segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

“A economia do sono não pode existir”, alerta neurologista

A população portuguesa dorme cada vez menos e pior, o que quadriplica o risco de acidente vascular cerebral (AVC), alerta a Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), que no congresso que promove no próximo dia 22 a 25, em Lisboa, irá debater vários aspectos do sono e dos sonhos. Segundo um estudo promovido pela National Sleep Foundation dos EUA, há cada vez menos pessoas a dormir oito horas ou mais, uma tendência que se regista também em Portugal. Aqueles que dormem menos de seis horas por noite têm quatro vezes mais probabilidade de sofrer um AVC ou um enfarte do miocárdio do que aqueles que dormem seis a oito horas. “Os portugueses dormem cada vez menos e com menor qualidade, o que se reflecte na sua saúde, nomeadamente no aumento de risco de AVC, uma doença que continua a ser causa de 25 mil internamentos por ano e uma das principais causas de morte no nosso País”, afirma Victor Oliveira, presidente da SPN. O AVC "é uma das patologias que mais nos preocupa, especialmente numa altura em que os cortes no financiamento dos exames limitam a possibilidade de rastrear adequadamente as pessoas em risco de acidentes vasculares cerebrais, como é o caso do acesso ao eco-Doppler da circulação cerebral”, sublinha. Para o especialista, “o AVC que não é a única patologia que está relacionada com a falta de horas de sono. As dores de cabeça, falta de concentração, perturbações do humor e baixa de rendimento no trabalho, sonolência diurna, são sintomas que alertam para problemas relacionados com o sono. Dificuldades em adormecer ou despertares a meio da noite podem ser sinais de um estado depressivo. O ressonar é um indício de má qualidade de sono devendo ser identificada e tratada adequadamente com vista à melhoria da qualidade de vida. Felizmente, há cada vez maior conhecimento por parte dos médicos em tratar das patologias associadas ao sono. Não nos esqueçamos que passamos um terço da nossa vida a dormir. Daí o termos escolhido para tema central do nosso congresso”. Por outro lado, Victor Oliveira revela que as patologias do sono não são devidamente valorizadas por parte da população, assim como a importância de dormir o tempo suficiente e dormir bem. “Apesar de estarmos em crise económica e sermos todos os dias incentivados a poupar, a economia do sono não pode, nem deve, existir”, alerta.

Insónia envolvida em depressões e enxaquecas

Além do envolvimento da falta de sono no risco aumentado de AVC, como o «Ciência Hoje» noticiou anteontem, outro dos temas em debate no Congresso de Neurologia 2012, que se realiza a partir de amanhã e até domingo, em Lisboa, é a relação entre a insónia e patologias como a depressão ou as enxaquecas. Entre 50 a 60 por cento dos portugueses que sofrem de insónias experimentam estas patologias. Segundo a neurologista Lívia de Sousa, a falta de sono deriva do estilo de vida actual, pois “nas sociedades ocidentais há uma cultura do estar on, principalmente pela conciliação da profissão com os afazeres familiares”. Nas consultas de enxaquecas uma “queixa frequente dos doentes é a de não terem tempo para dormir, o que acaba por contribuir para que esta patologia se torne crónica”. Com a enxaqueca podem coexistir outras patologias como a depressão. Esta “também pode acompanhar-se de insónia ou, mais raramente, hipersónia (sonolência excessiva)”. Estas doenças afectam sobretudo as mulheres, pelo menos é o que se verifica na “prática clínica”. No entanto, “quando são os homens os doentes, a situação é, em geral, mais difícil de resolver”. Vários factores hormonais podem estar envolvidos nestes problemas. A enxaqueca “é mais frequente após a puberdade nas mulheres, sendo que as crises são mais intensas na altura do período menstrual. Em geral, melhora na gravidez e, pelo menos um terço, na menopausa”. Relativamente à relação entre o sono e os quadros depressivos, Carlos Góis, psiquiatra, afirma que “hoje em dia considera-se que existe uma associação bidirecional entre as perturbações afectivas e a insónia mantida, ou seja, a ansiedade e a depressão aumentam o risco de incidência de insónia, sendo o reverso também verdadeiro”. O facto de dormirmos cada vez menos e pior reflecte-se em sintomas como “sonolência diurna ou hiperactividade, irritabilidade e ansiedade consoante a susceptibilidade pessoal. Pode ocorrer alteração da memória e de concentração. Um maior absentismo ou propensão para acidentes pode derivar destas alterações”. O aumento do diagnóstico de depressões em Portugal não é só explicado pelo facto de dormirmos mal. “A perturbação dos ritmos circadianos (ciclo biológico do sono) e a sua dessincronização sistemática está provavelmente relacionada com o aumento do risco de aparecimento de depressão, mas é um factor a acrescentar a tantos outros candidatos, como a alimentação não saudável, a desigualdade e o isolamento sociais”, explica Carlos Góis. Organizado pela Sociedade Portuguesa de Neurologia, o Congresso de Neurologia, este ano subordinado ao tema «O Sono e os Sonhos», tem lugar no Hotel Sana. O programa pode ser consultado aqui.
OMS preocupada com comércio 'online' de medicamentos Organização Mundial de Saúde quer sensibilizar consumidores 2012-11-26 Muitos dos comprimidos falsificados podem ter consequências fatais [créditos: David Richfield] Metade dos medicamentos que se podem comprar via Internet em websites não oficiais são falsificados. Quem o diz é a Organização Mundial de Saúde (OMS) que a semana passada reuniu na Argentina representantes de 76 países para delinear medidas contra a este tipo de fraude. Analgésicos, tratamentos contra o cancro ou a sida são alguns dos artigos que se vendem de forma enganadora. Muitos deles podem mesmo ter consequências fatais. A globalização do mercado e os avanços tecnológicos converteram a circulação de fármacos num negócio próspero. Os representantes presentes no encontro da passada semana decidiram criar um comité global que supervisione o cumprimento do plano de acção delineado. Para eles, é vital educar os consumidores, mas também a indústria e os profissionais de saúde. A OMS, que admite ter dificuldade em arranjar dados estatísticos sobre este assunto, considera que os infractores empregam vários meios para imitar os produtos originais e impedir a sua detecção. Até há alguns anos atrás, este tipo de irregularidades afectava sobretudo regiões mais 'debilitadas' como a África, Ásia ou América Latina. No entanto, a Internet fez com que os chamados países desenvolvidos não escapassem a este problema. Localizar pontos de fabricação e canais de distribuição tornou-se uma tarefa difícil.

