Uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) descobriu uma forma de impedir a proliferação celular e “apesar de não se tratar de uma medida terapêutica, o estudo poderá levar a futuras terapias” para situações de descontrolo da divisão celular, como é o caso do cancro, segundo avançou Hélder Maiato, responsável pelo grupo de trabalho, ao «Ciência Hoje». O estudo foi publicado na edição ‘online’ desta semana da revista «Nature Cell Biology» e já valeu o prémio Pfizer de Investigação Básica à equipa.
O investigador explica que a divisão se realiza normalmente através de um processo de bipolaridade celular, ou seja, o material genético sob a forma de cromossomas separa-se de um modo equivalente para dois polos definidos ao longo do eixo de divisão, constituindo o fuso mitótico, mas “por várias razões, o caracter bipolar pode ser quebrado e este pode adquirir um carácter multipolar, originando uma distribuição desigual do material genético e associada a vários tipos de cancro”.
Em divisões multipolares as células conseguem “iludir” os mecanismos de controlo de qualidade agrupando os vários polos num fuso bipolar, permitindo a sobrevivência e transmissão do genoma cancerígeno. Agora, “o novo mecanismo tenta evitar o carácter irreversível e causar a morte celular”, continua. A investigação vem provar que determinadas proteínas, as CLASPs, podem ser utilizadas como alvos para inviabilizar células em divisão.
Entre células anormais
Geralmente, uma célula anormal – derivada de cancro – assume um fuso multipolar (com mais de dois pólos) e muitas vezes conseguem reorganizar-se de forma a tornarem-se novamente bipolar. Em cada um dos polos será reorganizada uma célula filha e ambas deverão possuir a mesma informação genética da célula que lhes deu origem. Segundo Elsa Logarinho, uma das autoras do trabalho, refere em comunicado, “é muito importante que este fuso esteja correctamente formado e mantenha o seu carácter bipolar” uma vez que é ele quem garante a igual “divisão dos cromossomas entre as células filhas”, acrescentou ainda.
Segundo a investigação, as CLASPs estão envolvidas na estruturação do fuso mitótico bipolar durante a divisão. Neste estudo os autores mostram que quando a função das CLASPs é afectada, impede-se a capacidade de células cancerígenas agruparem os múltiplos polos num fuso bipolar, tornando o processo irreversível. Neste caso, as células cancerígenas filhas não conseguem sobreviver. Por isso, “Se, em teoria, conseguirmos remover as CLASPs apenas nas linhagens de células cancerígenas, por exemplo, poderemos impedir que tumores continuem a proliferar”, continuou Hélder Maiato.
A equipa do IBMC demonstrou que “motores” localizados nos próprios cromossomas, ao actuarem sobre o fuso mitótico, podem levar à fragmentação irreversível dos seus polos. Segundo o investigador, “em termos conceptuais, em biologia, este estudo confere aos cromossomas, geralmente entidades passivas, um papel activo na determinação da arquitectura do fuso mitótico – o que causa esta multiplicação irreversível”.
Agora, “o desafio está em direccionar a abordagem experimental e a função das CLASPs para um tecido ‘in vivo’, já que este estudo foi realizado em cultura de células em laboratório”, concluiu Hélder Maiato.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=52945&op=all
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Jejum mostrou ser eficaz em tratamento de cancro com ratinhos
Segundo um estudo da Southern Califórnia University, liderada por Valter Longo, docente de Gerontologia e Ciências Biológicas, os jejuns curtos e severos tem um impacto similar ao da quimioterapia em certos tipos de cancro. O estudo, recentemente publicado na revista «Science Translational Medicine», múltiplos ciclos de abstenção, incluído a privação de água, mostraram ser eficazes durante o tratamento feito com ratos.
A equipa de investigação constatou que em cinco de oito tipos de cancros em ratos o jejum actuou de forma positiva, já que a privação de alimentos tornou o crescimento dos tumores mais lento. Os autores do estudo assinalaram mesmo que a combinação de ciclos de jejum com a quimioterapia pode ser ainda mais eficaz.
