domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cientistas 'ressuscitam' planta com 30 mil anos

Uma equipa de cientistas russos conseguiu 'ressuscitar' uma planta com 30 mil anos. Os investigadores desenterraram o fruto e algumas sementes da planta do solo gelado da Sibéria e a partir dos seus tecidos conservados abaixo de zero graus, conseguiram fazer réplicas da planta.

A chave da ressureição está no permafrost, a camada de solo gelado que ocupa milhares de quilómetros quadrados das latitudes boreais e onde se armazena uma grande banco de sementes e organismos congelados desde há vários milhares de anos.

Os cientistas já tinham conseguido reanimar vários microorganismos, mas até ao momento não tinham ainda encontrado restos viáveis de plantas com flor. A experiência está relatada num artigo publicado na«PNAS».

Os restos da Silene stenophylla, uma planta herbácea do Pleistoceno, faziam parte da despensa de um roedor pré-histórico, uma espécie de esquilo que enterrou a sua comida num lugar perto do rio Kolyma, nordeste da Sibéria.

As sementes e os frutos estavam conservados a 38 metros de profundidade, em sedimentos que têm permanentemente temperaturas abaixo de zero. Depois de recolhidas e datadas atráves do método de carbono 14, as sementes foram replicadas pelos cientistas da Academia Russa das Ciências. O método utilizado foi o do cultivo de tecidos e micropropagação, o que lhes ofereceu clones do exemplar obtidos na parte germinativa dos frutos congelados.

Os rebentos foram transplantados para vasos de crescimento, e um ano mais tarde floresceram e deram frutos. Segundo os investigadores, as plantas regeneradas apresentam um fenótipo diferente ao dos exemplares da mesma espécie existentes actuamente. Este estudo, defendem os cientistas, demonstra que o permafrost é uma fonte rica em material genético de plantas silvestes e uma reserva de genes antigos.

Artigo: Regeneration of whole fertile plants from 30,000-y-old fruit tissue buried in Siberian permafrost
Cientistas descobrem como anti-psicóticos
podem provocam obesidade e diabetes

Investigação pode abrir portas ao aperfeiçoamento deste tipo de drogas

2012-02-01


Fred Levine, director do Sanford Children's Health Research Center

Os medicamentos anti-psicóticos, prescritos a quem sofre de desordem bipolar, esquizofrenia, ou outro tipo de problemas mentais, são conhecidos por terem como efeitos secundários obesidade e diabetes.

Num artigo agora publicado no jornal «Molecular Psychiatry», investigadores do Sanford-Burnham Medical Research Institute revelam como estas drogas interferem com o metabolismo, activando uma proteína chamada SMAD3, uma importante parte da via do factor de transformação do crescimento beta (transforming growth factor beta - TGF-β).


A via do factor de TGF-β é um mecanismo celular que regula muitos processos biológicos, incluindo o crescimento celular, as inflamações ou a produção de insulina. No estudo, todos os anti-psicóticos que provocam efeitos secundários no metabolismo activaram a SMAD3, enquanto aqueles que não provocam esses efeitos não activaram a proteína.

A investigação revela também que essa activação é completamente independente dos seus efeitos neurológicos, levantado a possibilidade de esta medicação poder ser concebida para manter os seus efeitos terapêuticos benéficos sem os efeitos metabólicos negativos.

O investigador Fred Levine, director do Sanford Children's Health Research Center e um dos autores do estudo, acredita que “muitos dos anti-psicóticos provocam obesidade e diabetes porque desencadeiam a via do TGF-β”. Em estudos anteriores sobre a diabetes, o cientista procurou uma colecção de drogas conhecidas por alterarem a capacidade do corpo gerar insulina, a hormona do pâncreas que ajuda a regular a glicose. Foi aí que perceberam que muitos anti-psicóticos alteram a actividade do gene da insulina.