IBMC consegue fim de células cancerígenas imortais

Uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC, Universidade do Porto) manipulou geneticamente a área de ligação de duas proteínas (PLK1 à CLASP2) em linhas celulares – o que perturba a divisão das células. Os cientistas utilizaram uma linha tumoral imortalizada (células Hela) que servem de modelo para muitos estudos desde 1951, altura em que foi isolada. O estudo publicado no «Journal of Cell Biology» apresenta um conjunto de imagens ímpares do fim de células cancerígenas imortais. “Ao impedir a ligação destas proteínas, impedimos que ocorresse uma reacção química simples de fosforilação da CLASP2 e o resultado é a morte das células afectadas”, explica Hélder Maiato, coordenador da equipa. “É interessante perceber que controlar uma simples reacção de fosforilação pode levar a um evento tão dramático para uma célula”, adianta ainda o investigador. Apesar do modelo explicativo ser simples, impedir uma reacção química num local tão específico da célula envolve grande complexidade técnica. A equipa teve de provar que ao impossibilitar a fosforilação da CLASP pela Plk1 o fuso mitótico bipolar, essencial à divisão das células, não podia ser mantido. Segundo Rita Maia, primeira autora do artigo, “durante a divisão as células formam um fuso para garantir a distribuição igual do material genético entre as duas células filhas”, tratando-se de um processo “muito coordenado de forma a evitar a produção de erros genéticos, no qual a CLASP2 tem um papel fundamental”. Quando se impede a ligação da Plk1 à CLASP2, a coordenação do processo é afectada, compromete-se a estrutura bipolar do fuso e as células simplesmente morrem. “Em vez de duas, nenhuma”, revela. Estrutura monopolar de célula que impossibilita a divisão e acabará por morrer (Imagem: IBMC) E é precisamente o momento de arranjo anómalo do fuso mitótico que se oferece às câmaras dos investigadores em imagens comparáveis a eventos da astronomia e do cosmos, como se vê na figura acima. “Talvez as imagens sejam espectaculares para muitos mas, para nós, o mais importante são as perspectivas que este estudo abre”, assinala Hélder Maiato. Para a equipa envolvida, o grande avanço conseguido neste estudo é “a excitante possibilidade de administrar substratos da Plk1 geneticamente modificados, que conduzam à morte de células tumorais e possam ser usados como como alternativa terapêutica para certos cancros”, como se lê no artigo. O trabalho representa um novo mecanismo de regulação molecular e abre todo um campo para novas abordagens terapêuticas anti-tumorais. Este estudo já permitiu a elaboração de um pedido de patente relativamente à administração de CLASP2 modificada com vista a fins terapêuticos.

