sábado, 15 de agosto de 2015

Investigação da Universidade de CoimbraDe como a diabetes afecta a fertilidade


Os níveis elevados de açúcar não têm efeito directo nos espermatozóides, mas poderão comprometer a produção de esperma, contribuindo assim para a infertilidade masculina, evidencia um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC).

A investigadora do grupo de ‘Biologia da Reprodução e Células Estaminais’ do CNC acredita que «este trabalho constitui um passo importante no esclarecimento dos mecanismos de acção da diabetes no sistema reprodutor masculino, permitindo delinear novas abordagens para estudos futuros.»

A pesquisa realizou-se num sistema in vitro, possibilitando controlar e identificar todas as condições às quais os espermatozóides são expostos.

Artigo foi publicado no jornal Reproduction

O estudo é inovador por avaliar vários parâmetros de funcionalidade espermática que não são usualmente avaliados, mas que fornecem informação muito mais detalhada sobre esta célula tão particular.

Sandra Amaral nota que «nas últimas décadas se tem assistido a um notório aumento do número de casos da diabetes em todo o mundo sendo que, actualmente, ultrapassa já um milhão de casos em Portugal, constituindo um número preocupante numa população com a dimensão da nossa.»

A diabetes encontra-se já entre as principais causas de morte nos países desenvolvidos e tem efeitos prejudiciais em quase todos os sistemas de órgãos, não sendo o sistema reprodutivo uma excepção.

«Apesar de a diabetes ser uma doença multifactorial, existem várias indicações de que a hiperglicemia será o principal promotor das alterações promovidas pela doença. Contudo, não excluímos a possibilidade do envolvimento de outros factores, como o stress oxidativo ou processos inflamatórios que, conjuntamente com a hiperglicemia, poderão ter efeitos igualmente nefastos nos espermatozóides», observa.

Vacina contra o Ébola revela-se cem por cento eficaz


Uma vacina experimental contra o vírus do Ébola revelou-se cem por cento eficaz após ser testada em mais de quatro mil pessoas não infectadas mas em contacto directo com doentes na Guiné-Conacri. Os resultados, apesar de preliminares, mostram-se “promissores”, anunciou ontem a Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, na Suiça.

“Uma vacina eficaz contra o vírus do Ébola encontra-se [agora] disponível a nível global” e indica “um avanço muito promissor”, lê-se no comunicado divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os primeiros resultados publicados na revista científica do Reino Unido, The Lancet, revelam que a vacina VSV-ZEBOV demonstrou uma eficácia de cem por cento durante os dez dias seguidos em que foi aplicada numa pessoa não contagiada, mas a coabitar com pessoas infectadas, salienta o documento.

O método adoptado para o teste da vacina é designado por “anel da vacinação”, em que as pessoas em contacto com os infectados são imunizadas e criam um anel de protecção que impede a propagação do vírus.

Ao centro Margaret Chan (créditos WHO)

Os ensaios clínicos na Guiné-Conacri iniciaram-se a 23 de Março de 2015 para avaliar a eficácia e a segurança de uma única dose de VSV-ZEBOV e os resultados foram um sucesso. Os investigadores verificaram uma protecção muito grande contra a doença nas pessoas vacinadas imediatamente após o contacto com os doentes.

Com base em novas evidências da segurança da vacina, que não deixou quaisquer sinais de efeitos adversos nos pacientes, os testes vão passar a incluir os adolescentes entre os 13 e os 17 anos. Assim como, possivelmente, as crianças entre os seis e os 12 anos, adiantou a OMS.

“Se os resultados [continuarem] a confirmar-se esta nova vacina poderá ser a cura milagrosa contra o Ébola e contribuir para parar o surto actual e, futuramente, erradicar epidemias deste tipo”, salientou, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês, Borge Brende.

Já Margaret Chan, diretora-geral da organização integrada nas Nações Unidas, descreve a vacina como uma ferramenta “muito importante” para os surtos actuais e futuros.

Ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês, Borge Brende.