A via do factor do TGF-β tem também um papel importante em doenças metabólicas em pessoas que não tomam este tipo de medicação. “Sabe-se que as pessoas que têm altos níveis de TGF-β são mais propensas a ter diabetes. Assim sendo, quando a via do TGF-β é desregulada – devido a anti-psicóticos ou qualquer outro mecanismo – é, claramente, algo negativo”, diz o investigador.
Levine considera que estas conclusões deviam preocupar as companhias farmacêuticas. “Esperemos que estas as novas informações façam com que se venha a melhorar este tipo de medicamentos”, conclui.



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‘Website’ quer explicar a ‘dor’ aos portugueses

Um grupo de profissionais de saúde especializados na investigação e no tratamento da dor criaram o projecto «Conhecer a Dor: Porque a Dor também se explica». Este tem como base o website «www.conhecerador.pt». Aqui, explica ao «Ciência Hoje» Ana Pedro, anestesista e especialista em Dor, o público poderá encontrar “informação muito variada”.

Os cibernautas que naveguem nesta página “podem aprofundar conhecimentos sobre o que é a dor, quais os principais tipos de dor e suas características, diagnóstico e opções terapêuticas, assim como alguns materiais e conselhos práticos”.


O website vem “preencher uma lacuna existente na Internet relativamente a páginas sobre saúde” e, especificamente, sobre este tema.

“Identificámos que, apesar da Internet ser uma das principais ferramentas utilizadas na pesquisa de informação pela população, não existem páginas em português que reúnam informação credível, correcta, com rigor científico e sistematizada sobre a dor”, considera a profissional de saúde.




30 por cento dos portugueses sofre de dor crónica

Dados do estudo sobre «Dor Crónica», da Faculdade de Medicina da UP, revelam que 30 por cento da população portuguesa sofre de dor crónica. Destes, 35 por cento considera que “não está a ser bem tratado”. Isto deve-se ao facto “de muitos portugueses acreditarem que é normal viver com dor. Este é um pressuposto errado que a classe médica tem vindo a tentar combater”, diz Ana Pedro. A dor tem “grande impacto pessoal, familiar, e socioeconómico”, considera Gabriela Alves, acrescentando que, de acordo com o mesmo estudo, 4 por cento dos indivíduos perderam o emprego e 13 tiveram mesmo a reforma antecipada por causa da dor. Neste sentido, “a dor não é apenas uma questão individual, aliás, ultrapassa a esfera do indivíduo para ser uma questão relevante para a sociedade”.
Gabriela Alves, directora médica da bene Farmacêutica , também envolvida no projecto, explica que esta farmacêutica propôs-se a desenvolver o website, tendo para tal convidado “um grupo de consultores médicos e uma equipa de ilustração científica, credível e cientificamente irrepreensível, para participar neste projecto”.

O resultado é uma “compilação de informação científica pertinente e relevante tanto para profissionais de saúde como para a população”.

A área para os profissionais de saúde é de acesso restrito e contará com uma informação mais vasta e pormenorizada. Só a título de exemplo, diz Gabriela Alves, o site tem “uma área muito desenvolvida sobre a anatomia e os mecanismos fisiopatológicos da dor, as principais síndromes dolorosas e uma área com materiais de apoio à prática clínica, de fácil pesquisa e que até na actividade diária de consulta do médico podem ser utilizados”.

Nesta primeira fase do projecto, “não está previsto o apoio médico ou psicológico no próprio website”, adianta Ana Pedro. O site “pretende ser uma ferramenta complementar, que ajude os portugueses a conhecerem a dor que sentem e como poderão atenuá-la e tratá-la, mas não quer ocupar o lugar dos profissionais de saúde”. Pretende sim “difundir junto dos portugueses que a dor tem cura e que deve ser tratada. O tratamento da dor é um direito dos doentes e um dever da classe médica”, considera




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Um estudo publicado pela revista British Medical Journal revela que os bebés que comem com os dedos tendem a alimentar-se melhor e a crescer com o peso correcto comparativamente aos que são alimentados através da colher.

A investigação, realizada em 155 crianças entre os 20 meses e os seis anos e meio, foi baseada num questionário feito aos seus pais.

