sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Sistemas biométricos de identificação criminal

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC Porto) desafiam estudantes em engenharia e ciências forenses de todo o mundo a criar um software para extracção de pontos característicos da geometria da mão capaz de garantir fiabilidade, mesmo quando a recolha de informação não é feita em condições ideais. A biometria, que parte das características físicas únicas de cada indivíduo para identificar pessoas, é actualmente aplicada tanto a nível criminal, como a nível industrial (controlo de acessos, relógio de ponto). Os sistemas de identificação biométrica com base na geometria da mão estão entre os preferidos pela indústria por garantirem fiabilidade, mas por serem mais económicos e menos invasivos do que as outras alternativas (rosto, íris e retina). As candidaturas para a «Hand Geometric Points Detection Competition» podem ser feitas até ao dia 4 de Fevereiro de 2011. A iniciativa está inserida na conferência ICIAR 2011 – «International Conference on Image Analysis and Recognition». Com uma missão semelhante à do concurso lançado no ano passado, «Fingerprint Singular Points Detection Competition», agora o desafio centra-se na detecção espacial de nove pontos característicos da mão (as cinco extremidades dos dedos e os quatro vales entre eles). Verifica-se que as actuais tecnologias de identificação da geometria da mão apresentam inúmeras restrições no que respeita à extracção de dados e comodidade de aquisição. Durante a extracção, por exemplo, a mão deve apresentar sempre uma determinada posição e a orientação/configuração dos dedos é geralmente imposta. Na maioria das vezes recorre-se a posicionadores para obrigar o utilizador a colocar a mão na posição determinada. No entanto, para além de desconfortáveis, estes fixadores causam deformações na mão que corrompem a extracção de características. Por isso mesmo, nas situações em que as imagens recolhidas não são as ideais, os actuais algoritmos de identificação falham. A mão nos posicionadores. A mão nos posicionadores. Sistemas biométricos A premissa base dos sistemas biométricos é que cada indivíduo tem características físicas e de comportamento únicas, que o distinguem dos restantes. Aplicados tanto na identificação criminal como na indústria (controlo de acessos, relógios de ponto), estes sistemas podem basear-se, para além da geometria da palma da mão, na íris, no rosto e nas impressões digitais. O desafio que a «Hand Geometric Points Detection Competition» coloca aos participantes consiste no desenvolvimento de um algoritmo optimizado para maximizar o rigor da detecção de nove pontos característicos da mão, capaz de mostrar um bom desempenho para universos maiores e também de eliminar as restrições impostas durante a aquisição. Ou seja, os algoritmos devem ser fiáveis independentemente do posicionamento/orientação da mão e da configuração dos dedos. Posteriormente, todos os algoritmos serão testados num conjunto de teste englobando todas estas características e vencerá o que possuir o maior índice de eficácia. Os autores dos cinco melhores algoritmos serão convidados a publicar um ‘paper’ na conferência ICIAR 2011, que decorrerá no Canadá. Organizada por investigadores do INESC Porto, esta competição conta ainda com o apoio da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e do Instituto de Engenharia Biométrica.

Dia da Mulher: Lei consagra a igualdade de género

A legislação relativa à família respeita a igualdade de género, concluiu uma investigação em curso na Universidade de Coimbra (UC), que agora vai verificar 500 sentenças de tribunais e tentar perceber se há desigualdades na sua aplicação. O projecto «O género do direito e da justiça de família - As desigualdades e violência de género na transformação da lei de família e nas decisões dos Tribunais de Família e Menores» está a ser desenvolvido no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. “A lei evoluiu no sentido positivo de respeitar a igualdade e de não ter na sua formulação expressões que consagrem desigualdades de género”, disse João Pedroso, investigador responsável pelo projecto. Esta é uma das conclusões a que os investigadores do CES já chegaram, segundo o professor da Faculdade de Economia da UC. “O texto da lei, nos últimos 30 anos, evoluiu para a neutralidade em termos de género. Não tem formulações que prefiram o género masculino ou feminino”, referiu João Pedroso. Um exemplo desta neutralidade é a substituição recente, na lei, da expressão "regulação do poder paternal" por "regulação das responsabilidades parentais". Na segunda fase do projecto, os investigadores estão “a tentar estudar o que, apesar de aparentemente ser neutro, poderá ter, na sua concepção e ideologia, mesmo residualmente ou para além da aparência”, a manutenção das desigualdades. Análise de decisões de tribunal Numa terceira etapa, os cientistas vão analisar o conteúdo de 500 decisões do Tribunal de Família e Menores de Lisboa – "por ser o maior aglomerado urbano do país e uma cidade onde predominará uma maior laicidade – e do Tribunal de Família e Menores de Braga – um tribunal do norte de Portugal, que abrange população rural e urbana e onde, consensualmente, existe uma grande influência da ideologia da Igreja Católica", lê-se numa nota sobre o projecto. “Vamos ver se nas decisões há prevalência do masculino ou do feminino e se há desigualdades na aplicação da lei”, disse o docente. O objectivo é "saber se, para além da aparência de neutralidade, se mantêm as desigualdades", adiantou João Pedroso. Embora sem saber qual é a tendência, o investigador do CES admite que existem sentenças com as duas matrizes, respeitando a igualdade de género ou reproduzindo as desigualdades, mas isso só será apurado dentro de um ano, quando o estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, estiver concluído.

Juristas criam Academia Internacional de Direito do Consumo

A Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC) anunciou hoje a criação de uma Academia Internacional de Direito do Consumo (AIDC), com sede em Coimbra, e que integra já juristas portugueses, espanhóis e brasileiros. O jurista Mário Frota disse à agência Lusa que a constituição da nova organização visa “assinalar os 22 anos de existência” da APDC, à qual preside, e que hoje se comemoram. “Trata-se de uma medida de invulgar alcance, numa altura em que o Direito do Consumo, que tantos menosprezam, atinge a sua maioridade científica”, refere uma nota da APDC. A associação fundada por Mário Frota realça que “é exactamente no Brasil (…) que mais se desenvolve o estudo e a investigação neste relevante segmento do jurídico”. Entre os especialistas brasileiros que já manifestaram a sua adesão ao novo projecto da AIDC, contam-se os professores universitários Werson Rego e Marcos Ferreira, o director da Fundação da Procuradoria do Consumidor (ProCon) de São Paulo, Paulo Arthur Goes, e o curador do consumidor da Paraíba, Glauberto Bezerra. “Já temos inúmeras adesões no Brasil”, salientou o presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, indicando que também expressaram entretanto o seu apoio ao projecto o francês Henri Temple (Universidade de Montpellier), o português Jorge Pegado Liz (Comité Económico e Social Europeu, da União Europeia) e a brasileira Ada Pellegrini Grinover (Universidade de São Paulo). Rosa Maria Rocha, do Instituto Politécnico do Porto, e os espanhóis Guillermo Orozco Pardo e Jose Luiz Perez, ambos da Universidade de Granada, são, segundo Mário Frota, outros dos especialistas que apoiam a criação da Academia Internacional. A APDC sublinha no comunicado que o Código de Defesa do Consumidor do Brasil completou em Setembro 21 anos de vigência. A adopção de Coimbra como sede internacional da AIDC justifica-se por ter sido nesta cidade que se realizou, há mais de 20 anos, o I Congresso Internacional de Direito do Consumo, subordinado ao tema Condições Gerais dos Contratos e das Cláusulas Abusivas, “que tanta repercussão teve nos cinco continentes”. A AIDC será “a pedra fundamental na edificação de um espaço privilegiado de discussão de temas susceptíveis de conduzir a um reforço do estatuto universal dos cidadãos-consumidores, no seio de um mercado de consumo cada vez mais despersonalizante e impiedoso”.

Jovens portugueses receptivos à Maternidade de Substituição

Prática ainda é ilegal no nosso país 2011-12-21 MS consiste em gerar um filho para outra mulher. MS consiste em gerar um filho para outra mulher. Um estudo sobre as perspectivas da população universitária sobre a Maternidade de Substituição (MS) conclui que a maioria dos inquiridos se mostra receptiva em aproveitar este recurso, segundo foi hoje anunciado. O trabalho, desenvolvido pelo serviço de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e pela Associação Portuguesa de Bioética (ANB) visou saber qual a opinião de jovens universitários sobre a legalização da MS. De acordo com os resultados, 67,7 por cento dos jovens são “favoráveis à MS para si” e 83 por cento “entendiam que ela podia ser legalizada para outros”, salientou Rui Nunes, coordenador do estudo. A MS consiste num acordo mediante o qual uma mulher – podendo ou não transmitir o seu próprio material genético – se compromete a gerar um filho, dá-lo à luz e posteriormente entregá-lo a outra mulher, renunciando em favor desta a todos os direitos sobre a criança. Esta prática é ilegal em Portugal, embora seja possível recorrer legalmente a este método em países como os Estados Unidos e o Brasil. “São resultados surpreendentes e atestam a evolução sociológica que muitos de nós antecipámos há muitos anos e que a própria Ordem dos Médicos (OM) já reconheceu, quando na última versão do código deontológico permite a prática da MS”, disse Rui Nunes. De uma amostra de 1.037 estudantes finalistas dos cursos superiores de economia e psicologia de universidades do Porto, Lisboa, Coimbra e Braga, foram recebidas 601 respostas, das quais 73,2 por cento de universitários do sexo feminino. Limar arestas Rui Nunes adiantou que vai agora enviar este estudo “para a Assembleia da República”, em especial para o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, que “já apresentou uma proposta sobre o tema, que será discutida em Janeiro”. No seu entender, a proposta do BE tem algumas “arestas” que devem ser “limadas”, nomeadamente “no que diz respeito à liberdade de acesso a todos à procriação medicamente assistida (PMA)”. Rui Nunes entende que a proposta do BE “limita e condiciona o acesso à MS, em especial no que diz respeito à necessidade de um parecer prévio definitivo do Conselho Nacional da PMA e da OM”. “Quando há uma decisão médica que está no foro da relação médico/doente devem ser as pessoas e os casais a deliberar isto, juntamente com o profissional de saúde”, sustentou. Para o médico, a proposta deve “rapidamente excluir” a obrigatoriedade de se ter de ouvir “determinadas personalidades, porque não se está a discutir a questão técnica mas ética”. “Não reconheço legitimidade a esses organismos para deliberar sobre aquilo que eu quero fazer na minha vida”, sublinhou. O projecto em causa foi elaborado junto da população estudantil, com idade mediana de 22 anos, entre Outubro de 2008 e Julho de 2009

Mulheres e homens têm padrões labiais diferentes

Uma equipa de cientistas portuguesas está a fazer progressos na área da identificação aplicada às ciências forenses. Virgínia Costa, da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP), e Inês Caldas, da mesma faculdade e do CENCIFOR – Centro de Ciências Forenses, Instituto Nacional de Medicina Legal, publicaram um artigo com as conclusões dos seus mais recentes estudos no «Journal of Forensic Sciences». O estudo das impressões labiais, denominado queiloscopia, é o centro do artigo «Morphologic Patterns of Lip Prints in a Portuguese Population: A Preliminary Analysis». Inês Caldas explicou ao «Ciência Hoje» que apesar de não ser ainda “prova estabelecida”, tudo indica que as impressões diferem em cada pessoa. “O que procuramos é discriminar indivíduos a partir dos padrões dessas impressões”. O artigo vem mostrar que o sexo pode ser aferido também a partir desta análise. “Os padrões labiais podem funcionar como impressões digitais”, esclarece. “Estamos ainda a tentar determinar se a singularidade pode ou não ser aplicada”. A experiência que realizaram, na FMDUP, envolveu 50 pessoas, com idades compreendidas entre 22 e 33 anos. “Fizemos a colheita das impressões labiais de 25 pessoas de cada sexo. Fotografámos, aumentámos as imagens e fizemos o tratamento de dados”. Os padrões dividem-se em seis categorias, segundo a classificação Suzuki e Tsushihashi. Inês Caldas Inês Caldas A conclusão destes exames preliminares revela que, de facto, os padrões são diferentes. “O tipo III (52 por cento das ocorrências) é mais frequente nos homens enquanto tipo II (44 por cento) nas mulheres”, pode ler-se no estudo. A identificação através das impressões labiais funciona quando há um registo que permite um exame comparativo, tal como nas impressões digitais. Mas conhecer-se a diferenciação sexual dos padrões acrescenta utilidade a este tipo de identificação. “Numa cena de crime, por exemplo, uma marca labial pode ser uma base para se começar a traçar um perfil”, esclarece. As experiências da equipa não se ficam por aqui. “Estamos, agora, a tentar aprofundar a amostra para termos resultados ainda mais concretos. Estamos também a tentar perceber a afinidade populacional, ou seja, se o padrão se diferencia conforme a proveniência do indivíduo, conforme a sua etnia”, adianta. “Mas quanto a isso ainda não há conclusões. Ainda não fizemos o tratamento de dados”. Artigo: Morphologic Patterns of Lip Prints in a Portuguese Population: A Preliminary Analysis