Vírus comum em cães pode ser a base para vacinas eficazes

Investigadores da Universidade da Georgia (UGA, EUA) descobriram que um vírus comum em cães e inofensivo para o ser humano, pode servir como base para o desenvolvimento de novas vacinas. O vírus parainfluenza 5 (PIV5) provoca infecções respiratórias nos cães e é utilizado para produzir vacinas para estes animais. Num artigo recentemente publicado na «PLOS One», uma equipa de cientistas descreve como este pode ser utilizado para proteger as pessoas contra doenças para as quais não foi possível ainda produzir uma vacina eficaz. “Podemos usar o vírus como vector para todos os tipos de patogénicos contra os quais a vacinação é difícil”, diz Biao He, investigador principal do estudo e professor de doenças infecciosas na Faculdade de Medicina Veterinária, da UGA. “Já desenvolvemos, com esta técnica, uma vacina muito forte contra a gripe H5N1, e estamos a trabalhar em vacinas contra o HIV, a tuberculose e a malária”. O PIV5 não provoca doenças nos humanos, pois o sistema imunitário é capaz de reconhecê-lo e destruí-lo. Ao colocar-se antigénios de outros vírus ou parasitas dentro do PIV5, este torna-se num veículo de entrega que expõe o sistema imunitário, permitindo que este crie os anticorpos que irão proteger o corpo contra futuras infecções. Esta abordagem não só assegura uma exposição total à vacina como é também muito mais segura pois não requer a utilização de patogénicos enfraquecidos. “A segurança é sempre a nossa primeira preocupação”, afirma He. “O PIV5 torna muito mais fácil a vacinação sem ter de se utilizar patogénicos vivos”. Utilizar um vírus como mecanismo de entrega de vacinas não é uma técnica nova. Em experiências anteriores a esta, os investigadores enfrentaram muitas dificuldades. Se os seres humanos ou os animais já possuem uma forte imunidade ao vírus utilizado para a entrega, a vacina não funcionará, pois rapidamente será destruída pelo sistema imunitário. Mas neste estudo demonstra-se que a imunidade ao PIV5 não limita a sua eficácia como mecanismo de entrega, apesar de termos anticorpos para ele. Nas suas experiências, uma dose única de PIV5 protegeu ratos da estirpe sazonal da gripe. Outra dose individual protegeu os mesmos animais de laboratório do mortífero H5N1, o vírus que provoca a chamada 'gripe das aves'. Estes resultados são o culminar de mais de 15 anos de investigação e experimentação com o PIV5. Os cientistas estão confiantes que este pode servir como excelente base para vacinas contra várias doenças, tanto em animais como um humanos. Artigo: Evaluating a Parainfluenza Virus 5-Based Vaccine in a Host with Pre-Existing Immunity against Parainfluenza Virus 5

Nova 'spin off' da UBI faz ponte

Foi apresentado no passado dia 4 a mais recente spin off da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI), o Labfit. Tendo como objectivo a transferência de conhecimento resultante da investigação realizada no Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS-UBI), o laboratório é resultado da experiência profissional de duas farmacêuticas, Ana Palmeira de Oliveira e Rita Palmeira de Oliveira. O CICS-UBI desenvolve formulações para patologias que não possuem actualmente uma resposta terapêutica eficaz. Foi a identificação destas necessidades de mercado que levou estas investigadoras, irmãs, a lançarem-se neste projecto. O Labfit disponibilizará serviços de controlo de qualidade de produtos cosméticos e de higiene corporal bem como dispositivos médicos. A natureza de spin off da empresa permite garantir elevados níveis de qualidade a preços competitivos ao nível dos serviços prestados. Ana Palmeira de Oliveira refere que “os produtos de aplicação tópica para o tratamento de infecções genitais estão em fase de ensaios pré-clínicos e preparam-se os ensaios clínicos, contando com a colaboração do centro de ensaios clínicos do CHCB para a validação da sua segurança e eficácia terapêutica”. As investigadoras propõem-se, posteriormente, licenciar os produtos a laboratórios com presença efectiva no mercado farmacêutico nacional e internacional. Pela ligação que ambas têm à docência e investigação, os alunos poderão entrar em contacto com estas tecnologias numa fase muito inicial no âmbito dos primeiros testes realizados no centro de investigação da FCS-UBI.