A epidemia do Ébola na África Ocidental, a mais grave após a identificação do vírus na África Central em 1976, começou em Dezembro de 2013 no sul da Guiné-Conacri, tendo causado 11.279 mortos em 27.748 casos, segundo os dados da OMS.

Quase 30 mil casos

Mais de 99 por cento das vítimas concentram-se na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, onde o surto da doença desorganizou os sistemas de saúde, devastando as economias e fazendo fugir os investidores.

A vacina VSV-ZEBOV foi desenvolvida pela Agência de Saúde Pública canadiana (PHAC, na sigla inglesa) e a licença foi registada pelos laboratórios norte-americanos Merck e NewLink Genetics Corp. Fazia parte de uma das duas vacinas mais avançadas contra o vírus do Ébola, tendo a outra sido desenvolvida pelo laboratório inglês GSK (GlaxoSmithKline) em parceria com o Instituto Americano de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID na sigla inglesa), e testada na Libéria.

Descoberto mecanismo que permite à melatonina  combater células cancerígenasInvestigação do CNC de Coimbra



Ignacio Vega Naredo e Paulo Oliveira

Uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC) descobriu como a melatonina pode combater células cancerígenas, responsáveis pelo desenvolvimento de cancro.

A melatonina é uma hormona cujas características permitem chegar a qualquer célula, ajustar o ciclo sono-vigília, manter um envelhecimento saudável e regular o sistema imunitário.

Os resultados do estudo, já publicado na revista “Oncotarget”, sugerem que o sucesso de um tratamento à base da melatonina depende da actividade da mitocôndria da célula cancerígena, a qual é responsável pela produção da sua energia celular. A actividade energética da célula depende do seu estado de evolução, o que significa que a melatonina só é eficaz num determinado estado evolutivo da célula cancerígena.

A melatonina é uma hormona cujas características permitem chegar a qualquer célula, ajustar o ciclo sono-vigília, manter um envelhecimento saudável e regular o sistema imunitário (clique para ampliar)

Ignacio Vega-Naredo, investigador do CNC, explica:«Descobrimos que a melatonina matava as células cancerígenas através de uma via mitocondrial. Quando as mitocôndrias das células cancerígenas estavam activas, a melatonina diminuía a proliferação dessas células e impedia a produção da energia que elas necessitavam. O nosso estudo apresenta o tratamento com melatonina como uma estratégia promissora no tratamento de tumores, atacando células estaminais cancerígenas responsáveis pela sua reincidência.»

Esta pesquisa abre caminhos na investigação do cancro ao indicar a necessidade de criar tratamentos adequados ao estado evolutivo e energético da célula cancerígena, evitando aplicar terapias não específicas que podem danificar células importantes, ou não ter nenhum efeito terapêutico.

As células estaminais cancerígenas utilizadas neste estudo foram «células cancerígenas embrionárias estaminais», nas quais se procurou compreender o mecanismo que torna as células do cancro vulneráveis à melatonina.

Apesar da incerteza quanto ao verdadeiro mecanismo que está na origem dos tumores, sabe-se que as células estaminais cancerígenas são responsáveis pelo desenvolvimento do cancro. Estas células «são óptimas para realizar investigação sobre possíveis tratamentos devido à sua capacidade de escaparem às terapias, algo que pode explicar o ressurgimento dos tumores», sublinha Ignacio Vega-Naredo. Por outras palavras, «se for possível combater estas células tão resistentes, será possível intervir em qualquer tipo de célula maligna», conclui.


Mais de 500 genes podem afectar a audição 2015-08-05 Por João Sousa


Com os genes herdados da família, aumenta a propensão genética para o surgimento de doenças como a surdez, condição hereditária muito frequente. Quem tem familiares com este ou problemas da mesma natureza pode ser afectado. O alerta é dado pelos audiologistas do GAES

Dos 19 mil genes existentes no DNA do nosso corpo, no mínimo 500 podem estar associados à perda de capacidade auditiva. Pelo menos dois em três casos de pessoas nascidas surdas são resultado de uma mutação num desses 500 genes. O gene Connexin 26 representa 20 por cento dos casos associados a surdez e é o mais comum ligado a esta condição.

