.

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Casamento feliz, coração saudável! Matrimónio aumenta longevidade após cirurgia de revascularização cardíaca 2011-08-24

Casamentos felizes são benéficos para o coração, revelou uma investigação americana publicada na “Health Psychology”, da “American Psychological Association”. Segundo este estudo da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, as pessoas nesta condição, têm até três vezes mais hipóteses de viveram mais 15 anos após uma cirurgia de revascularização cardíaca.

"Existe algo nos bons relacionamentos que ajuda as pessoas a permanecerem no curso da vida", referiu Kathleen King, coordenadora do estudo. Harry Reis, co-autor deste trabalho, também frisou que o efeito no casamento é tão importante para a sobrevivência após a cirurgia quanto outros factores de risco, como tabagismo, obesidade ou hipertensão.

Contudo, as vantagens do casamento diferem para homens e mulheres. No caso do sexo masculino, o matrimónio está relacionado a altas taxas de sobrevivência, pois quanto mais satisfatória a relação, maior será a sobrevivência.
Para as mulheres, a qualidade do enlace é ainda mais importante. Casamentos infelizes não trazem praticamente benefício algum para a sua esperança de viva, mas quando os relacionamentos são satisfatórios, aumentam em quase quatro vezes este indicador. "A recompensa da felicidade conjugal é mais forte nas mulheres. Por isso, elas devem procurar essa felicidade para terem a recompensa na saúde", disse Harry Reis.

Neste estudo, foram avaliadas 225 pessoas que fizeram uma cirurgia de revascularização cardíaca entre 1987 e 1990. Todos os casados foram questionados sobre a sua satisfação com o casamento um ano após a cirurgia. Houve ainda uma avaliação de indicadores que afectam a sobrevivência em caso de doenças cardiovasculares, como idade, casos de depressão, tabagismo, entre outros.

Quinze anos depois da cirurgia, 83 por cento das mulheres casadas e felizes ainda estavam vivas, frente a 28 por cento das que eram infelizes no casamento e 27 por cento das solteiras. O índice de sobrevivência para os maridos felizes também foi de 83 por cento. Mas aqueles que não eram tão felizes também tiveram taxas elevadas. Homens em uniões não muito satisfatórias tiveram um índice de sobrevivência de 60 por cento, significativamente melhor do que os 36 por cento dos homens solteiros.

Neste estudo, os autores citam ainda investigações anteriores, segundo as quais pessoas que têm um casamento feliz são menos susceptíveis a algumas inflamações relacionadas com doenças cardíacas.
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Patogénios podem viver dentro dos tecidos vegetais Desinfecção exterior dos alimentos é insuficiente para eliminá-los 2011-08-24

Desinfectar o exterior dos produtos pode nem sempre ser suficiente para eliminar os patogénios de alimentos nocivos, revelou um estudo realizado pela Universidade de Purdue, nos EUA, cujos resultados foram publicados separadamente nas revistas “Journal of Food Protection” e “Food Research International”.

Este trabalho demonstrou que a salmonella e a e. coli podem viver dentro dos tecidos vegetais. No caso da e.coli 0157: H7, foi encontrada em tecidos de soja, enquanto a salmonella foi detectada em plantas de amendoim, após as sementes serem contaminadas com o patogénio antes da plantação.

Amanda Deering, investigadora pós-doutorada em ciência dos alimentos envolvida neste estudo, referiu que "as sementes podem estar contaminadas antes ou após a plantação, através do solo ou água contaminados." De acordo com a especialista, nos alimentos analisados, "os patogénios estavam em todos os tecidos, incluindo no que transporta os nutrientes nas plantas".

Robert Pruitt, co-autor do estudo explicou também que "encontrar os patogénios dentro das plantas tem sido um desafio, porque as provas requerem cortar partes da planta, o que pode causar a migração de bactérias do exterior para o interior, ou vice-versa. É difícil saber onde pode ter estado um patogénio antes de ser cortado da planta”. Desta forma, “os resultados são muitas vezes imprecisos dado que os métodos permitem a movimentação das bactérias".

Robert Pruitt e Amanda Deering
Robert Pruitt e Amanda Deering
Para esta investigação, a equipa de cientistas usou um fixador para congelar a localização das bactérias nos tecidos da planta antes de cortarem as amostras. Os anticorpos marcados com fluorescência foram usados para detectar patogénios num processo chamado imunohistoquímica.

"Isso mostra a situação mais próxima do que estava na planta quando os agentes patogénicos estavam vivos” e “o aumento do número de bactérias manteve-se durante, pelo menos 12 dias, tempo que normalmente demora a investigação", explicou Deering.

Deering e Pruitt alertaram assim que, "para uma higienização adequada, deve-se eliminar a salmonella e a e.coli da superfície do alimento, bem como nos tecidos internos", por isso, é aconselhado "cozinhar os alimentos a temperaturas que matem e eliminem os patogénicos".


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Bactéria pode revolucionar combate à dengue 'Wolbachia' permite que insectos não sejam infectados pelo vírus 2011-08-26

Uma nova investigação indica que há uma bactéria capaz de travar a dengue, uma doença que, nos países tropicais e subtropicais, afecta entre 50 e cem milhões de pessoas e mata 20 mil pessoas por ano, sendo que não existe qualquer vacina que a possa prevenir.

Esta doença é provocada por quatro estirpes de um vírus que infecta as pessoas através das picadas do mosquito Aedes aegypti. O vírus causa febre, dores musculares e pode ser fatal, nos casos de febre hemorrágica.

Até agora, a única forma de combater a doença consiste no controlo da população de mosquitos. Contudo, dois artigos publicados na “Nature”, indicam que a bactéria agora detectada é capaz de transformar completamente populações locais de mosquitos em poucos meses.
Há dois anos, a equipa de cientistas utilizou a bactéria Wolbachia - presente naturalmente nos mosquitos - para diminuir o tempo de vida do insecto e prevenir o desenvolvimento do vírus. No entanto, esta primeira tentativa falhou, pois a bactéria era muito forte e matava rapidamente os mosquitos.

Depois disso, os investigadores recorreram a uma estirpe da Wolbachia menos violenta e obtiveram um resultado inesperado ao verificar que a bactéria impedia o insecto de ficar infectado pelo vírus da dengue sem matá-lo. Até agora, ainda não se sabe como é que a bactéria protege o mosquito do vírus, mas os investigadores acreditam que pode ser um processo molecular, um aumento da resposta imunitária ou ambos.

Wolbachia não se transmite ambientalmente
Wolbachia não se transmite ambientalmente
A Wolbachia não se propaga ambientalmente. É hereditária, o que facilita a sua propagação entre mães e filhos. Além disso, os investigadores sabem que só sobrevivem os ovos de mães infectadas pela e que aqueles de insectos fêmea saudáveis que são fertilizados por machos com a bactéria acabam por morrer.

Após perceberem este processo, o grupo de especialistas soltou milhares de mosquitos infectados com a bactéria em Queensland, na Austrália, sendo que a bactéria prosperou. Houve localidades onde a percentagem de mosquitos capturados com a bactéria variava entre 80 e 100 por cento. Também foram encontrados elementos da nova população espalhados em locais onde não foi libertado nenhum insecto.

Com esta taxa de sucesso, o mundo científico está confiante no “início de uma nova era de controlo de doenças transmitidas por mosquitos”, disse Jason Rasgon, especialista do Instituto de Investigação de Malária de Johns Hopkins, em Maryland, EUA, num comentário sobre a descoberta publicado também na “Nature”, acrescentando que, como “a população de mosquito é alterada em vez de ser eliminada, os efeitos nos ecossistemas serão mínimos.” Esta técnica poderá agora ser implementada noutros locais do mundo, como Brasil, Vietname, Tailândia e Indonésia.

Artigos:
Successful establishment of Wolbachia in Aedes populations to suppress dengue transmission
The wMel Wolbachia strain blocks dengue and invades caged Aedes aegypti populations


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Óleo de coentros pode substituir antibióticos Alternativa natural está a ser estudada na UBI 2011-08-29

O óleo de coentros é tóxico para uma ampla gama de bactérias nocivas, concluiu um estudo da Universidade da Beira Interior, publicado no “Journal of Medical Microbiology”. Desta forma, a sua utilização, seja na cozinha ou em fármacos, tem potencial para prevenir doenças transmitidas por alimentos e até mesmo tratar infecções resistentes aos antibióticos, indica o trabalho.

O efeito do óleo de coentros foi testado em 12 estirpes de bactérias, entre as quais a E.coli, a Salmonella enterica, a Bacillus cereus e a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Todas elas mostraram uma redução do crescimento, sendo que a maioria delas foi eliminada por soluções que continham até 1,6 por cento de óleo de coentros. Apenas a Bacillus cereus e a Enterococcus faecalis resisitiram ao efeito bactericida desta solução.
Para além de os coentros serem uma planta aromática amplamente utilizada na cozinha mediterrânica, o óleo é um dos 20 mais utilizados em todo o mundo, sendo já utilizado como aditivo alimentar. Produzido a partir de sementes da planta, o óleo de coentros tem benefícios para a saúde já reconhecidos há vários séculos da “medicina popular”, onde estão incluídos o alívio da dor, cólicas, convulsões ou náuseas, o tratamento de infecções fúngicas e uma ajuda na digestão.

O estudo da UBI não demonstra apenas que o óleo tem um efeito anti-bacteriano, mas explica também o seu funcionamento no organismo, que até agora não era conhecido. “Os resultados indicam que o óleo de coentros danifica a membrana que envolve a célula bacteriana. Isso interrompe a barreira entre a célula e o seu meio ambiente e inibe os processos essenciais, incluindo a respiração, o que acaba por conduzir a célula bacteriana à morte", explicou Fernanda Domingues, cientista que liderou o estudo.
O grupo de investigadores sugeriu também que o óleo poderá ter importantes aplicações na indústria alimentar e médica. "Anualmente, nos países desenvolvidos, cerca de 30 por cento da população sofre de doenças transmitidas por alimentos. Esta pesquisa incentiva o desenvolvimento de novos aditivos alimentares que contenham óleo de coentros para combater patogénios de origem alimentar e prevenir a deterioração de origem bacteriana", assegurou a cientista.

A líder do estudo frisou ainda que "o óleo de coentros também poderia tornar-se uma alternativa natural aos antibióticos comuns, já que pode ser usado como medicamento na forma de loções, anti-sépticos orais e até mesmo comprimidos para combater infecções bacterianas multi-resistentes que, de outra forma, não poderiam ser tratadas, facto que melhoraria significativamente a nossa qualidade de vida ".

Vírus do sarampo pode ajudar no combate ao cancro Estudo publicado na “PLoS Pathogen" 2011-08-30

Cientistas canadianos descobriram que um marcador de células tumorais é um receptor para o vírus do sarampo, o que sugere ser possível a utilização deste para ajudar a combater o cancro.

Os vírus causam infecções ao ligarem-se a proteínas específicas na superfície das células chamadas receptores. De acordo com um artigo publicado na “PLoS Pathogen", uma equipa liderada por Chris Richardson, da Escola de Medicina de Dalhousie, no Canadá, descobriu que o marcador PVRL4 (nectin-4) é o receptor do vírus do sarampo em questão que se encontra nas células das vias respiratórias (alvo deste vírus, assim como os pulmões).

