segunda-feira, 9 de junho de 2014

IBM participa em projecto de criação de sistema fotovaltaico mais eficiente e barato Sistema será capaz de converter 80 por cento da energia solar absorvida

Os cientistas dos Laboratórios da IBM em Zurique, Suíça, anunciam hoje, data em que se celebra o Dia Mundial da Terra, uma parceria com outras entidades para o desenvolvimento de um sistema fotovoltaico mais acessível e capaz de concentrar em si, em média, o poder de 2000 sóis, com uma eficiência que permitirá absorver e converter 80 por cento da radiação em energia útil.
Este sistema pode ser construído em qualquer lugar do Planeta para oferecer energia sustentável, água potável e ar fresco, a um custo três vezes menor do que os sistemas actuais.

O projecto, a três anos, terá um custo total de 2,4 milhões de dólares, valor este que foi concedido pela Comissão para a Tecnologia e Inovação, na Suíça, a uma equipa de investigação composta por cientistas da IBM Research, da Airlight Energy (fornecedor de tecnologia solar), da ETH Zurich (formação na área das energias renováveis) e do Instituto de Micro e Nanotecnologia (MNT) para desenvolver um Sistema de Alta Concentração Fotovoltaica e Térmica (HCPVT) mais económico.
Com base num estudo realizado pela European Solar Thermal Electricity Association (ESTELA) e pela Greenpeace Internacional, seriam necessários apenas 2 por cento da área total do deserto do Saara para fornecer a eletricidade necessária ao mundo inteiro (Concentrating Solar Power: Outlook 2009). No entanto, as tecnologias de energia solar actualmente existentes no mercado são ainda demasiado caras e lentas para o conseguirem.
O protótipo do sistema HCPVT utiliza um grande dispositivo parabólico, composto por múltiplos espelhos, que consegue posicionar-se mediante o melhor ângulo de acordo com a posição do Sol. Uma vez alinhado, os raios do Sol reflectem nos espelhos para vários receptores, conseguindo converter 200-250 watts de energia, em média, ao longo de um dia típico de oito horas numa região que habitualmente recebe Sol.  

Alterações ambientais afectam sobrevivência de predadores de topo na Antárctida Investigação internacional foi liderada por José Xavier, do Instituto do Mar da Universidade de Coimbra

As rápidas mudanças ambientais que se têm vindo a registar na região da Antárctida podem vir a afectar a sobrevivência de predadores de topo, conclui uma pesquisa internacional, liderada pelo investigador do Instituto do Mar da Universidade de Coimbra (UC), José Xavier, premiado pelo«Ciência Hoje» com um Seed of Science, em 2012.
Financiado pela British Antarctic Survey e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o estudo em que participaram também oito cientistas do Reino Unido, França e Alemanha, mostra que predadores de topo, como os albatrozes, não são capazes de encontrar alimento suficiente num ano em que o Oceano Antárctico esteja anormalmente quente. Assim, os seus filhotes morrem de fome, o que põe em risco a sobrevivência destes predadores.
O surpreendente deste estudo é a incapacidade dos albatrozes encontrarem comida a tempo de salvar os seus filhotes. Como predadores de topo, julgaríamos que poderiam lidar com a falta do seu alimento preferido, podendo mudar para outro alimento facilmente”, afirma José Xavier.
No entanto, prossegue o investigador, “ao analisarmos a sua dieta em detalhe, notamos que quando o Oceano Antárctico começa a aquecer naquela região, eles tentam ir mais para longe à procura de alimento alternativo, mas sem sucesso”.
Este estudo realça a falta de flexibilidade de predadores do Oceano Antárctico de se adaptarem às alterações ambientais e que os poderá levar a estarem em risco de sobrevivência, caso aumente a frequência destes anos anómalos.

O dinheiro não nasce nas árvores, mas o ouro sim! Técnica que extrai nanopartículas das plantas é nociva para o meio ambiente

Uma equipa de investigadores da Universidade de Massey(Nova Zelândia) descobriu uma forma de cultivar ouro em plantas, recorrendo a uma técnica que extrai nanopartículas. A invenção revela-se de grande utilidade para a indústria, já que o material pode ser usado como catalisador de reacções químicas.

Segundo um dos investigadores, Chris Anderson, é possível obter o material precioso em de plantas de crescimento rápido, tal como a mostarda ou o girassol. Algumas espécies conseguem obter elementos químicos através das suas raízes e concentrar metais, como o zinco, nas folhas e brotos.
Quando as plantas atingem a sua altura máxima, o solo deve ser tratado com produtos químicos que tornam o ouro solúvel. Assim, quando a planta transpira, absorve o ouro do solo e acumula-o na biomassa.

