quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Já andaram pelo espaço agora andam pelos bancos

Empresa portuguesa cria software de detecção de fraude

2014-06-10
(imagem ESA)
(imagem ESA)
Com muita experiência na criação de software para simulação de voos espaciais, uma equipa portuguesa de cientistas criou uma forma de detectar a fraude bancária aqui na Terra, informa uma notícia da Agência Espacial Europeia (ESA).

Hoje em dia, cada compra electrónica feita em Portugal passa pelo software que desenvolveram. Em todo o mundo, os produtos Feedzai verificam pagamentos no valor de cerca de 200 mil milhões de euros, a cada ano, revela a ESA.
Mas afinal, qual é a relação entre missões espaciais e o sftware desenhado para detectar fraude? Mais do que pode imaginar – além do hardware sofisticado, as missões espaciais exigem também avançado software.

Paulo Marques
Paulo Marques
«Quando se lança uma nave espacial, é preciso software para o guiar», explicou Paulo Marques, da Feedzai, que foi consultor da ESA antes de fundar a empresa em 2009. «Também necessita de software para as comunicações com o solo.»

Muito antes de a nave ser lançada, o software precisa de ser testado com rigor, para que não aconteçam falhas. Há apenas um problema, explicou Paulo: «ainda não existe, nesta fase, uma nave real.»

Na ESA, Paulo e o colega da Feedzai, Nuno Sebastião, usaram técnicas computacionais de grande qualidade para criar satélites virtuais: “Clusters de computadores simulam todas as componentes envolvidas. Um computador funciona como uma nave espacial.”

O software tem de ser muito robusto de forma a poder simular cada elemento da missão e da nave na perfeição. E também tem de ser capaz de fazer isso de forma rápida – em muito menos tempo do que demoraria a missão real.

Os softwares de detecção de fraudes e das missões espaciais enfrentam desafios semelhantes. Primeiro, nos dois casos é preciso processar uma grande quantidade de informação, em tempo real. «Num banco, por exemplo, é preciso processar milhares de transacções por segundo.»

Controle de satélites da ESA
Controle de satélites da ESA
Na detecção da fraude bancária, assim como no espaço, o software deve reconhecer qualquer coisa que seja fora do normal. No espaço, uma mudança inesperada na temperatura poderá indicar uma falha na parede. Na banca, as anomalias normalmente apontam para uma fraude: se uma bomba de gasolina começa a gerar, subitamente, valores de vendas semelhantes ao de um stand de carros de luxo, é sinal de sarilhos.

No entanto, há diferenças. Enquanto no espaço há regras gerais que indicam uma anomalia, na fraude as decisões são baseadas numa análise de caso. Uma súbita mudança de temperatura no espaço é sempre um problema, mas cada cliente bancário tem os seus próprios hábitos.

Na deteção da fraude bancária, assim como no espaço, o software deve reconhecer qualquer coisa que seja fora do normal. No espaço, uma mudança inesperada na temperatura poderá indicar uma falha na parede. Na banca, as anomalias normalmente apontam para uma fraude: se uma bomba de gasolina começa a gerar, subitamente, valores de vendas semelhantes ao de um stand de carros de luxo, é sinal de sarilhos.

No entanto, há diferenças. Enquanto no espaço há regras gerais que indicam uma anomalia, na fraude as decisões são baseadas numa análise de caso. Uma súbita mudança de temperatura no espaço é sempre um problema, mas cada cliente bancário tem os seus próprios hábitos. 

Computadores «aprendem» português em Coimbra

Projecto venceu competição internacional

2014-07-14
 Investigador Hugo Gonçalo Oliveira desenvolveu o projecto
Investigador Hugo Gonçalo Oliveira desenvolveu o projecto
Uma WordNet – uma espécie de dicionário próprio para ser utilizado por computadores – desenvolvida pelo investigador Hugo Gonçalo Oliveira, da Universidade de Coimbra (UC), acaba de vencer o prémio de Melhor Tese de Doutoramento numa competição internacional promovida no âmbito da 11ª International Conference on Computational Processing of Portuguese (PROPOR 2014), que irá decorrer na Universidade de São Carlos, São Paulo, Brasil, entre os dias 6 e 8 do próximo mês de Outubro.
Na prática, o trabalho premiado pela PROPOR 2014, o principal evento internacional na área do processamento computacional da língua portuguesa, permite que os computadores entendam mais de português. Isto porque para os computadores perceberem a língua dos humanos, são necessárias várias ferramentas complexas que os “ensinem”. Uma dessas ferramentas é precisamente a WordNet,

«uma base de dados lexical que organiza as palavras de acordo com os seus possíveis sentidos e que estão para as máquinas como os dicionários estão para os seres humanos. Serve para o computador compreender o que está escrito, no caso em português», esclarece o autor, Hugo Gonçalo Oliveira.

Trabalho premiado pela PROPOR 2014
Trabalho premiado pela PROPOR 2014
Para a língua portuguesa, «as wordnets existentes têm limitações ao nível da disponibilidade, método de construção e cobertura. O Onto.PT (nome atribuído à ferramenta) procurou ultrapassar essas limitações através da criação gratuita (http://ontopt.dei.uc.pt), de grandes dimensões e gerada de forma automática, para assim ultrapassar o tempo necessário para uma construção manual», explica.

Recorrendo a esta ferramenta e a outras desenvolvidas, entre 20188 e 2013, no âmbito deste projecto orientado pelo investigador Paulo Gomes, os computadores «poderão compreender melhor a língua portuguesa, o que poderá ter impacto no desenvolvimento de melhores sistemas de pesquisa inteligente, de ajuda à escrita, ou de tradução automática, entre outros», sublinha o também docente do Departamento de Engenharia Informática da faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

E você? Gostaria de ter uma casa passiva?

Alemanha já as constrói há mais de 20 anos

2014-03-04
Por Romeu Vicente *
Uma das casas passivas construídas na Alemanha
Uma das casas passivas construídas na Alemanha
Conforto higrotérmico contínuo, qualidade do ar, salubridade, durabilidade e qualidade de construção, associada a uma fatura energética baixa, apenas é possível com habitações passivas!

O investimento a longo prazo que fazemos na compra ou construção de uma habitação, a percentagem do nosso vencimento mensal alocada a uma renda e à fatura energética exige que façamos a mudança do paradigma de exigência das nossas escolhas e opções em relação à nossa habitação que tanto apelamos de lugar de refúgio e conforto.

* Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro
O conceito Passive House (Casa Passiva), após 22 anos da construção do primeiro conjunto de casas passivas e de mais de 40.000 edifícios construídos, continua a evoluir e a mudar a forma como concebemos, planeamos e construímos edifícios.

Ultimamente a expansão e adaptabilidade do conceito de Casa Passiva a diferentes climas e tipologias construtivas tem evoluído de forma exponencial, impulsionado ainda pela preocupação do uso racional da energia e da sustentabilidade da construção. O modo como se processa a forma de construir ao abrigo do conceito Casa Passiva não é mais do que a forma optimizada no nosso exercício enquanto engenheiros e arquitectos.