Noventa e dois bebés foram alimentados pelo método a que chamaram ‘bebé serve-se sozinho’, que consiste em deixar as crianças comer pequenos pedaços de alimentos de textura sólida, e os outros 63 foram alimentados pelo método tradicional: alimentos reduzidos a puré e dados com uma colher.

Os investigadores da Escola de Psicologia da Universidade de Nottingham, Reino Unido, mostraram que os hidratos de carbono, como pão e massas, eram os alimentos preferidos pelos bebés que se alimentavam com os dedos, ao passo que os outros preferiam alimentos doces, sendo que aos bebés alimentados por colher eram também oferecidos hidratos de carbono, frutas, legumes e proteínas.

De acordo com os investigadores, os hidratos de carbono apresentados sob forma sólida podem atrair mais as crianças pela sua textura, que se perde quando os alimentos são reduzidos a puré, ou então podem simplesmente ser mais fáceis de mastigar do que outros alimentos sólidos, como a carne.

"O nosso estudo sugere que o método ‘bebé serve-se sozinho’ tem um impacto positivo na preferência das crianças por alimentos que estão na base de uma alimentação saudável, como os hidratos de carbono. Isso tem implicações no combate contra o aumento da obesidade nas sociedades contemporâneas", afirmam os autores do estudo.





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Novo medicamento português vai ser testado em 2013

Um novo medicamento para tratamento do cancro desenvolvido por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e pela farmacêutica Bluepharma deverá ser testado em humanos no próximo ano, e em 2015 ou 2016 poderá chegar ao mercado.

Esta expectativa foi manifestada por Sérgio Simões, responsável pela inovação naquela empresa de Coimbra, que vê no novo fármaco "vantagens competitivas muito grandes" em relação aos da "mesma família" actualmente existentes no mercado. É "significativamente mais potente e significativamente mais seguro". No tratamento exige menores doses e os seus efeitos adversos são menores, explicou.

Além destas vantagens, acresce uma outra, que tem que ver com o facto de o doente poder ser exposto à luz do dia, o que não acontece com medicamentos de primeira e segunda geração, que tornam o doente muito sensível à luz após os tratamentos, realça Sérgio Simões.

O composto está a ser desenvolvido pela empresa Luzitin, Lda., criada por investigadores da UC e pela Bluepharma, e resulta de uma década de investigação no Departamento de Química daquela instituição. Neste momento a empresa já se encontra a realizar estudos não clínicos, com animais, de acordo com os rigorosos protocolos (de segurança) exigidos pelas autoridades de saúde, para poder passar aos ensaios clínicos em doentes oncológicos, no início de 2013.

Terapia fotodinâmica

Trata-se de um medicamento que é ministrado por terapia fotodinâmica, uma técnica que permite atacar de forma mais direccionada as células cancerígenas, com a concentração do fármaco na zona afectada e posterior irradiação por luz. Esta investigação, que Sérgio Simões espera se transforme no primeiro medicamento português de combate ao cancro, neste momento, apresenta-se mais indicada para o tratamento de tumores no pescoço, cabeça e os mais avançados dos pulmões.

No entanto, estão a ser exploradas outras aplicações terapêuticas sublinha Sérgio Simões, que é igualmente presidente da direcção da Luzitn e professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. A patente desta investigação foi considerada em 2011 a melhor patente da década, em termos absolutos e na área da saúde, arrebatando um total de 40 mil euros em prémios INVENTA.

Este galardão é uma iniciativa do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que visa distinguir e promover as melhores invenções de origem portuguesa em áreas estratégicas para o desenvolvimento da economia e da competitividade nacional.





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A prevalência de indivíduos com malária mas sem sintomas é uma das grandes preocupações dos especialistas que trabalham para eliminar esta doença. A malária assintomática ou com sintomas reduzidos atinge 35 por cento das populações afectadas com a doença. Os indivíduos assintomáticos podem espalhar a doença em áreas em que esta está controlada ou em declínio.

