sábado, 3 de dezembro de 2016

ESQUIZOFRENIA

É provável que já tenhas ouvido ou dito a um amigo ou colega:
- Estás a delirar!
- Estás a ver coisas que não existem!
- Estás a alucinar!
- Andas paranoico!

Frequentemente estas expressões são utilizadas para caracterizar aquilo que consideras não fazer sentido.

Delírio, alucinação, paranoia, são termos que fazem parte de um grupo de doenças designadas de psicosesno qual a esquizofrenia se enquadra. Afeta cerca de 1% da população e muitas vezes os primeiros sinais e sintomas aparecem na juventude. É uma doença que afeta gravemente a forma de pensar e estar da pessoa, a sua vida emocional e o seu comportamento, com reflexos em si e naqueles que o rodeiam.

Em linguagem científica diz-se que a característica principal destas doenças é a perda de contacto com a realidade .

A esquizofrenia, existem diferentes tipos, e compreende diversos sinais e sintomas, como delírios,alucinações, desorganização do discurso, do comportamento e os designados sintomas negativos.

A forma como os sinais e os sintomas se manifestam varia de pessoa para pessoa, tanto na frequência como na intensidade. Nem todos os jovens têm sinais e sintomas do mesmo modo e durante o mesmo tempo.

Os delírios são ideias firmes e seguras que a pessoa tem, convicções falsas, resistentes e que não são possíveis de modificar pelo simples facto de demonstrar à pessoa que são erradas. Por exemplo, um jovem que diz de modo convicto que um vizinho seu, amigo do seu pai, o persegue, espia e prejudica intencionalmente na escola, tem a séria convicção de que isto é verdade. A tua reação normal é o espanto. De facto, de nada adianta chamá-lo à razão e dizer que está errado. A isto chamamos delírio de perseguição ou persecutório, mas existem outros tipos de delírios (ex.: delírios de grandeza).

As alucinações dizem respeito à alteração das perceções que a pessoa entende como reais quando na realidade não existem. Nessa fase os jovens experimentam determinadas sensações que envolvem os sentidos. As mais comuns são as alucinações auditivas (ex.: ouvir vozes a falar consigo, barulhos estranhos, ruídos, etc.), mas também podem ocorrer alucinações visuais (ex.: ver pessoas e imagens), sensitivas (ex.: sentir a cabeça a arder), olfativas (ex.: sentir cheiros) e gustativas (ex.: sabores).


A esquizofrenia implica também:

a desorganização do discurso. Corresponde à fragmentação do pensamento, mas isso não faz que a pessoa tenha «dupla personalidade» como muitas vezes se pensa. Pode ser observado a partir do modo como a pessoa fala, especificadamente se não consegue ligar o discurso de modo coerente, diz coisas sem sentido, repete a mesma coisa ou ideia vezes sem fim, ou ainda muda de discurso rapidamente.a desorganização do comportamento. A pessoa deixa de ter as suas atividades orientadas por objetivos, observando-se um declínio na sua capacidade de cuidar de si e de trabalhar ou estudar.

Uma outra componente da esquizofrenia são os sintomas negativos. Correspondem à ausência, diminuição ou perda de capacidades tidas anteriormente, incluindo as emoções. Estes sintomas podem por exemplo incluir empobrecimento emocional (embotamento emocional), perda de prazer com atividades do seu interesse anterior (anedonia), isolamento social, entre outros.



SINTOMAS

Em algumas pessoas os sinais surgem de repente, sem aviso prévio. Contudo, na maioria das vezes vão-se desenvolvendo mais lentamente, mesmo antes do primeiro episódio considerado grave. Estes episódios graves designam-se de surtos psicóticos.

Entre os profissionais de saúde utiliza-se a expressão pródromos para designar uma fase prévia ao aparecimento dos sinais e sintomas da esquizofrenia e que implicam alterações a diferentes níveis. São considerados inespecíficos, isto é, podem estar presentes noutras perturbações e não têm critério de duração. De entre esses sintomas prodrómicos destacam-se:

Atenção e concentração reduzidas;Diminuição da iniciativa e motivação;Sintomas depressivos;Alterações do padrão do sono;Ansiedade;Isolamento social;Desconfiança;Irritabilidade.