Da direita para a esquerda: Romeu Vicente, Ana Alves e Fernanda Rodrigues, dirigentes da Associação Casa Passiva
Da direita para a esquerda: Romeu Vicente, Ana Alves e Fernanda Rodrigues, dirigentes da Associação Casa Passiva
O conceito não é restrito a uma tipologia construtiva ou nível de qualidade de construção. As preocupações subjacentes ao conforto térmico e a complexidade dos vários parâmetros que entram em "jogo" na sua definição, sejam elas a ventilação, qualidade da envolvente opaca, ganhos solares, estanquidade, humidade relativa, etc… são objecto de grande rigor ao abrigo do standard Passive House.

As metas europeias estabelecem que os edifícios públicos, até 2018, e a construção residencial, até 2020, terão de cumprir os requisitos de baixo impacte energético, ou seja, Nearly Zero Energy Buildings (NZEB). Os princípios da Casa Passiva, de consumo energético baixo, vão precisamente ao encontro destas metas estabelecidas para os países membros da União Europeia. Por outro lado, o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação (REH) que entrou em vigor em Dezembro de 2013, vai também ao encontro dos princípios da Casa Passiva definidos no standard Passive House.

O Município de Frankfurt, na Alemanha, tem sido impulsionador da construção de Casas Passiva constituindo um exemplo de responsabilidade social, ao construir edifícios passivos e ao exigir que em terrenos adquiridos ao município se construam edifícios Passive House.

No próximo dia 8 de Março irão decorrer as Jornadas Casa Passiva, na Universidade de Aveiro, evento promovido pelo Departamento de Engenharia Civil e pela Associação Casa Passiva que procura promover a arquitetura bioclimática em Portugal e o standard Passive House, para se atingir a meta dos edifícios de emissão quase nula em Portugal (Net Zero Energy Buildings).

Maquete de uma casa a construir em Portugal
Maquete de uma casa a construir em Portugal
Os promotores do encontro, os docentes do Departamento de Engenharia Civil, Romeu Vicente, Fernanda Rodrigues e a investigadora Ana Alves, todos eles dirigentes da Associação Casa Passiva (PassivHaus Zero-Energy), sublinham que esta iniciativa será uma oportunidade rara para conhecer em profundidade e ouvir quem investiga, constrói e habita casas de baixo consumo e elevado conforto.

Referem ainda que estão a desenvolver um projeto de investigação de casas passivas – adaptabilidade para climas do Sul da Europa, na qual está prevista a construção de uma casa passiva que será concluída em Junho 2015, cuja apresentação decorrerá também durante as Jornadas.

A Casa Passiva (PassivHaus Zero-Energy) é uma recente associação sem fins lucrativos que pretende promover o prática, divulgação e investigação da arquitetura bioclimática e do standard Passive House para atingir a meta dos edifícios de emissão quase nula em Portugal.

Nova técnica mantém o pão fresco por 60 dias

Radiações ionizantes fazem que o produto seja pasteurizado a frio

2012-12-04
O objectivo é manter o pão fresco sem a adição de químicos
O objectivo é manter o pão fresco sem a adição de químicos
Uma empresa norte-americana dedicada à engenharia alimentar está a desenvolver um método para manter o pão fresco durante 60 dias. Sendo um dos produtos alimentares que mais depressa se deteriora, o pão é um dos mais desperdiçados.
O que os investigadores vêm agora propor é uma combinação de efeitos térmicos que permitam destruir as bactérias a temperaturas muito baixas. Fazem, assim, uma pasteurização a frio de elementos frescos eliminando os agentes patogénicos que podem provocar doenças.
No início da sua implementação a empresa MicroZap, sediada no Texas, tinha como objectivo eliminar a salmonela dos ovos, de forma a esta não afectar a qualidade dos mesmos. O pão foi o passo seguinte. O objectivo é atrasar a formação de fungos neste alimento. Em laboratório foi já conseguido dar-lhe uma vida útil de 60 dias com as mesmas condições de qualidade e frescura do pão acabado de fazer.
O processo consiste em expor o produto à acção de radiações ionizantes proporcionais à quantidade de energia que se deseja que o alimento absorva. A irradiação de um impulso muito potente com múltiplas fontes de microondas cria um sinal com uma densidade específica que permite que o produto seja pasteurizado sem que a sua qualidade seja alterada.
Apesar da técnica não estar ainda patenteada, tanto as investigações como os testes comerciais já realizados são positivos.
A empresa assegura que o sistema poderá substituir os conservantes químicos que actualmente se utilizam em numerosos produtos. Seguramente, a radiação de microondas seria muito mais saudável, diz a empresa citada pelo jornal espanhol «El País».

Nova técnica mantém o pão fresco por 60 dias

Radiações ionizantes fazem que o produto seja pasteurizado a frio

2012-12-04
O objectivo é manter o pão fresco sem a adição de químicos
O objectivo é manter o pão fresco sem a adição de químicos
Uma empresa norte-americana dedicada à engenharia alimentar está a desenvolver um método para manter o pão fresco durante 60 dias. Sendo um dos produtos alimentares que mais depressa se deteriora, o pão é um dos mais desperdiçados.
O que os investigadores vêm agora propor é uma combinação de efeitos térmicos que permitam destruir as bactérias a temperaturas muito baixas. Fazem, assim, uma pasteurização a frio de elementos frescos eliminando os agentes patogénicos que podem provocar doenças.
No início da sua implementação a empresa MicroZap, sediada no Texas, tinha como objectivo eliminar a salmonela dos ovos, de forma a esta não afectar a qualidade dos mesmos. O pão foi o passo seguinte. O objectivo é atrasar a formação de fungos neste alimento. Em laboratório foi já conseguido dar-lhe uma vida útil de 60 dias com as mesmas condições de qualidade e frescura do pão acabado de fazer.
O processo consiste em expor o produto à acção de radiações ionizantes proporcionais à quantidade de energia que se deseja que o alimento absorva. A irradiação de um impulso muito potente com múltiplas fontes de microondas cria um sinal com uma densidade específica que permite que o produto seja pasteurizado sem que a sua qualidade seja alterada.
Apesar da técnica não estar ainda patenteada, tanto as investigações como os testes comerciais já realizados são positivos.
A empresa assegura que o sistema poderá substituir os conservantes químicos que actualmente se utilizam em numerosos produtos. Seguramente, a radiação de microondas seria muito mais saudável, diz a empresa citada pelo jornal espanhol «El País».

Quando o chichi «dá» luz!

UMinho quer produzir electricidade a partir de urina humana

2014-08-26
Madalena Alves (Foto de Francisca Fidalgo)
Madalena Alves (Foto de Francisca Fidalgo)
O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho está a produzir electricidade e fertilizantes a partir de urina humana. Este projecto europeu, intitulado “Value from Urine”, já despertou o interesse da Agência Aeroespacial Norte-Americana (NASA) e da Agência Espacial Europeia (ESA).