Os investigadores referiram que os múltiplos ciclos de jejum combinados com quimioterapia curaram 20 por cento dos ratos afectados por um tipo de cancro infantil altamente agressivo, que tinha se propagado por todo o corpo, e 40 por cento dos ratos com uma propagação menor do mesmo tumor.
Nenhum dos roedores dos grupos sobreviveu só com a quimioterapia. O professor advertiu que apenas provas clínicas, que ainda levariam anos a serem concluídas, conseguirão provar se o tratamento é eficaz em humanos.
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A equipa de investigação constatou que em cinco de oito tipos de cancros em ratos o jejum actuou de forma positiva, já que a privação de alimentos tornou o crescimento dos tumores mais lento. Os autores do estudo assinalaram mesmo que a combinação de ciclos de jejum com a quimioterapia pode ser ainda mais eficaz.
Os investigadores referiram que os múltiplos ciclos de jejum combinados com quimioterapia curaram 20 por cento dos ratos afectados por um tipo de cancro infantil altamente agressivo, que tinha se propagado por todo o corpo, e 40 por cento dos ratos com uma propagação menor do mesmo tumor.
Nenhum dos roedores dos grupos sobreviveu só com a quimioterapia. O professor advertiu que apenas provas clínicas, que ainda levariam anos a serem concluídas, conseguirão provar se o tratamento é eficaz em humanos.
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Novo método de diagnóstico através da saliva
Uma equipa de investigadores do Laboratório de Exercício e Saúde da Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa, validou um novo método que utiliza a saliva como fluído biológico em alternativa ao sangue para avaliar a água extracelular.
A água é distribuída por dois compartimentos do organismo humano: dentro das células (intracelular) e fora das células (extracelular). Uma expansão ou défice anormal de água pode contribuir para o diagnóstico e controlo de algumas doenças (insuficiência renal ou cardíaca e cirrose hepática), mas também pode ser determinante na melhoria do rendimento desportivo.
“A avaliação da água extracelular, usando a saliva em vez do plasma, é menos invasiva para a pessoa que está a ser avaliada e torna-se menos complexa, mais rápida e menos dispendiosa em termos laboratoriais”, explica Luís Bettencourt Sardinha ao Ciência Hoje.
Segundo o director do laboratório de Exercício e Saúde, “assim torna-se possível uma generalização do diagnóstico e do acompanhamento de populações com patologias que afectem os compartimentos hídricos e também de atletas que pretendem manter ou melhorar o seu rendimento desportivo preservando a saúde”.
O estudo publicado no jornal Biomedical Chromatography “foi efectuado no início de uma época desportiva numa amostra de atletas nacionais de alto rendimento de diferentes modalidades, incluindo judo, andebol, basquetebol, voleibol e natação”, refere Luís Bettencourt Sardinha. Ambos os fluidos biológicos, sangue e saliva, foram recolhidos e analisados e os resultados indicaram que “os dois fluidos não só resultam em valores semelhantes na determinação da água extracelular, como também estavam fortemente relacionados, o que nos permite concluir que a saliva pode ser usada como um fluido biológico válido e prático na avaliação deste compartimento hídrico”.
Desde que a utilização da saliva como método alternativo foi validada, os atletas participantes noutros estudos passaram apenas a recolher amostras de saliva para a determinação da água extracelular.
“Esta metodologia poderá ser utilizada em qualquer laboratório cujo objectivo seja a avaliação da água extracelular com cromatografia iónica”, garante Luís Bettencourt Sardinha.
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A água é distribuída por dois compartimentos do organismo humano: dentro das células (intracelular) e fora das células (extracelular). Uma expansão ou défice anormal de água pode contribuir para o diagnóstico e controlo de algumas doenças (insuficiência renal ou cardíaca e cirrose hepática), mas também pode ser determinante na melhoria do rendimento desportivo.