SINAIS

As pessoas que vivem ao lado de um jovem que sofre de esquizofrenia, dizem regularmente que suspeitavam que algo errado se passava, mas não sabiam propriamente o quê. A esquizofrenia compreende a presença de alguns dos seguintes sinais:

Afastamento social;Comportamentos hostis e de desconfiança de tudo;Deterioração da higiene pessoal;Olhar vago, inexpressivo e apático;Incapacidade de chorar ou rir;Riso ou choro completamente inapropriado;Incapacidade de memorizar informação, esquecendo-se facilmente;Uso de palavras estranhas ou então uma maneira estranha de falar;Reagir com hostilidade a críticas;Mudança de assunto de forma repentina sem ligação entre assuntos;Falar com recurso a rimas, mas que não fazem sentido;Abandono escolar.



PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Dependendo do estado de saúde e fase da doença em que se intervém, existem diferentes profissionais que podem realizar o diagnóstico, dos quais se destacam:

Médicos de família;Psiquiatras e pedopsiquiatras.



É de salientar que existem outros profissionais de saúde que também intervêm em doentes com diagnóstico de esquizofrenia, quer através do acompanhamento, quer ainda de intervenções mais específicas como são os enfermeiros de saúde mental e os psicólogos.



TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES DISPONÍVEIS

MEDICAMENTOS

Há medicamentos que são essenciais e eficazes no tratamento da esquizofrenia ao longo da vida e que permitem uma boa evolução prognóstica. Os medicamentos mais utilizados designam-se de antipsicóticos. São fármacos eficazes para os sintomas psicóticos, especificamente ao nível dos delírios e alucinações permitindo que o doente readquira autonomia e um bom nível de funcionalidade. Contudo, podem ser necessários outros medicamentos para outros sintomas como falta de motivação, baixa memória e problemas com a concentração. Quanto mais cedo for a intervenção, melhor!

Outro tipo de intervenções:

Um jovem com diagnóstico de esquizofrenia necessita além, de cuidados médicos especializados, de apoio psicossocial, familiar e de educação sobre a doença. Podem distinguir-se:

Terapia cognitivo-comportamental. Ajuda a reduzir o desespero causado pelos sintomas psicóticos, identificando-os precocemente, desenvolvendo treino de competências socias e ajudando-o na gestão da medicação;Tratamento na comunidade é uma abordagem para jovens que estão a viver fases mais específicas da doença, por exemplo, que estão em recuperação. O cuidado ao jovem é gerido por uma equipa de profissionais de saúde, como psiquiatra, enfermeiro de saúde mental, psicólogo e assistente social. O cuidado está disponível 24 horas por dia e é feito à medida das necessidades individuais do jovem. O apoio é prestado também aos membros da família. O tratamento na comunidade tem demonstrado reduzir as recaídas, a gravidade dos sintomas e a necessidade de hospitalização;A psicoeducação é utilizada para jovens com diagnóstico de esquizofrenia e sua família. Incentivam a capacitação do jovem e da sua família sobre a sua doença e qual a melhor forma de a gerir. Isto ajuda a evitar as recaídas. O ambiente familiar influenciado pela tentativa de lidar com uma incapacidade não compreendida, pode contribuir para as recaídas e gravidade dos sintomas do jovem com esquizofrenia. A psicoeducação pode ajudar a evitar isto.



ESTRATÉGIAS DE AUTOAJUDA

Os jovens com diagnóstico de esquizofrenia não devem recorrer ao uso de álcool e outras drogas. Muitas vezes, o consumo de drogas como forma de lidar com o desenvolvimento da doença, agravam os sintomas, são motivo de recaídas, assim como podem dificultar o diagnóstico.

Muitos jovens com diagnóstico de esquizofrenia sofrem também de depressão ou ansiedade, logo muitas das estratégias de autoajuda recomendadas para estas perturbações são apropriadas na esquizofrenia. Contudo deve existir intervenção de um profissional de saúde especializado (ex.: psiquiatra).

Podes ajudar um amigo teu numa situação em que suspeitas que está a sofrer de algo relacionado com a esquizofrenia, utilizando algumas estratégias úteis (ANIPI).



DEPRESSÃO

A palavra depressão é das mais utilizadas quando falamos de perturbações mentais. Até se diz que a depressão está na moda, ou, outras vezes, diz-se que a depressão é coisa que acontece a pessoas com pouca força de vontade. Na realidade quando falamos em depressão, falamos de uma doença que tem profundas implicações na vida das pessoas, sejam adolescentes, jovens, adultos ou idosos, causando sofrimento e podendo tornar-se altamente incapacitante, mesmo que por vezes as pessoas à nossa volta não o entendam.