Mais de dois terços da população adulta tem peso a mais

Segundo os dados de um recente estudo, publicado revista científica «PLOS ONE», mais de dois terços da população adulta possui valores de índice de massa corporal acima do que é desejável, sendo que grande parte da prevalência se refere à pré-obesidade. A investigação sobre a prevalência da pré-obesidade e obesidade da população adulta em Portugal Continental envolveu a avaliação de 9 447 pessoas com idades compreendidas entre os 18 e 103 anos. Os resultados deste estudo, coordenado por Luís Bettencourt Sardinha, da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa, revelam que 66,6 por cento dos homens adultos têm pré-obesidade e obesidade (índice de massa corporal superior a 25 e 30 kg/m2, respectivamente), enquanto para as mulheres o valor é ligeiramente inferior, com uma prevalência de 57,9 por cento. Neste conjunto, 19,9 por cento dos homens e 19,8 por cento das mulheres eram obesas. Nas pessoas idosas com idade superior a 65 anos, a prevalência conjunta é superior, 70,4 por cento neles e 74,7 por cento nelas, em que 16,8 por cento de indivíduos do sexo masculino e 21,8 por cento do sexo feminino são obesas. Quanto à prevalência da obesidade abdominal avaliada através do perímetro da cintura – medida morfológica que assume um papel importante enquanto marcador do tecido adiposo visceral –, as mulheres têm uma prevalência superior comparativamente com os homens, 37,9 por cento e 19,3 por cento, respectivamente. É reconhecido que um perímetro da cintura elevado está associado a um risco acrescido de doenças cardiovasculares e a uma taxa mortalidade por qualquer causa, quer em adultos como ainda em pessoas idosas. Nas pessoas idosas a tendência mantém-se, com 69,7por cento nelas e 32,1 por cento dos homens com valores acima do que é considerado normal para a morfologia abdominal. Embora os valores médios do perímetro da cintura sejam superiores nos homens quando comparados com os das mulheres, o facto da Organização Mundial de Saúde identificar o risco de obesidade abdominal acima de 88 centímetros e 102 centímetros para as mulheres e homens, respectivamente, pode explicar a maior prevalência de obesidade abdominal nas mulheres. Merece também especial referência a observação da obesidade abdominal tender a ser mais prevalente com o aumento da idade. Escolaridade é factor O estudo indica ainda que pessoas com nível educacional mais reduzido tendem a ter um risco superior para o excesso ponderal. No caso da população portuguesa adulta, comparativamente com pessoas que frequentaram o ensino superior, mulheres e homens com apenas quatro anos de escolaridade têm uma probabilidade superior de serem pré-obesos e obesos. Segundo os investigadores, os resultados corroboram mais uma vez a necessidade de estratégias selectivas de prevenção que tenham em consideração as desigualdades educacionais, às quais tendem a estar associadas também desigualdades económicas. Ambas têm impacto desfavorável nas opções e na acessibilidade aos comportamentos salutogénicos.

Instituto Gulbenkian de Ciência encontra

Instituto Gulbenkian de Ciência encontra novas causas para origem do cancro União inapropriada de pontas de DNA pode criar instabilidade cromossómica que origina a doença 2012-12-14 Por Sara Pelicano Sílvia Batista, Miguel Godinho Ferreira e Clara Correia Reis são investigadores do IGC Uma equipa de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) concluiu que o complexo proteico chamado MRN une o DNA nas pontas dos cromossomas, uma união que pode ser prejudicial e potenciar a incidência de cancro. O investigador Miguel Godinho Ferreira disse ao Ciência Hoje que “na Comunidade Europeia 90 por cento dos cancros aparecem em pessoas acima dos 50 anos”. O aumento da incidência da doença oncológica na velhice pode ser explicada pelo mau funcionamento “dos telómeros, que são as estruturas protectoras que se encontram nas pontas dos cromossomas e que se desgastam com a idade, provocando instabilidade cromossómica que origina o cancro”, adianta o entrevistado. Este conhecimento já era adquirido. No entanto, Clara Correia Reis, Sílvia Batista e Miguel Godinho Ferreira, todos investigadores do IGC, quiseram saber “qual o papel de um complexo proteico, chamado MRN neste processo de instabilidade cromossómica”, explicou Miguel Godinho Ferreira. Com a idade os telómeros, estruturas protectoras que se encontram nas pontas dos cromossomas, desgastam-se (créditos: Hugo Almeida) O especialista pormenorizou que “a ausência de telómeros é reconhecida pela célula como danos no DNA e a maneira de reparar o ‘dano’ é juntar as pontas num processo chamado ‘non-homologous end joining’. O que, nas pontas dos cromossomas, é uma má ideia. Se tivermos dois cromossomas juntos durante a divisão celular, estes podem quebrar originando mais pontas que juntam outra vez produzindo um ciclo de diversidade cromossómica a que damos o nome de instabilidade genómica. Acreditamos que este processo possa estar na origem do cancro”. A equipa descobriu que “a função do MRN é como se fosse uma pinça, um tipo de uma molécula com dois braços que une duas pontas de cromossomas, cada braço se une à sua ponta e, como essa molécula possui uma estrutura flexível estilo V o MRN une as duas extremidades dos cromossomas”, disse o investigador. Se for impedido este processo de junção das pontas do DNA, promovido pelo MRN, possivelmente “vamos impedir a junção dos cromossomas” e consequentemente “evitar a instabilidade cromossómica” que está na origem do cancro. O trabalho de investigação foi publicado a 14 de Dezembro no Jornal EMBO (Organização Europeia de Biologia Molecular).