“A avaliação da água extracelular, usando a saliva em vez do plasma, é menos invasiva para a pessoa que está a ser avaliada e torna-se menos complexa, mais rápida e menos dispendiosa em termos laboratoriais”, explica Luís Bettencourt Sardinha ao Ciência Hoje.
Segundo o director do laboratório de Exercício e Saúde, “assim torna-se possível uma generalização do diagnóstico e do acompanhamento de populações com patologias que afectem os compartimentos hídricos e também de atletas que pretendem manter ou melhorar o seu rendimento desportivo preservando a saúde”.
O estudo publicado no jornal Biomedical Chromatography “foi efectuado no início de uma época desportiva numa amostra de atletas nacionais de alto rendimento de diferentes modalidades, incluindo judo, andebol, basquetebol, voleibol e natação”, refere Luís Bettencourt Sardinha. Ambos os fluidos biológicos, sangue e saliva, foram recolhidos e analisados e os resultados indicaram que “os dois fluidos não só resultam em valores semelhantes na determinação da água extracelular, como também estavam fortemente relacionados, o que nos permite concluir que a saliva pode ser usada como um fluido biológico válido e prático na avaliação deste compartimento hídrico”.
Desde que a utilização da saliva como método alternativo foi validada, os atletas participantes noutros estudos passaram apenas a recolher amostras de saliva para a determinação da água extracelular.
“Esta metodologia poderá ser utilizada em qualquer laboratório cujo objectivo seja a avaliação da água extracelular com cromatografia iónica”, garante Luís Bettencourt Sardinha.
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Seis em cada dez portugueses vivem com níveis de ruído acima do recomendado
Segundo a Direcção Geral do Ambiente, mais de 60 por cento da população portuguesa vive com níveis de ruído acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (mais de 55 decibéis), sendo que 19 por cento está mesmo exposta a barulho incomodativo (mais de 65 decides). A situação é mais crítica é nos grandes pólos urbanos, já que o tráfego rodoviário expõe diariamente cinco milhões de portugueses a tons excessivos e nocivos para a saúde.
A principal causa de perda auditiva nos jovens e adultos é o ruído. Esta situação é definitiva e, como tal, irreversível. O cenário não é animador, uma vez que, contrariamente a outros países da União Europeia, Portugal tem registado, nos últimos anos, um aumento dos níveis de ruído, especialmente nas grandes cidades, fazendo com que, no seu dia-a-dia, cinco milhões de portugueses se encontrem expostos a elevados níveis de ruído, quer devido à sua profissão, quer devido ao tráfego rodoviário. Para além de perda auditiva irreversível, a exposição prolongada ao ruído pode originar outros problemas de saúde, como psicológicos ou doenças cardiovasculares.
“A perda auditiva induzida por um trauma acústico é uma realidade que não deve ser ignorada. É a principal causa de perda auditiva irreversível. Todos nós estamos expostos diariamente a ruído excessivo, com consequências directas”, segundo refere em comunicado Pedro Paiva, audiologista.
A perda da audição pode ser causada por um problema mecânico no canal auditivo ou no ouvido médio que obstrói a condução do som (perda condutiva de audição) ou por uma lesão no ouvido interno, no nervo auditivo ou nas vias do nervo auditivo no cérebro (perda neuro-sensorial da audição). Os dois tipos de perda da audição podem ser diferenciados comparando como uma pessoa ouve os sons conduzidos pelo ar e como os ouve conduzidos pelo ossos.
A perda neuro-sensorial denomina-se sensorial quando afecta o ouvido interno, e neural quando afecta o nervo auditivo ou as vias do nervo auditivo localizadas no cérebro. A perda auditiva sensorial pode ser hereditária, ser provocada por ruídos muito intensos (trauma acústico), por uma infecção viral do ouvido interno, por certos fármacos ou pela doença de Ménière.