Além disso, grandes quantidades de PVRL4 também estão presentes em muitos cancros que se originam nas células do pulmão, cólon, mama e ovários.

O receptor foi descoberto mediante uma comparação de proteínas produzidas em células cancerígenas susceptíveis ao vírus com proteínas de células resistentes. Dado que o PVRL4 se encontra em muitos tipos de cancros humanos, o vírus do sarampo pode ser usado especificamente para infectar as células cancerosas e activar o sistema imunitário contra os tumores.

A capacidade dos vírus do sarampo para matar as células cancerigenas foi previamente estudada por cientistas da Clínica Mayo, nos EUA, mas esta é a primeira vez que se demonstra que o vírus tem como alvo um receptor comum e altamente expresso nas células cancerigenas do pulmão, cólon, mama e ovários. Desta forma, o método poderá vir a ser usado para combater vários tipos de cancros.
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SNS envia resultados de exames por correio electrónico em 2012 2011-08-30

Os resultados de análises, radiografias e outros exames pedidos pelos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão passar, no próximo ano, a ser enviados para os clínicos e utentes também por via electrónica, disse hoje fonte oficial.

Ainda sem data para vigorar, a alteração será a segunda fase do processo de requisição daqueles meios de diagnóstico apenas por via electrónica, que começa na quinta-feira, disse à agência Lusa o vice-presidente da Administração Central dos Sistemas de Saúde, Fernando Mota.
A alteração vai acabar com a necessidade de os utentes se deslocarem para irem “levantar” o resultado dos exames, podendo a eles aceder através de computador, tal como sucede com os médicos, que deixam de ter que transcrever as conclusões dos exames para o processo do doente, já que poderão anexá-lo informaticamente, especificou aquele responsável.

Ao contrário do que sucedeu com a prescrição electrónica de medicamentos, agora com os exames a situação deverá decorrer com menos sobressaltos, já que o universo de médicos envolvidos é constituído apenas pelos clínicos que trabalham no SNS, considerou Fernando Mota.

Além das vantagens para utentes e médicos, as inovações permitem um maior controlo sobre a prescrição de exames e funcionarão com dissuasor para eventuais fraudes, acrescentou. O bastonário da Ordem dos Médicos disse estar “menos preocupado” com eventuais problemas com o alargamento da prescrição electrónica aos exames do que quando se tratou dos medicamentos, já que agora só estão envolvidos os médicos do SNS.

“Trata-se de uma imposição do Estado a si próprio”, considerou José Manuel Silva. Salientou, no entanto, que o processo não irá funcionar a 100 por cento no início, tal como sucedeu com os medicamentos, mas disse esperar que o Ministério da Saúde salvaguarde forma de ultrapassar as situações em que o recurso aos meios informáticos não seja possível.

Fernando Mota disse que eventuais falhas no sistema informático serão ultrapassadas com o preenchimento manual das requisições para os exames em modelo oficial e específico para o efeito.
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Enjoos excessivos na gravidez provocam distúrbios nos bebés Primeiro estudo sobre efeitos a longo prazo da hiperemese gravídica 2011-08-30

Os vómitos e náuses excessivos e persistentes durante a gravidez e que, por vezes, podem conduzir à hospitalização dão origem a uma condição designada por hiperemese gravídica (HG) que não afecta apenas as grávidas, mas também os bebés, revelou um estudo publicado no “Journal of Developmental Origins of Health and Disease”.

De acordo com este trabalho, as crianças cujas mães sofreram de HG foram 3,6 vezes mais propensas a sofrer de ansiedade, distúrbio bipolar e depressão na vida adulta do que os bebés cujas progenitoras não sofreram dessa condição.

Estudos anteriores já tinham constatado que as crianças nascidas de mulheres que tiveram náuseas persistentes nos três primeiros meses da gravidez tinham mais problemas de atenção e de aprendizagem aos 12 anos. Outras apontavam ainda que a má nutrição fetal, uma consequência frequente da HG, pode conduzir a uma fraca saúde quando adulto.

"Apesar da hiperemese gravídica poder causar fome e desidratação na gravidez, nenhum estudo tinha determinado os seus efeitos a longo prazo nas crianças nascidas de mães com este problema", referiu Marlena Fejzo, co-autora do estudo.

Depois de entrevistarem 155 pessoas, das quais algumas tinham sofrido com a condição da mãe e outras não tinham passado por este problema, os investigadores verificaram que 16 por cento dos voluntários que foram expostos ao HG tinham depressão, contra três por cento do grupo de controlo (aqueles que não nasceram de mães com HG). Além disso, oito por cento do grupo exposto foram diagnosticados com perturbação bipolar, face a dois por cento do grupo de controlo.

Esta diferença também se revelou no que respeita à ansiedade, pois sete por cento dos expostos a HG sofriam de ansiedade na vida adulta, comparados a dois por cento do grupo de controlo. "Ao todo, 38 por cento dos casos do grupo exposto relataram distúrbio psicológico ou comportamental, em comparação a 15 por cento do grupo de controlo", afirmaram os cientistas.

Estas taxas mais elevadas podem ser causadas pela desnutrição e desidratação prolongadas das mães durante o desenvolvimento do cérebro do feto. A ansiedade e o stress, comuns durante e após a HG, também poderiam desempenhar um papel importante nos problemas físicos e psicológicos.

Análises anteriores também já tinham verificado que mulheres com histórico familiar desta condição foram até 17 vezes mais propensas a sofrer do mesmo problema.

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Poliomielite desapareceu da Europa Vírus transmitido por alimentos e água contaminados afecta sobretudo crianças 2011-08-31

A poliomielite - uma doença viral altamente contagiosa, que afecta principalmente crianças e cujo vírus é transmitido através de alimentos e água contaminados e se multiplica no intestino, provocando depois paralisia e deformações no corpo – está completamente erradicada da Europa, confirmou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Desta forma, o velho continente mantém-se livre de poliomielite, depois do aparecimento do vírus em alguns países europeus no ano passado, anunciou a comissão regional europeia para a certificação da erradicação da doença.

A Europa “manterá o seu estatuto de livre de poliomielite após a importação do poliovírus selvagem em 2010”, assegurou a OMS. Desde Setembro de 2010 que não foram reportados quaisquer novos casos, após os países terem tomado “acções efectivas”, declarou a comissão num encontro em Copenhaga, Dinamarca.

De acordo com a directora regional para a Europa da OMS, Zsuzsanna Jakab, citada pela Lusa, esta posição da comissão é uma “notícia excelente para a região e um reconhecimento a todos os estados e parceiros que, individual e colectivamente, combateram imediatamente o primeiro e maior aparecimento da doença na Europa desde a sua erradicação em 2002”.

Em 2010, quatro países – Cazaquistão, Rússia, Turquemenistão e Tajiquistão – registaram 30 mortes e 475 casos de vírus de tipo 1. Desde a criação da Iniciativa para a Erradicação Global da Poliomielite (GPEI, na sigla em inglês, que inclui organizações como a OMS, a Unicef e o Rotary International), em 1988, a incidência desta doença foi reduzida em mais de 99 por cento.

Na altura, anualmente, mais de 350 mil crianças ficavam paralisadas em mais de 125 países onde a poliomielite era endémica. Até agora, segundo dados contabilizados no passado dia 16, foram relatados 325 casos em todo o mundo. A doença permanece endémica em quatro países: Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão.
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XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem Localização: Coimbra Data: 18 de Setembro a 24 de Setembro de 2011

A Associação Latinoamericana de Escolas e Faculdades de Enfermagem (ALADEFE), a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e a Unidade de Investigação em Ciências da Saúde – Enfermagem, organizam, de 18 a 24 de Setembro de 2011, em Coimbra, a XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem da ALADEFE. Paralelamente, decorre o III Encontro Latinoamerica-Europa.

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O evento tem o objectivo de analisar o ensino da enfermagem no mundo, com particular enfâse no ensino da Enfermagem Iberoamericana e Latinoamérica-Europa. É a primeira vez que esta reunião é organizada em Portugal e a segunda na Europa, pelo que será motivo de promoção de um reforço de intercâmbio nos processos de formação e investigação em enfermagem entre as Instituições do espaço atlântico.

A conferência destina-se a todos os profissionais do ensino de enfermagem, da prática da prestação de cuidados de enfermagem, investigadores em enfermagem e outros profissionais de disciplinas afins, que trabalhem na formação de recursos humanos da saúde e especialmente de enfermagem.

Consulte Programa Provisório online

Mais informações: XI Conferência Iberoamericana de Educação em Enfermagem

Etiquetas: enfermagem, ensino
http://www.acs.min-saude.pt/2011/04/30/xi-conferencia-iberoamericana-de-educacao-em-enfermagem/

Champalimaud Neurocience Symposium 2011 Localização: Centro de Investigação Champalimaud - Lisboa Data: 18 de Setembro a 21 de Setembro de 2011

A Fundação Champalimaud organiza, entre os dias 18 e 21 de Setembro de 2011, nas instalações do Centro de Investigação Champalimaud, em Lisboa, Champalimaud Neurocience Symposium 2011, onde estarão reunidos cerca de trinta especialistas internacionais.

No evento serão abordados, entre outros temas:

Organizational Principles of Antagonistic Motor Circuits
Duplication and divergence of neural circuits in bilaterian brain evolution
Neural syntax: segmentation of information in the hippocampus
The balance of inhibition to excitation regulates visual responses and behavior in vivo
Synapse to nuclear transport of a transcriptional regulator during neuronal plasticity
New fluorescent probes and new perspectives in Bioscience
GABAergic interneurons and their role in neuronal synchronization, learning and memory
Synaptic mechanisms of sensory perception


Mais informações: Champalimaud Neurocience Symposium 2011


http://www.acs.min-saude.pt/2011/08/09/champalimaud-neurocience-symposium-2011/

Sem-abrigo, Migração e Mudança Demográfica na Europa – Conferência Europeia de Investigação Localização: Pisa - Itália Data: 16 de Setembro de 2011

Realiza-se, no dia 16 de Setembro, em Pisa, na Itália, a Conferência Europeia de Investigação 2011, subordinada ao tema “Sem-abrigo, Migração e Mudança Demográfica na Europa”.

No evento serão abordados, entre outros temas:

Migração e Sem-abrigo: Novos desafios
Migração e Sem-abrigo: Riscos e vulnerabilidades
Sem-abrigo na Europa: Novas perspetivas
Migração e Sem-abrigo: O Modelo Mediterrânico – o antigo e o novo
Migração e Sem-abrigo: Perspetivas sociais e legais
Migração e Sem-abrigo: Dimensões sobre género

O European Observatory on Homelessness organiza, uma vez por ano, a Conferência Europeia de Investigação, e produz, duas vezes por ano, o European Journal of Homelessness.

Neste contexto, encontra-se disponível, para consulta neste site, a apresentação do modelo de intervenção da saúde no âmbito da Estratégia Nacional para a Integração da Pessoa Sem-Abrigo (2009-2015) da Assessora na área de Saúde do Alto Comissariado da Saúde, Teresa Caldas de Almeida, proferida em 2010, na Conferência Europeia de Investigação “Understanding Homelessness and House Exclusion in the new European Context”.