Sal proibido no jantar de consoada

A época de Natal é uma altura em que as pessoas têm mais tendência para os excessos, como o consumo elevado de sal, de açúcar e de fritos ou de determinadas bebidas. É por isso que a Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) sugere um menu ideal para a consoada de doentes com insuficiência renal crónica e outras pessoas pertencentes a um grupo de risco, dada a necessidade de cuidados alimentares redobrados. “A tendência de maior consumo de sal pode afectar a saúde do sistema cardiovascular e consequentemente do rim. A escolha da dieta por parte do médico é sempre feita de uma forma individualizada, pois uma boa alimentação é fundamental para reduzir as complicações no doente renal e melhorar a sua qualidade de vida”, refere Fernando Nolasco, presidente da SPN. A época de Natal é uma altura em que as pessoas têm mais tendência para os excessos, como o consumo elevado de sal, de açúcar e de fritos ou de determinadas bebidas. É por isso que a Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) sugere um menu ideal para a consoada de doentes com insuficiência renal crónica e outras pessoas pertencentes a um grupo de risco, dada a necessidade de cuidados alimentares redobrados. “A tendência de maior consumo de sal pode afectar a saúde do sistema cardiovascular e consequentemente do rim. A escolha da dieta por parte do médico é sempre feita de uma forma individualizada, pois uma boa alimentação é fundamental para reduzir as complicações no doente renal e melhorar a sua qualidade de vida”, refere Fernando Nolasco, presidente da SPN. Ementa recomendada pela SPN: Usar bacalhau bastante demolhado (três dias de preferência) acompanhado por uma salada de alface, couve-flor e cenoura cozida temperados apenas com um fio de azeite. Os legumes devem ser cozidos em duas águas e escorridos bastante bem antes de serem servidos. Se preferir carne, a melhor opção é perú sem pele, que pode ser cozido no forno em azeite e acompanhado por um puré de batata caseiro e tomate cozido. Não utilize sal em nenhum dos temperos e preferir o sabor das ervas aromáticas como a salsa, alecrim, orégãos, e outros. Deve ler-se o rótulo dos alimentos para verificar a quantidade de sódio porque alguns alimentos processados concentram tanto sódio que uma única porção tem uma quantidade superior à recomendada para a ingestão diária. Não recorrer a produtos com designação de "baixo teor de sódio/sal", pois contêm substitutos à base de sais de potássio (por exemplo, produtos de charcutaria). Para a sobremesa, sugere-se fruta: maçã, pêra, pêssego, ananás ou framboesas frescas. Os alimentos proibidos na mesa da consoada são os frutos secos e oleaginosos e as leguminosas, o queijo salgado e rico em potássio e fósforo; presunto, carnes salgadas e fumadas; conservas ou concentrados de carne e peixe; peixe salgado ou fumado, mariscos e crustáceos; sopas instantâneas, purés instantâneos, pratos comercializados; cacau, chocolate e gelados.

Abacate neutraliza efeito de compostos inflamatórios

Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, descobriu que a ingestão de abacate com alimentos ricos em gordura reduz a produção de compostos inflamatórios no organismo. Para a investigação, liderada por David Heber, recrutaram 11 homens saudáveis com idades compreendidas entre 18 e 35 anos. Parte do grupo ingeriu um hambúrguer apenas e a outra metade juntou abacate à ementa. Os investigadores observaram um pico significativo (um aumento de 70 por cento) de Interleucina-6 (IL-6) – proteína que é uma medida de inflamação, factor de risco associado a doenças cardíacas – quatro horas após a ingestão do hambúrguer, mas verificaram que o grupo que comeu também o abacate teve apenas um aumento de 40 por cento, durante o mesmo período de tempo. Além disso, a equipa de David Heber descobriu que quando o abacate é ingerido com o hambúrguer, não aumentou os níveis de triglicéridos além do que foi observado depois de comer o hambúrguer sozinho, apesar das calorias extras e gordura do abacate. "Este estudo confirma a hipótese de que o abacate pode ajudar na função vascular normal, que é importante para a saúde do coração. Depois de comer o hambúrguer com a metade do abacate fresco, a inflamação e estreitamento dos vasos sanguíneos, que geralmente ocorrem após ingestão de hambúrgueres, foram reduzidos em poucas horas", explicou David Heber. No entanto, consideram que são necessários mais estudos para determinar se o abacate pode desempenhar um papel sobre a saúde vascular e cardíaca.

Abacate neutraliza efeito de compostos inflamatórios

Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, descobriu que a ingestão de abacate com alimentos ricos em gordura reduz a produção de compostos inflamatórios no organismo. Para a investigação, liderada por David Heber, recrutaram 11 homens saudáveis com idades compreendidas entre 18 e 35 anos. Parte do grupo ingeriu um hambúrguer apenas e a outra metade juntou abacate à ementa. Os investigadores observaram um pico significativo (um aumento de 70 por cento) de Interleucina-6 (IL-6) – proteína que é uma medida de inflamação, factor de risco associado a doenças cardíacas – quatro horas após a ingestão do hambúrguer, mas verificaram que o grupo que comeu também o abacate teve apenas um aumento de 40 por cento, durante o mesmo período de tempo. Além disso, a equipa de David Heber descobriu que quando o abacate é ingerido com o hambúrguer, não aumentou os níveis de triglicéridos além do que foi observado depois de comer o hambúrguer sozinho, apesar das calorias extras e gordura do abacate. "Este estudo confirma a hipótese de que o abacate pode ajudar na função vascular normal, que é importante para a saúde do coração. Depois de comer o hambúrguer com a metade do abacate fresco, a inflamação e estreitamento dos vasos sanguíneos, que geralmente ocorrem após ingestão de hambúrgueres, foram reduzidos em poucas horas", explicou David Heber. No entanto, consideram que são necessários mais estudos para determinar se o abacate pode desempenhar um papel sobre a saúde vascular e cardíaca.

Cor do recipiente pode modificar o sabor do conteúdo

Dois investigadores, da Universidade Politécnica de Valência (Espanha) e da Universidade de Oxford (Reino Unido) provaram que o recipiente pode modificar o sabor do conteúdo, por exemplo, o chocolate sabe melhor numa taça laranja do que numa branca, por exemplo. Os resultados do estudo foram publicados no «Journal of Sensory Studies». Para o estudo, os investigadores deram a provar chocolate quente a 57 voluntários, servido em taças de diferentes cores: branca, bege, vermelha e laranja. A bebida era idêntica, mas os participantes preferiram o sabor na que se encontrava em taças cor de laranja ou bege. “A cor do recipiente onde a comida ou bebida é servida pode melhorar algumas características, como o aroma”, referiu Betina Piqueras-Fiszman, investigadora espanhola, acrescentando que “não existe uma regra que dite que uma taça de determinada cor ou forma pode aumentar o sabor ou o seu perfume. Na verdade, depende do alimento”, continuou. Por exemplo, frascos amarelos permitem melhorar o sabor do limão em sodas, já cores frias como o azul, dão a sensação que a bebida é mais fresca; já se a embalagem for rosa dá a impressão que o conteúdo é mais doce. O estudo é relevante para a compreensão de como o cérebro integra informação visual, não apenas da alimentação, mas também sobre o recipiente. A investigação pode ainda animar os cozinheiros e profissionais de hotelaria, assim como os sectores de bebidas e alimentos.

Centro Ciência Viva do Algarve ensina a “Cozinhar com Flores”

A flor de abóbora mergulhada em cerveja muito fria e depois frita é umas das receitas a fazer numa cozinha com flores. Este truque é um dos que a chefe Inês Fernandes vai As flores são ricas em sabores e flores e podem ser um bom complemente alimentar. As flores são ricas em sabores e flores e podem ser um bom complemente alimentar. ensinar na oficina “Cozinhar com Flores” que terá lugar no próximo dia 12 no Centro Ciência Viva do Algarve a partir das 15h00. “Os participantes vão aprender a utilizar flores comestíveis na confecção dos seus pratos, mas também a utilizá-las na decoração dos pratos e transmitirei conhecimentos sobre as suas características”, comenta Inês Fernandes que aprendeu a cozinhar com flores, em Londres, na escola Le Cordon Bleu. Entre as flores que podem ser consumidas pelos humanos encontram-se, por exemplo, os cravos, as rosas, as violetas. “A violeta é muito boa para chás, bolos, xaropes, a lavanda é boa para dar aroma. São informações que vou passar no dia 12”, exemplifica Inês. A oficina “Cozinhar com Flores” dirige-se a todas as idades e requer inscrição que pode ser feita através do email info@ccvalg.pt

Introdução de péptidos em novos alimentos melhora as suas características

Uma investigação desenvolvida pela Universidade de Medicina do Porto (FMUP) e a Universidade Católica, com a colaboração da Saloio, Unicer, Frulact e Biostrument, no âmbito do projecto ACTIPEP, desenvolveu novos alimentos com melhorias nutricionais, através da utilização de subprodutos, nomeadamente o soro obtido na produção de queijo e a levedura de cerveja. Os resultados foram apresentados hoje, na FMUP, por Manuela Pintado, investigadora da Católica e responsável pelo projecto ACTIPEP. Algumas das empresas manifestaram a necessidade de despachar e valorizar os seus excedentes, como o soro (no caso da Saloio) e da levedura de cerveja, que neste momento é entregue para alimentação animal (no caso da Unicer). Ambos os produtos são extremamente ricos em proteína e, segundo explicou Manuela Pintado ao «Ciência hoje», “o objectivo do projecto foi encontrar uma metodologia aplicável a estes subprodutos, de forma próxima para obter extractos diferenciados com actividade biológica”. A partir de um resíduo lácteo (soro de mistura de queijo de vaca, cabra e ovelha) conseguiram a produção de novos alimentos com péptidos, como um requeijão para barrar, por exemplo, aplicando-lhe “um processo de membrana de filtração com hidrólitos e libertação de moléculas mais pequenas” – o que as torna bioactivas. Com base em trabalhos anteriores e com os novos desenvolvimentos deste estudo e o apoio da Escola Superior Agrária de Coimbra, a equipa conseguiu implementar um processo à escala piloto, ou seja, a partir de resíduos até aqui subvalorizados desenvolveram extractos de levedura ricos em péptidos e com o soro criaram dois extractos peptídicos com actividade biológica e uma fracção de uma proteína, “especialmente interessante em termos de aplicações alimentares”. Em termos de características gerais, com a maior parte das fracções obtidas a equipa conseguiu provar que “têm actividade anti-hipertensiva [redução da pressão arterial], antimicrobiana, antiulcerativa [prevenção de úlceras gástricas], pré-biótica [estimulação da flora intestinal, de forma benéfica] e antioxidante, nalguns casos”, assinalou Manuela Pintado. Estudo da FMUP, Católica e Escola Agrária de Coimbra Estudo da FMUP, Católica e Escola Agrária de Coimbra De acordo com a investigadora, parte destas propriedades, “foram validadas em estudos ‘in vitro’ pela Católica, foram também posteriormente validados em estudos animal e medicina e comprovaram os efeitos anti-hipertensivos em ratos”. Os extractos de levedura e de soro foram também estudados numa dieta rica em valor calórico e observou-se uma redução de apetite, de forma a avaliar os extractos na obesidade. Agora, “as propriedades estão levantadas para potenciais aplicações na área alimentar e médica e o desenvolvimento de alguns produtos, com o apoio das indústrias envolvidas, demonstram que o extracto é um produto de fácil incorporação em alimentos com interessantes características organolépticas, reduzindo o impacto ambiental destas empresas”, concluiu a investigadora. Sumos e queijos com propriedades anti-hipertensiva Segundo o comunicado da Universidade Católica, a investigação assume-se ainda como “uma solução alternativa e com suporte científico sustentado – com compreensão global do ponto de vista económico, técnico-industrial e ambiental – a um problema bem identificado de duas indústrias de sectores distintos, mas com problemas semelhantes (Queijo Saloio e Unicer), nomeadamente no que diz respeito ao aproveitamento de resíduos da produção”. Alguns dos novos alimentos são sumos concentrados, iogurtes, barras de requeijão com péptidos, snacks de frutos secos revestidos com uma camada de péptido e barras de cereais. Está igualmente a ser estudada a possibilidade de utilização de péptidos na valorização da alimentação animal