Evitar exposição a ruído intenso, não se automedicar, não introduzir objectos no ouvido, evitando também a tentativa de limpar o conduto auditivo são atitudes que podem evitar uma deficiência auditiva, tanto na infância e adolescência como na fase adulta.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53048&op=all
A principal causa de perda auditiva nos jovens e adultos é o ruído. Esta situação é definitiva e, como tal, irreversível. O cenário não é animador, uma vez que, contrariamente a outros países da União Europeia, Portugal tem registado, nos últimos anos, um aumento dos níveis de ruído, especialmente nas grandes cidades, fazendo com que, no seu dia-a-dia, cinco milhões de portugueses se encontrem expostos a elevados níveis de ruído, quer devido à sua profissão, quer devido ao tráfego rodoviário. Para além de perda auditiva irreversível, a exposição prolongada ao ruído pode originar outros problemas de saúde, como psicológicos ou doenças cardiovasculares.
“A perda auditiva induzida por um trauma acústico é uma realidade que não deve ser ignorada. É a principal causa de perda auditiva irreversível. Todos nós estamos expostos diariamente a ruído excessivo, com consequências directas”, segundo refere em comunicado Pedro Paiva, audiologista.
A perda da audição pode ser causada por um problema mecânico no canal auditivo ou no ouvido médio que obstrói a condução do som (perda condutiva de audição) ou por uma lesão no ouvido interno, no nervo auditivo ou nas vias do nervo auditivo no cérebro (perda neuro-sensorial da audição). Os dois tipos de perda da audição podem ser diferenciados comparando como uma pessoa ouve os sons conduzidos pelo ar e como os ouve conduzidos pelo ossos.
A perda neuro-sensorial denomina-se sensorial quando afecta o ouvido interno, e neural quando afecta o nervo auditivo ou as vias do nervo auditivo localizadas no cérebro. A perda auditiva sensorial pode ser hereditária, ser provocada por ruídos muito intensos (trauma acústico), por uma infecção viral do ouvido interno, por certos fármacos ou pela doença de Ménière.
Evitar exposição a ruído intenso, não se automedicar, não introduzir objectos no ouvido, evitando também a tentativa de limpar o conduto auditivo são atitudes que podem evitar uma deficiência auditiva, tanto na infância e adolescência como na fase adulta.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53048&op=all
Bioquímico português abre caminho para travar surdez
Bioquímico português abre caminho para travar surdez
Nuno Raimundo é primeiro autor de artigo publicado na «Cell»
2012-02-18
Nuno Raimundo
Uma equipa de cientistas da Universidade de Yale integrada pelo jovem bioquímico português Nuno Raimundo e liderada por Gerald Shadel desvendou o processo da perda de audição através da manipulação genética de cobaias, abrindo caminho a um tratamento para a surdez.
A descoberta do mecanismo molecular que leva à surdez é narrada na última edição da "Cell", uma das três principais revistas científicas internacionais a par da "Nature" e "Science", e vem demonstrar que "ao contrário do que se pensava até agora, a perda de audição não é irreversível", afirmou à Lusa o cientista de 35 anos.
As células responsáveis pela audição "estão lá, só não estão a funcionar bem, não estão mortas" e podem ser reativadas "manipulando duas proteínas fundamentais farmacologicamente", dentro do DNA.
"Se [a perda de audição] não é tratada, à medida que passam anos - este é um problema muito comum, sobretudo nos seniores - pode tornar-se irreversível. [A descoberta] abre algumas janelas de possibilidade terapêutica. Pode vir a reduzir a incidência ou travar", explicou o cientista, pós-doutorando em Yale.
O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição e identifica várias outras moléculas que podem servir de alvos terapêuticos.
Raimundo - primeiro autor do artigo publicado na «Cell» - afirma que vai continuar nesta linha de investigação no próximo ano, nomeadamente "para perceber exactamente quando algumas células [responsáveis pela audição] morrem, como morrem".