O Alto Comissariado da Saúde, em parceria com diversas entidades provenientes do sector público e do sector privado, colaboram com o Instituto da Segurança Social, IP, na Estratégia Nacional, tendo assumido o compromisso de implementar um modelo de intervenção em saúde com o objetivo de garantir o acesso a cuidados de saúde atempados e de qualidade às pessoas sem abrigo, em articulação com a Coordenação Nacional para a Saúde Mental, a Direção-Geral de Saúde , o Instituto da Droga e da Toxicodependência e a Escola Nacional de Saúde Pública.

Consulte:

Programa provisório
Apresentação “A Model of Health Intervention – European Research Conference 2010”
Modelo de Intervenção da Saúde – Estratégia Nacional para a Integração da Pessoa Sem-Abrigo

Mais informações: European Observatory on Homelessness

Notícia relacionada: ACS colabora na Estratégia Nacional para a Integração dos Sem Abrigo


http://www.acs.min-saude.pt/2011/08/08/sem-abrigo-migracao-e-mudanca-demografica-na-europa-conferencia-europeia-de-investigacao-2011/

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Casca da maçã pode solucionar problemas musculares


O ácido ursólico, uma substância encontrada na casca da maçã que reduz a gordura, os níveis de açúcar no sangue, o colesterol e os triglicerídeos, pode tornar-se numa boa solução para problemas de desgaste muscular. Uma investigação realizada com ratos, publicada na revista “Cell Metabolism”, mostrou que este componente reduziu o desgaste muscular e provocou o crescimento dos músculos nestes animais.

Christopher Adams, investigador da Universidade de Iowa e autor principal do estudo, acredita que esta substância poderá ser útil no tratamento de problemas como a atrofia muscular, que "é muito comum e afecta a maioria das pessoas nalguma altura da vida", embora ainda não haja medicamentos para solucioná-la.


Os investigadores estudaram a actividade genética nos músculos de pessoas com atrofias e usaram essa informação para procurar compostos químicos que pudessem impedir esse problema, sendo que um dos descobertos foi o ácido ursólico, que está concentrado na casca das maçãs. "Já diz o ditado 'uma maçã por dia mantém o médico longe' e decidimos testar o ácido ursólico nos ratos", assinalou Adams.

"Comprovámos que aumentou o tamanho e a força dos músculos dos ratos. Tal aconteceu graças ao auxílio de duas hormonas responsáveis pelos músculos: o factor 1 de crescimento (IGF-1) e a insulina", acrescentou.

Além de fortalecer a massa muscular, o tratamento "teve outros efeitos benéficos surpreendentes, como a redução da gordura no corpo, a diminuição da glicose no sangue e do colesterol", acrescentou o endocrinologista.

Adams e a sua equipa focaram sua atenção no ácido ursólico através de uma técnica relativamente nova, denominada de “mapa de conectividade”, que compara padrões de expressão genética nas células sob condições diferentes.

O grupo de investigadores verificou que os genes são activados ou desactivados no músculo humano durante a atrofia e comparou esse padrão com os de expressão genética em linhas de células cultivadas e tratadas com uma gama de compostos diferentes. Descobriram então que um desses compostos, o ácido ursólico, causa um padrão de expressão genética oposto ao padrão causado pela atrofia.

Nas experiências que realizaram provaram que os ratos alimentados com ácido ursólico estavam protegidos da atrofia muscular causada pelo jejum e por danos nervosos, enquanto os ratos saudáveis alimentados com ácido ursólico desenvolveram músculos maiores e mais fortes do que os que não receberam essa dieta.
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Nutracêuticos com efeitos irreversíveis no metabolismo




Produtos não são analisados pelo ministério.
A esmagadora maioria da população já se automedicou com suplementos alimentares e nutracêuticos, tais como vitaminas, laxantes, diuréticos, drenantes, sais minerais, produtos para emagrecer, entre outros. Estes, se por um lado, auxiliam na compensação de dietas pobres ou na minimização de deficiências metabólicas; por outro, o seu uso frequente pode não ser o mais adequado, podendo até provocar efeitos irreversíveis no organismo.

O livro «Nutracêuticos e Alimentos Funcionais» – disponível desde ontem nos escaparates, sob a chancela da Lidel-Edições Técnicas –, que conta com a coordenação de João F. Pinto, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), alerta para as repercussões que decorrem do uso abusivo destas substâncias, bem como para a falta de controlo dos produtos.

A obra foi criada a várias mãos, por um grupo de docentes da FFUL e do mestrado integrado em Plantas, e nasce da necessidade de se enquadrar o tema numa óptica técnica e científica adequada, por se considerar que “o conhecimento sobre esta matéria é demasiado disperso”, segundo referiu o coordenador ao jornal «Ciência Hoje» (CH).

A publicação trata o tema de um modo pluridisciplinar, desde aspectos farmacológicos, bioquímicos, tecnológicos, analíticos à comercialização, legislação e utilização dos nutracêuticos. João Pinto sublinhou, no entanto, que alguns nutracêuticos poderão “ser inócuos e apresentam mesmo aspectos positivos”, mas a maioria “tem uma acção fisiológica, que a médio e longo prazo poderá desencadear resultados negativos nos rins, fígado ou outro órgão”.



Nutracêutico
Um nutracêutico é um produto nutricional que tem um alegado valor terapêutico. O termo resulta da combinação entre "nutrição" e "farmacêutica" e estuda os componentes fitoquímicos presentes nas frutas, legumes, vegetais e cereais, dispondo-se a investigar as ervas, folhas, raízes (plantas medicinais) e cascas de árvores para descobrir seus benefícios à saúde e possíveis curas de doenças.

Por exemplo, são conhecidos os efeitos positivos do resveratrol (polifenol que pode ser encontrado principalmente nas sementes de uvas pretas e no vinho tinto), mas em vez de beber um copo de vinho por dia, através da extracção da substância de forma concentrada, esta pode ser ingerido em cápsulas.O docente assinalou mesmo que estes produtos estão sob a alçada do Ministério da Agricultura e não do Infarmed – faltando assim “um controlo analítico, directo ou indirecto, sobre os nutracêuticos”.

João Pinto referiu ainda que o uso recorrente de suplementos alimentares deve merecer particular atenção,"para evitar sobredosagens e interferências com os alimentos e podem afectar o metabolismo do indivíduo com efeitos irreversíveis. Quando se pretende fazer um uso contínuo, a opinião de um médico, farmacêutico ou nutricionista é importante”.

Disse ainda ao CH que, por exemplo, “os produtos para emagrecer, apesar de aceites pelas autoridades, podem estar contaminados com substâncias diuréticas que inibam a absorção de nutrientes essenciais” e tomados sem a orientação de um médico poderão, muitas vezes, "entrar em desacordo com outras substâncias aparentadas, com efeitos cinérgicos ou contraditórios”.

A grande preocupação manifestada pelos profissionais de farmácia prende-se com a “contaminação fraudulenta de algumas substâncias activas, por falta de supervisão, por não existir uma lei que faça uma supervisão detalhada


Estes novos compostos químicos deviam ter a supervisão do Infarmed e nunca do ministério da Agricultura, pois muitos destes compostos são activos e actuam no nosso organismo como compostos farmacológicos com cinéticas capazes de interferir na vida do dia a dia, tanto de uma forma dita positiva como numa dita negativa.
Uma área de negócios a merecer a atenção do governo recém empossado.



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Laboratório brasileiro estudou a origem do hambúrguer Big Mac

Uma equipa de investigadores do laboratório de Ecologia Isotópica, da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, viajou pelo mundo para descobrir o segredo do Big Mac, um dos mais conhecidos produtos da rede de fast-food Mc Donald’s, presente em quase todo o mundo. Com o objectivo de apresentar as características culturais da alimentação mundial, o estudo investigou a sande em 26 países.

“O lanche, considerado o carro-chefe do Mc Donald’s, funciona como um poderoso traçador do sistema de produção de carne dos países. O hambúrguer fornece diversas e variadas informações”, referiu em comunicado o investigador Luiz Antonio Martinelli, responsável pelo projecto.

“Por ser servido em quase todo o mundo, a sande tornou-se um importante objecto de estudo. Existe mesmo o «Big Mac Index», um índice económico que calcula o preço do produto em todos os países em que é consumido, com o intuito de medir o valor de uma moeda em relação ao dólar”, continuou.

Para o estudo, a equipa rastreou a cadeia alimentar do gado que lhe dá origem, a fim de descobrir onde e como é produzido o principal ingrediente do Big Mac. Martinelli sublinhou ainda que “a carne moída para a produção de hambúrgueres é preparada em lotes, abrangendo uma multiplicidade de animais comprada de vários fornecedores. Por isso, são úteis integradores das características da carne disponível numa determinada área geográfica”.

Da Austrália para o Japão

O cientista conseguiu provar que, apesar de o Big Mac ser um produto de consumo global, o seu sabor é local, por ser originário do rebanho de cada país. “Mas isso não ocorre no mundo todo. Os isótopos estáveis do carbono e do nitrogénio da carne contida em cada um mostraram, por exemplo, que os hamburgers consumidos no Japão são provenientes da Austrália, com gado alimentado com gramíneas do tipo fotossintético C4”.

Esta conclusão foi baseada no facto de as carnes dos lanches japoneses terem uma razão isotópica do carbono-13/carbono-12 mais elevada do que os esperados num país baseado em uma agricultura de ciclo C3 (norma que caracteriza a forma como a planta faz sua fotossíntese), comprovando que o Japão importa carne da Austrália, onde prevalece o modo fotossintético C4 da lavoura, ou seja, das plantas que suportam altas luminosidades – o que não ocorre no país nipónico.

“As análises dos isótopos estáveis dos elementos carbono e nitrogénio, contidos nos objectos de estudo, no caso a carne do Mc Donald’s, forneceram três importantes conclusões. A primeira refere que com um simples hambúrguer é possível rastrear o que o gado come, anível mundial; a segunda, confere à possibilidade de saber como carnes produzidas em diferentes países viajam pelo mundo e a terceira avança que, "por uma questão de mercado, o igual não é tão semelhante assim”, relatou.

Essas conclusões levaram Martinelli a empregar o conceito “glocal”, fusão das palavras global e local, no Big Mac. “A famosa sande do Mc Donald’s tem a capacidade de estar, ao mesmo tempo, actualizado ao sistema de mercado de empresas globais sem perder a influência cultural imposta pelo mercado local”, finalizou.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49923&op=all

Compostos das uvas protegem a pele dos raios UV

As uvas contêm substâncias que podem reduzir os danos celulares na pele exposta à luz solar, na medida em que ajudam as células a protegerem-se contra a radiação solar ultravioleta (UV), revelou um estudo espanhol publicado no “Journal of Agricultural and Food Chemistry”.

Os raios UV são considerados a principal causa ambiental das doenças de pele, pois conduzem a queimaduras ou eritema solar, ao envelhecimento prematuro da derme e epiderme e até ao cancro. Este tipo de raios actua na pele ao activar espécies reactivas de oxigénio (ERO)- compostos que oxidam macromoléculas como os lípidos e o ADN e desencadeiam certas reacções e a actividade de enzimas (JNK e p38MAPK) que induzem a morte celular.