O objectivo é produzir, numa primeira fase, fertilizantes para solos rico em fósforo, e, num segundo momento, utilizar células de combustível microbianas capazes de gerar electricidade e fertilizantes ricos em azoto.
“A valorização da urina separada dos outros componentes do efluente doméstico baseia-se no conceito de saneamento descentralizado, que poderá ser aplicado em zonas remotas ou nações em vias de desenvolvimento sem redes de esgotos e redes eléctricas. Trata-se de um processo que assenta na separação e reutilização das correntes de água poluída gerada em cada habitação”, adianta a professora catedrática Madalena Alves, coordenadora do projecto a nível nacional.

Por exemplo, as águas dos banhos ou das lavagens de roupa podem ser reutilizadas nos autoclismos. Por outro lado, as águas negras, mais concentradas em poluentes, devem ser separadas das águas chamadas ‘cinzentas’, que têm níveis de contaminação menor, permitindo um tratamento diferenciado de acordo com o grau de poluição.

Como tudo se processa (clique para ampliar)
Como tudo se processa (clique para ampliar)
“Evita-se, desta forma, a diluição de poluição, ou seja, a contaminação de correntes de águas limpas com correntes contaminadas. A separação diferenciada da urina é um passo a mais no conceito de saneamento descentralizado. Este sistema é mais sustentável e eficiente do que o actual modelo de saneamento centralizado adoptado na maioria dos países ocidentais”,
explica a investigadora da UMinho. O “Value from Urine” conta com o financiamento do 7.º Programa Quadro da União Europeia e é coordenado pelo Instituto Wetsus, na Holanda.

Madalena Alves
Madalena Alves licenciou-se pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e fez o mestrado em Engenharia Bioquímica no Instituto Superior Técnico. É professora catedrática desde 2013 e directora adjunta do Centro de Engenharia Biológica da UMinho. É responsável por 28 projectos de I&D na área da biotecnologia ambiental e 14 de cooperação internacional. Já orientou 20 estudantes de doutoramento com provas concluídas e mais de 30 alunos de mestrado. Foi distinguida em 2009 com um doutoramento Honoris Causa atribuído pela Universidade de IASI, na Roménia.

Braga quer construir travessas de caminho-de-ferro
com resíduos de plásticos mistos

Projecto é coordenado por Conceição Paiva

2014-09-09
Conceição Paiva: 'Não se pretende a substituição total dos produtos utilizados actualmente»
Conceição Paiva: 'Não se pretende a substituição total dos produtos utilizados actualmente»
A Escola de Engenharia da Universidade do Minho está a desenvolver travessas para caminho-de-ferro recorrendo a resíduos de plásticos mistos. O objectivo principal é apresentar uma aplicação técnica que permita reduzir significativamente os milhões de toneladas de resíduos de plástico indiferenciado depositados anualmente em aterros sanitários ou eliminados por incineração na União Europeia.

Os plásticos mistos são muito promissores para este tipo de aplicações. “Temos protótipos de barras que, do ponto de vista térmico e mecânico, já se adequam a esta utilização. Mas ainda há um conjunto de questões que têm de ser resolvidas até poderem ser aplicadas aos caminhos-de-ferro”, explica Conceição Paiva, investigadora coordenadora do projecto “Travetec”.

Ferro ou betão podem vir a ser preteridos por resíduos de plástico
Ferro ou betão podem vir a ser preteridos por resíduos de plástico
O trabalho está a ser desenvolvido no PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros da UMinho, em Guimarães, com o financiamento da Sociedade Ponto Verde. Conta com a colaboração do Centro para a Valorização de Resíduos da academia minhota e da empresa Extruplás.

As traves utilizadas nos caminhos-de-ferro são normalmente constituídas de madeira ou betão, sendo que as primeiras devem ser submetidas a tratamentos químicos exigentes e problemáticos em termos ambientais e as segundas são demasiado pesadas, o que limita a sua utilização em determinados locais, como pontes e viadutos. Países como os EUA e a Índia estão já a trabalhar na área. “Não se pretende a substituição total dos produtos utilizados actualmente. No entanto, as traves de madeira serão gradualmente substituídas, sendo necessário encontrar materiais alternativos”, sublinha a professora do Departamento de Engenharia de Polímeros da UMinho.

Conceição Paiva
Conceição de Jesus Rego Paiva nasceu em 1960, em Ota – Alenquer, Portugal. É licenciada em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (1984) e doutorada em Ciência e Engenharia de Polímeros pela UMinho (1998). É, desde então, professora auxiliar da Escola de Engenharia da UMinho. De 2000 a 2003, foi visiting assistant professor na Universidade Clemson (EUA), onde trabalhou no Centre for Advanced Engineering Fibers and Films. Tem vindo a trabalhar activamente na modificação química e física de superfícies de carbono na forma de fibras ou de nanopartículas, na síntese de materiais baseados em grafeno e grafite exfoliada para aplicações em superfícies e no desenvolvimento de soluções para reciclagem de resíduos de plásticos provenientes dos resíduos sólidos urbanos e da separação selectiva.

Comprimidos com mais de dois mil anos analisados

Fármacos foram encontrados num antigo navio romano
naufragado na costa italiana

2013-01-08
Ingredientes estavam bem preservados
Ingredientes estavam bem preservados
Um artigo publicado na revista «Proceedings of the National Academy of Sciences» dá conta da análise a seis comprimidos descobertos num antigo navio romano, afundado na costa italiana há mais de dois mil anos. Investigadores da Universidade de Pisa (Itália) analisaram os remédios usados na antiguidade e consideram que podem ter sido usados para tratar infecções oculares.

As pílulas encontradas estavam em bom estado e os seus ingredientes bem preservados, apesar de submersos ao longo destes anos todos. As amostras estavam numa caixa de metal e revelaram que continham gordura animal e vegetal, entre elas possivelmente azeite, conhecido pelo seu uso antigo em perfumes e preparados médicos; resina de pinheiro, que tem propriedades anti-bacterianas; amido, um ingrediente usado em cosméticos pelos romanos e compostos de zinco, os prováveis ingredientes activos. A composição indica que os comprimidos possam ter tido um uso oftalmológico, segundo a equipa de investigação.
O navio naufragado data do período entre 140 e 130 a.C. e teria sido usado como embarcação de comércio da Grécia para o Mediterrâneo e apesar de ter sido descoberta em 1974, apenas agora é que os comprimidos foram totalmente analisados.