Num novo estudo, cientistas do Instituto para a Investigação da Malária Johns Hopkins (EUA) descobriram que a estratégia de identificar activamente malária não diagnosticada e aplicar tratamento promove uma diminuição dos casos. O estudo está publicado na «PLoS ONE».


“São necessárias novas estratégias, principalmente em áreas onde a transmissão está em declínio. Uma das estratégias é detectar e tratar os infectados, mesmo os que não se sentem doentes o suficiente para irem a um médico”, diz Catherine G. Sutcliffe, do Departamento de Epidemiologia e autora principal do estudo.

“Utilizar uma terapia combinada com artemisinina como tratamento para reduzir a transmissão a mosquitos do parasita que provoca a doença pode melhorar esta estratégia”, considera. A investigadora acredita que aplicar esta estratégia em regiões onde a transmissão está em declínio, “o perigo da malária pode ser reduzido e mesmo totalmente erradicado”.

O estudo realizou-se no sul da Zâmbia com os investigadores do Instituto que se encontram em Macha. Foram analisados dados dos levantamentos conduzidos entre 2007 e 2009. Nestes inquéritos, várias famílias foram seleccionadas para um teste rápido de diagnóstico da malária e quando a doença foi detectada foram tratadas com artemisinina.

De acordo com o estudo, esta estratégia pró-activa resultou numa redução de seis vezes da prevalência da doença. Além de se reduzir a transmissão, fornece, indirectamente, protecção aos membros da comunidade. Se os recursos o permitirem, esta estratégia pode ser aplicada em locais-chave para se conseguir a diminuição de transmissões.
Em todo o mundo, a malária afecta mais de 225 milhões de pessoas, matando entre 800 mil e um milhão por ano. A maior parte das vítimas são crianças africanas.

Artigo: Reduced Risk of Malaria Parasitemia Following Household Screening and Treatment: A Cross-Sectional and Longitudinal Cohort Study



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IBMC descobre mecanismo que trava divisão celular

Uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) descobriu uma forma de impedir a proliferação celular e “apesar de não se tratar de uma medida terapêutica, o estudo poderá levar a futuras terapias” para situações de descontrolo da divisão celular, como é o caso do cancro, segundo avançou Hélder Maiato, responsável pelo grupo de trabalho, ao «Ciência Hoje». O estudo foi publicado na edição ‘online’ desta semana da revista «Nature Cell Biology» e já valeu o prémio Pfizer de Investigação Básica à equipa.

O investigador explica que a divisão se realiza normalmente através de um processo de bipolaridade celular, ou seja, o material genético sob a forma de cromossomas separa-se de um modo equivalente para dois polos definidos ao longo do eixo de divisão, constituindo o fuso mitótico, mas “por várias razões, o caracter bipolar pode ser quebrado e este pode adquirir um carácter multipolar, originando uma distribuição desigual do material genético e associada a vários tipos de cancro”.
Em divisões multipolares as células conseguem “iludir” os mecanismos de controlo de qualidade agrupando os vários polos num fuso bipolar, permitindo a sobrevivência e transmissão do genoma cancerígeno. Agora, “o novo mecanismo tenta evitar o carácter irreversível e causar a morte celular”, continua. A investigação vem provar que determinadas proteínas, as CLASPs, podem ser utilizadas como alvos para inviabilizar células em divisão.

Entre células anormais

Geralmente, uma célula anormal – derivada de cancro – assume um fuso multipolar (com mais de dois pólos) e muitas vezes conseguem reorganizar-se de forma a tornarem-se novamente bipolar. Em cada um dos polos será reorganizada uma célula filha e ambas deverão possuir a mesma informação genética da célula que lhes deu origem. Segundo Elsa Logarinho, uma das autoras do trabalho, refere em comunicado, “é muito importante que este fuso esteja correctamente formado e mantenha o seu carácter bipolar” uma vez que é ele quem garante a igual “divisão dos cromossomas entre as células filhas”, acrescentou ainda.