Nanopartícula portuguesa patenteada

Os Estados Unidos da América concederam uma patente a uma nanopartícula de nova geração para o tratamento do cancro da mama, a PEGASEMP™, desenvolvida por uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. “Fizemos o pedido da patente em 2008”, diz João Nuno Moreira, um dos três cientistas envolvidos no desenvolvimento desta nanopartícula. A equipa completa-se com Vera Moura e Sérgio Simões. “Uma qualquer nova tecnologia para que possa ser colocada no mercado, portanto fique disponível para os doentes, tem de cumprir dois pressupostos. Por um lado deve-se provar a sua eficácia e por outro deve estar protegido nos grandes mercados da área farmacêutica e foi isso que conseguimos agora com esta patente”, adianta João Nuno Moreira. A patente “chama a atenção” da indústria farmacêutica e daí “pode decorrer algum investimento” que, em última análise, leva à colocação da nanopartícula no mercado. “Deste modo, a empresa que venha a comercializar a tecnologia tem exclusividade da exploração comercial desta tecnologia, neste caso no mercado americano que é o maior na área farmacêutica”, explica o investigador. A nanopartícula PEGASEMP™ tem sido testada apenas em animais, mas os resultados são promissores. “A nova nanopartícula distingue-se pela capacidade de, não só matar as células cancerígenas, mas também os vasos sanguíneos que alimentam o tumor, impedindo assim que o cancro se alastre no organismo e evitando reincidências”, explicam os cientistas. Ao entrar no cancro, a nanopartícula liberta o seu conteúdo e mata as células cancerígenas. João Nuno Moreira adianta ao Ciência Hoje que “dentro de sensivelmente três anos querem dar início aos ensaios clínicos. Sendo comprovada a eficácia, serão necessários mais quatro anos para que esta nova tecnologia entre no mercado”. Para dar continuidade ao trabalho, João Nuno Moreira, Vera Moura e Sérgio Simões fundaram a empresa Treat-U, incubada no Biocant, em Cantanhede. “A criação da empresa é uma forma de organização diferente. É uma maneira de podermos candidatar a outro tipo de financiamento como o QREN [Quadro de Referência Estratégica Nacional]”, explica João Nuno Moreira. E esta forma de organização já deu os seus frutos. No âmbito do QREN, estes três cientistas conseguiram meio milhão de euros para continuar o trabalho.
A equipa de cientistas do Instituto de Investigação da Sida IrsiCaixa, de Barcelona (juntamente com investigadores das universidades de Heildelberg e Lausanne), conseguiu decifrar o mecanismo que o vírus da imunodeficiência humana (HIV) utiliza para penetrar no sistema imunitário. Neste estudo pioneiro, publicado agora na «PLoS Biology», também foi possível bloquear a entrada e evitar a propagação do vírus. Javier Martínez-Picado, que coordenou o trabalho juntamente com Nuria Izquierdo-Useros, explica que a importância da descoberta deste mecanismo nunca antes descrito é o facto de potenciar o desenvolvimento de um novo fármaco, durante os próximos dez anos, capaz de bloquear a transmissão do HIV dentro do corpo humano. Os 20 fármacos utilizados actualmente contra o vírus da imunodeficiência humana não são capazes de o eliminar completamente do organismo, já que este tem a capacidade de se alojar no interior das células dendrítricas – guardiãs do sistema imunitário – e servir-se destas para propagar e infectar os tecidos linfáticos. A equipa da IrsiCaixa já tinha identificado este ano a molécula que se situa em cima das células dendríticas, uma mistura de um lípido e um açúcar; a investigação presente conseguiu a 'quadratura do círculo' ao descrever a molécula da célula dendrítica que se associa ao glucolípido e serve de via de entrada para o seu interior. “Tínhamos a chave e agora temos a fechadura”, diz Martínez-Picado, que deu o enigma por resolvido, pois os cientistas também conseguiram bloquear a entrada através de moléculas derivadas dos açúcares e outro anticorpos, o que permite pensar num fármaco que seja capaz de evitar a infecção. “É como pôr silicone na fechadura para que a chave não entre”, explica o investigador. A equipa iniciou já o rastreio de milhões de compostos químicos, através de simulação informática, com a intenção de se desenvolver o desenho de um novo medicamento. Este não está a ser pensado para ser uma vacina, ainda que possa permitir abrir novas linhas de investigação, porque a sua utilização em fases iniciais da infecção poderia evitar o contágio. O mecanismo descoberto poderá servir igualmente para parar a propagação de outros vírus que actuam de forma semelhante ao HIV, como é o caso do htlv-1, que provoca a leucemia. Artigo: Siglec-1 Is a Novel Dendritic Cell Receptor That Mediates HIV-1 Trans-Infection Through Recognition of Viral Membrane Gangliosides