Aquilo que designamos como perturbação depressiva é uma doença que envolve o humor, os pensamentos, os comportamentos e inclusivamente o nosso corpo. O humor como sabes tem a ver com o nosso estado de ânimo ou disposição emocional que nos faz estar alegres ou tristes. Talvez por isso a palavra mais associada à depressão seja tristeza, contudo os jovens podem sentir-se tristes e «andar em baixo» quando se deparam com acontecimentos negativos e stressantes, normalmente transitórios, mas ao fim de algum tempo voltam a sentir-se alegres e isso não é depressão. No entanto, há casos em que os jovens não conseguem recompor-se e a tristeza prolonga-se ao longo do tempo, mais do que seria de esperar.

A depressão afeta a forma como te vês a ti como pessoa, como vês e interages com os outros, normalmente com os pais, familiares e amigos e com o meio que te rodeia, por exemplo a escola. A sensação de vazio, de desespero, desamparo e desesperança, de ter pouco valor ou não valer nada, de nada poder ou conseguir fazer para mudar as coisas ou levar a vida para a frente é normal para quem está a sofrer de depressão. Muitas vezes está ainda alterado o apetite, o sono, o desejo, o prazer, etc...

A depressão apenas pode ser diagnosticada por profissionais especializados (ex.: médicos de família e psiquiatras). Esta caracteriza-se, tal como outras doenças, por um conjunto de sinais e sintomas. Deves estar atento a ambos, reconhecendo-os em ti ou nos outros, no entanto os sinais são também fundamentais para poderes ajudar alguém que suspeitas estar a deprimir ou deprimido.


SINAIS

Consoante a situação em que se encontrem, numa depressão podem ser visíveis alguns dos seguintessinais:

Choro fácil sem motivo aparente ou crises de choro;Desmotivação (ex.: deixar de estudar ou participar em trabalhos de grupo);Isolar-se, quer em casa, fechando-se no quarto, quer com os amigos, evitando-os;Procurar não estar em casa e quando regressa fechar-se no quarto;Desinteresse e começar a faltar às aulas;Baixar o rendimento escolar;Mostrar-se muito pessimista e derrotado (verbalizar: não consigo fazer nada bem.);Deixar de participar nas coisas que habitualmente gostava (ex.: desporto);Mostrar-se agressivo quer física quer verbalmente, para colegas, familiares e amigos;Deixar de realizar as atividades em casa que lhe estavam destinadas (ex.: arrumar o seu quarto);Evitar falar com os pais quando estes questionam ou tocam no assunto do seu estado;Começar a emagrecer ou a engordar de repente, comendo pouco ou em demasia;Deixar de ter preocupação com a sua aparência; Introduzir nas conversas o tema da morte quando nunca o fez anteriormente; Ficar irritado com facilidade pelas mais pequenas coisas;Ser muito crítico relativamente a si manifestando-o aos amigos;Começar a consumir drogas ou álcool;Ter comportamentos de auto-mutilação (ex.: cortar os braços).



Na família, em casa, na escola com colegas, amigos e professores, ou então noutras situações sociais, trata-se de indícios de que algo se passa de errado ou de que algo não está bem, sendo por isso um motivo de alerta. Por si só, não significam que a pessoa tem uma depressão.


SINTOMAS

Como sabes os sintomas dizem respeito ao modo como a pessoa se sente. Na maioria das vezes, os jovens durante um episódio de depressão vivenciam alguns deles ou vários de forma mais ou menos acentuada. Eis alguns:

Sentir-se muito triste, sendo quase insuportável essa tristeza;Sentir um vazio, perdido e sem esperança que as coisas melhorem;Sentir-se muito ansioso e preocupado sem motivo aparente;Sentir-se cansado e sem energia;Perder o apetite ou ter apetite em excesso;Autocrítica frequente (sentir que é uma nódoa, que não presta…);Autoculpabilização (sentir que é culpado pelo que ocorre de mal a si ou aos outros);Sentir uma diminuição acentuada da vontade e desejo sexual;Sentir dores fortes e injustificáveis (exemplos: dores de cabeça; dores lombares);Sentir que não consegue concentrar-se nem memorizar nada;Deixar de conseguir adormecer, ou então dormir mais que o habitual;Vontade de estar completamente sozinho; Pensar que os outros o vêm como uma pessoa sem valor;Ter pensamentos sobre a morte (comportamentos da esfera suicidária).
O QUE SÃO PERTURBAÇÕES MENTAIS?