Literatura científica recente documenta o uso de compostos de zinco na farmacologia romana, especialmente para o tratamento de doenças oculares. A descoberta de remédios antigos é rara, especialmente em boas condições como os comprimidos encontrados no navio Relitto del Pozzino e pode ajudar a compreender melhor a farmacologia antiga

Vaca clonada a partir de células do tecido adiposo

Experiência foi levada a cabo na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

2013-05-22
A vaca é da raça Guzerá, como este macho (fotografia José Reynaldo da Fonseca)
A vaca é da raça Guzerá, como este macho (fotografia José Reynaldo da Fonseca)
A vitela “Brasília de Cerrados”, que vive no Brasil, é a única sobrevivente da experiência de clonagem a partir de uma célula de tecido adiposo. A pequena vaca, da raça guzerá leiteira, nasceu a 23 de Abril passado, nas explorações experimentais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Planaltina, perto de Brasília.
Outro bovino produzido a partir de células estaminais induzidas do tecido adiposo nasceu vivo mas morreu logo de seguida.
No país que produz a maior quantidade de bovinos no mundo inteiro, este animal tem a particularidade de ser o primeiro fruto de uma experiência destinada a clonar vacas a partir de células da camada adiposa de outro animal.
Segundo Carlos Frederico Martins, investigador da Embrapa e coordenador do projecto, este é o primeiro nascimento com este tipo de clonação celular de que se tem conhecimento na literatura científica mundial.
A bezerra nasceu com 35 quilogramas de peso e em perfeitas condições de saúde. O animal foi produzido através da técnica de clonagem de transferência nuclear, que consiste em introduzir o material genético de uma célula num ovocito da mesma espécie, a que se tirou o material genético.
Este ovocito é activado para que comece a multiplicar-se e convertido num embrião que é imediatamente implantado no útero de vacas receptoras que serão as “mães de aluguer”.
Brasília de Cerrados é fruto das tecnologias de ponta da Embrapa, empresa estatal considerada uma referência mundial em investigação agropecuária tropical, que já fez com que o Brasil se convertesse num dos maiores produtores de alimento do mundo.
Segundo Martins, o êxito com as células adiposas permite pensar na possibilidade de se clonar animais modificados geneticamente para induzi-los a produzir proteínas de interesse humano, como insulina ou factores de coagulação humana.

Regra quebrada: código genético não é imutável

Investigadores da UA alteraram pela primeira vez linguagem
que traduz informação genética de um ser vivo

2013-06-20
Por Marlene Moura (texto)
Equipa de Aveira altera código genético em laboratório
Equipa de Aveira altera código genético em laboratório
Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) quebrou uma das regras sagradas da biologia: o código genético não é imutável. Estes investigadores descobriram que o fungo patogénico Candida albicans utiliza um código genético diferente do dos outros seres vivos e conseguiram compreender como é que este fungo o alterou e, agora, conseguiram realizar a primeira alteração artificial em laboratório.

A investigação dos doutorandos Ana Rita Bezerra e João Simões, sob coordenação de Manuel Santos, professor do Departamento de Biologia da UA e investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), decorreu ao longo dos últimos quatro anos e foi agora publicada na «Proceedings of the National Academy of Sciences» (PNAS).
“Sabia-se que alguns seres vivos alteraram naturalmente o seu código genético naturalmente, mas continuava a pensar-se que em laboratório seria impossível e que o mecanismo mataria as células manipuladas”, refere, ao «Ciência Hoje», Manuel Santos acrescentando que em 2009, quando conseguiram perceberam a estratégia do fungo, procederam da mesma maneira e a experiência foi bem-sucedida.

“Em laboratório é possível introduzir alterações artificiais ao código genético da mesma forma que a natureza o fez”, afirma ainda.

O C. Albicans é o quarto microrganismo patogénico mais importante, causando inúmeras infecções e hospitalizações, em particular em indivíduos imunodeprimidos, sendo o tratamento das infecções disseminadas muito problemático e conseguiu alterar as regras do código genético naturalmente.

“O sistema imunitário não reconhece estes fungos alterados da mesma maneira”, mas tornaram-se tolerantes a antibióticos e antifúngicos”, refere o investigador sublinhando ainda que o processo acelera a sua resistência”. Segundo Manuel Santos, esta descoberta demonstra que “o código genético é importante para a resistência a fármacos e dá uma oportunidade de explorar o novo mecanismo dando novas pistas para poder criar novos alvos terapêuticos”.

O código genético define as regras químicas que os seres vivos utilizam na tradução da informação dos seus genes em proteínas e é altamente conservado em todas as moléculas que o implementam durante o processo de biossíntese proteica são das mais antigas que se conhecem.

Investigadores criam fígado funcional com células iPS

Estudo de cientistas japoneses está publicado na «Nature»

2013-07-04
Cientistas acreditam que em menos de dez anos se poderá criar fígados para transplantes
Cientistas acreditam que em menos de dez anos se poderá criar fígados para transplantes
A partir de pele humana, um grupo de investigadores conseguiu, pela primeira vez, criar um fígado completo e funcional. Segundo os cientistas, este procedimento abre portas à fabricação de órgãos válidos para serem utilizados transplantes.
Acreditam mesmo que em menos de uma década isso será possível. O estudo está publicado na «Nature».
Em 2006, o cientista japonês Shinya Yamanaka conseguiu criar células iPS a partir de células da pele. A partir daí muitos foram os grupos de investigadores que se dedicaram ao estudo destas células semelhantes às embrionárias, que são capazes de se converter em qualquer tecido, mesmo não procedendo de um embrião.
As células iPS transformaram-se na grande promessa da Medicina Regenerativa para o tratamento e cura de doenças para as quais não há respostas satisfatórias. Yamanaka ganhou mesmo no Nobel de Medicina pelo seu trabalho, o ano passado.
A investigação agora apresentada vem também do Japão, nomeadamente do departamento de Medicina Regenerativa da Cidade Universitária de Yokohama e do Hospital Seirei Sakura.
Para criar o fígado, a equipa cultivou as células iPS com um cocktail formado por células do estroma, células mesenquimatosas da medula óssea e células endoteliais do cordão umbilical. Depois de um cultivo de quatro a seis dias, começaram a estruturar-se num tecido tridimensional e vascularizado.
Depois, o fígado (com uma estrutura semelhantes ao fígado de um embrião humano) foi transplantado num ratinho. Os investigadores queriam testar se era capaz de se gerar um fígado totalmente funcional. Observaram que o fígado continuou a crescer e a funcionar.
Os ratinhos transplantados foram seguidos durante seis meses, não mostrando sinais de desenvolvimento de tumores, um dos riscos a ter em conta com terapia de células embrionárias e que com as iPS também se poderia verificar.
Apesar da importância deste estudo, o transplante para seres humanos necessita ainda de ser optimizado.

Coimbra participa em estudo
para a reprogramação de células adultas

Equipa internacional descobre complexo proteico essencial

2014-05-25
Rodrigo Luiz dos Santos é coautor do artigo
Rodrigo Luiz dos Santos é coautor do artigo
Mais uma importante descoberta rumo à medicina personalizada. Um estudo desenvolvido no centro de investigação em células estaminais da Universidade de Cambridge, em colaboração com o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), identificou pela primeira vez que o complexo NuRD – que regula a forma como o DNA é lido em diferentes células – é extremamente importante para transformar células adultas em células pluripotentes induzidas (iPSCs).
As iPSCs são geradas a partir de células adultas através da adição de genes associados ao estado embrionário. Estas adquirem assim a capacidade de se transformarem em qualquer tipo de tecido do corpo humano, sem a necessidade de destruir embriões, requisito para a geração de células estaminais embrionárias.