Segundo a investigação, as CLASPs estão envolvidas na estruturação do fuso mitótico bipolar durante a divisão. Neste estudo os autores mostram que quando a função das CLASPs é afectada, impede-se a capacidade de células cancerígenas agruparem os múltiplos polos num fuso bipolar, tornando o processo irreversível. Neste caso, as células cancerígenas filhas não conseguem sobreviver. Por isso, “Se, em teoria, conseguirmos remover as CLASPs apenas nas linhagens de células cancerígenas, por exemplo, poderemos impedir que tumores continuem a proliferar”, continuou Hélder Maiato.

A equipa do IBMC demonstrou que “motores” localizados nos próprios cromossomas, ao actuarem sobre o fuso mitótico, podem levar à fragmentação irreversível dos seus polos. Segundo o investigador, “em termos conceptuais, em biologia, este estudo confere aos cromossomas, geralmente entidades passivas, um papel activo na determinação da arquitectura do fuso mitótico – o que causa esta multiplicação irreversível”.

Agora, “o desafio está em direccionar a abordagem experimental e a função das CLASPs para um tecido ‘in vivo’, já que este estudo foi realizado em cultura de células em laboratório”, concluiu Hélder Maiato.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=52945&op=all

Jejum mostrou ser eficaz em tratamento de cancro com ratinhos

Segundo um estudo da Southern Califórnia University, liderada por Valter Longo, docente de Gerontologia e Ciências Biológicas, os jejuns curtos e severos tem um impacto similar ao da quimioterapia em certos tipos de cancro. O estudo, recentemente publicado na revista «Science Translational Medicine», múltiplos ciclos de abstenção, incluído a privação de água, mostraram ser eficazes durante o tratamento feito com ratos.

A equipa de investigação constatou que em cinco de oito tipos de cancros em ratos o jejum actuou de forma positiva, já que a privação de alimentos tornou o crescimento dos tumores mais lento. Os autores do estudo assinalaram mesmo que a combinação de ciclos de jejum com a quimioterapia pode ser ainda mais eficaz.

Os investigadores referiram que os múltiplos ciclos de jejum combinados com quimioterapia curaram 20 por cento dos ratos afectados por um tipo de cancro infantil altamente agressivo, que tinha se propagado por todo o corpo, e 40 por cento dos ratos com uma propagação menor do mesmo tumor.

Nenhum dos roedores dos grupos sobreviveu só com a quimioterapia. O professor advertiu que apenas provas clínicas, que ainda levariam anos a serem concluídas, conseguirão provar se o tratamento é eficaz em humanos.





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Novo método de diagnóstico através da saliva

Uma equipa de investigadores do Laboratório de Exercício e Saúde da Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa, validou um novo método que utiliza a saliva como fluído biológico em alternativa ao sangue para avaliar a água extracelular.

A água é distribuída por dois compartimentos do organismo humano: dentro das células (intracelular) e fora das células (extracelular). Uma expansão ou défice anormal de água pode contribuir para o diagnóstico e controlo de algumas doenças (insuficiência renal ou cardíaca e cirrose hepática), mas também pode ser determinante na melhoria do rendimento desportivo.

“A avaliação da água extracelular, usando a saliva em vez do plasma, é menos invasiva para a pessoa que está a ser avaliada e torna-se menos complexa, mais rápida e menos dispendiosa em termos laboratoriais”, explica Luís Bettencourt Sardinha ao Ciência Hoje.

Segundo o director do laboratório de Exercício e Saúde, “assim torna-se possível uma generalização do diagnóstico e do acompanhamento de populações com patologias que afectem os compartimentos hídricos e também de atletas que pretendem manter ou melhorar o seu rendimento desportivo preservando a saúde”.

O estudo publicado no jornal Biomedical Chromatography “foi efectuado no início de uma época desportiva numa amostra de atletas nacionais de alto rendimento de diferentes modalidades, incluindo judo, andebol, basquetebol, voleibol e natação”, refere Luís Bettencourt Sardinha. Ambos os fluidos biológicos, sangue e saliva, foram recolhidos e analisados e os resultados indicaram que “os dois fluidos não só resultam em valores semelhantes na determinação da água extracelular, como também estavam fortemente relacionados, o que nos permite concluir que a saliva pode ser usada como um fluido biológico válido e prático na avaliação deste compartimento hídrico”.