No entanto, durante o processo de colheita, o ouro não se comporta como um material vegetal, ou seja, é necessário queimar as plantas com grandes quantidades de ácidos fortes para que o elemento químico não desapareça.

Apesar de ter vantagens para a indústria, representa uma enorme desvantagem em termos ambientais já que os riscos são elevados. Para o processo de colheita recorre a produtos químicos extremamente nocivos, tal como o cianeto.

Espanha é o país europeu com mais espécies ameaçadas País vizinho alberga 85 mil espécies de animais e plantas, 54 por cento das descritas na Europa

Espanha é o país europeu onde se concentra a maior percentagem de espécies ameaçadas de todo o continente. Este é o resultado de um estudo da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) publicado no princípio do mês, baseado na Lista Vermelha Europeia, o catálogo que indica o grau de ameaça das espécies europeias em perigo. Portugal está terceiro lugar em número de espécies ameaçadas.
Espanha concentra uma grande proporção de espécies ameaçadas a nível europeu e tem a importante responsabilidade de as proteger no seu território. É preciso que haja mais e melhor acção para melhorar a situação destas espécies”, refere o estudo, recordando que Espanha, como Estado-membro da União Europeia, se comprometeu a travar a perda de biodiversidade até 2020.  

Segundo a UICN, Espanha alberga aproximadamente 85 mil espécies de animais e plantas, o que representa 54 por cento do total das espécies descritas na Europa e poderá representar mais de 5 por cento da biodiversidade mundial.
O estudo assegura que 38 por cento das espécies que fazem parte da Lista Vermelha Europeia estão presentes no país, a percentagem mais alta dos estados europeus. Em segundo está Grécia, que tem 32 por cento das espécies da Lista, e Portugal, com 22 por cento de espécies em risco.
Estes dados são preocupantes tanto mais que as políticas de biodiversidade estão a ser “praticamente abandonadas” pelas administrações estatal e autónomas. “O Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente centra os seus esforços em modificar a normativa ambiental com graves consequências como a falta de protecção e os desregulamento”.
As Comunidades Autónomas têm, por seu lado, “apoiado projectos que teoricamente favorecem o crescimento económico mas que, na verdade, têm graves consequências ambientais e sociais”, denuncia o grupo Ecologistas en Acción, que ontem organizou, em Madrid, um debate para analisar a situação da biodiversidade.
No país vizinho estão ameaçados 19 por cento dos mamíferos, 24 por cento de répteis, 7 por cento de anfíbios, 37 por cento de peixes de água doce, 5 por cento de borboletas, 8 por cento de libélulas, 6 por cento de escaravelhos, 26 por cento de moluscos terrestres, 34 por cento de moluscos de água doce e 26 por cento de plantas vasculares. “Do total de espécies estudadas no país, mais de uma quinta parte estão ameaçadas e pelo menos 10 por cento estão ameaçadas a nível europeu”, refere ainda o estudo.

Há 1300 milhafres nos Açores e na Madeira Oitavo censo da SPEA sobre esta espécie contou com numerosos voluntários

São já conhecidos os resultados do 8º censo de milhafres/mantas (no continente denominada por águia-de-asa-redonda), que decorreu nos dias 23 e 24 de março de 2013, envolvendo dezenas de voluntários, e visou contabilizar os exemplares desta ave de rapina.
Nesta edição, na qual participaram 161 voluntários, foram avistadas 602 aves em 1700 quilómetros percorridos, nos 66 percursos efectuados nos dois arquipélagos. Os dados recolhidos ao longo dos últimos anos apontam para uma população total de 1300 indivíduos (1020 nos Açores e 280 no arquipélago da Madeira).

Este censo, um projecto coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), decorre em paralelo nos Açores e na Madeira. A recolha de informação depende do contributo de voluntários e insere-se num projecto de cidadania para a ciência que procura estimar o tamanho e a situação das populações desta ave. A colaboração de muitos voluntários é essencial na obtenção de dados robustos sobre o estado desta espécie, em cada ilha dos arquipélagos.
A participação tem vindo maioritariamente de Grupos de Escoteiros, Centros de Interpretação Ambiental, Associações de Ambiente/Espeleologia, Escolas Profissionais e Secundárias, Alunos Universitários, voluntários ligados a Centros de Investigação, GNR e vigilantes dos Parques Naturais.
Ao longo dos anos, o censo tem ainda contado com o apoio da Electricidade dos Açores (EDA), Empresa de Electricidade da Madeira (EEM), Secretaria Regional dos Recursos Naturais, Serviço do Parque Natural da Madeira e da Galp Energia. Muitos estagiários contribuíram para a introdução de dados na base do Projecto e muitos investigadores para a análise estatística dos dados.
De entre as várias nacionalidades dos participantes, registam-se portugueses, espanhóis, franceses, holandeses, alemães, italianos, polacos, croatas, gregos e brasileiros. Para além da sua importância na obtenção de informação sobre os milhafres/mantas, este censo constitui ainda uma forma divertida de aprender e passar algum tempo com amigos e família.
Em 2013, nos Açores, com o esforço de 140 voluntários, foi possível avistar 557 milhafres nos cerca de 1400 quilómetros percorridos, em 57 percursos. No arquipélago da Madeira, o esforço dos 21 voluntários que percorreram cerca de 400 quilómetros permitiu registar 45 mantas, em nove percursos.