Dulce Martins, directora-geral do GAES

No entanto, o facto de uma doença não se manifestar nos pais não significa que os filhos não a possam herdar. O ambiente e o estilo de vida também importam.

Tal como explica Dulce Martins, directora-geral do GAES, “apesar do peso que uma herança genética defeituosa pode ter nas nossas vidas, ela é apenas um dos factores que contribui para a perda auditiva, a qual pode ocorrer a qualquer momento da vida de um humano. Outros factores relevantes são: problemas de saúde, o ambiente ao qual a pessoa está exposta, traumas e alguns medicamentos”.

As diferentes características físicas e biológicas como os pulmões, coração, olhos, orelhas – entre outras possibilidades – são o resultado de diferentes combinações genéticas.

Todos herdam 50 por cento dos genes da mãe e outros 50 por cento do pai. Se um desses genes for defeituoso, podem surgir problemas de saúde como a perda auditiva, surdez e outras doenças.

Sistema híbrido à base de hidrogel  «ataca» cancro da próstata 2015-08-05


Um sistema híbrido à base de hidrogel destinado ao tratamento do cancro da próstata foi desenvolvido por um grupo de investigadores do Instituto de Biologia (IB) e do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Brasil. Segundo um estudo hoje divulgado, o objectivo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes com a doença e tanto a baixa toxicidade como o efeito anti tumoral são as principais características do sistema.

De acordo com Wagner José Favaro, professor do IB e um dos responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia, o processo combina hidrogéis de polímeros biocompatíveis e nano partículas mesoporas de sílicas incorporadas com fármacos” – libertados de forma controlada – para tratamento tumoral.

Os efeitos exercidos no tumor são ditados pela própria nano-estrutura, mas esta é potencializada pela utilização de fármacos. “Quem dita o efeito anti-tumoral é a nano-estrutura, que interage com proteínas que estão no sangue e no abdómen, local escolhido para a aplicação. Essas proteínas chegam até à célula tumoral e isso, somado ao efeito do fármaco, faz com que obtenhamos um efeito muito significativo”, explicou o investigador.

Abdómen é o local escolhido para a aplicação

O processo foi testado “in vivo”, durante um mês, em ratos de laboratórios e os resultados obtidos foram satisfatórios. Os animais apresentaram uma diminuição no tamanho dos tumores e baixa toxicidade – principalmente no coração -, depois de receberem sistematicamente injecções que continham o sistema híbrido à base de hidrogel.

Wagner José aponta: “Não chegamos à cura do cancro, mas o tamanho dos tumores nestes animais foi reduzido, em todas as fases. Na fase inicial, conseguimos que o tumor fosse quase eliminado. Se este tratamento for prolongado ou associado a outros tipos de fármacos, podemos obter uma nova abordagem”.

(Imagem Farmácia.com.p)

A principal preocupação dos investigadores era garantir a qualidade de vida dos pacientes e melhorar o processo de tratamento do cancro,“facto que está directamente associado à toxicidade dos fármacos”.

Segundo o professor, em oncologia, a nanotecnologia “ainda é pouco utilizada e tem utilização muito recente” e a sua aliança aos fármacos no tratamento do cancro da próstata constitui um tratamento inovador.

Wagner José salienta mesmo: “Em nenhum trabalho vimos a utilização da sílica em gel associada ao fármaco no tratamento do cancro de próstata. Em todos os tumores, há muito poucos trabalhos que utilizam essa versão da sílica em forma de gel, associada aos fármacos. Por isso, este hidrogel criado por nós é único”.

Campanha de vacinação em Timor-Leste  beneficia mais de 93% das criança por cento 2015-08-10 Por João Sousa

A campanha nacional de imunização contra o sarampo, rubéola e poliomielite, em Timor-Leste, terminou oficialmente no dia 1 de Agosto, segundo o Governo, e abrangeu mais de 93% das crianças timorenses.