Vacina experimental contra HIV

A equipa de investigadores do Serviço de Doenças Infecciosas e Sida do Hospital Clínico de Barcelona apresentou ontem resultados encorajadores do estudo realizado com uma vacina terapêutica contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana). Os testes foram realizados em 36 pacientes que estavam a seguir a terapia anti-retroviral. Em 95 por cento dos casos, houve uma redução significativa (mais de três vezes) de carga viral. Estes efeitos positivos começam a diminuir após 12 semanas, para desaparecerem completamente ao fim de um ano de aplicação. Os resultados estão publicados na «Science Translational Medicine». “A vacina não cura os pacientes. O vírus torna-se resistente aos anti-retrovirais passado algum tempo e o que nós queremos é uma cura funcional”, explica Felipe García, co-autor do estudo. O objectivo dos investigadores é aperfeiçoar uma vacina que seja capaz de controlar indefinidamente a replicação do vírus. Seria uma alternativa viável aos cocktails anti-retrovirais de elevado custo. Para criarem a vacina, os investigadores utilizaram as células dendríticas das pessoas infectadas e contaminaram-nas com parte do vírus do próprio paciente desactivadas em laboratório. Estas células foram depois reincorporadas no corpo do paciente; chegando aos gânglios linfáticos, alertaram o sistema imunitário da existência do HIV, sendo desencadeada uma resposta imunitária. Para já, esta vacina não vai substituir os tratamentos existentes, visto que depois do efeito inicial o vírus volta a atingir os mesmos níveis. “Esta vacina não é um produto comercializável. Apesar de ser cientificamente importante, terá de ser complementada e optimizada antes de ser comercializada”, explicou Josep Maria Gatell, que dirige a equipa de investigadores, acrescentando que só é aceitável uma vacina que torne a carga retroviral indectável. Esta descoberta abre caminho a estudos complementares. A cura procurada não tem de ser necessariamente a erradicação total do vírus, mas sim um controlo efectivo da sua replicação durante longos períodos ou por toda a vida, sem necessidade de se recorrer a outros tratamentos. Artigo: A Dendritic Cell–Based Vaccine Elicits T Cell Responses Associated with Control of HIV-1 Replication

Há maior dependência de álcool em quem foi exposto em idade jovem

Uma equipa de investigadores franceses, do INSERM, provou em ratos que uma vez expostos precocemente ao álcool, em idade adulta estão extremamente motivados para o seu consumo abusivo. Os resultados do estudo foram publicados na revista «Neuropharmacology». Para a investigação, os animais foram expostos a sucessivas intoxicações alcoólicas, quando se encontravam num período de viva ainda jovem – 30 a 40 dias após o seu nascimento. O regime incluía bebidas com graus de álcool variáveis, dependendo do peso e da idade do roedor e estava contido em biberões cuja abertura dependia de uma alavanca que seria accionada pelo próprio animal. Mais tarde, quando perante os biberões, os ratos adultos que consumiam álcool desde tenra idade, apoiavam duas vezes mais na alavanca do que os restantes animais para obterem a bebida. Em experiências seguintes, os cientistas aumentaram o número de pressões na alavanca para que o líquido fosse libertado, passando para três vezes, cinco e depois oito. A equipa constatou que os ratos mais motivados e que nunca desistiam eram os que se tinham iniciado na bebida em idade mais jovem. Os investigadores demonstraram que uma região no cérebro, chamada de núcleo accumbens – uma estrutura ligada à sensação de prazer e de comportamentos dependentes –, reage de forma diferente, a longo prazo, a cada exposição de bebidas alcoólicas nos animais que começaram a beber precocemente. O estudo vem confirmar suspeitas clínicas constatadas no homem, ou seja, os mais vulneráveis ao álcool são os que se iniciaram em idade mais jovem.

Molécula do mosquito da malária abre portas

Molécula do mosquito da malária abre portas à criação de anticoagulantes mais eficazes Equipa do IBMC decifrou o mecanismo de acção da anophelin produzida pelo mosquito Anopheles 2013-01-04 Por Luísa Marinho Pedro Pereira, do IBMC, dirigiu a investigação Uma equipa de investigadores do IBMC (Instituto de Biologia Molecular e Celular) decifrou o mecanismo de acção da molécula anophelin, produzida pelo mosquito Anopheles (agente transmissor da malária) e responsável por evitar a coagulação do sangue do hospedeiro, enquanto se alimenta. A investigação, dirigida por Pedro Pereira, e feita em parceria com equipas de Espanha e França, está publicada na «Proceedings of the National Academy of Sciences» (PNAS). Esta descoberta “pode permitir o desenvolvimento de moléculas em laboratório que tenha função anticoagulante, para tratar de doenças trombóticas”, explicou o investigador ao «Ciência Hoje». Apesar de não ser a única molécula com propriedades anticoagulantes, “a anophelin é mais pequena e simples do que as outras, sendo ao mesmo tempo bastante eficaz. Esta eficácia só tinha sido observada em moléculas muito maiores”, diz. Não sendo da competência da sua equipa, como o próprio admite, o desenvolvimento de uma molécula sintética baseada nesta para fins terapêuticos, é uma possibilidade, pois sendo pequena é mais fácil de imitar por compostos concebidos artificialmente. A vantagem deste tipo de molécula em relação a outros fármacos utilizados como anticoagulantes é que estes não actuam directamente sobre o processo de coagulação, enquanto “a molécula actua na última enzima da cascata de coagulação, sendo assim mais eficaz, mais segura e não apresentando tantos efeitos secundários”. A autoria deste trabalho é repartida por várias equipas internacionais, de onde se destacam grupos da Universidade Pompeu Fabra, do Hospital de Sant Pau de Barcelona e do European Synchrotron Radiation Facility (Grenoble).