Desde que a utilização da saliva como método alternativo foi validada, os atletas participantes noutros estudos passaram apenas a recolher amostras de saliva para a determinação da água extracelular.

“Esta metodologia poderá ser utilizada em qualquer laboratório cujo objectivo seja a avaliação da água extracelular com cromatografia iónica”, garante Luís Bettencourt Sardinha.





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Seis em cada dez portugueses vivem com níveis de ruído acima do recomendado

Segundo a Direcção Geral do Ambiente, mais de 60 por cento da população portuguesa vive com níveis de ruído acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (mais de 55 decibéis), sendo que 19 por cento está mesmo exposta a barulho incomodativo (mais de 65 decides). A situação é mais crítica é nos grandes pólos urbanos, já que o tráfego rodoviário expõe diariamente cinco milhões de portugueses a tons excessivos e nocivos para a saúde.

A principal causa de perda auditiva nos jovens e adultos é o ruído. Esta situação é definitiva e, como tal, irreversível. O cenário não é animador, uma vez que, contrariamente a outros países da União Europeia, Portugal tem registado, nos últimos anos, um aumento dos níveis de ruído, especialmente nas grandes cidades, fazendo com que, no seu dia-a-dia, cinco milhões de portugueses se encontrem expostos a elevados níveis de ruído, quer devido à sua profissão, quer devido ao tráfego rodoviário. Para além de perda auditiva irreversível, a exposição prolongada ao ruído pode originar outros problemas de saúde, como psicológicos ou doenças cardiovasculares.

“A perda auditiva induzida por um trauma acústico é uma realidade que não deve ser ignorada. É a principal causa de perda auditiva irreversível. Todos nós estamos expostos diariamente a ruído excessivo, com consequências directas”, segundo refere em comunicado Pedro Paiva, audiologista.

A perda da audição pode ser causada por um problema mecânico no canal auditivo ou no ouvido médio que obstrói a condução do som (perda condutiva de audição) ou por uma lesão no ouvido interno, no nervo auditivo ou nas vias do nervo auditivo no cérebro (perda neuro-sensorial da audição). Os dois tipos de perda da audição podem ser diferenciados comparando como uma pessoa ouve os sons conduzidos pelo ar e como os ouve conduzidos pelo ossos.

A perda neuro-sensorial denomina-se sensorial quando afecta o ouvido interno, e neural quando afecta o nervo auditivo ou as vias do nervo auditivo localizadas no cérebro. A perda auditiva sensorial pode ser hereditária, ser provocada por ruídos muito intensos (trauma acústico), por uma infecção viral do ouvido interno, por certos fármacos ou pela doença de Ménière.

Evitar exposição a ruído intenso, não se automedicar, não introduzir objectos no ouvido, evitando também a tentativa de limpar o conduto auditivo são atitudes que podem evitar uma deficiência auditiva, tanto na infância e adolescência como na fase adulta.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53048&op=all

Bioquímico português abre caminho para travar surdez

Bioquímico português abre caminho para travar surdez

Nuno Raimundo é primeiro autor de artigo publicado na «Cell»

2012-02-18


Nuno Raimundo
Uma equipa de cientistas da Universidade de Yale integrada pelo jovem bioquímico português Nuno Raimundo e liderada por Gerald Shadel desvendou o processo da perda de audição através da manipulação genética de cobaias, abrindo caminho a um tratamento para a surdez.
A descoberta do mecanismo molecular que leva à surdez é narrada na última edição da "Cell", uma das três principais revistas científicas internacionais a par da "Nature" e "Science", e vem demonstrar que "ao contrário do que se pensava até agora, a perda de audição não é irreversível", afirmou à Lusa o cientista de 35 anos.

As células responsáveis pela audição "estão lá, só não estão a funcionar bem, não estão mortas" e podem ser reativadas "manipulando duas proteínas fundamentais farmacologicamente", dentro do DNA.