Imperfeições do DNA mitocondrial causam surdez Já existem medicamentos no mercado que actuam sobre algumas das proteínas em causa, mas têm sido utilizadas para tratar outras doenças, pelo que Raimundo estima que um tratamento específico para este problema levará "nunca menos de dez anos".
"Do momento em que se identifica uma proteína ligada a uma doença até se conseguir acertar com o medicamento certo, as quantidades, tudo exige tempo. Uma coisa é tratar ratinhos, outra pessoas", adiantou o cientista.
Mas a perda de audição "afecta milhões e milhões de cidadãos" e Raimundo acredita que não faltarão farmacêuticas interessadas em desenvolver um medicamento.
Licenciado em bioquímica em Lisboa, onde chegou a dar aulas, Raimundo - que já tinha sido notícia por ter identificado um mecanismo molecular de formação de tumores benignos do músculo liso do útero - rumou à Finlândia para trabalhar em investigação genética e daí veio para a prestigiada Universidade de Yale em 2008, especificamente para o projecto de estudo da surdez.
O seu objectivo mais vasto é estudar a relação entre a célula e um órgão essencial destas, as mitocôndrias, as "baterias onde se gera a energia química que mantém as células a funcionar" e cuja "avaria" está ligada a problemas de coração, fígado ou músculos.
Para alargar a sua pesquisa a outras "doenças mitocondriais", Raimundo está a planear abrir o seu próprio laboratório, em princípio na Alemanha, onde as condições de financiamento e de investigação são mais "generosas e flexíveis".
"Quero perceber como às vezes uma mutação no DNA mitocondrial leva ao desenvolvimento de problemas de coração e às vezes degeneração do cérebro. Quero perceber porque alguns tecidos, órgãos do corpo são mais susceptíveis a mutações".
O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição (imagem Yale)
Ter o seu próprio laboratório será também uma oportunidade para reforçar a colaboração com colegas e instituições que trabalham na mesma área em Portugal.
Sublinha o trabalho bem cotado globalmente de instituições como as universidades do Minho, Aveiro, da Fundação Gunbenkian ou do Instituto Champalimaud.
"A pouco e pouco vai havendo massa crítica em Portugal e há certamente um nível de criatividade extraordinário que, a ser aproveitado, iria colocar o país no topo do mapa da Ciência. Mas tudo isto envolve financiamento, o que nesta altura é difícil", afirma.
Raimundo destaca a "capacidade de superação e adaptação" dos cientistas portugueses, "sobretudo as gerações mais novas", um "tipo de energia" que gostava de ter no seu futuro laboratório.
"Eu não sou ninguém neste momento, mas, na medida do que for a minha capacidade, teria maior gosto e prazer em ajudar aqueles [cientistas] que em circunstâncias difíceis conseguem fazer trabalho tão meritório", adianta.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53123&op=all
Nuno Raimundo é primeiro autor de artigo publicado na «Cell»
2012-02-18
Nuno Raimundo
Uma equipa de cientistas da Universidade de Yale integrada pelo jovem bioquímico português Nuno Raimundo e liderada por Gerald Shadel desvendou o processo da perda de audição através da manipulação genética de cobaias, abrindo caminho a um tratamento para a surdez.
A descoberta do mecanismo molecular que leva à surdez é narrada na última edição da "Cell", uma das três principais revistas científicas internacionais a par da "Nature" e "Science", e vem demonstrar que "ao contrário do que se pensava até agora, a perda de audição não é irreversível", afirmou à Lusa o cientista de 35 anos.
As células responsáveis pela audição "estão lá, só não estão a funcionar bem, não estão mortas" e podem ser reativadas "manipulando duas proteínas fundamentais farmacologicamente", dentro do DNA.