Melro-preto é principal portador da bactéria

A bactéria Borrelia burgdorferi encontra-se em reservatórios vertebrados que são pequenos mamíferos, répteis e também as aves. Quando uma carraça pica uma ave que tenha a bactéria, pode ficar infectada. Posteriormente, a carraça, especialmente a Ixodes ricinus, ao picar o homem pode transmitir-lhe a bactéria que é a responsável pela borreliose de Lyme, uma doença que, se não for tratada no estádio inicial, provoca lesões graves no sistema neurológico, dermatológico e articular. “No estudo verificámos quais eram as aves que estavam mais infestadas por carraças ou seja que eram as hospedeiras mais importantes das carraças, que são o vector da doença”, explica Cláudia Norte, coordenadora do estudo que incluiu cinco investigadores da Universidade de Coimbra, do Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e da Universidade de Neuchâtel (Suíça). Entre as 20 espécies de aves analisadas, o melro-preto e o pisco-de-peito-ruivo eram os mais infestados por carraças. “No pisco-de-peito-ruivo não detectei nenhuma carraça infestada com a bactéria Borrelia burgdorferi. Contudo, as carraças encontradas no melro-preto estavam infectadas, portanto é a espécie de ave que parece ter um papel mais importante no ciclo da bactéria na natureza”, pormenoriza a investigadora. As colheitas de amostras foram feitas mensalmente para avaliar as variações sazonais. A investigação liderada por Claudia Norte foi pioneira em Portugal porque “havia pouca informação acerca da ecologia da bactéria que causa a doença”, diz a investigadora. A este motivo juntou-se um outro que se prende com a existência no país a Borrelia lusitania, uma estirpe rara desta bactéria. “Até ao momento não tinham sido estudados os reservatórios dessa estirpe em particular. Havia alguma indicação de que podiam ser as aves os reservatórios, e como o meu background é trabalho com aves, resolvi fazer esse estudo”, comenta Cláudia Norte. A investigadora não detectou Borrelia lusitania nas aves analisadas o que leva a concluir que, dentro das espécies estudadas, “as aves não são importantes reservatórios de Borrelia lusitania”. O trabalho desenvolvido ao longo de um ano permitiu ainda detectar a presença em Portugal da estirpe B. turdi, que se julgava muito circunscrita geograficamente. “A nova estirpe tinha sido detectada apenas no Japão. Estudos muito recentes, de 2011 e 2012 detectaram a B.Turdi na Noruega, também associada às aves, e em Espanha. Agora verificamo-la também em Portugal. Parece haver uma distribuição geográfica muito maior do que se pensava”, adianta Cláudia Norte. A borreliose de Lyme foi detectada pela primeira vez em Portugal em 1989. Desde então surgem anualmente 35 novos casos. As aves foram recolhidas na Tapada de Mafra e na Mata do Choupal. A equipa recolheu amostras de sangue e de outros tecidos e de carraças que estivessem a parasitar as aves. Foi feita uma avaliação molecular para detectar a bactéria Borrelia burgdorferi. Cláudia Norte sublinha a importância deste estudo porque borreliose de Lyme “é uma doença emergente que está a aumentar em área geográfica e é preciso estudar cada um dos aspectos do ciclo da bactéria causadora da doença”. A terminar, a entrevistada deixa um conselho: “O uso de roupas claras para um passeio no campo ou em matas, onde normalmente existem carraças, e o cuidado de verificar se alguma carraça se alojou no corpo. Em caso afirmativo, retirá-la o mais rapidamente possível porque a bactéria demora algumas horas a passar efectivamente para o homem. Após a picada, se a doença não for devidamente tratada com antibiótico, numa fase inicial, a bactéria pode disseminar-se pelo organismo e provocar lesões graves aos níveis neurológico, cardíaco e articular”.