"Se [a perda de audição] não é tratada, à medida que passam anos - este é um problema muito comum, sobretudo nos seniores - pode tornar-se irreversível. [A descoberta] abre algumas janelas de possibilidade terapêutica. Pode vir a reduzir a incidência ou travar", explicou o cientista, pós-doutorando em Yale.

O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição e identifica várias outras moléculas que podem servir de alvos terapêuticos.

Raimundo - primeiro autor do artigo publicado na «Cell» - afirma que vai continuar nesta linha de investigação no próximo ano, nomeadamente "para perceber exactamente quando algumas células [responsáveis pela audição] morrem, como morrem".

Imperfeições do DNA mitocondrial causam surdez Já existem medicamentos no mercado que actuam sobre algumas das proteínas em causa, mas têm sido utilizadas para tratar outras doenças, pelo que Raimundo estima que um tratamento específico para este problema levará "nunca menos de dez anos".

"Do momento em que se identifica uma proteína ligada a uma doença até se conseguir acertar com o medicamento certo, as quantidades, tudo exige tempo. Uma coisa é tratar ratinhos, outra pessoas", adiantou o cientista.

Mas a perda de audição "afecta milhões e milhões de cidadãos" e Raimundo acredita que não faltarão farmacêuticas interessadas em desenvolver um medicamento.

Licenciado em bioquímica em Lisboa, onde chegou a dar aulas, Raimundo - que já tinha sido notícia por ter identificado um mecanismo molecular de formação de tumores benignos do músculo liso do útero - rumou à Finlândia para trabalhar em investigação genética e daí veio para a prestigiada Universidade de Yale em 2008, especificamente para o projecto de estudo da surdez.

O seu objectivo mais vasto é estudar a relação entre a célula e um órgão essencial destas, as mitocôndrias, as "baterias onde se gera a energia química que mantém as células a funcionar" e cuja "avaria" está ligada a problemas de coração, fígado ou músculos.

Para alargar a sua pesquisa a outras "doenças mitocondriais", Raimundo está a planear abrir o seu próprio laboratório, em princípio na Alemanha, onde as condições de financiamento e de investigação são mais "generosas e flexíveis".

"Quero perceber como às vezes uma mutação no DNA mitocondrial leva ao desenvolvimento de problemas de coração e às vezes degeneração do cérebro. Quero perceber porque alguns tecidos, órgãos do corpo são mais susceptíveis a mutações".



O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição (imagem Yale)
Ter o seu próprio laboratório será também uma oportunidade para reforçar a colaboração com colegas e instituições que trabalham na mesma área em Portugal.

Sublinha o trabalho bem cotado globalmente de instituições como as universidades do Minho, Aveiro, da Fundação Gunbenkian ou do Instituto Champalimaud.

"A pouco e pouco vai havendo massa crítica em Portugal e há certamente um nível de criatividade extraordinário que, a ser aproveitado, iria colocar o país no topo do mapa da Ciência. Mas tudo isto envolve financiamento, o que nesta altura é difícil", afirma.

Raimundo destaca a "capacidade de superação e adaptação" dos cientistas portugueses, "sobretudo as gerações mais novas", um "tipo de energia" que gostava de ter no seu futuro laboratório.

"Eu não sou ninguém neste momento, mas, na medida do que for a minha capacidade, teria maior gosto e prazer em ajudar aqueles [cientistas] que em circunstâncias difíceis conseguem fazer trabalho tão meritório", adianta.



http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53123&op=all

Mito desmontado, mito remontado!

Em Setembro de 2011 foi publicado um artigo científico numa revista de grande impacto onde se sustentava que as sirtuinas (família de enzimas cuja actuação está ligada ao aumento do tempo de vida e ao envelhecimento saudável) não tinham quaisquer efeitos na longevidade. Em particular, os autores defendiam que o trabalho desenvolvido ao longo de cerca de 15 anos por vários grupos por todo o mundo não passava de uma infeliz interpretação de resultados científicos pouco rigorosos.
Nos últimos dias organizei, com outros colegas, o primeiro congresso sobre sirtuinas. Teve a chancela dos “Keystone Symposia”, uma das mais prestigiadas instituições que organizam congressos científicos. Decorreu em Lake Tahoe, nos EUA, e reuniu os maiores especialistas desta area a nível mundial.