Esta técnica foi criada em 2006 pelo Japonês Shinya Yamanaka que, em conjunto com o Inglês Sir John Gurdon, foi galardoado com o prémio Nobel da Fisiologia e Medicina em 2012 por esta descoberta.

O investigador do CNC Rodrigo Luiz dos Santos, coautor do artigo publicado na prestigiada revista Cell Stem Cell explica que este estudo descobre «como aumentar a eficiência de geração de iPSCs, abrindo novas perspetivas para o futuro da medicina personalizada.

 Actualmente, os transplantes são feitos com células provenientes de um dador, obrigando o paciente a passar o resto da sua vida a tomar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição. Como as iPSCs são criadas a partir de uma biópsia do paciente (p. ex., uma biópsia de pele), este problema é ultrapassado, já que as células que serão futuramente transplantadas são 100% iguais às do paciente», refere.

Patologias como Parkinson podem beneficiar das iPSCs
Patologias como Parkinson podem beneficiar das iPSCs
No futuro, as iPSCs poderão ser utilizadas no tratamento de várias doenças, como por exemplo, doenças neurodegenerativas, já que «podem ser diferenciadas (transformadas) em células neuronais e corrigir patologias como Parkinson.

Estas células facilitam a criação de modelo de doença humana em laboratório, possibilitando igualmente o desenvolvimento de novos e melhores fármacos para diversas patologias», esclarece o investigador associado ao CNC.

Na pesquisa, desenvolvida ao longo dos últimos quatro anos, foram usadas células de pele e de cérebro de ratinhos. Através de técnicas de modificação de DNA, os investigadores verificaram que sem o complexo NuRD, a eficiência da geração de iPSCs é extremamente reduzida.

Por outro lado, aumentando artificialmente a atividade do complexo NuRD, a eficiência da geração de células pluripotentes induzidas aumenta de forma muito significativa.

Universidade de Coimbra no topo
da imagiologia molecular mundial

Distinguido estudo sobre neurotransmissor responsável
pelas manifestações cognitivas da neurofibromatose

2014-09-26
Miguel Castelo Branco
Miguel Castelo Branco
Um estudo que identificou, em humanos, o neurotransmissor responsável pelas manifestações cognitivas da neurofibromatose, doença genética comum associada a dificuldades de aprendizagem, desenvolvido por uma equipa multidisciplinar do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde – ICNAS, do Instituto Biomédico de Investigação de Luz e Imagem – IBILI e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (UC), acaba de ser distinguido no Congresso Mundial de Imagem Molecular (World Molecular Imaging Congress), que decorreu em Seoul, na Coreia.
Dos mil estudos apresentados no mais importante congresso de imagem molecular, o trabalho desenvolvido pela equipa de Coimbra foi considerado um dos três melhores, a par com as universidades de Stanford (EUA) e Tuebingen (Alemanha).

O trabalho, que tem como primeira autora a investigadora Inês Violante, faz parte de um estudo mais vasto intitulado “Das moléculas ao homem: novas ferramentas de diagnóstico por imagem em distúrbios neurológicos e psiquiátricos”, coordenado pelo neurocientista Miguel Castelo Branco.

Inês Violante (imagem Facebook)
Inês Violante (imagem Facebook)
Ao anunciar a decisão, ou júri destacou a novidade e inovação da pesquisa que «combinou um complexo conjunto de técnicas e métodos existentes no ICNAS, desde o Ciclotrão até à imagem PET (tomografia por emissão de positrões) e Ressonância magnética, aplicados à investigação clínica numa doença neurológica humana, a neurofibromatose. Esta combinação representou um enorme desafio», explica Miguel Castelo-Branco.

Ao «entender como se comporta o neurotransmissor responsável por esta doença actualmente sem cura e muito associada ao atraso escolar, é agora possível desenvolver alvos terapêuticos para combater a patologia», sublinha o também docente da UC.

Com um orçamento global de um milhão de euros, financiado em grande parte pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), a investigação iniciou-se em 2009 e reúne vários ramos do conhecimento (medicina, bioquímica, matemática, psicologia e engenharia).

Colar os cromossomas no sítio certo

Raquel Oliveira, do IGC, liderou estudo

2014-10-09
Raquel Oliveira
Raquel Oliveira
Durante a divisão celular, os cromossomas adquirem a forma característica de X, com as duas moléculas de DNA (cromatídeos irmãos) unidos numa “região de ligação” central, que contém DNA muito compactado. Era até agora desconhecido se rearranjos na arquitetura típica de X poderiam perturbar a correcta separação dos cromossomas. Um novo estudo, liderado por Raquel Oliveira, do Instituto Gulbenkian de Ciência em colaboração com colegas da Universidade da Califórnia, Santa Cruz (EUA), mostra agora que a deslocação de segmentos específicos de DNA prejudica a correcta separação dos cromossomas.
Os resultados deste estudo, publicados agora na revista de acesso livre PLOS Biology*, levantam a hipótese de que rearranjos nos cromossomas envolvendo estas regiões, observados frequentemente em muitas células cancerígenas, podem induzir erros adicionais na divisão celular e por isso comprometer a estabilidade genética.

A chave para compreender este problema está na “cola” que mantém ligados os dois cromatídeos irmãos. Esta “colagem” ocorre pela acção de proteínas chamadas coesinas que estão normalmente concentradas na “região de ligação” compacta.

Neste estudo, os investigadores monitorizaram a divisão celular em diferentes linhas da mosca da fruta, Drosophila melanogaster, contendo cromossomas com secções de ADN altamente compactado deslocalizadas.

Exemplos de cromossomas com pontos extras de ligação, entre cromatídeos, em comparação com um cromossoma normal (à esquerda). Créditos: Raquel Oliveira (IGC), Shaila Kotadia (UCSC).
Exemplos de cromossomas com pontos extras de ligação, entre cromatídeos, em comparação com um cromossoma normal (à esquerda). Créditos: Raquel Oliveira (IGC), Shaila Kotadia (UCSC).
Os resultados indicaram que a localização inapropriada destas regiões cromossómicas é suficiente para a associação da “cola” de coesinas, conduzindo à formação de ligações adicionais entre cromatídeos irmãos. À medida que a divisão celular prossegue e os cromatídeos irmãos são puxados para polos opostos da célula, a presença destes locais de coesão extras leva a um estiramento/alongamento anormal dos cromossomas, já que é mais difícil “descolar” os cromatídeos.