Calcular a pegada de carbono associada à produção do azeite

A produção de azeite constitui um sector agro-industrial relevante na região mediterrânea da Europa. Motivado pelas suas características organolépticas e os seus benefícios para a saúde, o consumo deste produto aumentou mais de 50 por cento nos últimos 20 anos, alcançando um valoro estimado de 1,85 milhões de toneladas em 2009. O Centro para a Valorização de Resíduos (CVR) da Universidade do Minho organiza, amanhã, o seminário nacional de encerramento do projecto «OiLCA - Melhoria da competitividade e redução da pegada de carbono do sector do azeite, mediante a optimização da gestão de resíduos e implementação de uma ecoetiqueta». A sessão inicia às 11h na Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Carvalhais, em Mirandela. A iniciativa consiste numa jornada de capacitação da OilcaTool, uma ferramenta que permite calcular a pegada de carbono associada à produção do azeite e que os participantes podem testar. O seminário inclui ainda três comunicações: «Produção de bio-óleos e bio-carvões a partir de subprodutos da indústria do azeite», pela professora Margarida Gonçalves; «Avaliação Ambiental através da Pegada de Carbono: casos de estudo em Portugal (o vinho verde)», pela professora Belmira Neto; e os resultados alcançados nos 27 meses de execução do projecto OiLCA, pela investigadora Bruna Fonseca, do CVR. O azeite do sudoeste da Europa representa 47 por cento da produção mundial. A iniciativa OiLCA envolve o CVR, Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD) e quatro centros tecnológicos de França e Espanha, sendo co-financiada pelo FEDER ao abrigo do Programa INTERREG IV B SUDOE. Decorreu de 2011 a 2013 e pretendeu também criar uma ecoetiqueta que garanta o respeito pelas normas ambientais e a indicação da pegada de carbono no processo produtivo. A produção de azeite constitui uma complexa estrutura agro-industrial que compreende actividades muito diversas: cultivo, extracção, refinação e embalagem. Estas actividades apresentam uma grande interacção com o meio ambiente e uma importante pegada de carbono, o que supõe um problema técnico, económico e de imagem, mas que cria oportunidades que poderão constituir uma via de excelência ambiental e empresarial.

Salmão geneticamente modificado poderá ser aprovado este mês

Investigadores do Roslin Institute, da Universidade de Edimburgo (Reino Unido) empreendem uma campanha de encorajamento junto dos governos para estes apoiarem e disseminarem Salmão Geneticamente Modificado. Espera-se que a medida seja aprovada nos EUA até ao final do corrente mês de Maio. Através da manipulação genética, é possível produzir peixes de crescimento acelerado e mais resistentes às doenças e ao frio podendo reproduzir-se a temperaturas mais baixas. Assim, a produção comercial de peixe transgénico apresenta-se como uma oportunidade para aumentar a produtividade e os lucros na produção de peixe. Já cientistas da empresa de engenharia genética norte-americana Aqua Bounty criaram uma espécie de salmão geneticamente modificado que cresce muito mais rápido e atinge um tamanho maior que o normal. De acordo com a empresa, ela teve aprovação inicial da Food and Drug Administration (autoridade de segurança alimentar e de medicamentos norte-americana) para produzir o animal. E outras empresas como a AquaBounty defendem que a medida pode ser a resposta para o flagelo da sub-nutrição mundial. Quando for aprovado, o salmão será o primeiro de 30 peixes geneticamente modificados para consumo humano. Segundo Helen Sang, especialista em modificação genética animal do Instituto de Roslin – onde a Ovelha Dolly foi clonada – refere que os receios relacionados com este tipo de peixe como alimento são infundados. Assegura ainda que “as novas técnicas usadas são especialmente concebidas para criar animais destinados a serem parte da nossa alimentação”.

“Cozinhar tornou-nos humanos”

Segundo um estudo publicado hoje na Proceedings of the National Academy of Sciences, por uma equipa Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, cozinhar ajudou o cérebro humano a desenvolver-se. Suzana Herculano-Houzel e Karina Fonseca-Azevedo, investigadoras responsáveis pela investigação, explicam que uma dieta baseada em alimentos crus impõe limitações energéticas aos grandes primatas –o que explica por que os gorilas, por exemplo, que podem ser até três vezes maiores do que os humanos e têm o cérebro consideravelmente menores. Já o antropólogo biológico de Harvard, Rich­ard Wrang­ham, defendeu num estudo que “cozinhar nos tornou humanos”, por ter trazido valores nutricionais e assim desenvolver o tamanho do cérebro. As autoras referem no artigo que existem trocas entre o crescimento da massa corporal e o cérebro, já que este último consome bastante energia – o que é relevante em termos fisiológicos. O cérebro está tão “faminto de energia” que, nos seres humanos, representa 20 por cento do metabolismo, mesmo que seja equivalente a apenas dois por cento de massa corporal. O estudo desenvolve um modelo que relaciona o número de calorias ingeridas numa dieta à base de alimentos crus e a quantidade de energia necessária para o crescimento da massa corporal e do correspondente número de neurónios. Para descobrir o que diferenciava os humanos dos outros primatas, as cientistas compararam a dieta de todas as espécies relativamente a necessidades diárias de calorias. "Um gorila, por exemplo, precisa se alimentar durante oito horas e meia para manter seu corpo e cérebro a funcionar", referiu Suzana Herculano-Houzel a um diário britânico. Os chimpanzés também se alimentam por um longo período, cerca de sete horas, mas conseguiram desenvolver um cérebro relativamente maior por terem um corpo menor. Homo erectus e o fogo Sendo assim, as investigadoras estimaram o número de horas que os grandes primatas precisam para desenvolver um corpo avantajado e um grande número de neurónios e mostraram que seria impossível os gorilas e orangotangos, entre outros, com as horas de alimentação de que dispõem, adquirirem calorias em número suficiente. O estudo defende que uma mudança na dieta durante o desenvolvimento dos Homo erectus, quando começaram a dominar o fogo e cozinhar os pedaços de carne e vegetais que anteriormente eram consumidos crus, o homem tornou-se capaz de digerir mais calorias a partir da mesma quantidade de comida, podendo gastar o 'excesso' de energia no desenvolvimento de novos neurónios. Além de aumentar a capacidade calórica e tornar as limitações metabólicas prévias irrelevantes, cozinhar também teria aumentado nosso tempo disponível para actividades sociais e que demandassem maior poder cognitivo.

Diáspora cigana começou há 1500 anos

O êxodo que levou os povos roma – ciganos – a espalharem-se, a partir do noroeste da Índia, por diversas partes do mundo começou há 1500 anos. Estas são as conclusões de um estudo de DNA de 13 populações ciganas da Europa. As investigações foram realizadas por David Comas, da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona, e Manfred Kayser, da Erasmus MC, de Roterdão. O trabalho está publicado na revista «Current Biology». Os investigadores compararam material genético de indivíduos ciganos europeus com o de habitantes das zonas da Índia de onde este povo é originário. A ideia era perceber que mutações se produziram e obter uma espécie de relógio biológico que permitisse datar o momento em que os grupos se dividiram. Os investigadores conseguiram perceber também algumas diferenças entre ciganos de distintas partes da Europa, determinando que a disseminação por este continente começou a partir dos Balcãs, há 900 anos. “Estas conclusões são consistentes com as obtidas anteriormente com os estudos sobre a língua romani e servem para preencher muitas lacunas sobre a história do povo cigano, visto esta carecer de registos escritos”, diz Comas. Do ponto do vista do genoma, os ciganos compartilham uma história única que consiste de dois elementos: as raízes no noroeste da Índia e a mistura com populações não ciganas na Europa durante o processo de migração (com diferentes pesos ao longo do tempo), que permitiu a acumulação de diferentes mutações. O estudo mostra, assim, que “compreender o legado genético dos ciganos é necessário para compreender, também, as características genéticas dos europeus no seu conjunto”, acrescenta Kayser. Artigo: Reconstructing the Population History of European Romani from Genome-wide Data

Taxa de suicídio é mais elevada entre os homens dos concelhos rurais

A taxa de suicídio tem uma correlação evidente com o grau de ruralidade, a densidade populacional e o nível de rendimentos mensais, revela um estudo realizado por uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), no âmbito das implicações das desigualdades sociais na saúde. Os primeiros resultados vão ser apresentados durante o I BioAnthropological Meeting: a musltidisciplinary approach (BAM) – a decorrer nos próximos dias sexta e sábado, em Coimbra. A equipa, liderada por Manuela Alvarez, do Departamento de Ciências da Vida, analisou 197 suicídios observados no distrito de Coimbra, nos anos 2000 a 2004, e 16. 497 suicídios registados nas sub-regiões NUTS III (Unidades Territoriais definidas pelo INE para fins Estatísticos), de Portugal Continental, nos anos 1991 a 2010. Os primeiros resultados, referentes aos 17 concelhos do distrito de Coimbra, revelam que, entre os anos 2000 e 2004, os homens contribuíram com 80,2 por cento dos óbitos por suicídio e as mulheres com 19,8 por cento. O número de mortes intencionais foi maior em populações residentes em freguesias mais rurais, populações mais isoladas e com rendimentos mais baixos. Sobre a distribuição dos óbitos por concelho, por 100 mil habitantes, o estudo mostrou uma distribuição heterogénea, com os concelhos do interior, Tábua, Góis e Penela a registarem taxas de suicídio mais elevadas. Montemor-o-Velho foi o concelho do litoral que registou maior prevalência de suicídios. Enforcamento e envenenamento No que respeita à faixa etária, em praticamente todos os concelhos a maior parte dos suicídios vitimaram pessoas com mais de 65 anos, à excepção dos municípios de Penela e Vila Nova de Poiares que apresentaram maior prevalência na população mais jovem, entre os 15 e os 24 anos de idade. O tipo de lesão mais frequente em homens e mulheres foram o enforcamento e o envenenamento com pesticidas. De acordo com a investigadora, “estes resultados devem ser considerados na interpretação da variação dos valores da taxa de suicídio ao longo do tempo e do espaço e, deste modo, contribuir para o esforço de clarificação da problemática do suicídio em contexto social”. O I BAM, onde vão ser conhecidos outros estudos da área da Antropologia Biológica, pretende justamente apresentar a mais recente investigação que tem vindo a ser desenvolvida neste campo, destacando a Antropologia Forense, a Genética de Populações, a Ecologia Humana, a Primatologia, a Evolução Humana e o estudo das Populações do Passado.