Os dados deste trabalho, conduzido por investigadores da Universidade de Barcelona e do Conselho Superior de Investigações Científicas, indicam que algumas substâncias, os polifenóis extraídos da uva (flavonóides) podem reduzir a formação de ERO nas células epidérmicas humanas expostas à radiação ultravioleta de onda longa (UVA) e média (UVB).



De acordo com Marta Cascante, a bioquímica da Universidade de Barcelona e líder da investigação, “estas fracções polifenólicas inibem a produção de ERO e, deste modo, também a consequente activação das enzimas JNK e p38, exercendo um efeito protector contra a radiação ultravioleta do sol.”

Outro resultado obtido no estudo apontou que a capacidade foto-protectora dos flavonóides é maior quando apresentam um maior grau de polimerização e de formação de compostos com ácido gálico.

Os investigadores acreditam que os resultados obtidos neste trabalho são "encorajadores" e que devem ser tidos em conta na farmacologia clínica que trabalha com extractos polifenólicos de origem vegetal para o desenvolvimento de novos agentes de foto-protecção cutânea.

Actualmente, existem cosméticos feitos a partir de uvas, mas até agora era desconhecido como funcionavam nas células. "Este trabalho apoia o uso destes produtos para proteger a pele dos danos e morte celular provocada pela radiação solar, além de proporcionar conhecimento sobre o seu mecanismo de acção", conclui Cascante.

Implante pioneiro de válvula aórtica através de mini-esternotomia

Em Portugal, estima-se que uma em cada 15 pessoas com mais de 80 anos sofra de estenose aórtica grave, uma deformidade e calcificação (depósito de cálcio) da válvula aórtica que impede o seu normal funcionamento e o único tratamento é a substituição da válvula; no entanto, “por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas alguns doentes não podem candidatar-se a esta intervenção tradicional”, segundo avançou ao «Ciência Hoje» Vasco Gama Ribeiro, director do serviço de Cardiologia da instituição.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho conseguiu agora realizar, pela primeira vez na Península Ibérica, uma nova abordagem do implante através de cateter da válvula aórtica (TAVI) por via Transaórtica, que poderá ser aplicado a todos os doentes.

"O implante por via transaótica é realizado através de uma mini-esternotomia" – pequena incisão de cinco centímetros no esterno, utilizada com alguma frequência na cirurgia cardíaca minimamente invasiva. “Até aqui as intervenções têm vindo a ser feitas por via percutânea, via femoral ou subclávia, direita ou esquerda – os acessos habitualmente utilizados”, continuou.

Esta técnica é agora diferente e foi a primeira ou apenas a segunda vez a ser realizada no mundo. “É minimamente invasiva porque não exige a abertura do tórax do doente, mas apenas uma pequena incisão para deixar a aorta ascendente à mostra”, referiu ainda Vasco G. Ribeiro.

Os sintomas de quem sofre de estenose aórtica grave traduzem-se em dispneia (falta de ar), síncope (desmaios), sintomas de angina de peito ou morte súbita. Convencionalmente, a estenose aórtica é tratável, mas o objectivo principal é sempre a cirurgia de substituição da válvula. O director do serviço de cardiologia sublinhou ainda que “a válvula é introduzida pela perfuração, não sendo necessário recorrer a uma cirurgia de coração aberto e, por isso, já pode ser feita em doentes supostamente inoperáveis”.

A colocação da prótese aórtica com válvula biológica, uma terapia revolucionária no tratamento da estenose aórtica grave com benefícios clínicos sustentados e resultados evidentes na melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Há muitos doentes que por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas não são candidatos a esta intervenção tradicional, mas hoje em dia já é possível fazê-lo com este novo procedimento e introduzir uma válvula especial biológica de substituição. O hospital já tratou uma média de 70 doentes com este problema, mas este novo procedimento por via mini-esternotomia apenas foi aplicado a uma pessoa. No entanto, foi bem-sucedido.


Cientistas descobrem como a nicotina actua na perda de apetite


Um dos receios que impede alguns fumadores de deixar de fumar é a possibilidade de ganharem peso depois de o fazerem, isto porque a nicotina tem a propriedade de reduzir o apetite. Uma equipa de cientistas norte-americanos conseguiu descobrir como a nicotina actua nos neurónios implicados nos sinais de apetite.

Os investigadores acreditam que esta descoberta pode ajudar fumadores a deixar de fumar e a evitar que ganhem peso depois, bem como a tratar da obesidade. Os resultados da investigação estão publicados na «Science».


A nicotina activa um pequeno grupo de neurónios do hipotálamo que regulam os sinais do organismo e indicam que já se comeu o suficiente.

Marina Picciotto, da Universidade de Yale (EUA), e cientistas de outras instituições determinaram que um subtipo de receptor da nicotina pode agir enquanto um indivíduo come. Quando a nicotina de conecta a esse receptor, activam-se neurónios específicos desencadeando processos que conduzem à supressão do apetite.

“O hipotálamo é uma área do cérebro que integra sinais precedentes dos intestinos e a da presença de gordura, avisando o cérebro se o corpo necessita de comida ou se já tem calorias suficientes”, explica Mariella De Biasi, do College of Medicine.

A identificação deste receptor “é importante para compreender os mecanismos relacionados com a adição, o peso e o hábito de fumar”, explica a investigadora. Por agora, os resultados referem-se a experiências com ratinhos, mas pode abrir portas à descoberta de medidas terapêuticas para ajudar as pessoas a deixar de fumar sem receio de ganharem peso.

Artigo: Nicotine Decreases Food Intake Through Activation of POMC Neurons

Obesidade nem sempre é doença Estudo revela que pessoas com excesso de peso podem viver tanto como as magras

As pessoas com excesso de peso que levam uma vida saudável podem viver tanto como as magras e estão até menos propensas a desenvolver problemas cardiovasculares, segundo um estudo da Universidade de York, Canadá, avança a LUSA.

Os investigadores estudaram seis mil americanos obesos durante 16 anos e compararam o seu risco de mortalidade com o de pessoas magras.

“Os nossos resultados questionam a ideia de que todos os obesos necessitam de perder peso”, afirmou Jennifer Kuk, professora na escola de York de Cinesiologia e Ciência da Saúde e coordenadora do estudo publicado na revista ‘Fisiologia, Nutrição e Metabolismo’.

Segundo a investigadora, tentar perder peso e fracassar pode ser pior para a saúde do que manter um peso elevado e levar um estilo de vida saudável que inclua alguma actividade física e uma dieta equilibrada com muita fruta e verdura.

O estudo revelou que as pessoas obesas com poucos ou nenhum problema físico ou psicológico e que entram na idade adulta já com esse peso a mais tentam menos vezes fazer uma dieta durante a sua vida e têm mais facilidade em ser fisicamente activas.





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A cafeína pode proteger contra cancro da pele

Um estudo levado a cabo em ratos sugere que a cafeína altera a actividade de um gene envolvido na destruição de células com DNA danificado e com a possibilidade de se tornar cancerígeno. A equipa de investigação, da Rutgers University (New Jersey, EUA), avança que a descoberta poderá levar a melhor prevenir o cancro da pele.

A doença pode ser causada por excesso de exposição aos raios ultravioletas. O trabalho foi publicado ontem na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Allan Conney , do departamento de Biologia Química e líder do estudo, ao saber que a cafeína tinha estes benefícios, queria saber que o mecanismo molecular específico seria responsável pelo efeito protector da cafeína.

O investigador suspeitava já que o gene ATR pudesse estar envolvido e, por isso, decidiu testar a sua teoria em ratos geneticamente modificados, que tivesse deficiência de genes ATR, expondo-os a raios ultravioletas até desenvolverem cancro de pele.

Após 19 semanas de exposição solar, descobriu que os roedores tinham desenvolvido 69 por cento menos tumores do que aqueles que tinham genes ATR a funcionar normalmente, aparecendo três semanas depois nos ratos geneticamente modificados em relação ao outro grupo de estudo.

Já após 34 semanas de exposição, todos eles tinham tumores, a maioria revelou ter um tipo chamado de carcinoma das células escamosas ou carcinoma espinocelular – o que sugere a possibilidade de a cafeína ter um efeito inibidor em cancro de pele induzido pela exposição solar. A equipa de investigação afirma mesmo que o composto químico tem ainda “propriedades com um efeito de protector solar”.


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Vacina cura cancro da próstata em ratos

Uma equipa de investigadores norte-americanos e britânicos – da Mayo Clinic, Cancer Research UK Clinical Centre no Hospital St. James e o Leeds Institute of Molecular Medicine – conseguiu bons resultados com um novo fármaco para o tratamento do cancro. O grupo de trabalho criou uma vacina baseada em DNA humano, que curou, em laboratório, tumores em estado avançado na próstata de ratos, sem causar efeitos colaterais aparentes.

O composto “encoraja o sistema imunológico a livrar-se do tumor” sem a necessidade de recorrer à quimioterapia, segundo avança o artigo publicado na «Nature Medicine». Os resultados da equipa norte-americana liderada por Richard Vile, da Mayo Clinic, foram tão significativos que os testes clínicos para desenvolver uma vacina comercial podem começar em dois anos. O tratamento mostrou ser bastante eficiente para tumores da próstata e melanomas, e tem ainda o potencial para tratar tumores mais agressivos no pulmão, cérebro e pâncreas.

O segredo do tratamento é fazer com que as células T, do sistema imunológico, atacassem apenas células cancerígenas da próstata, deixando o tecido saudável intacto. Para isso, os investigadores juntaram pedados do código genético da próstata humana saudável e a um DNA complementar de uma biblioteca (cDNA). O uso dessa informação genética complementar é a chave de todos os tratamentos que visam provocar uma reacção de defesa do próprio organismo.

Todas as infecções, alergias e tecidos, incluindo os cancerígenos, possuem uma “impressão digital” única; no entanto, o corpo nem sempre consegue detectar todos os sinais emitidos pelos tumores – e a vacina serve para “alertá-lo e informá-lo”. Os excertos de cDNA foram inseridos em vírus desactivados, que serviram como vectores para que o material fosse injectado nos ratos.

Dentro do corpo do animal, o vírus geneticamente modificado expressava o mesmo antígeno (partícula ou molécula capaz de iniciar uma resposta imune) ao cancro. Levando o sistema imunológico a pensar que está a ser atacado pelo vírus e a fazer com que este o tente eliminar produzindo uma resposta contra aquele

Nova ferramenta de diagnóstico da asma alérgica

Uma equipa de investigação das universidades de Aveiro (UA) e Madeira (UM) e do Serviço de Pediatria do Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, está a trabalhar numa nova abordagem metodológica para caracterizar a asma alérgica em função dos seus padrões metabolómicos. O grande objectivo deste método é conseguir desenvolver novas estratégias para um diagnóstico precoce, terapias de monitorização e compreensão das patogenias desta doença crónica, que afecta milhões de pessoas em todo o mundo.

A asma alérgica (um sub-tipo de asma) é um problema de saúde crescente que afecta todas as faixas etárias. Os agentes alérgicos responsáveis são comuns ao dia-a-dia de qualquer individuo, tais como, ácaros, mofo, pólen e alimentos ou conservantes destes. Através de um método inovador, os investigadores analisaram os compostos voláteis no ar utilizando a técnica GC/MS. A equipa defende que o ar exalado por um paciente é um bom ponto de partida para a investigação, uma vez que a asma alérgica afecta directamente as vias aéreas.