Raquel Oliveira, primeira autora deste estudo, explica: “Muitas células cancerígenas apresentam este tipo de anormalidades cromossómicas e nós agora mostramos que estes defeitos podem trazer problemas adicionais de cada vez que uma célula se divide”. William Sullivan (UCSC), colaborador deste trabalho, acrescenta: “Como um carro com o motor desafinado, ao longo de muitas divisões celulares, irá originar perturbações severas na organização dos cromossomas”.
Shaila Kotadia (UCSC)
Shaila Kotadia (UCSC)
“Quando começámos este trabalho, eu estava inicialmente interessada em compreender como é que a “cola” se ligava a estes cromossomas irregulares. A minha colega Shaila Kotadia (UCSC), co-primeira autora deste trabalho, estava a investigar os problemas na separação dos cromossomas nestas linhas de mosca da fruta. Percebemos rapidamente que as duas perguntas poderiam estar ligadas e unimos esforços para perceber porque motivo a divisão celular estava afetada nestas células”
, diz Raquel Oliveira. Estas experiências foram iniciadas durante o seu trabalho pós-doutoral na Universidade de Oxford e foram concluídas depois de instalar o seu grupo no IGC. 

PUBLIREPORTAGEM

Cigarros electrónicos "ajudam os fumadores
a deixarem de fumar"

2014-06-05
Um extenso estudo realizado em Inglaterra descobriu que os fumadores que estão a tentar deixar o tabaco têm mais chances de conseguir quando utilizam os cigarros electrónicos em lugar de outras terapias substitutivas.

Pesquisadores da University College de Londres entrevistaram seis mil fumadores que tentavam deixar de fumar sozinhos sem contar com a ajuda de profissionais do sector da saúde. Aproximadamente um quinto das pessoas que afirmou usar e-cigarros havia deixado de fumar quando a pesquisa foi feita. Em comparação com esses resultados, apenas um décimo das pessoas consultadas havia deixado de fumar com a ajuda de adesivos e gomas de nicotina. Esses resultados oferecem provas encorajantes a favor dos e-cigarros no debate que se está a produzir sobre os riscos e benefícios que têm esses dispositivos cada vez mais populares.
“Isto não acabará com a controvérsia em torno dos e-cigarros”, disse Thomas J. Glynn,pesquisador da Sociedade Americana Conta o Cancro, “mas é uma prova de que os e-cigarros podem ser uma grande ajuda para que algumas pessoas deixem de fumar, ainda que não seja um método revolucionário”.
Os autores do estudo britânico disseram que consideraram muitos outros factores, incluindo a classe social, idade, nível de dependência da nicotina e o tempo que se passou desde a primeira vez em que tentaram deixar de fumar. Afirmaram também que o estudo, um dos maiores realizados até à data sobre este assunto, oferece dados muito valiosos relacionados com as experiências reais que os fumadores tiveram.

O uso dos cigarros electrónicos tem aumentado rapidamente em toda a Europa e nos Estados Unidos e órgãos reguladores estão a tentar averiguar como devem agir, uma vez que não há provas a longa prazo sobre os efeitos que provocam na saúde. Em Portugal o cenário não é diferente. Houve um grande aumento do número de lojas e usuários destes dispositivos no último ano no país.

Segundo VAPO.pt, uma das lojas online líderes destes dispositivos na Europa, ainda que os meios de Comunicação desprestigiem o sector, agora deve-se observar um crescimento natural do mercado interessado por este produto, que muitos crêem ser mais efectivos do que qualquer outro para deixar de fumar.

O tabaco é uma das principais causas evitáveis de morte em todo o mundo. Mas uma pergunta que a sociedade se faz hoje em dia é a seguinte: Os cigarros electrónicos conseguirão aumentar ou diminuir a quantidade de fumadores que existe?

Até agora, as provas são pequenas para que possamos obter conclusões. A instituição americana dedicada à regulação do Consumo de Alimentos e Medicamentos (Food and Drugs Administration) patrocinou um amplo estudo sobre a matéria mas os resultados não foram ainda divulgados.. No entanto, um estudo clínico realizado na Nova Zelândia, que muitos especialistas consideram como o mais confiável realizado sobre este tema até hoje, diz que a concentração de toxinas presentes no vapor dos cigarros electrónicos é muito menor do que aquelas que aparecem no fumo de um cigarro normal.

O professor Robert West, director dos estudos relacionados com o tabaco na University College de Londres e autor principal desse trabalho que será publicado na revista “Journal Addiction”, disse que não estarão disponíveis dados epidemiológicos sólidos sobre os efeitos do cigarro eletrónico pelo menos por várias décadas. Em contrapartida,  precisam de ser tomadas já decisões a este respeito.

Calcula-se que mais de cinco mil vidas possam ser salvas em cada milhão de fumadores que passem a usar os e-cigarros, ainda que fosse demonstrado que esses dispositivos oferecem risco significativo para a saúde e que as pessoas os usem por tempo indeterminados após abandonar os cigarros normais.

“Estamos a falar de milhões de vidas, e nosso trabalho é ajudar os políticos a proteger a vida dessas pessoas”, diz o editorial que acompanha o estudo.

Robert West afirmou que a base de dados utilizada neste estudo tem sido financiada pela Cancer Research UK, uma associação sem fins lucrativos; o Departamento de Saúde de Inglaterra e várias empresas farmacêuticas que trabalham com terapias substitutivas da nicotina, entre as quais se incluem a Pfizer, a GlaxoSmithKline e a Johnson & Johnson.

A prática padrão recomendada para ajudar as pessoas a parar de fumar é receitar medicamentos como o Chantix ou uma combinação de adesivos e gomas de nicotina, cujo consumo deve ser complementar ao tratamento psicológico oferecido por um profissional qualificado.

Enforcing kids é um projecto português dedicado ao autismo

Já chega a 33 países

2014-06-17
Enforcing Kids é o mais recente projecto português dedicado ao autismo, uma plataforma de informação e uma futura aplicação móvel de apoio à terapia de crianças com síndrome do autismo.

Cátia Raminhos
Cátia Raminhos
Os responsáveis por este projecto são Cátia Raminhos e Jorge Santos, alunos da Universidade de Lisboa dos mestrados de Engenharia Informática e de Metodologias e Tecnologias em E-Learning
O Enforcing Kids surge em Portugal e tem como função partilhar dúvidas, esclarecimentos, opiniões e experiências sobre o autismo. Neste momento é um projecto conhecido a nível mundial com adesão em 33 países..

A plataforma de informação foi criada em final de Março de 2014 e surgiu no seguimento da criação de uma aplicação móvel, com o mesmo nome, que contam apresentar ao público quando terminarem os testes pré-distribuição.

Esta plataforma é destinada ao público adulto que lida com a temática do autismo, enquanto a aplicação móvel está pensada para ser usada por crianças acompanhadas por adultos responsáveis pela terapia.

Disponível nas redes sociais mais populares, a plataforma é facilmente utilizável.

Jorge Santos
Jorge Santos
A aplicação móvel está desenhada para ser usada nos dispositivos móveis mais utlilizados actualmente.