História da Ciência em Portugal: radiografia de um disciplina em crescimento

Esta Bibliografia de História da Ciência em Portugal 2000-2004 é a primeira publicação do Centro de História das Ciências da Universidade de Lisboa. Trata-se de um levantamento bibliográfico constituído por trabalhos sobre qualquer assunto de História da Ciência de autores portugueses; trabalhos directamente relacionados com o desenvolvimento histórico da ciência em Portugal por autores estrangeiros; traduções portuguesas de obras sobre História da Ciência. O objectivo foi compilar toda a produção referente ao período 2000 -2004 e disponibilizar as respectivas referências bibliográficas a historiadores e outros interessados. Trata-se, pois, essencialmente, de um instrumento de trabalho para a investigação em História da Ciência. No entanto, da análise introdutória apresentada pelos autores retiram-se algumas leituras interessantes acerca do estado actual da disciplina no nosso país. A inexistência em Portugal de publicações especializadas em História da Ciência tem originado uma grande dispersão dos trabalhos sobre a matéria, fenómeno que se tem vindo a acentuar nos últimos anos, ao ritmo do aumento da respectiva produção. Esta dispersão tem dificultado o acompanhamento regular do que se publica, o que vinha inviabilizando também o tomar de pulso das mudanças estruturais já perceptíveis na disciplina. De facto, a História da Ciência passou a ter, recentemente, três Centros de Investigação, com avaliação internacional (FCT) e, a par desta evolução institucional, a respectiva prática profissional apresenta também alguma evolução, com o aparecimento de historiadores da ciência oriundos da história propriamente dita ou mesmo da sociologia, em vez da proveniência exclusiva e mais tradicional dos círculos científicos. Por outro lado, o facto da História da Ciência cobrir um amplíssimo leque de assuntos e ter fronteiras algo fluidas, sobrepondo-se por vezes a outras disciplinas como a história da cultura e a história das ideias, ou a mais recente história da tecnologia, tem vindo a gerar abertura a novas contribuições, a conceitos operativos e pontos de vista inovadores e, consequentemente, a um espectro de produção bibliográfica mais amplo e diversificado. Um olhar atento sobre esta bibliografia permite confirmar a dispersão desta literatura e identificar sinais dos factores de mudança atrás referidos. Produção mais vasta do que se imagina Mas há uma outra leitura deste trabalho que não pode deixar de ser destacada: a produção em História da Ciência relevante para Portugal ou de autoria portuguesa é muito mais vasta do que às vezes se imagina. Este levantamento bibliográfico trouxe a lume mais de mil títulos, no período que decorreu entre 2000 e 2004. Concretizando, estão representadas nesta bibliografia 1108 referências, resultado do trabalho de 703 autores. Destas, 886 (isto é, 80%), são de autores portugueses ou de portugueses em co-autoria com estrangeiros. De entre os trabalhos de autores nacionais há a registar o número muito significativo de 44 provas académicas (mestrados e doutoramentos) defendidas em universidades portuguesas, uma indicação de que, progressivamente, tem vindo a ser concedida à História da Ciência o necessário enquadramento institucional. Há também a notar o aparecimento de 131 trabalhos por autores portugueses em publicações estrangeiras (isto é, 15% do total de trabalhos de autoria portuguesa), o que revela já um interessante nível de internacionalização da disciplina. Finalmente, há a destacar que 350 autores portugueses aparecem nesta bibliografia com um único trabalho, o que revela uma percentagem significativa de autores que têm com a História da Ciência um relacionamento episódico. Mas por outro lado, observa-se que 36 autores portugueses publicaram, no período em apreço, 6 ou mais trabalhos: uma inegável indicação da existência de uma pequena, mas produtiva, comunidade profissional. Mais do que números, estes dados constituem uma radiografia actual da História da Ciência em Portugal. Os autores desta Bibliografia e o Centro de História das Ciências da Universidade de Lisboa, a que pertencem, tencionam prosseguir este trabalho no futuro, disponibilizando-o on line, com actualizações regulares, em http://chcul.fc.ul.pt

Físico italiano do início do século 20 esteve «morto» e «vivo» ao mesmo tempo

A questão do ser ou não ser não atormentou apenas Hamlet mas também um físico Italiano, Ettore Majorana, que desapareceu em circunstâncias misteriosas nos anos 30 do século passado. Uma análise das cartas deste cientista sugere que terá conseguido criar a ilusão de estar vivo e morto ao mesmo tempo baseado nos seus conhecimentos de mecânica quântica. Esta semana passam cem anos sobre o seu nascimento. Segundo Enrico Fermi - Prémio Nobel em 1938 - seu supervisor no Instituto de Física de Roma, Majorana era genial, sendo uma personalidade comparável a Newton e Galileu. A ideias deste físico poderão ter sido subestimadas e começam actualmente a vir à luz sendo-lhe atribuída, por exemplo, a previsão de que os neutrinos têm massa – algo apenas confirmado na última década. A carreira promissora do jovem físico terminou abruptamente aos 31 anos com o seu desaparecimento durante uma viagem de barco entre Palermo e Nápoles. Apesar das várias investigações o corpo nunca foi encontrado o que levou a opiniões diversas sob o seu verdadeiro destino, havendo quem opine que Majorana terá cometido suicídio, terá sido raptado ou terá mudado de identidade começando uma nova vida. O físico teórico Oleg Zaslavskii, da Karazin Kharkiv National University da Ucrânia, sugere agora que esta ambiguidade à volta do seu destino poderá na realidade ser parte de uma ilusão magicada por Majorana para demonstrar a sobreposição quântica. Este paradoxo em que uma partícula pode simultaneamente existir em dois estados quânticos mutuamente exclusivos é exemplificado pelo gato de Schrödinger uma experiência dura em que o gato pode estar vivo e morto ao mesmo tempo. Majorana queria recriar este paradoxo com eventos da sua própria vida diz Zaslavskii (www. arxiv.org/physics/0605001). O argumento deste físico teórico ucraniano baseia-se numa série de mensagens que Majorana enviou à sua família e a Antonio Carrelli, director do Instituto de Física da Universidade de Nápoles. Majorana terá enviado uma carta expressando a sua intenção de cometer suicídio imediatamente seguida de um telegrama refutando a ideia de que fosse um suicida. Foi, no entanto, uma terceira carta que despertou a atenção a Zaslavskii já que, nesta última, Majorana diz esperar que Carrelli receba a primeira carta e o telegrama ao mesmo tempo. Suicido e sobrevivência simultâneos Segundo Zaslavskii “um remetente, normalmente, espera que uma segunda mensagem chegue primeiro do que uma outra inicial cujo conteúdo é perturbador de forma a cancelá-la” No entanto, Majorana, pretendeu que dois eventos mutuamente exclusivos – o seu suicídio e a sua sobrevivência – co-existissem simultaneamente realizando-se “a versão de mecânica quântica da questão de Hamlet”. Quando Zaslavskii analisou outros eventos ligado ao desaparecimento de Majorana viu exactamente o mesmo padrão. Por exemplo, pensa-se que Majorana terá contratado impostores para se fazerem passar por ele durante a viagem de barco. “De repente, percebi que todos estes detalhes separados e aparentemente extravagantes fazem sentido partindo de uma mesma ideia”, diz Zaslavskii. ”Foi impressionante!” “Zaslavskii tem mostrado consistentemente como, de forma hábil, Majorana pode ter aplicado o seu conhecimento de física quântica”, diz Gennady Gorelik, historiador de ciência na Universidade de Boston. “A sua teoria explica o comportamento estranho e demente de um grande físico e mostra que este, afinal, poderá ter resultado de uma organização lógica”, esclarece. No entanto, o real destino de Majorana e as suas motivações vão provavelmente permanecer um mistério. “É muito difícil para qualquer historiador saber o que se passava na mente de uma determinada figura”, diz Gorelik. “Talvez seja necessário um outro físico teórico como Zaslavskii para que se compreendam os caminhos intuitivos da mente de Majorana”, conclui o historiadro de ciência de Boston.

Ana Eiró é a nova directora do Museu de Ciência

Ana Maria Eiró, professora catedrática do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, é a nova directora do Museu de Ciência. A tomada de posse terá lugar na próxima segunda-feira, dia 4 de Setembro, na Reitoria da Universidade de Lisboa, pelas 12h00. Este museu, que juntamente com o Museu Nacional de História Natural integra o complexo dos Museus da Politécnica, preserva, estuda e expõe o património científico da Faculdade de Ciências, particularmente no que diz respeito às ciências ditas exactas e suas aplicações. O museu desenvolve igualmente um importante trabalho de divulgação e comunicação da ciência, sobretudo junto do público mais jovem. Ao longo dos últimos anos, Ana Maria Eiró tem colaborado em diversas iniciativas de divulgação científica e comissariado importantes exposições, nomeadamente a exposição "À Luz de Einstein", realizada em 2005 na Fundação Calouste Gulbenkian e actualmente em mostra no Museu Nacional da Ciência e da Técnica em Coimbra; e ainda a exposição “Radioactividade α, β e γ Sinais da natureza”, que teve lugar no Museu de Ciência em 2004. Em Novembro de 2005, Ana Eiró foi agraciada com a Ordem do Infante D. Henrique (Grande Oficial).
Máquina de Raios-X eleita a melhor invenção de sempre Votação foi promovida pelo Museu de Ciências de Londres 2009-11-04 A máquina de raios-X foi eleita a melhor invenção de sempre, numa votação promovida pelo Museu de Ciências de Londres. Criado em 1895, este aparelho ganhou dez mil dos 50 mil votos que o museu recebeu nesta eleição que propunha aos eleitores reflectirem sobre o impacto das invenções ao longo dos tempos. Andy Adam, presidente do Royal College of Radiologists, mostrou-se satisfeito com o resultado, pois considera que este mecanismo revolucionou a Medicina, no sentido de ter possibilitado a visualização do interior do corpo humano, sem para que isso fosse necessário abri-lo. "A tecnologia na radiologia avançou tanto que estamos prestes a chegar à era do paciente transparente”, afirmou. A Medicina foi a área melhor posicionada nesta votação, tendo ocupado todos os lugares do “pódio”. Em segundo lugar ficou a penicilina e em terceiro, a descoberta da estrutura do ADN. Entre as dez invenções mais votadas estão ainda a Apollo 10, a máquina a vapor e o telégrafo. Esta eleição foi realizada no âmbito do centenário do Museu de Ciências de Londres, local onde os objectos mais votados estão expostos.

História da ciência em Portugal resumida em livro

A história da ciência em Portugal e os “personagens” que constituíram e protagonizaram o seu percurso estão agora "condensados" num livro da autoria de Carlos Fiolhais, professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Coimbra (UC) e director da Biblioteca Geral da UC, e de Décio Martins, professor de física do mesmo departamento. O lançamento desta obra, que resume a ciência em Portugal desde o tempo dos Descobrimentos até ao fim do Estado Novo, está marcado para amanhã, dia 3 de Novembro, às 18h00, no Gabinete de Física do Museu da Ciência da UC. “Breve História da Ciência em Portugal” destaca nomes como Pedro Nunes, Garcia da Orta, Avelar Brotero, Egas Moniz e outros cientistas desconhecidos do público em geral, mas que foram igualmente importantes para o desenvolvimento científico português. De acordo com os autores, “investigar a história da ciência é a única forma de trazer à luz aspectos da história de Portugal que expliquem melhor quem somos e para onde devemos ir”, sendo que esta obra permite ao leitor “fazer uma viagem no tempo, conhecendo episódios que marcaram a actividade científica nacional”. Este livro, uma co-edição da Imprensa da UC e da Gradiva, “destina-se a todo o público interessado na história da ciência em Portugal, um tema que ainda não tinha sido divulgado no nosso país de forma resumida e acessível ao público não especializado”, explicam os autores. @@Em “Breve História da Ciência em Portugal”, o leitor pode encontrar a história de Cristophorus Clavius, um dos mais notáveis matemáticos e astrónomos do final do século XVI e início do século XVII. “Cristophorus Clavius foi um jesuíta que estudou em Coimbra e um dos principais autores do Calendário Gregoriano, o calendário utilizado nos países ocidentais. Depois de concluir os seus estudos em Coimbra, foi para Roma, tornando-se amigo de Galileu”, explicam os dois físicos. A apresentação de Breve História da Ciência em Portugal, com entrada livre, está a cargo de Fernando Catroga, professor catedrático da Faculdade de Letras da UC. Durante a sessão, vai decorrer uma visita guiada às colecções expostas no Gabinete de Física da UC, orientada pelos autores do livro.

Novo doutoramento dedicado à História das Ciências

As universidades de Coimbra e de Aveiro juntaram-se para organizar um novo programa doutoral em «História das Ciências e Educação Científica». É “um doutoramento interdisciplinar único, em que os estudantes terão acesso privilegiado a um vasto património museológico e documental na área da História das Ciências, Educação e Divulgação Científica”, referem Carlos Fiolhais e Décio Ruivo, os coordenadores da Universidade de Coimbra. As candidaturas para o ano lectivo 2013-2014 estão já abertas. O programa “reúne a qualidade científica de duas Universidades, contando com uma equipa multidisciplinar de 30 docentes doutorados e com o apoio de uma dezena de Centros de Investigação de áreas que se complementam e reforçam”, explica Cláudia Cavadas, Diretora do Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra. Isabel Malaquias, coordenadora do curso por parte da Universidade de Aveiro, acrescenta que este programa é dirigido “a candidatos que tenham uma atitude aberta ao conhecimento científico, com interesse na dimensão sócio-cultural da ciência, incluindo as perspectivas históricas, educativas e de divulgação”. O doutoramento “formará profissionais e investigadores capazes de mediar o papel da história da ciência na compreensão, pública da ciência e na educação científica”. Estão também envolvidas outras instituições como o Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra RÓMULO, o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e o Centro Ciência Viva A Fábrica de Aveiro. Mais informação em http://www.uc.pt/iii.