Já reparaste que muitas vezes se utilizam de forma indiscriminada os termos perturbações, transtornos, distúrbios, desordens mentais? Na realidade, estes termos podem significar o mesmo. Nesta página utilizamos o termo perturbações.

Todos nós temos momentos na vida em que nos podemos sentir em baixo, andar angustiados, stressados pelas mais diversas razões. Ou porque são os resultados escolares que não nos satisfazem, as relações com quem nos está próximo se deterioram e há conflitos, ou então porque estamos numa fase da vida em que as mais pequenas coisas nos parecem problemáticas. Estas são respostas normais face aos problemas da vida e para a grande maioria esses sentimentos passam ao fim de algum tempo. Contudo, para outras pessoas tal não acontece e podem vir a transformar-se num problema mais ou menos grave. E isto, pode acontecer a qualquer pessoa, inclusivé a ti, mesmo que sejamos todos diferentes e tenhamos todos formas diferentes de reagir.

Tu podes sair de uma situação complicada ou má com relativa facilidade e rapidamente, enquanto outras pessoas podem andar a viver e a pensar nisso durante muito tempo. A nossa saúde mental não permanece sempre igual, podendo alterar-se ao longo da vida.

As perturbações mentais correspondem a situações patológicas que são diagnosticadas apenas por profissionais de saúde especializados, algumas necessitam de intervenções simples e outras mais diferenciadas.

Nas perturbações existe uma alteração da nossa organização mental, o que implica que a pessoa não consiga exercer ou exerça com dificuldade os seus papéis sociais (familiares, relacionais, ou atividades do quotidiano), tornando-se incapacitante e podendo existir sofrimento. Estas alterações poderão ser visíveis ao nível físico, comportamental, das emoções e mesmo dos pensamentos.

Dra Ernestina de Jesus Psicóloga clínica

Stress e ansiedade
Medos, Fobias e Ataques de pânico
Insónias
Depressão
Falta de auto-confiança e auto-estima
Perturbações do comportamento alimentar (Anorexia, bulimia)
Outras perturbações emocionais
Hipnoterapeuta
Psicoterapia individuais a adolescentes e adultos

Contacto 965031880

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

UTAD alerta para os riscos do consumo de bivalves  produzidos em ambientes poluídos


Sendo os bivalves organismos que se alimentam por filtração, o que em ambientes de águas poluídas constitui um sério perigo para a saúde pública, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) realizou um estudo, em colaboração com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), para avaliação dos riscos que ocorrem numa zona de produção destes moluscos na região do estuário do rio Mondego.

Este estudo, coordenado pela docente e investigadora da UTAD, Alexandra Esteves, e pela investigadora do IPMA, Sónia Pedro, deu lugar a uma tese de mestrado em Medicina Veterinária, de Vera Mónica Monteiro Ferreira, intitulada “Fontes de poluição do Estuário do Mondego: condicionantes para a aquacultura”, que procurou avaliar os teores e a variação da contaminação microbiológica dos bivalves existentes nas duas zonas de produção daquele estuário e o risco sanitário dos bivalves aí capturados.

O trabalho de campo baseou-se na identificação georreferenciada dos bancos de moluscos bivalves, identificação de fontes de poluição bem como recolha de amostras em vários bancos de bivalves no Braço Norte e Braço Sul do Estuário. Como resultado, verificaram-se valores superiores de indicadores fecais (Escherichia coli) no Braço Sul relativamente ao Braço Norte justificando-se pelo ponto de descarga de uma ETAR nesta mesma zona, bem como devido à sua hidrodinâmica que leva a tempos de residência muito elevados para a manutenção do ecossistema.

O estudo foi coordenado pela docente e investigadora da UTAD, Alexandra Esteves

Como recomendações deste estudo, “a produção destas espécies de moluscos junto às fontes de poluição deveria ser repensada ou estabelecida uma distância mínima entre estas e as zonas de produção, de forma a evitar a produção de bivalves em zonas contendo uma elevada contaminação bacteriológica onde estes animais são colhidos, mas apenas colocados no mercado para consumo humano após afinação prolongada ou transformação”.

Nos meses em que temperatura da água é mais elevada – conclui ainda a investigação –, “é recomendável a refrigeração rápida dos bivalves capturados, de modo a minimizar a multiplicação de bactérias pertencentes ao género Vibrio, e potencialmente patogénicas para o Homem”.