Ligação entre exposição pesticida

Ao longo das últimas décadas, neurologistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) têm-se dedicado a estudar a ligação existente entre pesticidas a doença neurodegenerativa Parkinson. Até à data foi já demonstrado que os químicos paraquat, maneb e ziram, espalhados com frequência no Vale Central californiano, estão relacionados com o aumento da doença, não só entre os agricultores como em outros indivíduos que habitam ou trabalham perto dos campos. Agora, os investigadores descobriram uma ligação entre Parkinson e outro pesticida, o benomyl, cujos efeitos tóxicos ainda se fazem sentir, 10 anos após este químico ter sido proibido pela Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos. A exposição ao benomyl dá início a uma série de eventos a nível celular que pode levar ao desenvolvimento de Parkinson. O pesticida impede a enzima ALDH (aldeído desidrogenase) de 'tapar' a DOPAL, uma toxina que ocorre naturalmente no cérebro. Quando deixa de ser controlada pela ALDH, a DOPAL acumula-se, provocando danos nos neurónios e aumentando o risco de um indivíduo poder desenvolver Parkinson. Mas as descobertas conseguidas com este estudo não se aplicam apenas a doentes de Parkinson que estiveram expostos ao pesticida. Os eventos celulares descritos ocorrem em pessoas que não tiveram contacto com o benomyl. Assim, a descoberta pode permitir o desenvolvimento de novos fármacos que protejam a actividade da ALDH. Seria dessa forma possível atrasar a progressão da doença. Os resultados da investigação estão publicados na «Proceedings of the National Academy of Sciences». Artigo: Aldehyde dehydrogenase inhibition as a pathogenic mechanism in Parkinson disease

Frutose pode estar associada ao aumento de peso

O estudo norte-americano alerta para as consequências nefastas para a saúde do consumo regular de alimentos com frutose que pode levar “a um aumento do risco de doenças cardiovasculares e deposição de lípidos da obesidade”, explica Pedro Graça. O professor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade de Porto comenta o estudo a pedido de Ciência Hoje. A frutose é um açúcar obtido de frutas, mel, de alguns cereais e vegetais e do xarope de milho adicionado a alimentos processados. A sua utilização começou a ser feita nos anos 70 no século passado sobretudo em alimentos para diabéticos “porque a frutose é muito bem absorvida pelo fígado e aparentemente estimula muito menos a produção de insulina em relação a outros açúcares”, adianta o também nutricionista. O estudo dirigido por Carroll Kathleen da Universidade de Yale (Estado Unidos da América), e publicado no The Journal of The American Association (JAMA), alerta agora para a possibilidade da frutose aumentar o apetite porque o seu consumo reduz os níveis de sangue na região do cérebro (hipotálamo) que regula a sensação de saciedade. Pedro Graça comenta que “o efeito da frutose no apetite é controverso. Há alguns estudos que têm dito que a ingestão da frutose por si só reduz a ingestão dos alimentos. Contudo, a frutose misturada com uma refeição mais complexa provém menos saciedade e a pessoa continua a comer mais do que seria necessário”. A comunidade científica começa assim a considerar que a frutose pode induzir ao aparecimento de problemas cardíacos, dislipidemias e problemas de obesidade. O professor sublinha contudo que “não há evidências concretas e que o consumo isolado da frutose poderá não causar problemas”. A frutose está presente em sumos de fruta, refrigerantes, algumas pastas, bolos com coberturas cremosas, entre outros produtos.

Dieta rica em fibra pode impedir

Uma dieta rica em fibra pode ajudar a controlar a progressão do cancro de próstata em fases mais precoces da doença, segundo revela um estudo da Universidade do Colorado, nos EUA, publicado recentemente na «Cancer Prevention Research» e cuja imagem da investigação se tornou capa da publicação. A taxa de ocorrência de cancro da próstata em culturas asiáticas é semelhante à das culturas ocidentais; no entanto, no Ocidente, a doença tende a progredir e na Ásia não. Os investigadores consideram que a resposta pode ser uma dieta rica em fibras. Para a investigação, Komal Raina e os seus colegas alimentaram dois grupos de ratos, uns com hexafosfato de inositol (IP6), um dos principais componentes de dietas ricas em fibra e outro grupo de controlo que não recebeu o composto e monitorizaram os animais através de ressonância magnética. Os resultados mostraram uma redução drástica no volume do tumor, devido aos efeitos antiangiogénicos do IP6, segundo os investigadores que afirmam que “a alimentação com o ingrediente activo de uma dieta rica em fibras impediu os tumores da próstata de criar novos vasos sanguíneos necessários para abastecê-los com energia e sem esta o tumor não pode crescer". Os mecanismos possíveis para os efeitos da IP6 contra o metabolismo incluem a redução de uma proteína chamada GLUT-4, que é fundamental para o transporte de glicose. No entanto, a equipa continua a fazer mais estudos e a procurar variações genéticas entre povos asiáticos e ocidentais que poderiam explicar a diferença nas taxas de progressão deste tipo de tumor.