Investigação associa alterações na placenta ao risco de autismo

Os tratamentos contra o autismo são mais eficazes nos primeiros dois anos de vida. O problema é que, normalmente, a patologia só é diagnosticada aos três ou quatro anos de idade. Um grupo de investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale apresenta agora os resultados de uma investigação em que se mostram procedimentos para a detecção precoce da doença através da análise da placenta no momento do nascimento do bebé. O estudo, que pode determinar qual o risco da criança vir a desenvolver a doença, está publicado publicado na «Biological Psychiatry». A presença de dobras irregulares no cordão umbilical e, especialmente, a proliferação irregular de um tipo de células chamadas trofoblastos (as primeiras que se diferenciam uma vez fecundado o óvulo e que formam a camada externa do blastómero) que aparecem onde não deveriam estar são dois dos factores a ter em conta. Até ao momento, o melhor indicador que existe para determinar se uma criança corre o risco de desenvolver este transtorno é a história familiar. Se o casal tiver já um filho com este transtorno a probabilidade de terem outro com o mesmo problema é nove vezes maior. Para chegar aos dois marcadores descritos no artigo, os investigadores, liderados por Harvey Kliman, e cientistas do Instituto de Neurociências Mind, da Universidade da Califórnia em Davis, submeterem a estudo 117 placentas de bebés com irmãos autistas. Compararam os resultados das observações com os dados de outras 100 placentas (grupo de controlo). Nas placentas dos bebés considerados de risco encontraram-se até 15 inclusões de trofoblastos. Se estes indícios se confirmarem com um diagnóstico sólido, os especialistas recomendam uma intervenção precoce que consiste, basicamente, em sessões de tratamento comportamental. “É na idade mais precoce que a plasticidade cerebral é maior; assim, os resultados são também melhores. A terapia dirige-se, essencialmente, a potenciar as relações sociais, as capacidades comunicativas e a linguagem”, explicam os investigadores.

Descoberta da função do gene Meis1 inicia nova era no tratamento de falhas cardíacas

Uma equipa de investigação do departamento médico da Southwest Texas State University relatou recentemente a descoberta da função que o gene Meis1 tem na regulação da capacidade de regeneração do coração. “Descobrimos que a actividade do Meis1 aumenta significativamente nas células do coração logo depois do nascimento, coincidindo com a altura em que as células do músculo param de se dividir”, diz Hesham Sadek, professor assistente de medicina interna na divisão de cardiologia e autor sénior do estudo, agora publicado na «Nature». Baseando-se nesta observação, os investigadores questionaram: se o Meis1 for eliminado do coração, as células continuarão a dividir-se ao longo da idade adulta? A resposta é positiva. Em 2011, experiências de laboratório de Sadek mostraram que o coração de mamíferos recém-nascidos é capaz de uma vigorosa resposta regenerativa aos danos através da divisão das suas próprias células. À medida que o recém-nascido se desenvolve, o coração perde rapidamente esta habilidade de regeneração e de reparação de danos como, por exemplo, os provocados por um ataque cardíaco. Hesham Sadek Hesham Sadek A equipa demonstrou que através do bloqueio do Meis1, é possível alargar o período de proliferação no coração de ratinhos recém-nascidos. É reactivado, igualmente, o processo regenerativo do coração de ratos adultos sem provocar problemas a nível das funções cardíacas. “Meis1 é um factor de transcrição que actua como um programa de software, com capacidade de controlar a função de outros genes. Neste caso, verificou-se que o Meis1 controla vários genes que normalmente actuam como travões na divisão celular”, explica Sadek. Assim sendo, o Meis1 poderá ser utilizado “como um botão de ligar/desligar para fazer as células dos corações adultos dividirem-se. Se isto for feito com sucesso, esta capacidade pode dar início a uma nova era no tratamento de falhas cardíacas”.

Investigação associa alterações na placenta ao risco de autismo

Os tratamentos contra o autismo são mais eficazes nos primeiros dois anos de vida. O problema é que, normalmente, a patologia só é diagnosticada aos três ou quatro anos de idade. Um grupo de investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale apresenta agora os resultados de uma investigação em que se mostram procedimentos para a detecção precoce da doença através da análise da placenta no momento do nascimento do bebé. O estudo, que pode determinar qual o risco da criança vir a desenvolver a doença, está publicado publicado na «Biological Psychiatry». A presença de dobras irregulares no cordão umbilical e, especialmente, a proliferação irregular de um tipo de células chamadas trofoblastos (as primeiras que se diferenciam uma vez fecundado o óvulo e que formam a camada externa do blastómero) que aparecem onde não deveriam estar são dois dos factores a ter em conta. Até ao momento, o melhor indicador que existe para determinar se uma criança corre o risco de desenvolver este transtorno é a história familiar. Se o casal tiver já um filho com este transtorno a probabilidade de terem outro com o mesmo problema é nove vezes maior. Para chegar aos dois marcadores descritos no artigo, os investigadores, liderados por Harvey Kliman, e cientistas do Instituto de Neurociências Mind, da Universidade da Califórnia em Davis, submeterem a estudo 117 placentas de bebés com irmãos autistas. Compararam os resultados das observações com os dados de outras 100 placentas (grupo de controlo). Nas placentas dos bebés considerados de risco encontraram-se até 15 inclusões de trofoblastos. Se estes indícios se confirmarem com um diagnóstico sólido, os especialistas recomendam uma intervenção precoce que consiste, basicamente, em sessões de tratamento comportamental. “É na idade mais precoce que a plasticidade cerebral é maior; assim, os resultados são também melhores. A terapia dirige-se, essencialmente, a potenciar as relações sociais, as capacidades comunicativas e a linguagem”, explicam os investigadores.

Investigadores dinamarqueses podem ter a cura para o vírus da SIDA

hematologista alemão Gero Hütter, do Hospital Universitário Charité de Berlim, foi o primeiro médico a conseguir “curar” um doente – o executivo norte-americano Timothy Ray Brown – de VIH e leucemia, através de um transplante de medula. Brown é provavelmente o primeiro paciente no mundo a ficar aparentemente livre do vírus da SIDA, através de uma terapia médica. Este foi um caso irrepetível. No entanto, um grupo de investigadores dinamarqueses liderado por Ole Schmeltz Søgaard, do Hospital Universitário de Aarhus, alega conseguir desenvolver uma “estratégia inovadora” pela qual o HIV pode vir a ser suprimido do DNA humano, sendo eliminado permanentemente do sistema imunitário. A equipa assegura que será possível fazer emergir os “depósitos” de HIV que se formam nas células, trazendo-os à superfície da célula e uma vez aí, deixar que seja o próprio sistema imunitário, previamente fortalecido por uma determinada vacina, a encarregar-se de as eliminar. Esta nova técnica que, em suma, “remove” o vírus a partir do DNA humano e, em seguida, destrói-o permanentemente do sistema imunológico do paciente foi testada em laboratórios dinamarqueses e reconhecida pelo Conselho Dinamarquês para a investigação com um prémio de quase três milhões de dólares. O tratamento já está a ser testado em 15 os pacientes. “Estou quase certo que teremos êxito ao libertar os depósitos de HIV, já que os primeiros sinais são promissores. Depois, será necessário conseguir que o sistema imunitário do paciente reconheça o vírus e o destrua. Isso vai depender da força e sensibilidade dos sistemas de cada indivíduo”, concluiu o Ole Sogaard.

Tetris usado para tratar desordem ocular

Uma equipa da Universidade de McGill, no Canadá, desenvolveu uma abordagem que utiliza o popular jogo electrónico Tetris para tratar a ambliopia adulta – disfunção oftálmica caracterizada pela redução ou perda da visão num dos olhos –, vulgarmente conhecida como "olho preguiçoso", que pode derivar do estrabismo. O estudo vem publicado na revista «Current Biology». O objectivo é distribuir informação entre os dois olhos de forma complementar e o jogo treina os dois olhos de forma a obriga-los a trabalhar em conjunto. Este avanço fornece evidência directa de que aliviar a supressão do olho mais fraco, forçando ambos os olhos a cooperarem, aumenta o grau de plasticidade do cérebro, fazendo-o reaprender. Para o estudo com 18 adultos o método funcionou bastante bem. Nove participantes jogaram o jogo monocularmente com o olho mais fraco, enquanto o mais forte ficava tapado, os outros nove jogaram, onde cada olho vendo apenas uma parte separada do jogo. Após duas semanas, o último grupo mostrou uma melhoria no olho mais fraco, assim como na sua percepção de profundidade a três dimensões. Já o grupo monocular, que mostrou apenas uma melhoria moderada, foi transferido para a nova formação e a visão destes também melhorou drasticamente. Agora, equipa de investigação, liderada por Robert Hess, pretende testar o método em crianças com ambliopia. Esta é a causa mais comum de deficiência visual na infância, afectando até três por cento da população. É causada por mau processamento no cérebro – o que resulta na supressão do olho mais fraco pelo mais forte. Os tratamentos mais comuns geralmente tratam de cobrir o olho mais forte, para forçar o mais fraco a trabalhar, mas o sucesso foi apenas parcialmente atingido em crianças, e tem sido ineficaz em adultos. Segundo o grupo de trabalho, o cérebro humano adulto tem um elevado grau de plasticidade e proporciona a base para o tratamento de uma variedade de condições em que a visão tem sido perdida, como resultado de um período de desenvolvimento visual interrompido precocemente na infância.

Investigadores do IGC identificam mecanismo de formação cancerígena

Actividade de genes que promovem cancro pode ser controlada pelo esqueleto das células 2013-05-06 Por Sara Pelicano Florence Janody, coordenadora do estudo desenvolvido no IGC e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Florence Janody, coordenadora do estudo desenvolvido no IGC e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Um grupo de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), liderado por Florence Janody, identificou um novo mecanismo pelo qual a actividade do oncogene (classe de genes que codificam proteínas cuja actividade favorece o desenvolvimento de tumores) Src é limitada pelo esqueleto da célula, o citoesqueleto, limitando assim o desenvolvimento de tumores. “O aumento da actividade de Src tem sido demonstrada em vários tumores malignos como gastrointestinais, incluindo o colorrectal, hepatocelular, pancreático, tumores gástricos e esofágico, bem como no cancro da mama, ovário e pulmão”, esclarece ao Ciência Hoje, Florence Janody. Neste estudo, os investigadores usaram como modelo a mosca da fruta, Drosophila melanogaster. Esta mosca, devido “à sua sofisticada genética, à baixa redundância e elevado grau de conservação é o organismo ideal para gerar modelos cancerígenos semelhantes aos que incidem nos humanos e assim investigar os mecanismos desta patologia”, acrescenta Florence Janody. Os investigadores procederam então à manipulação genética do citoesqueleto (esqueleto da célula), em tecidos da Drosophila melanogaster. A actina, um dos principais componentes do citoesqueleto, forma uma espécie de cabos que constituem uma rede por onde as moléculas se movimentam dentro da célula. Estes cabos estão em constante afinação: as suas extremidades crescem e encolhem por adição ou remoção de componentes através da acção de proteínas, designadas em inglês por actin-capping, que vão regulando este processo. Src foi o primeiro oncogene a ser descoberto, na década de 1950, como sendo capaz de induzir o cancro. Src foi o primeiro oncogene a ser descoberto, na década de 1950, como sendo capaz de induzir o cancro. O grupo de investigadores do IGC mostrou que o desenvolvimento de tumores é travado na presença de elevados níveis do “afinador” actin capping protein. Este “afinador” restringe a actuação de proteínas que são normalmente activadas por elevados níveis de Src. De acordo com a entrevistada, o grupo verificou que “Capping Protein, ou mesmo todas as proteínas que regulam a actina, são conservadas na mosca da fruta de igual modo que nos mamíferos. Nos mamíferos, como na Drosophila, Src desempenha um papel significativo no desenvolvimento da carcinogénese e são detectados, em muitos carcinomas, o aumento dos níveis de tirosina-quinase Src. Assim, com base nos elevados níveis de conservação entre Drosophila e Src em mamíferos, averiguámos que, em células cancerígenas, a competição entre Capping Protein e o oncogene Src na regulação da actina é crítica nas fases iniciais da transformação celular para determinar se a célula irá ser uma célula cancerígena ou escapar à transformação celular”. Apesar no mecanismo molecular preciso ainda não ser conhecido, a hipótese levantada por estes investigadores é de que o “afinador” cria uma tensão nos cabos do citoesqueleto que impede a acção destas proteínas. De modo inverso, a actividade do oncogene Src é aumentada quando os níveis de actin capping protein estão diminuídos, uma vez que as proteínas activadas conseguem-se libertar do efeito bloqueador da rede do citoesqueleto e actuar na célula, resultando no desenvolvimento de tumores. Assim, quando a rede do citosqueleto não é controlada com precisão, oncogenes como Src não ficam retidos, observando-se o desenvolvimento de tumores. Actualmente, os investigadores colocam a hipótese de utilizar linha celular humana.