Todo o processo de criação da aplicação móvel decorreu no âmbito de um trabalho académico. A plataforma de informação foi desenvolvida no tempo livre dos seus organizadores e não tem quaisquer custos de utilização. O acesso gratuito também é garantido para o blogue com acesso reservado a um público mais especializado.

Quantos cílios são necessários
para a esquerda se distinguir da direita?

Investigação desenvolvida na Faculdade de Ciências Médicas da UNL

2014-06-17
Equipa liderada por Susana Lopes (ao centro)
Equipa liderada por Susana Lopes (ao centro)
O artigo intitulado “Left-Right Organizer Flow Dynamics: How Much Cilia Activity Reliably Yields Laterality?” resultado de um trabalho de investigação desenvolvido no laboratório liderado por Susana S. Lopes, do Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa (CEDOC-FCM-NOVA), foi publicado na Developmental Cell, revista científica com reputação internacional nesta área do conhecimento (embriologia).
Rita Ferreira
Rita Ferreira
A equipa de investigação de Susana Lopes descobriu recentemente que a dinâmica de fluidos registada num microscópico órgão embrionário do peixe-zebra prevê se a posição dos órgãos internos, tais como o coração e o fígado, irá ser correta ou não.

O posicionamento incorrecto dos órgãos é uma doença humana rara que afecta cerca de uma em 10 000 pessoas. A origem desta doença deve-se à incorrecta motilidade ciliar.

Os cílios móveis são finíssimas projecções celulares semelhantes a cabelos que se movimentam com padrões ondulatórios e cujo o mau funcionamento leva a que este pequeno órgão embrionário também existente nos humanos e, designado por nó organizador da esquerda-direita, não cumpra a sua função.

Pedro Sampaio
Pedro Sampaio
Neste pequeno órgão acontecem fenómenos biofísicos explorados pelos investigadores que instruem o embrião sobre como organizar os seus órgãos viscerais dentro das cavidades torácica e abdominal.

Este trabalho de equipa teve três primeiros autores, dois dos quais foram estudantes de mestrado da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT-NOVA); Pedro Sampaio e Rita R. Ferreira e um terceiro investigador mexicano Dr. Adán Guerrero.

Contou ainda com a colaboração de vários investigadores entre os quais um grupo de matemáticos britânico liderado pelo Dr. David Smith da Universidade Birmingham que modelou o fenómeno observado pelos investigadores portugueses. Esta colaboração entre biólogos e matemáticos culminou na conclusão de que o organizador da esquerda-direita do peixe-zebra necessita de ter pelo menos 30 cílios móveis, com mais cílios no lado anterior, para gerar a lateralidade correta dos órgãos internos.

IDIS e INL investigam em conjunto para melhorar
diagnóstico oncológico e neurológico

Projecto foi apresentado hoje em Braga

2014-06-27
Durante a apresentação do InveNNta hoje em Braga
Durante a apresentação do InveNNta hoje em Braga
O Instituto de Investigación Sanitaria de Santiago de Compostela (IDIS) e o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) estão a desenvolver cinco linhas de investigação centradas no diagnóstico oncológico, neurológico e em novas terapias contra o cancro. Um orçamento de quase 3 milhões de euros financia o projecto conjunto: InveNNta – Inovação em nanomedicina para o desenvolvimento sócio-económico da euro-região Galiza-Norte de Portugal.
O projecto InveNNta – Inovação em nanomedicina para o desenvolvimento sócio-económico da euro-região Galiza-Norte de Portugal. Trata-se de um ambicioso programa, que está a ser levado a cabo pelo Instituto de Investigación Sanitaria de Santiago (IDIS) e pelo Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, e que pretende dar resposta a necessidades médicas por resolver nas áreas da neurologia, cancro e dos novos modelos assistenciais.

Para além de uma significativa redução dos custos com os cuidados de saúde, o objectivo é gerar novos produtos e tecnologias, capazes de promover o emprego qualificado e a criação de Empresas de Base Tecnológica (EBTs), no espaço transfronteiriço Galiza-Norte de Portugal. O projeto visa transformar a região numa referência para a investigação em nanomedicina, capaz de liderar iniciativas empreendedoras, e de competir na linha da frente, a nível internacional.

O projecto é suportado por um orçamento global de 2.811.911€ e é co-financiado pelo Fundo Estrutural de Desenvolvimento Regional (FEDER) da União Europeia, ao abrigo Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal 2007-2013 (POCTEP). Mais de 30 investigadores, 12 deles contratados no âmbito do projecto, tornam possível o desenvolvimento deste projecto.

Paulo Freitas, director-geral adjunto do INL
Paulo Freitas, director-geral adjunto do INL
O InveNNta arrancou em Setembro do ano passado e prolonga-se até Junho de 2015, momento em que está prevista a apresentação de resultados.

Objectivos e linhas de investigação


InveNNta compreende o arranque de cinco projectos de investigação em três áreas concretas: diagnóstico oncológico, técnicas de diagnóstico para neurologia e novas terapias contra o cancro. Os trabalhos estão a ser desenvolvidos de acordo com os objectivos estratégicos definidos, e estão direccionados para o lançamento das bases para criação de uma rede de inovação em nanomedicina.

O desenvolvimento de sistemas de diagnóstico até à fase de protótipo, com aplicações na luta contra o cancro e doenças neurológicas, com o propósito de atenuar os custos os cuidados de saúde e de dependência, é outro dos objectivos que o InveNNta persegue. Entre os objectivos do projecto destaca-se também o desenvolvimento de sistemas de seguimento in vivo de células chave para o diagnóstico e tratamento de doenças complexas, com o fim de obter novos agentes de controlo por imagem de ressonância magnética (IRM).

A transferência de tecnologia e a atracção do investimento da indústria também fazem parte dos desafios imediatos dos parceiros impulsionadores do projecto InveNNta, de forma a apresentar candidaturas conjuntas nos concursos, a lançar no âmbito do Horizonte 2020 – programa-quadro de investigação e inovação da União Europeia.

José Castillo Sánchez, director científico do IDIS, e José Rivas, director-geral do INL
José Castillo Sánchez, director científico do IDIS, e José Rivas, director-geral do INL
Novas oportunidades nas ciências da saúde


A nantecnologia aplicada à medicina oferece soluções onde os fármacos convencionais atingiram o seus limites, e permite vislumbrar a possibilidade de cura a partir do próprio corpo e ao nível celular ou molecular. A nanomedicina é uma das vertentes mais promissoras dentro dos novos avanços tecnológicos registados na medicina, e lança-a para uma nova era científica e assistencial. O desenvolvimento da nanomedicina visa melhorar a qualidade do serviço prestado ao paciente e permite caminhar para uma tecnologia de saúde mais personalizada, com de custos sustentáveis, oferecendo produtos competitivos e de elevado valor acrescentado.

A monitorização em alta definição, a reparação de tecidos, o controlo exaustivo da evolução das doenças, a defesa e melhoria dos sistemas biológicos humanos; o diagnóstico precoce, e a prevenção ou tratamento individualizados são alguns dos avanços científicos que o vasto campo da nanomedicina torna possíveis.