Para identificar os compostos voláteis da asma foram recolhidas amostras de ar de 35 crianças com asma alérgica, das quais 13 com rinite alérgica. Como controlo de comparação, também se examinaram amostras de outras saudáveis.

“Desenvolvemos técnicas de extracção de compostos voláteis e criámos condições para conseguir recolher, em quantidades que fossem analisáveis, os compostos não vestigiais; optimizámos vários parâmetros para a recolha do ar exalado, como o controlo da variabilidade intra-individual e criámos condições para que o ar ambiente não influenciasse a composição do ar exalado", segundo explicou Sílvia Maria da Rocha, investigadora responsável da UA.

Durante o estudo, utilizaram um método estatístico robusto (PLS-DA) para tratar os resultados, que permitiu verificar que são sempre os mesmos compostos, normalmente associados ao stresse oxidativo, que estão sempre aumentados nas crianças com asma quando comparados com grupos de controlo.



O pólen é um dos agentes alérgicos.
Primeiras conclusões

As primeiras conclusões mostram que não houve diferença estatística entre o ar exalado de amostragem dentro do mesmo dia, bem como entre as semanas de amostragem diferentes. De acordo com a investigadora da UA, pretendeu-se que os resultados fossem fiáveis, controlando as variações, para obter compostos que são marcadores da doença sem influência de factores externos. “A asma é uma doença crónica e, por isso, não estamos a actuar na cura, mas na compreensão de vários aspectos relacionados com a doença, para aumentar a qualidade de vida dos doentes”, referiu ainda a especialista.

Apesar da população em estudo ser pequena, os investigadores conseguiram já recolher informações fundamentais que representam a base científica para a definição de uma ferramenta rápida e não-invasiva de diagnóstico.

A inovação possibilitará aprofundar os conhecimentos na área de diagnóstico da doença, seguir os efeitos da sua terapia e as alterações provocadas no organismo, para, num futuro próximo, se poder intervir numa fase precoce do seu diagnóstico e prognóstico. As primeiras conclusões foram publicadas no Journal of Chromatography A.

E. coli transgénica poderá limpar água com mercúrio

Segundo um estudo da Universidade Interamericana de Porto Rico, bactérias transgénicas, que suportam altas doses de mercúrio, poderiam ser a solução para limpar áreas contaminadas com este metal.

O investigador Oscar Ruiz e os seus colegas consideram que as bactérias transgénicas criadas por eles em laboratório poderão ser uma alternativa às custosas técnicas de descontaminação adoptadas actualmente. Recorde-se que o mercúrio, que pode entrar na cadeia alimentar, é muito tóxico, sobretudo na forma de metilmercúrio, para humanos e animais.

Estes organismos unicelulares são capazes de proliferar numa solução com 24 vezes mais a dose mortal de mercúrio para bactérias não resistentes. Os organismos transgénicos conseguiram absorver em cinco dias 80 por cento do mercúrio contido no líquido, segundo estudo publicado na BMC Biotechnology.

A Escherichia coli tornou-se resistente a altas concentrações de mercúrio, graças à inserção de um gene que permite a produção de metalotioneína, proteína que desempenha um papel de desintoxicante no organismo de ratos. As bactérias transgénicas demonstraram, no estudo, serem capazes de extrair mercúrio de um líquido e este poderá ser utilizado em novas aplicações industriais

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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Excesso de álcool é mais prejudicial para as raparigas Danos neuronais podem provocar problemas de orientação 2011-07-18

Beber álcool em excesso, de uma só vez, pode danificar parte do cérebro que controla a memória e a percepção espacial dos adolescentes, revela um estudo publicado na revista “Alcoholism: Clinical and Experimental Research”.

Além disso, estes danos – que podem resultar em problemas ao conduzir, praticar desportos que exijam movimentos complexos, usar mapas ou no sentido de orientação - são maiores nas raparigas do que nos rapazes, visto que os seus cérebros desenvolvem-se mais cedo, comparativamente aos do sexo oposto.

O estudo foi realizado por investigadores de várias universidades americanas que fizeram testes neuro-psicológicos e de memória espacial a 95 adolescentes entre os 16 e os 19 anos.

Neste grupo, 40 dos voluntários - 27 rapazes e 13 raparigas – revelaram beber muito de uma só vez , sendo que, em média, os do sexo feminino consumiam mais de um litro e meio de cerveja ou quatro copos de vinho e os do sexo masculino bebiam mais de dois litros de cerveja ou uma garrafa de vinho.

Estes testes foram ainda repetidos com 31 rapazes e 24 raparigas que não bebiam em grandes quantidades, para que os resultados pudessem ser então comparados.

Os investigadores recorreram a aparelhos de ressonância magnética e constataram assim que as adolescentes que bebiam em excesso tinham menos actividade em várias áreas do cérebro do que as que não bebiam, durante o mesmo teste de percepção espacial.

Para Susan Tapert, professora de psiquiatria na Universidade da Califórnia e líder do estudo, estas diferenças na actividade cerebral podem afectar negativamente outras funções, como a concentração e o tipo de memória a que se recorre para fazer cálculos, o que também influencia o pensamento lógico e a capacidade de raciocínio.

Já os jovens rapazes não parecem ter sido afectados da mesma forma, de acordo com Tapert. "Os adolescentes que bebiam demais mostraram alguma anormalidade, mas menos, em comparação com os rapazes que não bebiam”, explicou a investigadora, acrescentando que “o sexo feminino é particularmente vulnerável aos efeitos negativos do excesso de álcool".
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Alergias podem proteger de alguns cancros Estudo sustenta teoria da “vigilância imunitária”

O sistema imunitário de pessoas com alergias de contacto pode estar mais preparado para se proteger de alguns tipos de cancro, como o da mama e da pele (excepto o melanoma), de acordo com um novo estudo divulgado no “BMJ Open”.

Este tipo de alergias pode ocorrer quando há uma reacção alérgica devido ao contacto directo com alguns metais, medicamentos tópicos, perfumes e outros cosméticos e manifestam-se por comichão, vermelhidão e borbulhas ou pequenas feridas e crostas na pele. Estas reacções não são imediatas. Surgem um ou dois dias após o contacto e não ocorrem pela primeira vez que se contacta com a substância, sendo habitualmente necessárias várias exposições até o indivíduo se tornar alérgico.
Neste estudo, os investigadores analisaram 17 mil adultos dinamarqueses, entre 1984 e 2008, e constataram que um terço dos participantes possui, pelo menos, um tipo de alergia de contacto. As mulheres mostraram ser mais propensas ao teste positivo, sendo que 41 por cento das participantes neste estudo apresentaram reacção alérgica. Nos homens, somente 26 por cento manifestaram a alergia.

Os investigadores procuraram também casos de cancro entre os participantes do estudo a longo prazo e os resultados mostraram que homens e mulheres com alergias de contacto tiveram taxas significativamente menores de cancro da mama e da pele.

Este trabalho também mostrou que as mulheres com alergias tiveram menores taxas de cancro no cérebro, comparativamente com outras sem alergias. No entanto, este último dado não foi estatisticamente significativo, referiram os especialistas.

Apesar destas conclusões, os investigadores também constataram que as pessoas com alergias tiveram maiores taxas de cancro da bexiga, o que "pode dever-se à acumulação de metabólitos químicos na bexiga", explicou o estudo.

Quanto às taxas mais baixas de cancro da mama, cérebro e da pele entre as pessoas com alergias de contacto, podem ser consequência de um sistema imune. Segundo os investigadores, os resultados sustentam a hipótese da “vigilância imunitária” - a teoria de que indivíduos com hiper-imunidade têm como efeito colateral as alergias, sendo este facto que, hipoteticamente, pode protegê-los de alguns tipos de cancro.

Apesar desta correlação, os autores deste estudo, advertiram que um facto não é causador do outro, isto é, ter alergias não é sinónimo de não se ter cancro.

Mães de gémeos parecem ser mais saudáveis Estudo indica que têm maior esperança de vida 2011-07-20

Conceber naturalmente e dar à luz gémeos pode ser um sinal de boa saúde, revela um estudo realizado nos EUA, que foi publicado na revista “Proceedings of the Royal Society B”. Este trabalho, que recorreu a arquivos históricos, constatou que entre as mulheres que nasceram no estado norte-americano de Utah, por volta de 1800, aquelas que deram à luz gémeos apresentaram uma esperança de vida maior do que as restantes mães que tiveram um bebé de cada vez.

Os investigadores da Universidade do Utah analisaram os registos de 59 mil mulheres, não poligâmicas, do Banco de Dados da População do Utah, que tinham nascido entre 1807 e 1899 e que viveram durante, pelo menos, 50 anos. Deste conjunto, 4600 deram à luz gémeos.

Entre as mulheres nascidas antes de 1870, as mães que tiveram gémeos apresentaram um risco 7,6 por cento menor de morrer após os 50 anos do que as mães que tiveram um bebé de cada vez. Nas que nasceram entre 1870 e 1899, o risco foi de 3,3 por cento mais baixo para as mães de gémeos, embora não tenha sido estatisticamente significativo.

O estudo também descobriu que as mães de gémeos tiveram mais filhos, apresentavam um intervalo menor entre partos e eram mais velhas quando tiveram o último filho.

“A opinião predominante é que o fardo da gravidez para as mulheres é mais pesado quando têm gémeos. Mas nós encontrámos o oposto: as mulheres que, naturalmente, têm gémeos, de facto, vivem mais e são mais férteis", referiu Ken Smith, professor de estudos da família.

Outro dado interessante do estudo e que, segundo o especialista é novo, é que as mães de gémeos parecem ser mais saudáveis. "Esta saúde inata que contribui para a capacidade de ter gémeos, também colabora para a sua longevidade", indicou.

Contudo, o estudo pode ter algumas limitações, dado que não foram observados dados relativos às mulheres que morreram no parto ou antes da menopausa, mas apenas aquelas que atingiram pelo menos 50 anos.

Encontrada nova explicação para infertilidade masculina Cientistas descobriram mutação de proteína presente no esperma 2011-07-21

A mutação de um gene que codifica a proteína que reveste os espermatozóides pode ser a causa para a maior parte dos casos da infertilidade masculina, revela um artigo publicado na “Science Translational Medicine” e que, inclusivamente, faz a capa da revista.

Este trabalho que foi realizado por uma equipa internacional de investigadores liderada por Gary Cherr, da Universidade da Califórnia, poderá ser fulcral para abrir novos caminhos que resolvam os problemas de infertilidade de alguns casais, destacaram os cientistas.

Para este estudo, foram recolhidas amostras de DNA nos Estados Unidos, Reino Unido, China, Japão e África. Os investigadores descobriram que um quarto dos homens tem um gene defeituoso que afecta a proteína DEFB126, que por sua vez, se encarrega de revestir a superfície do esperma e o ajuda a penetrar na mucosa do colo do útero da mulher.

Os homens que têm esta variante da proteína DEFB126, não apresentam o Beta Defensina 126, o que dificulta que o esperma passe através da mucosa e eventualmente se una a um óvulo, indicam os cientistas, acrescentando que esta variação genética "possivelmente é responsável por vários casos de infertilidade sem explicação até o momento".