Investigadora portuguesa caracteriza as "verdadeiras unidades biológicas”

Recorrendo a uma combinação entre cross-linking acoplado a espectrometria de massa e métodos bioquímicos (em vez de usar a cristalografia) para caracterizar, pela primeira vez, a estrutura das proteínas da ADN polimerase replicativa, a exonuclease e E.coli (bactéria Escherichia coli), “no fundo as verdadeiras unidades biológicas”, Ana Toste Rêgo, e outros investigadores do MRC Laboratory of Molecular Biology, Cambridge, Reino Unido, revelaram “que não só a polimerase se encontra em interacção com o grampo deslizante, o que já tinha sido reportado, mas também que a exonuclease está posicionada entre a polimerase e o grampo interagindo com ambas, numa conformação que facilita o acesso ao ADN quando um erro por parte da polimerase é cometido”. A investigadora portuguesa, primeira autora do artigo, publicado no jornal EMBO “Architecture of the Pol III–clamp–exonuclease complex reveals key roles of the exonuclease subunit in processive DNA synthesis and repair”, adiantou que no seu trabalho conseguiram revelar “pela primeira vez, que o acesso ao ADN por parte das TLS polimerases (ADN polimerases de síntese de translesão) é regulado pelo posicionamento da exonuclease no complexo, uma vez que para aceder ao ADN a TLS polimerase terá que se associar ao grampo deslizante exactamente na mesma posição onde está associada a exonuclease. Para isso, é necessário que aquando de uma lesão a exonuclease mude de posição pelo menos momentaneamente, dando lugar à TLS polimerase, e a retome após a lesão seja ultrapassada”. Trabalho incidiu sobre a replicação do DNA e os erros que existem nesta cópia Trabalho incidiu sobre a replicação do DNA e os erros que existem nesta cópia Em suma, este trabalho incidiu sobre a replicação do DNA e os erros que existem nesta cópia. Neste processo de replicação envolve um conjunto alargado de proteínas de modo a garantir que na cópia das longas cadeias de DNA não se cometam erros. A ocorrência de erros na cópia da informação genética pode originar mutações graves e comprometer a sobrevivência dos organismos. Neste trabalho de conservação em que a célula tem que ser capaz de duplicar a sua informação genética de uma célula mãe para uma célula filha, ou seja ser feito um processo chamado replicação de DNA, as DNA polimerases replicativas (enzimas capazes de sintetizar DNA a partir de uma cadeia de DNA mãe) têm um papel fundamental na sua síntese, mas não o fazem sozinhas. Ana Toste Rêgo explica que para as DNA polimerases replicativas serem rápidas e eficientes “necessitam de ajuda”. “No momento de replicação activa são geralmente encontradas associadas a uma proteína chamada «sliding clamp», grampo deslizante, que tem a forma de um donuts que desliza ao longo do DNA à medida que a replicação acontece. Esta proteína funciona como uma ancoragem para a polimerase e torna o processo mais rápido. Ao mesmo tempo, a maior parte das ADN polimerases replicativas não são só capazes de incorporar nucleotídeos (as unidades que compõem o DNA) mas sim retirá-los quando cometem um erro. Esta actividade é devida a um domínio ou subunidade chamada exonuclease”. Bactéria Escherichia coli. Bactéria Escherichia coli. No caso das bactérias, em especial no caso da bactéria Escherichia coli (usada neste estudo), esta exonuclease não faz parte da polimerase, mas é sim uma subunidade independente, embora em interacção com a última no processo de síntese e promovendo uma fidelidade enorme. “Estas três proteínas em conjunto [polimerase, exonuclease e grampo deslizante] são tão eficientes que são capazes de sintetizar DNA a uma velocidade de mil nucleotídeos por segundo com uma taxa de erro de apenas 1x106. Ou seja, se compararmos o genoma completo da E.coli (4.6Mbases) a uma estrada com 4 600 000quilómetros, este complexo de três proteínas consegue fazer todo o percurso, e copiá-lo, em menos de 80 minutos, o que é impressionante. Além disso, ao longo de todo o percurso, a probabilidade de se enganar no caminho é de 1 em 1 000 000, ou seja menos de cinco vezes”, pormenoriza a entrevistada. Contudo, a fidelidade do genoma de um organismo não fica comprometida apenas com erros feitos pela polimerase. Existem também factores externos, quer metabólicos quer ambientais, a carsar alterações no DNA que não são ultrapassáveis ou corrigíveis pela DNA polimerase replicativa e exonuclease. Ana Toste Rêgo explica que “as células têm múltiplos mecanismos de reparação de ADN o que explica o facto de, por exemplo, as células humanas serem capazes de sobreviver a entre 1000 a 1 milhão de lesões por célula por dia no ADN. Digamos que as células têm um médico especialista para cada tipo de lesão”. Quando o erro é detectado Se no processo replicativo, o DNA polimerase encontra uma dessas alterações no DNA simplesmente pára e não consegue continuar se a célula não tiver outros mecanismos para ultrapassar estas lesões. Isto é fácil de entender se pensarmos num comboio de alta velocidade que encontra um obstáculo no caminho Isto é fácil de entender se pensarmos num comboio de alta velocidade que encontra um obstáculo no caminho A célula nessa altura “pede ajuda” a outro tipo de DNA polimerases denominadas DNA polimerases de síntese de translesão (TLS polimerases). Estas polimerases não são tão eficientes como as DNA polimerases replicativas mas são capazes de ultrapassar a lesão e continuar a síntese até devolverem o DNA à polimerase de replicação para que prossiga o processo de síntese normal. “Isto é fácil de entender se pensarmos num comboio de alta velocidade que encontra um obstáculo no caminho. O comboio tem que parar até que alguém retire o objecto ou, se isso não é possível, que alguém construa um desvio ou ponte sobre o objecto para que possa de seguida retomar a sua marcha a alta velocidade. Isso é o que as TLS polimerases fazem”, comenta a investigadora. A compreensão deses processos tem sido alvo de muitos estudos, que se têm centrado na caracterização destas proteínas, quer por métodos genéticos, moleculares ou bioquímicos. Ana Toste Rego sublinha ser fundamental “a compreensão detalhada do que realmente se passa tanto no momento em que a polimerase replicativa comete um erro e o DNA é corrigido pela exonuclease, como no momento em que não é possível corrigi-lo e as TLS polimerases são recrutadas para o mesmo local”. Uma das maneiras mais importantes de olhar para estes processos é conseguir produzir uma imagem tridimensional destes complexos proteicos (polimerase-exonuclease-grampo deslizante) em qualquer das situações acima mencionadas. Nestes casos, a cristalografia de proteínas é muitas vezes usada e, “de facto, tanto a estrutura tridimensional da DNA polimerase replicativa, o domínio catalítico da exonuclease e a estrutura do grampo deslizante da E.coli foram resolvidas por este método. O mais complicado, no entanto, é conseguir cristalizar e/ou caracterizar a estrutura destas proteínas em complexo umas com as outras, no fundo as verdadeiras unidades biológicas”, diz a investigadora. Investigação foi conduzida no Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge Investigação foi conduzida no Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge Foi neste âmbito que Ana Toste Rêgo e os investigadoores do MRC – Laboratory of Molecular Biology trabalharam. O estudo que desenvolveram foi feito com proteínas purificadas a partir da sua sobre-expressão em Escherichia coli e reconstituição dos complexos de proteínas in vitro. Foram também introduzidas mutações ou delecções para delimitar e comprovar as regiões de interacção entre as proteínas. E.coli permite extrapolar resultados Usar a E.coli como modelo biológico “é muito importante, não só porque é um organismo simples e mais fácil de trabalhar no laboratório mas porque muitos dos resultados obtidos podem ser extrapolados para os animais e homem uma vez que muitas proteínas são homólogas e alguns mecanismos bastante semelhantes”, afirma Ana Toste Rêgo. Ao mesmo tempo, “ou ainda mais importante”, é a existência de inúmeras estirpes altamente patológicas e resistentes a antibióticos destas bactérias. “Um maior conhecimento dos seus mecanismos mais fundamentais como é a replicação do seu DNA e os seus mecanismos para ultrapassar lesões e manter a sua integridade genómica para se reproduzir, podem ser enormes valias para o desenvolvimento de novas drogas no combate a infecções desta bactéria, usando para isso novos alvos destas maquinarias”. O estudo de Ana Toste Rêgo revelou novos dados sobre esses mecanismos e é mais uma peça no puzzle. A investigadora comenta que o trabalho “faz-nos olhar para os mecanismos de replicação e translesão com outros olhos e equacionar novas abordagens para o problema, assim como pensar a longo prazo na questão do desenvolvimento de novos fármacos”.

Investigadores da Católica Porto utilizam cogumelos contra bactérias multi-resistentes

Estudo demonstra eficácia de extractos de certos fungos contra infecções hospitalares 2013-05-08 Manuela Pintado, da Escola Superior de Biotecnologia, dirigiu a investigação Manuela Pintado, da Escola Superior de Biotecnologia, dirigiu a investigação A Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica Porto, numa investigação realizada em parceria com o Politécnico de Bragança, descobriu uma nova forma de combater o Staphylococcus aureus meticilino-resistente (também conhecido como MRSA), uma bactéria particularmente difícil de tratar por ser resistente à penicilina e a todos os antibióticos do mesmo grupo. A equipa de investigação, dirigida por Manuela Pintado, demonstrou a eficácia de alguns compostos fúngicos contra infecções graves que frequentemente ocorrem em ambiente hospitalar e podem resultar em septicemia, pneumonia ou pericardite. Os investigadores testaram diferentes compostos – obtidos a partir de cogumelos provenientes de vários países – em bactérias patogénicas isoladas de pacientes de um hospital português. Os resultados obtidos revelam que a solução extraída deste tipo de fungos possui propriedades anti-microbianas e por isso inibe com sucesso o crescimento dessas bactérias. Esta descoberta ganha especial projecção na medida em que existe uma lacuna de antibióticos eficazes contra as resistências múltiplas actualmente detectáveis em hospitais. Esta falta de tratamento pode levar à morte devido a uma simples infecção. A busca de novos antibióticos atinge, assim, um novo nível de urgência. Este trabalho – publicado hoje no «Journal of Applied Microbiology» – estudou igualmente o mecanismo inédito pelo qual estes compostos fúngicos actuam. A descoberta abre, assim, caminho ao desenvolvimento de novas moléculas para combate às multi-resistências. Artigo: Antimicrobial activity of phenolic compounds identified in wild mushrooms, SAR analysis and docking studies

Novo coração artificial será implantado em quatro países

Hospitais da Bélgica, Polónia, Eslovénia e Arábia Saudita vão começar a utilizar o dispositivo 2013-05-22 A companhia francesa Carmat recebeu autorização para começar a implantar em humanos o seu novo coração artificial, considerado um dos mais avançados. Depois de se terem levado a cabo alguns testes-piloto, o novo órgão começará a ser implantado em quatro hospitais na Bélgica, Polónia, Eslovénia e Arábia Saudita, países com longas listas de espera para transplantes. A diferença entre os corações artificiais mecânicos, que consistem numa espécie de bomba que se implanta junto ao velho coração danificado (sem o tirar) e os corações bioartificiais é que estes últimos devem substituir completamente o órgão original. Por vezes, os suportes artificiais funcionam como uma ponte enquanto se espera pelo transplante. No entanto, com o avanço da tecnologia, estes têm uma duração cada vez maior. O da companhia francesa pode durar entre cinco e dez anos. O dispositivo custa 200 mil euros e tem autonomia de bateria de 14 horas. É fabricado com uma série de materiais que reduzem o risco de formação de trombos, o que se traduz numa menor necessidade de medicação anticoagulante. Com apenas um quilograma de peso, o coração artificial tem uma auto-regulação que permite saber quanto sangue é necessário bombear a cada momento. Numa declaração conjunta, os cirurgiões cardíacos dos quatro hospitais que vão começar a implantar o dispositivo sublinharam que a insuficiência cardíaca terminal é um grave problema de saúde pública que ultrapassa fronteiras. Por isso, “este coração é uma verdadeira inovação para a comunidade médica. Estamos impacientes para efectuar os primeiros implantes e analisar os benefícios potenciais para os nossos pacientes”.