Jovens estudantes criam aplicação
que ajuda diabéticos em tempo real

2014-06-27
Os estudasntes da FEUP e IST que criaram a aplicação
Os estudasntes da FEUP e IST que criaram a aplicação
Inês Machado Vaz, Tiago Fernandes, Gabriel Mira Godinho Cruz e Jorge Palma são os estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e do Instituto Superior Técnico (IST) criadores do projecto ‘Glück’ que promete melhorar significativamente a qualidade de vida dos doentes diabéticos.
“O ‘Glück’ consiste numa aplicação que monitoriza e analisa os níveis de glucose do sangue de portadores de diabetes tipo I e II. Esta aplicação é responsável por processar em tempo real os dados que lhe são transmitidos através de um sensor subcutâneo”, explica Gabriel Cruz, um dos criadores da aplicação.

“Acreditamos que o Glück é um projecto que poderá realmente melhorar a vida das pessoas. Vamos continuar a evoluir a ideia, pois queremos desenvolver os nossos próprios sensores e tentar estabelecer esta tecnologia no mercado de forma mais barata e acessível para os doentes”, salienta Gabriel Cruz.

Este projecto conquistou o segundo lugar na final nacional da 11ª edição da Imagine Cup, a maior competição tecnológica a nível mundial, promovida pela Microsoft.

Coimbra lidera descoberta de como eliminar
células estaminais cancerígenas

O estudo acaba de ser publicado na revista científica “Cell Death and Differentiation

2014-06-30
Vega Naredo e Paulo Oliveira
Vega Naredo e Paulo Oliveira
Uma equipa internacional liderada por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) descobriu como eliminar células estaminais cancerígenas através da manipulação da sua produção de energia.

De acordo com várias evidências científicas, as células estaminais cancerígenas podem funcionar como uma semente. Resistem aos tratamentos convencionais e podem proliferar e gerar novas células malignas, sendo responsáveis pela reincidência de vários tipos de cancros.
O estudo, que acaba de ser publicado na revista científica “Cell Death and Differentiation”, do grupo Nature, foi desenvolvido ao longo dos últimos seis anos por uma equipa internacional coordenada por investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com as Universidades do Minnesota-Duluth e Mercer, nos EUA, com o objectivo de alterar e eliminar células estaminais cancerígenas através da manipulação da sua produção de energia.

A investigação centrou-se em identificar como os processos de geração de energia em células estaminais cancerígenas estão interligados com os fenómenos de diferenciação (transformação) celular e resistência a agentes anticancerígenos.

Analisando resultados
Analisando resultados
Com as experiências realizadas num modelo de linha celular estaminal de carcinoma embrionário (um tipo de tumor raro que pode afectar os ovários e testículos), verificou-se uma remodelação celular na população estaminal cancerígena através da manipulação da função da mitocôndria, um organelo responsável pela geração de energia nas células.

«Esta remodelação celular faz com que as células se tornem mais susceptíveis a agentes antitumorais. O estudo mostrou também que, pelo menos no sistema celular avaliado, terapias que estimulem a função da mitocôndria podem levar a uma alteração no fenótipo da população estaminal tumoral, diminuindo a sua resistência a terapias convencionais», sublinha Paulo Oliveira, coordenador do estudo e investigador do CNC.

Segundo Ignacio Vega-Naredo, o primeiro autor do trabalho publicado, «pretende-se agora investigar de que forma as defesas das células estaminais cancerígenas são diminuídas quando ocorre o processo de diferenciação celular forçado por um aumento da função mitocondrial. Isso permitirá criar uma série de novos alvos para uma terapia mais eficaz contra aquele tipo de células».

Os investigadores conseguiram ainda, e pela primeira vez, através da técnica de ressonância magnética nuclear (RMN), fazer uma detalhada análise do perfil metabólico deste tipo de células antes e depois do seu processo de diferenciação, o que permitiu identificar alterações chave da produção de energia.

Coimbra cria programa pioneiro para a infertilidade

Mindfulness é um treino mental que ensina as pessoas a lidarem com os seus pensamentos e emoções

2014-07-21
Ana Galhardo é a primeira autora do estudo
Ana Galhardo é a primeira autora do estudo
Uma equipa do Centro de Investigação do Núcleo de Estudos e Intervenção Cognitivo-Comportamental da Universidade de Coimbra (UC) desenvolveu e testou o primeiro Programa baseado no Mindfulness (atenção plena) para a Infertilidade (PBMI) do mundo, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida e reduzir a ansiedade e depressão das mulheres que vivem esta experiência, por norma, dolorosa e traumática.
O Mindfulness é um treino mental que ensina as pessoas a lidarem com os seus pensamentos e emoções. Como explica o coordenador dos estudos que culminaram na criação do PBMI, José Pinto Gouveia, «o Mindfulness muda o relacionamento com a nossa mente, ensina a distinguir o pensamento útil do pensamento inútil ou mesmo prejudicial. É uma abordagem que evidencia a transitoriedade das emoções. Por isso, há que as reconhecer e não lutar com elas porque uma cadeia de pensamentos negativos conduz a uma exaustão de energia e a possíveis quadros clínicos como a Depressão».

Para testar a sua eficácia, o programa baseado no Mindfulness para a Infertilidade foi aplicado em 55 mulheres inférteis, de diferentes idades, a realizar tratamento médico em Lisboa, Porto e Coimbra. Abrangeu também o acompanhamento de um grupo de controlo (sem intervenção) constituído por 41 mulheres inférteis.

 José Pinto Gouveia foi o coordenador dos estudos que culminaram na criação do PBMI
José Pinto Gouveia foi o coordenador dos estudos que culminaram na criação do PBMI
Antes do arranque do PBMI, que contou com a colaboração da Associação Portuguesa de Fertilidade, os dois grupos foram sujeitos a uma avaliação psicológica e revelaram ambos elevados níveis de ansiedade e depressão.

No final do programa, composto por dez sessões semanais, foram evidenciadas diferenças significativas entre os grupos. Enquanto as mulheres do grupo de controlo não registaram alterações expressivas em nenhuma das medidas psicológicas, as mulheres submetidas à intervenção diminuíram bastante os níveis de ansiedade e depressão:

«Aspectos negativos como a vergonha, a derrota ou a autocompaixão, e estados de depressão e ansiedade diminuíram muito significativamente. Assim, os pensamentos e sentimentos relacionados ao passado doloroso
(p. ex., o aborto ''anterior'') ou para o futuro (''eu nunca vou ser mãe'', p. ex.) são reconhecidos sem tentar suprimir ou modificá-los», sublinha Ana Galhardo, primeira autora do artigo científico publicado na revista norte-americana “Fertility and Sterility”.

Esta pioneira ferramenta de intervenção psicológica desenvolvida pela equipa da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC tem gerado muito interesse junto da comunidade científica internacional, estando já a ser concretizadas parcerias com uma universidade holandesa, um Hospital belga e uma clínica de fertilidade da Noruega.