Ao examinar 500 casais chineses recém-casados, os investigadores descobriram que a falta do Beta Defensina 126 em homens com a mutação DEFB126 diminuiu a fertilidade em 30 por cento.

Ted Tollner, primeiro autor do estudo e professor de Urologia da Universidade da Califórnia, indicou que esta descoberta poderá dar azo a outras investigações mais amplas sobre o papel desta mutação na infertilidade. O mesmo assinalou que, em comparação com o esperma dos macacos e outros mamíferos, os espermatozóides humanos são em geral de má qualidade.

Segundo Gary Cherr, esta questão pode estar relacionada com o facto de nos seres humanos, ao contrário da maioria dos mamíferos, a perpetuação da raça se sustentar numa relação monogâmica, pelo que "a qualidade do esperma simplesmente não tem grande importância".

Homens são mais propensos a cancro do fígado Explicação encontra-se num gene ligado ao androgénio 2011-07-22

Investigadores de Hong Kong descobriram que os homens são mais propensos a desenvolver cancro do fígado devido a um tipo de gene que está ligado às hormonas sexuais masculinas.

O estudo da Universidade de Hong Kong, iniciado em 2008, revela que mais de 70 por cento dos 50 pacientes que sofriam de cancro do fígado analisados produziram elevados níveis de um gene relacionado com o ciclo celular da quinase (CCRK, na sigla inglesa).

De acordo com os investigadores, o gene, um dos 17 mil do corpo humano, é directamente controlado e activado pela proteína receptora da hormona sexual masculina ou androgénio, o que explica o facto que, em 2007, o número de homens com a doença ter sido sete vezes superior ao das mulheres em todo o mundo.

Os cientistas concluíram ainda, com base em experiências em ratos de laboratório, que o CCRK figura também como um forte indutor no processo de crescimento anormal das células do fígado e na formação de tumores.

“Este estudo tem um impacto potencial clínico, pois representa a correlação entre o receptor (androgénio) e o desenvolvimento do cancro de fígado” e “também explica porque é que os homens têm um risco maior de sofrer de cancro de fígado do que as mulheres”, afirmaram o vice-reitor Joseph Sung e o chefe da investigação Mok Hing-yiu.

O cancro do fígado é terceiro tipo de cancro mais mortal do mundo, depois do cancro do pulmão e do cancro do cólon, não havendo actualmente qualquer tratamento eficaz.

Portugueses desvendam a formação das células T Estudo pode ajudar a desenvolver ferramentas de combate ao cancro 2011-07-22 Por Carla Sofia Flores

A protecção do organismo humano contra potenciais perigos, como infecções ou cancro, passa pelo desempenho das células T, um tipo de glóbulos brancos com importantes funções no sistema imunológico que são produzidas no timo, um órgão situado sobre o coração. O estudo destas células é assim fundamental para abrir perspectivas sobre a sua manipulação, tendo em vista novas imunoterapias contra determinadas doenças.

Uma equipa constituída por investigadores portugueses (Joana Neves, da Universidade Queen Mary em Londres, e Bruno Silva-Santos, do Instituto de Medicina Molecular em Lisboa) e britânicos deu mais um passo nesse sentido, ao elucidar um processo fundamental na produção de células T.

“O seu desenvolvimento é complexo e envolve várias etapas. As células recebem sinais através de um receptor/proteína situado à sua superfície que lhes permite progredir para a etapa seguinte, até estarem prontas para combater bactérias/parasitas. O nosso trabalho focou-se nas fases iniciais”, revelou ao “Ciência Hoje” Joana Neves, investigadora da Universidade Queen Mary em Londres e co-autora do estudo publicado na revista “Science Signaling”.
Neste sentido, a equipa de cientistas luso-britânica revelou que os sinais de sobrevivência e maturação requeridos pelos progenitores das células T derivam directamente da abundância de proteínas (receptores) específicas que existem à sua superfície. Trata-se de uma descoberta que revoluciona o paradigma prévio, segundo o qual era necessária a agregação destes receptores a outras proteínas presentes noutras células de suporte.

“Havia resultados que não podiam ser explicados segundo este modelo vigente”, referiu a investigadora, acrescentando que, por isso, “o modo como os receptores iniciam o envio de sinais para o interior da célula não estava totalmente esclarecido”.

Joana Neves
Joana Neves é licenciada em Bioquímica pela Universidade do Porto.

Fez parte do programa doutoral “PDBEB” da Universidade de Coimbra (2006) e realizou o seu projecto de doutoramento sobre o desenvolvimento de células T sob a orientação de Daniel Pennington, na Universidade Queen Mary em Londres, em colaboração com Bruno Silva-Santos (Instituto de Medicina Molecular, Universidade de Lisboa).

O seu pós-doutoramento na área da inflamação intestinal realiza-se no laboratório de Richard Blumberg na Harvard Medical School (Boston, EUA).
De acordo com Joana Neves, para testar novas hipóteses e clarificar quais os processos essenciais para a produção destas células imunitárias, foram desenvolvidas células T “em situações em que os receptores foram modificados de forma a não serem capazes de se agregar nem de se ligar a outras proteínas”.

As novas conclusões, permitiram esclarecer quais os requisitos necessários para os receptores começarem a enviar sinais para o interior da célula T progenitora e assim permitirem a sua sobrevivência e maturação. “Nós elucidámos que este processo de iniciação da transdução do sinal é mais simples do que anteriormente descrito dependendo apenas da expressão dos receptores à superfície da célula e não de outros processos como a agregação dos domínios extracelulares dos receptores ou da sua interacção com outras proteínas presentes noutras células”, frisou.

Os resultados obtidos neste estudo são, na opinião da bioquímica portuguesa, “essenciais” para se poder “manipular a maturação e as funções destas células imunitárias e assim conseguir, de uma forma eficaz e segura, usar as células T como ferramentas para, por exemplo, o combate de células cancerígenas”.

Este trabalho foi realizado pelo grupo do Daniel Pennington, na Universidade Queen Mary em Londres, e resultou da colaboração com Bruno Silva-Santos, do Instituto de Medicina Molecular. “As relações entre estes dois grupos são bastante próximas e cientificamente produtivas sendo este já o segundo artigo de elevado impacto publicado no espaço de dois anos resultante desta colaboração”, destacou Joana Neves.

O estudo anterior, que foi publicado na “Nature Immunology” em 2009, permitiu identificar e controlar células imunitárias para as fazer actuar contra infecções e não para promoverem doenças auto-imunes. Foi também noticiado no “Ciência Hoje” e pode ser lido aqui.
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Hepatite: Ex-combatentes da Guerra Colonial são grupo de risco Falta de cuidados na vacinação deu origem a muitas infecções 2011-07-26

Muitos ex-combatentes da Guerra Colonial começam agora a descobrir, quase 50 anos depois, que contraíram hepatite B ou C, doença que pode ser fatal, alertou a associação portuguesa que dá apoio aos doentes hepáticos.

“Temos hoje imensas pessoas que descobrem que estão infectadas, mas já o estão há mais de 40 anos, como o caso dos ex-combatentes”, afirmou a presidente da Associação SOS Hepatites, nas vésperas do Dia Mundial da doença, que se assinala quinta-feira, dia 28 de Julho.

Esta organização suspeita que os ex-combatentes foram expostos ao vírus em território português, porque antes de embarcarem para África levavam, em grupo, uma vacina, que era administrada sem os cuidados necessários.
“Eram colocados em fila e a agulha era reutilizada muitas vezes. Isso deu origem a muitas infecções. Tenho casos de homens com 66/67 anos que descobriram por mero acaso. Andavam cansados, foram ao médico e descobrem que têm uma hepatite desde o tempo da Guerra”, contou Emília Rodrigues.

Quando a doença é detectada tarde, as consequências são as piores: cancro e cirroses, que aumentam as probabilidades de um desfecho fatal. Em Portugal não há dados de prevalência das hepatites, mas com base em projecções da Organização Mundial de Saúde estimam-se 120 mil portadores de hepatite B e 170 mil de hepatite C.

O vírus da hepatite B transmite-se através do contacto com o sangue e relações sexuais desprotegidas, tal como o vírus da sida, mas o da hepatite é 50 a 100 vezes mais infeccioso. Já a hepatite C, transmitida por via sanguínea, pode tornar-se crónica em 80 por cento dos casos, podendo evoluir para a cirrose ou cancro do fígado.

Segundo o site da Associação SOS Hepatites, esta doença é uma infecção no fígado que pode ser provocada por bactérias, por diferentes vírus (A, B, C, D, E e G ) ou pelo consumo de produtos tóxicos como o álcool, medicamentos e algumas plantas.

A gravidade é variável em função do tipo da doença e dos danos já causados ao fígado e o tratamento pode passar por mero repouso ou pode exigir uma terapia mais prolongada e complexa, que nem sempre leva à cura completa.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=50214&op=all

Dupla de portugueses distinguida por estudos sobre fertilidade Galardão internacional “Grant For Fertility Innovation” vale um milhão de euros 2011-07-26

Os investigadores do Porto Henrique Almeida e João Luís Silva Carvalho tornaram-se hoje os primeiros portugueses a receberem o galardão “Grant For Fertility Innovation”, que distingue com um milhão de euros projectos inovadores sobre medicina da reprodução.

Henrique Almeida e João Luís Silva Carvalho são investigadores da Faculdade de Medicina do Porto e do Centro de Estudos e Tratamento da Infertilidade (CETI) e foram distinguidos por um projecto que desvenda novos mecanismos para aumentar taxas de reprodução em casais inférteis.

“Ter recebido este prémio é motivo de orgulho para nós e de prestígio para a Faculdade de Medicina do Porto, o CETI e o país. É uma distinção excepcional”, referiu João Luís Silva Carvalho, um dos galardoados.

A bolsa de um milhão de euros associada “vai-nos permitir ter os recursos necessários para continuar a desenvolver um projecto de investigação em que estamos muito empenhados e que, no futuro, pode trazer grandes benefícios para o tratamento de muitos casais inférteis”, acrescentou.

O trabalho dos dois investigadores ajuda a melhorar a qualidade dos ovócitos (células reprodutoras femininas) e, assim, conseguir distinguir aquelas que pode dar origem a embriões de boa qualidade, ou seja, que proporcionem gravidezes.

Actualmente, os ovócitos são seleccionados unicamente segundo critérios morfológicos (que não têm em conta a capacidade funcional destas células), facto que tem contribuído para as insatisfatórias taxas de êxito dos tratamentos de fertilidade.

A qualidade do ovócito é determinante para as taxas de sucesso dos tratamentos da infertilidade. Contudo, estas permanecem insatisfatórias, situando-se, a média europeia, nos 30 por cento de gravidez e 20 por cento de parto.

O Grant For Fertility Innovation (GFI) da Merck Serono foi lançado na 25.ª Reunião Anual da ESHRE, em Junho de 2009 com o objectivo de promover o avanço da ciência e investigação médica no campo da fertilidade.
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Terapia inovadora evita rejeição de órgãos transplantados Trabalho de Daniela Couto distinguido com prémio da ANJE

aniela Couto, investigadora que está a desenvolver terapias que solucionem os problemas de rejeição de órgãos transplantados, foi recentemente distinguida com o prémio Mulher Empresária na categoria Start, atribuído pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE).