Infelizmente, os autores do estudo acima mencionado optaram por não estar presentes, pelo que os seus resultados não puderam ser discutidos dentro da comunidade científica.

De qualquer forma, este congresso foi um sucesso marcado pelo grande entusiasmo dos investigadores sobre o papel destas proteínas nas nossas células e nas suas possíveis funções biológicas, ainda mal conhecidas. A sirtuina 1, por ser a mais estudada, foi aquela de que mais se falou.



Resveratrol está presente no vinho tinto
Mais uma vez, vários grupos apresentaram resultados promissores sobre o seu papel no aumento da longevidade. O resveratrol, composto fenólico presente no vinho tinto, foi também um dos temas discutidos pela controvérsia sobre os seus efeitos na activação da sirtuina 1. Ainda que o mecanismo da sua actuação não esteja totalmente estabelecido, a verdade é que vários dos grupos mais importantes apresentaram resultados impressionantes sobre a sua actividade, agora também em primatas! Numa conversa informal, tomei conhecimento de que um dos pioneiros nesta área começou, ele próprio, a tomar resveratrol diariamente, há um ano e meio. O tempo dirá se viverá mais tempo.

A sirtuina 2, que em 2007 demonstrámos ter um papel protector na doença de Parkinson, teve também alguma atenção e apresentámos os nossos resultados mais recentes a confirmar estes efeitos.

No entanto, a maior novidade veio da sirtuina 6. Um grupo de Israel apresentou resultados muito interessantes que serão publicados brevemente na revista Nature, demonstrando que também esta sirtuina pode ser manipulada e aumentar a longevidade de animais de laboratório como os ratinhos.

Como escrevi no comentário à notícia no CH do dia 21/9/2011, penso que a mensagem a reter é de que precisamos de mais investigação e que, na ciência como noutras áreas, não há verdades absolutas. O mito do gene da longevidade não está desmontado e os investigadores não desistiram de o demonstrar.

Mais desporto é igual a melhor sexo, diz estudo

Um novo estudo, recentemente publicado no «Journal of Sexual Medicine» poderá incentivar quem não gosta muito de exercício físico, a praticá-lo. Segundo uma equipa de investigação da Universidade de Faith (Turquia), para além de melhorar o estado físico e psíquico, prevenir doenças cardiovasculares, diabetes e a obesidade, o desporto ajuda a melhorar o sexo.

Nos homens melhora o desempenho sexual e nas mulheres, ajuda o fluxo sanguíneo no clítoris, potenciando igualmente a sua função. Omer Faruk Karatas, autor principal, disse ao diário espanhol «El Mundo» que este “é o primeiro estudo que compara atletas de lite e mulheres sãs relativamente à sua função sexual e fluxo sanguíneo do clítoris”. O objectivo foi avaliar os efeitos da prática de exercício regular em ambos os grupos”.

Na investigação participaram 25 jogadoras de andebol e voleibol, entre os 20 e 45 anos, sexualmente activas, que praticam desporto com frequência (quatro horas por dia) e outras tantas da mesma faixa etária, saudáveis, mas cuja prática não excedia um hora por semana.

Nenhuma das voluntárias usava qualquer tipo de hormonas, nem tinha qualquer tipo de doença vascular, endócrina ou teve filhos nos últimos seis meses. Após serem submetidas a um questionário que avaliou diferentes aspectos, como a lubrificação, o orgasmo, a satisfação, etc., o estudo conseguiu provar que, de facto, todas as atletas tinham uma actividade sexual mais satisfatória do que as restantes.

A prática regular de exercício físico contribui para melhorar a actividade sexual, já que aumenta as endorfinas, que funcionam como neuromodelador e aumentam o fluxo sanguíneo. O resultado é o mesmo em homens e em mulheres.