A felicidade é a melhor medicina

Emoções positivas têm efeitos na saúde física 2013-05-22 Emoções, ligações sociais e boa-saúde fazem círculo virtuoso Emoções, ligações sociais e boa-saúde fazem círculo virtuoso Uma equipa de investigação do Instituto Max Planck para Ciências do Cérebro e da Cognição demonstrou que emoções positivas levam a melhores relações sociais e essas, por sua vez, melhoram a saúde física. No artigo publicado no «Psychological Science», a psicóloga Bethany Kok e os seus colegas descrevem um estudo de nove semanas com 65 participantes, onde dois terços dos participantes eram mulheres cuja idade rondava os 37 anos. A investigação começou com a análise dos batimentos cardíacos de cada participante para obter uma medição com base no nervo vago – o que permitiu chegar ao nível da actividade em partes relevantes do sistema nervoso, que regula os órgãos internos e reage ao stresse emocional. Durante os 61 dias que se seguiram, os voluntários preencheram um relatório diário, dando conta de como se sentiam descrevendo 20 emoções diferentes. Paralelamente, exploravam os limites de amor e serenidade, compaixão, desprezo e repugnância. Além disso, ainda taxaram “três tipos de interacções sociais onde tinham passado a maior parte de tempo naquele dia”, avaliando o grau de proximidade com a pessoa. Durante essas sessões, foram estimulados a meditar regularmente e, no fim das nove semanas, o tom de vagal de cada participante foi medido novamente. As leituras mostraram espiral ascendente de emoções. A equipa afirma que a percepção das relações sociais é o mecanismo que faz com que as emoções positivas melhorem a saúde física e técnicas de meditação como a usada na experiência são uma forma de criar esse círculo virtuoso: emoções, ligações sociais e boa-saúde. Já Karina Davidson, directora do Centro de Comportamento e Saúde Cardiovascular de Columbia, apontou que “as pessoas felizes tendem a dormir melhor e a apresentar comportamentos mais saudáveis. Além disso, tem menos stresse nas suas vidas".

Vitamina D pode ajudar doentes asmáticos

Estudo britânico revela melhoramentos do sistema imunitário 2013-05-23 Estudo britânico revela melhoramentos do sistema imunitário Estudo britânico revela melhoramentos do sistema imunitário A Vitamina D pode ser uma alternativa aos convencionais tratamentos com esteroides utilizados no tratamento da asma. A conclusão é de uma equipa de cientistas do King’s College de Londres, Reino Unido. Os investigadores averiguaram o impacto da vitamina D numa substância química do corpo humano, a interleucina-17 (IL-17A), “um químico natural que ajuda o corpo a defender-se de infecções e que reduz a resposta dos esteroides quando é produzido em grandes quantidades pelo organismo”, explicam os especialistas britânicos. No estudo, já publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology, verificou-se que a vitamina D foi capaz de reduzir os níveis de interleucina-17 em 28 pacientes. "Sabemos que pessoas com altos níveis de vitamina D conseguem controlar melhor sua asma”, sublinhou Catherine Hawrylowicz, coordenadora da equipa de investigação. Neste trabalho participaram 18 voluntários, doentes asmáticos, e com altos níveis de resistência aos esteroides, dez doentes que tinham boa resposta a este composto e de dez pessoas saudáveis num grupo de controlo. "Os resultados mostraram que os pacientes com asma tinham níveis muito superiores de IL-17A, do que aqueles que não tinham a doença", explica em comunicado a King's College de Londres. Para Catherine Hawrylowicz “estas descobertas são entusiasmantes porque mostram que a vitamina D pode um dia ser usada não só para o tratamento dos pacientes resistentes aos esteroides, como também ajudar a reduzir as doses de esteroides administradas, reduzindo o risco de efeitos secundários nocivos". O próximo passo é testar a Vitamina D como tratamento de doentes asmáticos. "Acreditamos que tratar as pessoas com vitamina D pode fazer com que os pacientes resistentes aos esteroides passem a responder a eles ou permitam que aqueles que já conseguem controlar sua asma tomem menos esteroides", disse Catherine Hawrylowicz. A vitamina D está presente em alimentos como cogumelos, ovo, iogurte, sardinha. A produção desta substância pode também ser desencadeada pela exposição moderada ao sol.

Nova gripe aviária pode ser transmitida entre humanos

Um estudo realizado por uma equipa de investigação da Universidade de Hong Kong (China) indica que vírus H7N9 da gripe aviária tem capacidade de se transmitir entre seres humanos, inclusivamente, por via aérea. Os cientistas avançaram que três furões, animal usado para estudar o vírus influenza no ser humano, contraíram o H7N9 quando entraram em contacto com outros furões já contaminados, mas um dos animais ficou numa gaiola afastada e também contraiu o vírus, por via aérea. A Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu até à data que não existem indícios de "transmissão sustentada entre humanos". Desde que surgiu na China, a doença já matou 36 pessoas. Segundo a equipa chinesa, liderada pelo biólogo Yi Guan, especialista na área, alguns animais contaminados não desenvolveram febre e outros sinais clínicos, indicando que infecções assintomáticas entre humanos são possíveis. Isso tornaria o vírus mais difícil de detectar e controlar. Os investigadores assinalam que “uma futura ameaça de pandemia não pode ser excluída”. O vírus também pode contaminar porcos, mas não tem como ser transmitido entre estes ou deles para outros animais, segundo o estudo. O grupo de trabalho pediu às autoridades para que mantenham a vigilância para evitar uma mutação que resulte numa situação mais séria. A OMS referiu recentemente que o H7N9 parecia estar controlado na China graças a restrições a mercados aviários. Desde que surgiu, em Março, o vírus contaminou 130 pessoas na China continental. Nenhum novo caso foi registrado desde o início do corrente mês. O primeiro taiwanês infectado pela gripe aviária H7N9 está a recuperar e recebeu alta do hospital na sexta-feira depois de 35 dias de tratamento, segundo avançou o «China Radio International».

Estudo determina perfil metabólico dos portugueses

ultrarrápidos. “Estes [muito lentos e muito rápidos] são os mais problemáticos porque metabolizam de uma forma muito diferente do que a maioria e são um número ainda considerável”, adianta Manuela Grazina, professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e líder da equipa multidisciplinar que desenvolveu este trabalho. A investigação, que envolveu 300 indivíduos (a extrapolação para a população portuguesa foi feita com base nos Censos 2011) que voluntariamente cederam amostras de sangue para análise, focou-se em identificar as alterações genéticas, características dos perfis de metabolização, do gene CYP2D6 que codifica uma das principais enzimas envolvidas no metabolismo dos fármacos utilizados para tratar doenças neuropsiquiátricas, como por exemplo, a depressão e as toxicodependências. “O nosso estudo incidiu sobre esta proteína e sobre este gene porque é das mais importantes, entrando na metabolização de 25% dos fármacos regularmente utilizados na prática clínica, entre os quais antidepressivos, analgésicos e opióides. É endógena e metaboliza substâncias endógenas e exógenas. É também importante porque está muito relacionada com o uso de determinados fármacos que são utilizados em doenças neuropsiquiátricas”, refere Manuela Grazina que é também coordenadora do Laboratório de Bioquímica Genética do Centro de Neurociências e Biologia Celular. Com aprovação da Comissão de Ética, foram recolhidas amostras de sangue para determinação dos perfis metabólicos na sociedade portuguesa. Com aprovação da Comissão de Ética, foram recolhidas amostras de sangue para determinação dos perfis metabólicos na sociedade portuguesa. Este conhecimento pode ser um bom contributo na prática clínica auxiliando os médicos no momento de decidir um tratamento. Com a informação sobre o metabolismo do doente, o médico pode escolher melhor “a dosagem do medicamento porque sabe se o indivíduo vai, ou não, metabolizar convenientemente aquele fármaco. É uma informação importantíssima para que o clínico possa prescrever um medicamento diferente mais adequado à metabolização do doente”, pormenoriza a entrevistada. Os fármacos são “substâncias estranhas” ao nosso corpo que têm de ser metabolizados para dele saírem. No entanto, a forma como são metabolizados pelo organismo tem influência no efeito para o qual foi tomado aquele medicamento. Assim, nos casos extremos de metabolismo (os muito lentos e ultrarrápidos) podem existir problemas. Manuela Grazina explica que se um medicamento for “metabolizado muito depressa desaparece do organismo e não fez qualquer efeito, isto em casos de metabolização ultrarrápida. Por outro lado, se for uma metabolização ultralenta, o medicamento fica no organismo numa concentração demasiado elevada e pode desencadear os chamados efeitos secundários, podendo mesmo ser tóxico”. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito de um projecto internacional do Consortium of the Ibero-American Network of Pharmacogenomics and Pharmacogentics (RIBEF), onde também foram traçados os perfis das populações do Brasil, de Espanha e de Cuba, entre outras. O estudo irá continuar com a investigação deste e de outros genes, como por exemplo receptores e transportadores de dopamina e serotonina, em toxicodependentes, em colaboração com a Unidade de Desabituação do Centro. O objectivo é compreender as diferenças observadas na eficácia da desintoxicação, com base nas variações genéticas e metabólicas. Manuela Grazina defende que “um investimento neste tipo de estudos é crucial para a prevenção a longo prazo”.

Estudo da UBI revela que 25 por cento das portuguesas têm miomas uterinos

Estudo da UBI revela que 25 por cento das portuguesas têm miomas uterinos Foram observadas 624 mulheres através de ecografia 2013-05-28 Aparecimento de miomas leva muitas vezes a alterações menstruais (DR) Aparecimento de miomas leva muitas vezes a alterações menstruais (DR) Um estudo realizado pela Universidade da Beira Interior (UBI) revela que 25 por cento das mulheres portuguesas têm miomas uterinos – um tumor benigno que se desenvolve no útero. Esta é a primeira investigação no país que analisa a prevalência deste tipo de tumor e tem como objectivo encontrar aspectos epidemiológicos associados. Os miomas não são cancerígenos e a probabilidade de se transformarem nessa doença é extremamente baixa, mas, segundo o médico ginecologista José Alberto Moutinho, o seu aparecimento leva muitas vezes a “alterações menstruais e são também a principal causa de histerectomia (remoção do útero) em todos os países desenvolvidos". Para o estudo, foram observadas 624 mulheres através de ecografia, durante o último ano e detectaram uterinos em 161 mulheres, ou seja, uma prevalência de 25,8 por cento – semelhante à que é reportada na Europa. E 45 por cento destas tinham idades compreendidas entre os 40 e os 59 anos – o que remete a idade para um factor de risco. Do conjunto de mulheres com miomas, apenas 29,3 por cento não apresentaram sintomas e nas restantes, os sintomas mais frequentes foram as hemorragias anormais.