"Se [a perda de audição] não é tratada, à medida que passam anos - este é um problema muito comum, sobretudo nos seniores - pode tornar-se irreversível. [A descoberta] abre algumas janelas de possibilidade terapêutica. Pode vir a reduzir a incidência ou travar", explicou o cientista, pós-doutorando em Yale.
O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição e identifica várias outras moléculas que podem servir de alvos terapêuticos.
Raimundo - primeiro autor do artigo publicado na «Cell» - afirma que vai continuar nesta linha de investigação no próximo ano, nomeadamente "para perceber exactamente quando algumas células [responsáveis pela audição] morrem, como morrem".
Imperfeições do DNA mitocondrial causam surdez Já existem medicamentos no mercado que actuam sobre algumas das proteínas em causa, mas têm sido utilizadas para tratar outras doenças, pelo que Raimundo estima que um tratamento específico para este problema levará "nunca menos de dez anos".
"Do momento em que se identifica uma proteína ligada a uma doença até se conseguir acertar com o medicamento certo, as quantidades, tudo exige tempo. Uma coisa é tratar ratinhos, outra pessoas", adiantou o cientista.
Mas a perda de audição "afecta milhões e milhões de cidadãos" e Raimundo acredita que não faltarão farmacêuticas interessadas em desenvolver um medicamento.
Licenciado em bioquímica em Lisboa, onde chegou a dar aulas, Raimundo - que já tinha sido notícia por ter identificado um mecanismo molecular de formação de tumores benignos do músculo liso do útero - rumou à Finlândia para trabalhar em investigação genética e daí veio para a prestigiada Universidade de Yale em 2008, especificamente para o projecto de estudo da surdez.
O seu objectivo mais vasto é estudar a relação entre a célula e um órgão essencial destas, as mitocôndrias, as "baterias onde se gera a energia química que mantém as células a funcionar" e cuja "avaria" está ligada a problemas de coração, fígado ou músculos.
Para alargar a sua pesquisa a outras "doenças mitocondriais", Raimundo está a planear abrir o seu próprio laboratório, em princípio na Alemanha, onde as condições de financiamento e de investigação são mais "generosas e flexíveis".
"Quero perceber como às vezes uma mutação no DNA mitocondrial leva ao desenvolvimento de problemas de coração e às vezes degeneração do cérebro. Quero perceber porque alguns tecidos, órgãos do corpo são mais susceptíveis a mutações".
O estudo demonstra que a remoção de uma molécula conhecida como "superóxido" evita a morte de células críticas para a audição (imagem Yale)
Ter o seu próprio laboratório será também uma oportunidade para reforçar a colaboração com colegas e instituições que trabalham na mesma área em Portugal.
Sublinha o trabalho bem cotado globalmente de instituições como as universidades do Minho, Aveiro, da Fundação Gunbenkian ou do Instituto Champalimaud.
"A pouco e pouco vai havendo massa crítica em Portugal e há certamente um nível de criatividade extraordinário que, a ser aproveitado, iria colocar o país no topo do mapa da Ciência. Mas tudo isto envolve financiamento, o que nesta altura é difícil", afirma.
Raimundo destaca a "capacidade de superação e adaptação" dos cientistas portugueses, "sobretudo as gerações mais novas", um "tipo de energia" que gostava de ter no seu futuro laboratório.
"Eu não sou ninguém neste momento, mas, na medida do que for a minha capacidade, teria maior gosto e prazer em ajudar aqueles [cientistas] que em circunstâncias difíceis conseguem fazer trabalho tão meritório", adianta.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53123&op=all
Mito desmontado, mito remontado!
Em Setembro de 2011 foi publicado um artigo científico numa revista de grande impacto onde se sustentava que as sirtuinas (família de enzimas cuja actuação está ligada ao aumento do tempo de vida e ao envelhecimento saudável) não tinham quaisquer efeitos na longevidade. Em particular, os autores defendiam que o trabalho desenvolvido ao longo de cerca de 15 anos por vários grupos por todo o mundo não passava de uma infeliz interpretação de resultados científicos pouco rigorosos.