A licenciada em Engenharia Biomédica, pela Universidade do Minho, é co-fundadora da empresa Cell2B, que recorre a terapias celulares que podem melhorar, ou até salvar, a vida de 175 mil pessoas transplantadas na Europa e nos EUA.

O prémio, que visa reconhecer a inovação das empresas constituídas há menos de um ano, valeu cinco mil euros à engenheira. A Cell2B pretende tratar doentes que apresentam sinais de rejeição após o transplante de medula óssea, mas o objectivo é expandir para diversas áreas.

“Queremos dar resposta a doenças órfãs que afectam um número reduzido da população e para as quais não existem ainda terapias definidas, bem como evitar a rejeição de órgãos como o coração, o fígado ou o rim, que tendem a atingir mais pessoas”, explicou a investigadora que está a terminar o doutoramento em Bioengenharia, no Instituto Superior Técnico (IST), no âmbito do Programa MIT-Portugal.

A tecnologia que está a ser desenvolvida é “a única no mercado” mundial. “Os métodos de tratamento actuais da rejeição após um transplante tentam intervir apenas perante os sintomas, contudo ainda não há uma terapêutica que revele eficácia na cura”, sublinhou Daniela Couto.

A grande dificuldade é respeitar um conjunto de procedimentos de regulação exigentes para, após a sua validação e autorização pelas entidades reguladoras, possibilitar a entrada no mercado europeu.

A terapia inovadora foi desenvolvida no âmbito de um projecto em colaboração entre o Instituto Português de Oncologia de Lisboa e o Laboratório de Bioengenharia em Células Estaminais do IST. Neste projecto participaram dois dos fundadores da Cell2B.

A terapia já foi administrada em sete doentes do IPO de Lisboa, registando resultados muito positivos. O objectivo a médio prazo é conquistar o mercado europeu.
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Técnica pioneira substitui biopsia ao fígado Dia Mundial das Hepatites assinala-se hoje 2011-07-28 Por Carla Sofia Flores

Uma técnica que está a revolucionar o diagnóstico de doenças do fígado, por não ser invasiva e evitar as biopsias, vai ser amanhã implementada no HospitalCuf do Porto. Trata-se de um processo inovador que proporciona uma investigação precisa do grau de fibrose no fígado e que faculta resultados em apenas cinco minutos.

De acordo com Alexandre Sarmento, coordenador da Gastrenterologia do HospitalCuf Porto, a elastografia hepática - assim se designa a técnica - “apresenta uma nova tecnologia que mede a elasticidade do fígado através da transmissão de ondas dentro do órgão, que permitem verificar a existência, ou não, de cicatrizes, dispensando a realização de biopsias e a consequente hospitalização do doente”.

Esta modalidade de diagnóstico “apresenta resultados muito fidedignos na avaliação de fibrose hepática”, sendo ainda capaz de diagnosticar “situações extremas, como a presença de cirrose ou ausência de fibrose”, disse ao “Ciência Hoje”, sublinhando que “este exame faz na prática o mesmo que uma biópsia”.

Além da função de diagnóstico, a técnica permite o acompanhamento das doenças crónicas hepáticas, especialmente a hepatite C, na medida em que “funciona como uma ecografia”. O teste captura as imagens do fígado por ultra-som e também transmite uma onda de baixa frequência. A vibração propaga-se e mede a elasticidade do tecido hepático.

Substituição de biopsias

A elastografia hepática, que, de acordo com Alexandre Sarmento, já foi implementada em alguns hospitais públicos portugueses, tem um grande potencial para substituir as biópsias ao fígado, em especial nos casos de hepatites.

“É uma técnica com muita aceitação”, declarou o especialista em Gastrenterologia, sublinhando que, porém, “o aparelho é muito caro”, pelo que a sua “divulgação se torna mais lenta” do que o desejado. Contudo, o médico acredita que “muito rapidamente” a sua utilização vai ser massificada, pois as vantagens da sua utilização são “irrefutáveis”.

Para elucidar os profissionais de saúde sobre esta técnica, no dia 30 de Julho, pelas 9h30, o HospitalCuf Porto vai também promover um workshop no auditório do hospital.

Dia Mundial das Hepatites

A hepatite é uma infecção no fígado que, dependendo do seu tipo, pode ser curada de forma simples, apenas com repouso. Por outro lado, pode exigir um tratamento mais prolongado e que nem sempre leva à cura completa, muito embora se consiga, em muitos dos casos, controlar e estagnar a evolução da doença.

Alexandre Sarmento acredita que, em relação à hepatite B, “o panorama nacional tem melhorado bastante graças à vacinação, que hoje é feita já aos recém-nascidos”. Segundo o médico, “prevê-se que haja uma diminuição acentuada nos próximos anos das pessoas com esta doença”.

O caso da hepatite C, que em Portugal estima-se que afecte 150 mil pessoas, é “mais grave, sobretudo por ainda não haver vacina”. O coordenador da Gastrenterologia do HospitalCuf Porto lembrou que esta pode ser “uma doença silenciosa durante muitos anos” – o que leva a que, muitas vezes, “o diagnóstico seja feito em fases avançadas” - e que representa “um problema de saúde pública importante, sobretudo nos países ocidentais”.

Embora possa haver “centenas ou milhares de doentes a quem ainda não tenha sido diagnosticada o hepatite C”, Alexandre Sarmento tem esperança em que “o número de novos casos possa diminuir, tendo em conta o maior cuidado que hoje há relativamente ao uso de seringas, por exemplo”.

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Surto de E.coli termina Autoridades não registam novos casos há três semanas 2011-07-29

O Robert Koch Institute (RKI), centro alemão de controlo de doenças, garante que o surto de E.coli terminou porque não há novos casos de infecção. No entanto, o agente patógeno não desapareceu, avança o Deutsche Welle Español.

Segundo o jornal, o RKI vai encerrar o centro de operações para o controlo da epidemia mas manterá vigilância para o caso do agente patógeno reaparecer. O Instituto informou que o último caso de Escherichia Coli Entero-Hemorrágica foi registado há três semanas, o que cobre o período de incubação da doença.
A bactéria responsável por 50 mortes na Alemanha deixou mais de 4300 pessoas doentes e originou enfermidades renais e insuficiência neurológica em 850 pacientes no país e 125 fora.

Durante a crise que começou em Maio deste ano, os hospitais na região norte da Alemanha trabalharam em alta velocidade. Só na Faculdade de Medicina Clínica, em Hanover, estiveram 50 adultos e 15 crianças internadas; e neste centro permanecem ainda dois infectados internados, um em cuidados intensivos.

No entanto, as consequências para a maioria das pessoas infectadas foram menos sérias do que se esperava. O tratamento, que incluía deixar os pacientes em coma artificial e ligá-los a uma máquina de diálise, ao que parece, valeu a pena. Mas os custos foram muito elevados.

Apesar de a agricultura também ter tido custos elevados com a epidemia, a normalidade está a voltar ao comércio de legumes. Moscovo suspendeu a proibição de importação aos últimos dois países da União Europeia (UE), Grécia e República Checa.

Os pepinos espanhóis foram os primeiros suspeitos de provocarem a infecção. Mas, actualmente, mantém-se a tese de que o surto teve origem nas sementes de feno-grego importadas do Egipto. Estas vão ter agora que esperar até 31 de Outubro para ver se são perigosas e, até essa data, não podem ser exportadas para países da UE.

O fim da epidemia não significa que o agente patógeno desapareceu. Médicos e instituições de saúde alertam que, no futuro, vão registar-se mais casos deste tipo de infecção pois mesmo que uma pessoa não apresente sintomas, pode ser transmissora da bactéria.


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Há semelhanças entre células estaminais e tumorais Estudo luso-americano pode ajudar a desenvolver aplicações clínicas 2011-08-01

Um estudo científico realizado por uma equipa luso-americana revela que existem algumas "semelhanças entre células estaminais e células tumorais", informou o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (UC).

Neste estudo, liderado em Portugal por João Ramalho-Santos e agora publicado na revista científica "Public Library of Science One" (PLoS One), investigadores portugueses e norte-americanos anunciam que esta investigação "pode ajudar a desenvolver aplicações clínicas".

Uma das co-autoras, Ana Sofia Rodrigues, realçou à agência Lusa que "há uma semelhança ao nível do comportamento" entre células estaminais e células tumorais, o que "ainda não tinha sido estudado".

"Apesar das semelhanças, o metabolismo das células estaminais embrionárias e células estaminais pluripotentes induzidas não é igual", frisaram os especialistas, segundo os quais estas células estaminais "regulam o seu metabolismo energético de forma muito semelhante ao das células cancerosas, o que pode apontá-las como modelos destas células".

Ana Sofia Rodrigues explicou que "não há muita investigação do comportamento normal destas células" e que este ou qualquer outro avanço nesta área tem "sempre uma grande vantagem".

"As células estaminais pluripotentes humanas têm a capacidade de dar origem a todos os tipos de células do organismo adulto e têm, por isso, um enorme potencial para o desenvolvimento de terapias celulares", segundo os cientistas. No entanto, a sua utilização "pode revelar-se um desafio, dado que a diferenciação incompleta destas células pode conduzir ao aparecimento de tumores". Desta forma, "a compreensão dos mecanismos de diferenciação das células estaminais pluripotentes humanas, em todos os seus aspectos, nomeadamente ao nível do metabolismo energético, é por isso fulcral", acrescentam os investigadores de Coimbra.

Para João Ramalho-Santos, Sandra Varum e Ana Sofia Rodrigues, "este trabalho reveste-se de grande importância dado sugerir estratégias para a diferenciação das células estaminais e a sua utilização clínica".

Além do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, a investigação envolveu as seguintes instuições científicas dos Estados Unidos: Pittsburgh Development Center, Department of Pharmacology and Chemical Biology, Cancer Institute, School of Medicine, Department of Obstetrics, Gynecology & Reproductive Sciences e Department of Cell Biology-Physiology – University of Pittsburgh.

Novos anti-depressivos são mais nocivos para idosos Estudo verificou que problemas de saúde aumentam 2011-08-03

Os novos medicamentos anti-depressivos, chamados inibidores selectivos de receptação de serotonina, podem aumentar o risco de graves problemas de saúde em idosos, comparativamente com os fármacos mais tradicionais – tricíclicos -, conclui um estudo publicado na revista “British Medical Journal”.

Uma equipa de cientistas da universidade britânica de Notthingham e East Anglia analisou dados de mais de 60 mil pessoas com mais de 65 anos, a quem tinha sido diagnosticado depressão, entre 1996 e 2007, e concluiu que os ataques de coração, as apoplexias, as quedas, as convulsões e, mesmo, as mortes eram mais frequentes em doentes que tomaram os inibidores de serotonina.
A investigação revela que os idosos que não foram tratados com qualquer anti-depressivo apresentavam um risco de sete por cento de morte devido a distintas causas. O risco aumentou 8,1 por cento para os pacientes tratados com anti-depressivos tricíclicos e 10,6 por cento para os doentes que tomaram inibidores selectivos de receptação de serotonina.