Mergulhar é bom mas pode causar lesões medulares

A Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT) vai lançar uma campanha de sensibilização para os perigos dos mergulhos no mar, em piscinas e noutros locais. O objectivo é prevenir os traumatismos vertebro medulares provocados por acidentes relacionados com o mergulho. Na época balnear de 2012, a SPOT fez um estudo prospectivo, com o apoio dos serviços de neurocirurgia e ortopedia do país, para avaliar a incidência de traumatismos vertebro medulares causadas por mergulhos. A conclusão foi de que “a incidência predominante dos traumatismos vertebro medulares por mergulho ocorre nas faixas etárias mais jovens, com 43% dos acidentes em jovens até aos 19 anos e 72% se considerarmos os traumatizados até aos 29 anos”, adianta Jorge Mineiro, presidente da SPOT. Verificou-se assim que estes acidentes afectam sobretudo uma população jovem e têm consequências, na sua maioria, graves e irreversíveis como “elevada incapacidade motora e sensorial, facto esse que condiciona uma longa dependência de cuidados prestados por outros para quase todas as actividades da vida diária”, adianta o especialista. De referir ainda que os doentes com lesão neurológica completa que sobrevivem ao acidente têm um maior risco de morte nos dois primeiros anos após o traumatismo, sendo este risco maior para os doentes com danos neurológicos mais graves. “Com sobrevidas médias de 7,4 anos as causas de morte estão geralmente associadas a outras intercorrências que geralmente se desenvolvem como por exemplo pneumonias, doenças cardíacas isquémicas e doenças urogenitais, pelo que se perceber a gravidade deste tipo de traumatismos”, explica Jorge Mineiro. A incidência predominante dos traumatismos vertebro medulares por mergulho ocorre nas faixas etárias mais jovens. A incidência predominante dos traumatismos vertebro medulares por mergulho ocorre nas faixas etárias mais jovens. A SPOT, juntamente com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, decidiu lançar uma campanha preventiva, alertando para os riscos de mergulhar, sobretudo em águas que não se conhecem. A campanha terá início já no mês de Junho, com acções de sensibilização nas escolas e continuará todo o verão com cartazes colados ao longo da costa nacional, de Norte a Sul, e perto das zonas balneares. Nas sessões de sensibilização nas escolas, os especialistas vão abordar questões como os riscos, consequências e o que fazer em caso de acidente. “Quando a pessoa mergulha e bate com a cabeça no fundo, dá-se um determinado movimento da coluna que é a inflexão e impacção que normalmente parte as vertebras e comprime a medula. Esta compressão da medula pode ser irreversível ou pode de ser de uma forma não total. Mas, em grande parte, pela violência do impacto, as lesões são irreversíveis”, explica Jorge Mineiro. Quando o acidente acontece o acidentado deve ficar “imobilizado em bloco e manter a posição alinhada para não mexer a coluna cervical e agravar a lesão. Contudo, dentro de água não é uma situação fácil”, conclui o presidente da SPOT. Os traumatismos vertebro medulares apresentam elevadas taxas de morbilidade/mortalidade e têm grande impacto psicológico e económico devido a hospitalizações frequentes, intervenções médico-cirúrgicas, fármacos, reabilitação lenta, morosa e crónica, e adaptação ao meio envolvente do doente e à nova condição física.

Coimbra terá primeiro centro de ensaios clínicos de fase I em Portugal

Por Sara Pelicano O CHUC já faz ensaios clínicos de fase II, III e IV. O CHUC já faz ensaios clínicos de fase II, III e IV. O centro de ensaios clínicos de fase I é o local onde começa a ser estudada a segurança de medicamentos em desenvolvimento. Os fármacos são testados em pessoas saudáveis e avalia-se, mais do que a eficácia, a segurança de determinadas moléculas para desenvolvimento futuro. O primeiro destes centros em Portugal irá nascer em 2014, no Hospital dos Covões, em Coimbra. “Será um centro especializado na investigação de medicamentos, dispositivos médicos e tecnologias inovadoras, onde uma equipa altamente especializada conduzirá os primeiros estudos em seres humanos, permitindo ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) estar ainda mais na vanguarda da inovação, disponibilizando estes avanços da medicina mais precocemente a um número maior dos seus doentes, sempre salvaguardando a sua segurança e o respeito pelas normas éticas e deontológicas”, explica o presidente do conselho de administração do CHUC, José Martins Nunes. O centro vai incidir o seu trabalho em áreas médicas como a neurologia, neurociências, pneumologia, cardiologia e metabolismo. Especialidades onde queremos “consolidar a nossa posição de liderança”, avança o entrevistado. No entanto, o projecto vai permitir alargar as áreas de estudo e serão exploradas especialidades como oncologia, doenças raras, doenças infecciosas e auto-imunes e áreas ligadas ao envelhecimento. Com este centro de ensaios clínicos de fase I, Portugal, em particular o Hospital dos Covões, aproxima-se da realidade europeia, onde é comum a existência destes centros. José Martins Nunes sublinha que com este centro “um número cada vez maior dos nossos doentes passarão a dispôr das mais recentes inovações em termos de medicamentos, dispositivos médicos e tecnologias de saúde, sendo acompanhados por equipas de investigação altamente diferenciadas e experientes, garantindo o rigoroso cumprimento das normas éticas e deontológicas”. A estrutura não vai trazer custos acrescidos nem aos doentes, nem ao Estado. “Com esta aposta do CHUC, todos saem a ganhar: os doentes, os profissionais de saúde, os contribuintes, a cidade de Coimbra e o nosso país”, reforça o presidente do conselho de administração do CHUC. José Martins Nunes. José Martins Nunes. O projecto concretizar-se-á com o apoio de diversas empresas e entidades ligadas à investigação clínica. O centro vai ser instalado em espaços que, com a reorganização dos serviços do CHUC, ficarão devolutos e serão requalificados para o efeito. “Em face disto, o investimento financeiro neste projecto é diminuto, sobretudo se considerarmos as suas enormes vantagens e potencialidades”, diz José Martins Nunes. A criação deste centro revela também a aposta do CHUC na investigação clínica, “um eixo estratégico da sua actividade”. O entrevistado relembra que “a proximidade e excelentes relações que temos com a Universidade de Coimbra, os seus laboratórios associados e as numerosas empresas de tecnologias de saúde que existem na cidade, reunidas em aliança, sob a égide do CHUC, na Coimbra Health, conferem-nos diversas vantagens competitivas nesta área relativamente a outras geografias”. Este é o momento para avançar com a abertura do centro de ensaios clínicos de fase I porque os processos burocráticos estão diminuídos e as entidades responsáveis estão mais céleres na tomada de decisão. “Entidades como a Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC) e o Infarmed também têm vindo a melhorar a sua rapidez de autorização dos ensaios clínicos, pelo que achamos que este é o momento para uma renovada aposta do CHUC e do país na investigação clínica e biomédica”, afirma José Martins Nunes. A nova estrutura trará também a criação de postos de trabalho. De uma forma directa está prevista a contratação de 20 pessoas, além de atrair para o CHUC, para os parceiros da Coimbra Health e para cidade “numerosas oportunidades, que certamente se materializarão num número muito superior de postos de trabalho altamente qualificados”, conclui José Martins Nunes.

Investigadores desenvolvem pílula masculina sem hormonas

Investigadores do Instituto de Biotecnologia da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM) estão a desenvolver um contraceptivo masculino reversível, que não é baseado em hormonas nem provoca efeitos secundários. Através do estudo da composição dos espermatozóides, os investigadores detectaram que dentro deles existem canais iónicos (proteínas nas células que permitem a passagem de substâncias) que ajudam a que o cálcio e o potássio permaneçam no espermatozóide. Sem estes canais, os espermatozóides não se movem de maneira correcta; por isso, se os investigadores os conseguirem bloquear, inibirão a função da célula reprodutiva. A existência destes canais é exclusiva dos espermatozóides pelo que a criação de um fármaco que bloqueie unicamente estas proteínas não teria efeitos secundários noutras células do corpo. O facto do corpo masculino produzir espermatozóides novos todos os dias significa que quando deixar de consumir o contraceptivo as suas novas células voltam a ter mobilidade e o homem será novamente fértil. Os cientistas começaram à procura de um tipo de molécula que bloqueie os canais iónicos e permita a infertilidade masculina temporária. Durante os próximos meses, vão realizar testes com diversas substâncias. Para o processo de análise ser mais rápido, a UNAM associou-se ao Instituto Tecnológico de Estudos Superiores de Monterrey, ao governo do Distrito Federal e ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.

Nova terapia em desenvolvimento poderá travar esclerose múltipla

Uma investigação levada a cabo por vários centros europeus e pela Universidade de Northwestern (Chicago) revela uma possível nova terapia para doentes com esclerose múltipla. Os cientistas desenvolveram uma espécie de "vacina" que consegue enganar o sistema imunitário e travar a deterioração da mielina, a substância que cobre os nervos e que possibilita a condução de impulsos nervosos. É devido à desmielinização que se desenvolvem os sintomas que caracterizam a doença, como espasmos musculares, problemas na coordenação, tremuras, entre outros. A esclerose múltipla é uma doença crónica sem cura. Os tratamentos existentes servem apenas para diminuir os sintomas, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. A terapia apresentada esta semana na «Science Translational Medicine» está ainda numa fase muito inicial, tendo sido a sua segurança comprovada em nove pacientes. Consiste na transfusão de glóbulos brancos linfócitos do próprio doente, previamente extraídos para lhes serem acrescentados fragmentos de mielina. Estes fragmentos são precisamente os alvos para os quais se dirigem as células do sistema imunitário que não as reconhece como algo próprio, pelo que as destrói. Esta “receita” irá habituar o organismo do doente à presença destes fragmentos de mielina. “A terapia trava as respostas auto-imunes e previne a activação de novas células auto-imunes. Além disso, esta abordagem deixa intacta a função normal do sistema imunitário”, explica Stephen Miller, professor de microbiologia e imunologia na Universidade Northwestern, que dirigiu o estudo. Apesar da terapia ter reduzido a reacção do sistema imunitário à mielina – entre 50 a 65 por cento – o reduzido número de pacientes testados não permite falar da eficácia ou capacidade para prevenir a progressão da esclerose múltipla. Os investigadores podem apenas afirmar que a terapia não tem efeitos secundários, que foi bem tolerada e que aqueles que receberam as doses mais altas de linfócitos modificados tiveram a maior redução no ataque das células contra a mielina. Artigo: Antigen-Specific Tolerance by Autologous Myelin Peptide–Coupled Cells: A Phase 1 Trial in Multiple Sclerosis

Investigadores desenvolvem fármaco para tratar stress pós-traumático

O gene que regula a sensação de medo nos seres humanos e outros animais – o oprl1 – está implicado no stress pós-traumático, problema psiquiátrico que afecta quem passou por situações de violência como acidentes, atentados ou cenários de guerra. O gene produz o receptor da nociceptina. As moléculas agonistas, ou futuros medicamentos dirigidos a estimulá-lo, previnem o stress pós-traumático nas experiências realizadas em ratinhos. Os cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Emory, Atlanta, publicam agora os resultados da sua investigação na «Science Translational Medicine». Raül Andero e a sua equipa estão a planear testar este tipo de fármaco em vítimas de atentados ou acidentes, imediatamente depois da situação traumática e antes que desenvolvam plenamente os sintomas do stress pós-traumático. Os agonistas (estimuladores) do receptor de nociceptina (oprl1) têm propriedades que tornam atractiva a sua aplicação farmacológica. Os investigadores começaram por administrá-los aos seus modelos animais por injecção directa na amígdala cerebelosa – estrutura de onde emana o medo em roedores e humanos – mas posteriormente conseguiram obter bons resultados administrando o fármaco de formas mais aceitáveis para futuros pacientes, sendo até que será possível ser administrado em fora de pastilhas. O receptor oprl1 é muito similar ao receptor de opiáceos, que é o componente neuronal através do qual a morfina e os seus derivados exercem a sua acção no cérebro, incluindo a adição a essas drogas. No entanto, essa semelhança não impede que se possam dirigir fármacos específicos a cada um deles. Os agonistas de oprl1 utilizados pelos investigadores são completamente cegos ao receptor de opiáceos o que evitará problemas legais de comercialização. O receptor de nociceptina (a proteína fabricada pelo gene oprl1) e a própria niociceptina estão implicados no controlo de vários processos cerebrais tanto em humanos como nos outros mamíferos, sobretudo em actividades relacionadas com os instintos e as emoções.