Nos últimos dias organizei, com outros colegas, o primeiro congresso sobre sirtuinas. Teve a chancela dos “Keystone Symposia”, uma das mais prestigiadas instituições que organizam congressos científicos. Decorreu em Lake Tahoe, nos EUA, e reuniu os maiores especialistas desta area a nível mundial.
Infelizmente, os autores do estudo acima mencionado optaram por não estar presentes, pelo que os seus resultados não puderam ser discutidos dentro da comunidade científica.
De qualquer forma, este congresso foi um sucesso marcado pelo grande entusiasmo dos investigadores sobre o papel destas proteínas nas nossas células e nas suas possíveis funções biológicas, ainda mal conhecidas. A sirtuina 1, por ser a mais estudada, foi aquela de que mais se falou.
Resveratrol está presente no vinho tinto
Mais uma vez, vários grupos apresentaram resultados promissores sobre o seu papel no aumento da longevidade. O resveratrol, composto fenólico presente no vinho tinto, foi também um dos temas discutidos pela controvérsia sobre os seus efeitos na activação da sirtuina 1. Ainda que o mecanismo da sua actuação não esteja totalmente estabelecido, a verdade é que vários dos grupos mais importantes apresentaram resultados impressionantes sobre a sua actividade, agora também em primatas! Numa conversa informal, tomei conhecimento de que um dos pioneiros nesta área começou, ele próprio, a tomar resveratrol diariamente, há um ano e meio. O tempo dirá se viverá mais tempo.
A sirtuina 2, que em 2007 demonstrámos ter um papel protector na doença de Parkinson, teve também alguma atenção e apresentámos os nossos resultados mais recentes a confirmar estes efeitos.
No entanto, a maior novidade veio da sirtuina 6. Um grupo de Israel apresentou resultados muito interessantes que serão publicados brevemente na revista Nature, demonstrando que também esta sirtuina pode ser manipulada e aumentar a longevidade de animais de laboratório como os ratinhos.
Como escrevi no comentário à notícia no CH do dia 21/9/2011, penso que a mensagem a reter é de que precisamos de mais investigação e que, na ciência como noutras áreas, não há verdades absolutas. O mito do gene da longevidade não está desmontado e os investigadores não desistiram de o demonstrar.
Nos últimos dias organizei, com outros colegas, o primeiro congresso sobre sirtuinas. Teve a chancela dos “Keystone Symposia”, uma das mais prestigiadas instituições que organizam congressos científicos. Decorreu em Lake Tahoe, nos EUA, e reuniu os maiores especialistas desta area a nível mundial.
Infelizmente, os autores do estudo acima mencionado optaram por não estar presentes, pelo que os seus resultados não puderam ser discutidos dentro da comunidade científica.
De qualquer forma, este congresso foi um sucesso marcado pelo grande entusiasmo dos investigadores sobre o papel destas proteínas nas nossas células e nas suas possíveis funções biológicas, ainda mal conhecidas. A sirtuina 1, por ser a mais estudada, foi aquela de que mais se falou.
Resveratrol está presente no vinho tinto
Mais uma vez, vários grupos apresentaram resultados promissores sobre o seu papel no aumento da longevidade. O resveratrol, composto fenólico presente no vinho tinto, foi também um dos temas discutidos pela controvérsia sobre os seus efeitos na activação da sirtuina 1. Ainda que o mecanismo da sua actuação não esteja totalmente estabelecido, a verdade é que vários dos grupos mais importantes apresentaram resultados impressionantes sobre a sua actividade, agora também em primatas! Numa conversa informal, tomei conhecimento de que um dos pioneiros nesta área começou, ele próprio, a tomar resveratrol diariamente, há um ano e meio. O tempo dirá se viverá mais tempo.