O primeiro-ministro timorense, Rui Maria de Araújo, foi um dos apoiantes da campanha nacional, cujo objectivo era alcançar o maior número possível de crianças até aos 15 anos.

Rui Araújo lançou a campanha de vacinação no dia 13 de julho e destacou o envolvimento dos Ministérios da Saúde, Educação e Administração Estatal na ação nacional.

O primeiro-ministro timorense, Rui Maria de Araújo, foi um dos apoiantes da campanha nacional

Em comunicado, o Governo menciona o papel do próprio primeiro-ministro de Timor-Leste, que “recorrendo à sua experiência de clínica médica, administrou as vacinas a uma das crianças presentes”. O Governo timorense destaca ainda a colaboração de entidades como a Organização Mundial de Saúde, UNICEF e da Iniciativa Sarampo e Rubéola.

Doenças como a varíola, a poliomielite e o tétano materno e neonatal já foram erradicadas de Timor-Leste e “a cobertura de vacinação de crianças com idades entre 12 e 23 meses quase triplicou” entre 2003 e 2010.

O Governo sublinha mesmo os progressos feitos ao longo dos últimos dez anos no domínio da saúde infantil, tendo-se registado “uma redução de 23 por cento na mortalidade infantil” no mesmo período.

Salienta também os esforços conseguidos para melhorar as acções de prevenção, com formação adicional, e as melhorias nos meios de refrigeração das vacinas e as campanhas de sensibilização, relembrando a importância da vacinação na saúde da população local.

O porta-voz do Governo, o Ministro de Estado Agio Pereira, frisa: “Quer a campanha quer o programa regular de imunização em curso estão a contribuir para uma mudança na saúde das nossas crianças e, consequentemente, para o futuro da nação”.

Médico português cria ‘app’ para diagnosticar  doenças sexuais masculinas 2015-08-13 Por João Sousa


Men’s Sexual Medicine é o nome da primeira aplicação informática para smartphones e pretende ajudar no diagnóstico e tratamento de doenças sexuais masculinas. A ferramenta foi desenvolvida por um médico e professor do Hospital de São João, no Porto, chegou ontem ao mercado e é gratuita.

Nuno Tomada, responsável da Unidade de Medicina Sexual do Serviço de Urologia do Hospital de São João, desenvolveu a aplicação em parceria com um colega espanhol da mesma especialidade. A ferramenta informática começou a ser trabalhada há mais de um ano.

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Em comunicado, o especialista português explica: “Decidimos construir uma aplicação informática que desse para ser facilmente descarregada para telemóveis e computadores portáteis e que permitisse (…) aos doentes acederem, de modo privado e discreto, a conteúdos que geralmente por uma questão cultural têm mais renitência em abordar e perguntar aos seus cuidadores de saúde”.

De acordo com este professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a Men’s Sexual Medicine “está desenvolvida para homens que tenham algumas queixas iniciais, nomeadamente disfunção eréctil, ejaculação prematura ou uma diminuição do desejo”.

Assim, mediante as queixas apresentadas, a ferramenta “é capaz de indicar quais seriam os passos seguintes a tomar”, para além de fornecer um conjunto de informação aos doentes e à população em geral.

Após curtos questionários, a app permite oferecer um diagnóstico e alguns conselhos sobre quais são as terapêuticas que estão disponíveis, realçando sempre a importância do acompanhamento médico”.

O objectivo é facilitar o acesso dos doentes a informação sobre questões como disfunção eréctil ou ejaculação prematura.

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A aplicação permite ainda ajudar os doentes a perceber “que existem diferentes níveis de severidade da mesma disfunção”.

Os questionários oferecem mesmo a possibilidade de os utilizadores classificarem “o nível da sua disfunção, bem como fornecer os dados clínicos sobre eventuais doenças que tenham, medicação que façam e capacidade física”.

A aplicação oferece também um plano personalizado de exercício físico e de alimentação. No entanto, os médicos de família ou especialistas deverão disponibilizar um código necessário para o efeito.

A Men’s Sexual Medicine já está disponível na App Store do iTunes e na Google Play Store.