Os inibidores são usados geralmente em casos de depressão ligeira ou moderada de doentes em regime ambulatório, ao passo que os anti-depressivos tricíclicos se destinam a aliviar sintomas como a ansiedade.

Para o estudo foram ponderados outros factores, além da idade, como o sexo, a gravidade da depressão, outras doenças e a toma de outros medicamentos.

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Compostos das uvas protegem a pele dos raios UV Resultados do estudo podem ser aproveitados pela farmacologia clínica 2011-08-03

As uvas contêm substâncias que podem reduzir os danos celulares na pele exposta à luz solar, na medida em que ajudam as células a protegerem-se contra a radiação solar ultravioleta (UV), revelou um estudo espanhol publicado no “Journal of Agricultural and Food Chemistry”.

Os raios UV são considerados a principal causa ambiental das doenças de pele, pois conduzem a queimaduras ou eritema solar, ao envelhecimento prematuro da derme e epiderme e até ao cancro. Este tipo de raios actua na pele ao activar espécies reactivas de oxigénio (ERO)- compostos que oxidam macromoléculas como os lípidos e o ADN e desencadeiam certas reacções e a actividade de enzimas (JNK e p38MAPK) que induzem a morte celular.

Os dados deste trabalho, conduzido por investigadores da Universidade de Barcelona e do Conselho Superior de Investigações Científicas, indicam que algumas substâncias, os polifenóis extraídos da uva (flavonóides) podem reduzir a formação de ERO nas células epidérmicas humanas expostas à radiação ultravioleta de onda longa (UVA) e média (UVB).

De acordo com Marta Cascante, a bioquímica da Universidade de Barcelona e líder da investigação, “estas fracções polifenólicas inibem a produção de ERO e, deste modo, também a consequente activação das enzimas JNK e p38, exercendo um efeito protector contra a radiação ultravioleta do sol.”

Outro resultado obtido no estudo apontou que a capacidade foto-protectora dos flavonóides é maior quando apresentam um maior grau de polimerização e de formação de compostos com ácido gálico.

Os investigadores acreditam que os resultados obtidos neste trabalho são "encorajadores" e que devem ser tidos em conta na farmacologia clínica que trabalha com extractos polifenólicos de origem vegetal para o desenvolvimento de novos agentes de foto-protecção cutânea.

Actualmente, existem cosméticos feitos a partir de uvas, mas até agora era desconhecido como funcionavam nas células. "Este trabalho apoia o uso destes produtos para proteger a pele dos danos e morte celular provocada pela radiação solar, além de proporcionar conhecimento sobre o seu mecanismo de acção", conclui Cascante.


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Implante pioneiro de válvula aórtica através de mini-esternotomia Doentes inoperáveis já podem submeter-se à cirurgia 2011-08-04 Por Marlene Moura

Em Portugal, estima-se que uma em cada 15 pessoas com mais de 80 anos sofra de estenose aórtica grave, uma deformidade e calcificação (depósito de cálcio) da válvula aórtica que impede o seu normal funcionamento e o único tratamento é a substituição da válvula; no entanto, “por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas alguns doentes não podem candidatar-se a esta intervenção tradicional”, segundo avançou ao «Ciência Hoje» Vasco Gama Ribeiro, director do serviço de Cardiologia da instituição.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho conseguiu agora realizar, pela primeira vez na Península Ibérica, uma nova abordagem do implante através de cateter da válvula aórtica (TAVI) por via Transaórtica, que poderá ser aplicado a todos os doentes.
"O implante por via transaótica é realizado através de uma mini-esternotomia" – pequena incisão de cinco centímetros no esterno, utilizada com alguma frequência na cirurgia cardíaca minimamente invasiva. “Até aqui as intervenções têm vindo a ser feitas por via percutânea, via femoral ou subclávia, direita ou esquerda – os acessos habitualmente utilizados”, continuou.

Esta técnica é agora diferente e foi a primeira ou apenas a segunda vez a ser realizada no mundo. “É minimamente invasiva porque não exige a abertura do tórax do doente, mas apenas uma pequena incisão para deixar a aorta ascendente à mostra”, referiu ainda Vasco G. Ribeiro.

Os sintomas de quem sofre de estenose aórtica grave traduzem-se em dispneia (falta de ar), síncope (desmaios), sintomas de angina de peito ou morte súbita. Convencionalmente, a estenose aórtica é tratável, mas o objectivo principal é sempre a cirurgia de substituição da válvula. O director do serviço de cardiologia sublinhou ainda que “a válvula é introduzida pela perfuração, não sendo necessário recorrer a uma cirurgia de coração aberto e, por isso, já pode ser feita em doentes supostamente inoperáveis”.

A colocação da prótese aórtica com válvula biológica, uma terapia revolucionária no tratamento da estenose aórtica grave com benefícios clínicos sustentados e resultados evidentes na melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Há muitos doentes que por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas não são candidatos a esta intervenção tradicional, mas hoje em dia já é possível fazê-lo com este novo procedimento e introduzir uma válvula especial biológica de substituição. O hospital já tratou uma média de 70 doentes com este problema, mas este novo procedimento por via mini-esternotomia apenas foi aplicado a uma pessoa. No entanto, foi bem-sucedido.

Viagem pelo corpo humano Vídeo do ICG vence concurso ‘Ciencia en Acción’ 2011-08-04 Por Susana Lage

Eu e o meu corpo by Instituto Gulbenkian de Ciência is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License.
Based on a work at www.igc.gulbenkian.pt

O vídeo de animação «Eu e o meu Corpo», produzido pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) em Lisboa, arrecadou o primeiro lugar na categoria de Material Didáctico de Ciências do concurso internacional ‘Ciencia en Acción’, edição de 2011.
O projecto, financiado pela Casa das Ciências com o apoio técnico da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), foi realizado por Ana Godinho, Catarina Júlio e Ana Mena, membros da equipa de comunicação do IGC, em colaboração com Diana Marques (ilustradora), Cláudio Silva (FCCN) e Alexandre Gil (estudante do 7º ano).

Em entrevista ao Ciência Hoje, Ana Godinho descreve que o vídeo faz uma “'viagem' de descoberta por vários órgãos e, sobretudo, células do corpo humano. Faz a ligação entre as diferenças entre os órgãos e as diferenças entre as células que os constituem: temos órgãos diferentes porque as células que os constituem são diferentes também, em aspecto e em função. Inclui também uma secção que explica como é que os cientistas sabem tanto sobre as células, introduzindo alguns dos métodos utilizados: cultura de células, microscopia e estudo de animais para se compreender os humanos”.

O objectivo do projecto é, segundo a responsável, introduzir alunos dos 7 aos 12 anos (3º aos 6º anos escolares) ao conceito de célula, de diversidade celular e abordagens em investigação científica, nomeadamente, o estudo de animais como modelos para se compreender o funcionamento do corpo humano. “Nos 3º e 4º anos de escolaridade, os alunos aprendem sobre os diferentes órgãos e sistemas do corpo (sistema digestivo, circulatório, etc.). O nosso objectivo era ir mais além, passando para o mundo microscópico da célula, da relação forma-função celular e das semelhanças entre seres vivos”, explica.

Segundo Ana Godinho, no contexto da sociedade actual, o vídeo é importante por promover o ensino informal da ciência, ou seja, de complementar os currículos escolares introduzindo conceitos mas avançados, relacionados com a investigação científica que se faz agora. “Queremos mostrar a investigação científica como uma actividade em constante mutação, que é mais do que o ‘preto-e-branco’ que se encontra nos livros de texto”, sublinha.

Com o primeiro lugar na categoria de Material Didáctico de Ciências do concurso ‘Ciencia en Acción’, o vídeo arrecadou mil euros. “Este prémio é um sinal do valor e qualidade da ideia, do processo e do produto final, dado por um júri totalmente externo à equipa do projecto”, revela Ana Godinho. Mais acrescenta: “Estimula-nos a seguir de que forma o vídeo será utilizado nas escolas, já no próximo ano lectivo, e a produzir novas animações, algo em que já estamos a trabalhar”.

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Diabetes tipo 2 eliminada com cirurgia ICBAS e Hospital de São Sebastião promovem estudo 2011-08-02 Por Carla Sofia Flores

O bypass gástrico metabólico, uma modalidade de cirurgia bariátrica, conduz a uma elevada taxa de desaparecimento da diabetes tipo 2 e melhora o controlo metabólico nos casos em que a doença persiste, revelou um estudo desenvolvido por investigadores do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga (Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira).

Mariana Monteiro, endocrinologista que colidera esta investigação a par do cirurgião Mário Nora, explicou ao “Ciência Hoje” que esta alternativa permite “reduzir o volume do estômago e fazer com que os alimentos não passem por parte do intestino, diminuindo o percurso do trânsito intestinal em dois metros”, enquanto o “bypass clássico elimina apenas 70 centímetros deste ‘percurso’”.

Segundo a especialista, esta cirurgia provoca um “aumento das hormonas que fomentam a função pancreática” e “permite uma remissão maior da diabetes do que a descrita para o bypass clássico”. Contudo, não é conhecido o mecanismo por detrás desse incremento. “Sabemos que as hormonas aumentam mas ainda não conhecemos a razão que desencadeia essa resposta”, sublinhou.

Os resultados obtidos pelos investigadores do ICBAS e do CHEDV não deixam margens para dúvidas. Participaram 94 doentes obesos com diabetes tipo 2, que foram submetidos a bypass gástrico metabólico e que tiveram um acompanhamento médio de 2,6 anos.

A percentagem de excesso de peso perdido foi de 69 por cento e a taxa de desaparecimento da diabetes, definida pela normalização dos níveis de glicose e ausência de tratamento com fármacos antidiabéticos, foi de 92 por cento aos dois anos e cem por cento aos três, um valor superior aos 84 por cento que estão descritos para o bypass clássico.

Diabetes tipo 2

A diabetes tipo 2 está fortemente associada ao excesso de peso e 60 a 70 por cento dos doentes diabéticos são obesos. Dieta, exercício e medicamentos antidiabéticos continuam a ser os componentes-chave para o tratamento da doença. No entanto, apesar da terapêutica médica adequada, a glicemia tende a aumentar com os anos de duração da doença, reflectindo a progressiva deterioração da função pancreática.

Desta forma, a investigação realizada demonstrou que o bypass gástrico metabólico em doentes obesos está associado a uma alta taxa de desaparecimento da diabetes tipo 2 e da melhoria do controlo metabólico.

Investigadores querem testes novos doentes

Este modelo de cirurgia bariátrica é, de acordo com Mariana Monteiro, apenas “permitida” em doentes com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 35 quilogramas por metro quadrado. Além disso, é “reconhecidamente o tratamento mais eficaz da diabetes tipo 2 em doentes obesos, estando associada a taxas de desaparecimento da doença que variam consoante a técnica utilizada”.

Tendo em conta que também há evidências de que esta cirurgia possa ser benéfica em doentes diabéticos apenas com excesso de peso ou graus menores de obesidade - embora seja ainda necessária a confirmação com estudos controlados -, o mesmo grupo de investigadores está já a realizar um estudo para avaliar os benefícios desta técnica cirúrgica em doentes diabéticos com excesso de peso ou obesidade com um IMC inferior a 35 quilogramas por metro quadrado, anunciou a endocrinologista.