Tendo-se verificado ainda que apesar dos cuidados das ETAR’s os valores de indicadores fecais apresentados são muito elevados, o estudo recomenda também “a criação de um emissário próximo da costa de forma a controlar ou mesmo erradicar as descargas das ETAR nas zonas de produção de moluscos bivalves”.

Entre os riscos maiores que o consumo de bivalves representa, as investigadoras acentuam que, o facto de se alimentarem por filtração, pode gerar a acumulação nos seus tecidos de bactérias e vírus patogénicos que podem ocorrer nas águas das zonas de produção, tendo como origem principal esgotos urbanos não tratados ou com tratamento insuficiente. O consumo de organismos crus ou insuficientemente cozinhados, colhidos em zonas de águas contaminadas, pode causar doenças como gastroenterites e ainda levar a surtos de doenças infecciosas.

Aditivos mais naturais?Politécnico de Bragança publica estudo  com a Complutense, de Madrid

A Agência de Segurança Alimentar Europeia continua a colocar sob escrutínio alguns aditivos utilizados de forma massiva em muitos dos produtos que ingerimos: o ácido sórbico, o sorbato de potássio e o sorbato de cálcio, utilizados como conservantes, inibidores do crescimento de fungos e bactericidas. Estes conservantes existem na natureza em diversos alimentos e para a sua utilização na indústria são obtidos por síntese química. As quantidades diárias ingeridas, DDR – Dose Diária Recomendada, foram revistas tendo em conta novos dados científicos. Contudo, a utilização de aditivos, naturais ou sintéticos, é uma condição incontornável para consumir um alimento seguro, sem riscos de saúde para o consumidor.

Nesta linha, diversos investigadores da área alimentar têm direccionado os seus estudos para a utilização de aditivos naturais. Uma publicação muito recente na revista Trends in Food Science & Technology, em Junho 2015, de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança e da Universidad Complutense de Madrid: “Natural food additives: Quo vadis?”, faz uma revisão dos aditivos naturais com poder antimicrobiano, antioxidante, adoçante ou de coloração, que foram testados ou estão já em utilização em produtos alimentares.

A disponibilização de alguns destes produtos naturais e a sua viabilidade económica ditarão as regras de um caminho a percorrer, que começa na ciência com a validação técnica da aplicabilidade de alguns dos aditivos naturais testados, seguindo assim as novas exigências dos consumidores.

Molhos à moda da CatólicaGarantem actividade antimicrobiana e antioxidante


A Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica Porto acaba de apresentar os resultados do projecto “Saucealth”, que se destaca pelo desenvolvimento de novos molhos, mais saudáveis e seguros, recorrendo a soluções antimicrobianas e a antioxidantes naturais e inovadoras. Durante a investigação – desenvolvida em parceria com a empresa Mendes Gonçalves – foram desenvolvidas novas fórmulas de molhos com compostos naturais, que asseguram a capacidade antimicrobiana, nomeadamente maionese, ketchup e mostarda.

A equipa de investigação, liderada por Manuela Pintado, apostou na utilização de compostos como extractos naturais citrinos, quitosana ou diacetato sódio (vinagre em pó) que, além de garantir a segurança necessária ao prazo de validade, demonstraram assegurar um produto de elevado valor sensorial. Alguns dos compostos utilizados permitiram, também, garantir uma atividade antioxidante relevante de elevada protecção do produto final.

Novos molhos com benefícios nutricionais

Manuela Pintado liderou a equipa da Católica

De forma a adequar os produtos às exigências nutricionais actuais foram desenvolvidas formulações com reduzido teor de sal, recorrendo a novas tecnologias (emulsão dupla) e aos aditivos naturais referidos, o que permitiu, mesmo com a redução de sal, a segurança do produto e qualidade sensorial esperada pelo consumidor. Refira-se, ainda, que para além de produtos com reduzido teor de sal, foram também desenvolvidas formulações de baixo teor de gordura e de açúcar, que contribuem assim para um benefício nutricional acrescido do produto final.

A participação da Escola Superior de Biotecnologia no projecto “Saucealth” centrou-se no apoio científico na selecção dos ingredientes e validação de todas as propriedades nutricionais e segurança das formulações. A parceria da Mendes Gonçalves – empresa com elevada experiência no desenvolvimento de formulações inovadores no mercado – e a Católica Porto demonstra, uma vez mais, como a ligação das empresas às universidades é crucial na criação de produtos inovadores para o consumidor.