A sirtuina 2, que em 2007 demonstrámos ter um papel protector na doença de Parkinson, teve também alguma atenção e apresentámos os nossos resultados mais recentes a confirmar estes efeitos.
No entanto, a maior novidade veio da sirtuina 6. Um grupo de Israel apresentou resultados muito interessantes que serão publicados brevemente na revista Nature, demonstrando que também esta sirtuina pode ser manipulada e aumentar a longevidade de animais de laboratório como os ratinhos.
Como escrevi no comentário à notícia no CH do dia 21/9/2011, penso que a mensagem a reter é de que precisamos de mais investigação e que, na ciência como noutras áreas, não há verdades absolutas. O mito do gene da longevidade não está desmontado e os investigadores não desistiram de o demonstrar.
Mais desporto é igual a melhor sexo, diz estudo
Um novo estudo, recentemente publicado no «Journal of Sexual Medicine» poderá incentivar quem não gosta muito de exercício físico, a praticá-lo. Segundo uma equipa de investigação da Universidade de Faith (Turquia), para além de melhorar o estado físico e psíquico, prevenir doenças cardiovasculares, diabetes e a obesidade, o desporto ajuda a melhorar o sexo.
Nos homens melhora o desempenho sexual e nas mulheres, ajuda o fluxo sanguíneo no clítoris, potenciando igualmente a sua função. Omer Faruk Karatas, autor principal, disse ao diário espanhol «El Mundo» que este “é o primeiro estudo que compara atletas de lite e mulheres sãs relativamente à sua função sexual e fluxo sanguíneo do clítoris”. O objectivo foi avaliar os efeitos da prática de exercício regular em ambos os grupos”.
Na investigação participaram 25 jogadoras de andebol e voleibol, entre os 20 e 45 anos, sexualmente activas, que praticam desporto com frequência (quatro horas por dia) e outras tantas da mesma faixa etária, saudáveis, mas cuja prática não excedia um hora por semana.
Nenhuma das voluntárias usava qualquer tipo de hormonas, nem tinha qualquer tipo de doença vascular, endócrina ou teve filhos nos últimos seis meses. Após serem submetidas a um questionário que avaliou diferentes aspectos, como a lubrificação, o orgasmo, a satisfação, etc., o estudo conseguiu provar que, de facto, todas as atletas tinham uma actividade sexual mais satisfatória do que as restantes.
A prática regular de exercício físico contribui para melhorar a actividade sexual, já que aumenta as endorfinas, que funcionam como neuromodelador e aumentam o fluxo sanguíneo. O resultado é o mesmo em homens e em mulheres.
Nos homens melhora o desempenho sexual e nas mulheres, ajuda o fluxo sanguíneo no clítoris, potenciando igualmente a sua função. Omer Faruk Karatas, autor principal, disse ao diário espanhol «El Mundo» que este “é o primeiro estudo que compara atletas de lite e mulheres sãs relativamente à sua função sexual e fluxo sanguíneo do clítoris”. O objectivo foi avaliar os efeitos da prática de exercício regular em ambos os grupos”.
Na investigação participaram 25 jogadoras de andebol e voleibol, entre os 20 e 45 anos, sexualmente activas, que praticam desporto com frequência (quatro horas por dia) e outras tantas da mesma faixa etária, saudáveis, mas cuja prática não excedia um hora por semana.
Nenhuma das voluntárias usava qualquer tipo de hormonas, nem tinha qualquer tipo de doença vascular, endócrina ou teve filhos nos últimos seis meses. Após serem submetidas a um questionário que avaliou diferentes aspectos, como a lubrificação, o orgasmo, a satisfação, etc., o estudo conseguiu provar que, de facto, todas as atletas tinham uma actividade sexual mais satisfatória do que as restantes.
A prática regular de exercício físico contribui para melhorar a actividade sexual, já que aumenta as endorfinas, que funcionam como neuromodelador e aumentam o fluxo sanguíneo. O resultado é o mesmo em homens e em mulheres.
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