nvestigador português eleito vice-presidente da Federação REHVA Manuel Gameiro considera que se podem abrir portas às empresas de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado

A Federação Europeia das Associações de Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado (REHVA) elegeu Manuel Gameiro da Silva, investigador da Universidade de Coimbra (UC), para membro da direcção. O docente português terá o cargo de vice-presidente com o pelouro de Coordenador do Ensino Superior.

Para Manuel Gameiro da Silva “a principal vantagem é ter por um lado capacidade e influenciar e, por outro lado, ter acesso a toda a rede de contactos que esta associação tem”.

A REHVA foi criada em 1963 e conta actualmente com 26 países associados, mais de cem mil engenheiros envolvidos na federação. O objectivo desta entidade é desenvolver e disseminar a economia, eficiência energética e tecnologia adequada para a construção de edifícios, mas também ajudar os seus membros e os engenheiros de construção, sobretudo, nas áreas de ventilação, climatização e ar-condicionado.

“Esta associação tem uma parte científica e tem também técnica ligada à prática da engenharia. Há um conjunto de empresas que trabalham nesta área que suportam as actividades REHVA e penso que isto também abrirá oportunidades para as empresas portuguesas”, explica Manuel Gameiro da Silva.

O docente da UC faz, também, parte da estrutura de coordenação da Iniciativa da UC - Energia para a Sustentabilidade, um projecto estratégico que pretende afirmar a intervenção da Universidade de Coimbra na economia nacional e internacional e que reúne docentes e investigadores de diferentes faculdades, departamentos e centros de investigação da UC.

Manuel Gameiro da Silva explica que se trata de “programa interdisciplinar” que visa colocar todas as pessoas dedicadas à área da sustentabilidade a trabalhar de forma “coordenada”"Neste momento temos mais de 90 professores da Universidade de Coimbra ligados às actividades desta iniciativa”, conclui.

FMUP investiga alterações associadas à ameaça de parto pré-termo

BEBÉ VIDA, banco de tecidos e células português, está a apoiar o estudo desenvolvido pelo Departamento da Mulher e da Medicina Reprodutiva do Centro Materno Infantil do Norte, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Departamento de Biologia Experimental, Instituto de Biologia Molecular e Celular, sobre as alterações oxidativas no sangue materno associadas à ameaça de parto pré-termo. 
Por parto pré-termo define-se o que se inicia antes de completadas as 37 semanas de gravidez, ocorrendo em cerca de cinco a dez por cento das gravidezes, e sendo a principal causa de mortalidade e morbilidade neo-natal.

Em 30 por cento dos casos o trabalho de parto pré-termo não tem uma causa determinada, sendo que a restante percentagem pode ser associada a doenças inflamatórias intra e extra-uterinas, alterações anatómicas do útero, anomalias do colo uterino, alterações placentares, gravidez múltipla, entre outras causas.

“No entanto, é ainda incerto se este processo é activado por um mecanismo intra-uterino ou se é de origem sistémica que tem no útero um órgão alvo. Neste caso, admite-se que a presença de um marcador circulante pudesse ser preditivo da ocorrência posterior de Parto Pré-termo(PPT)”
, refere Joaquim Paulo Saraiva (investigador principal).O stress oxidativo é um tema que tem sido alvo de atenção e análise, dado que decorre de alterações moleculares e tecidulares resultantes de um desequilíbrio entre a continuada produção de espécies reactivas de oxigénio (ROS) de efeito oxidante e o teor ou actividades de moléculas antioxidantes. Este provoca a oxidação e disfunção de biomoléculas importantes que foram relacionadas com distúrbios da gravidez, nomeadamente PPT, pré-eclâmpsia, restrição de crescimento uterino e descolamento placentar.

Partindo do pressuposto que no decorrer da gravidez há um equilíbrio do estado redox que pode ser alterado por factores predisponentes ao desencadeamento do PPT, a equipa de investigação propôs-se a estudar indicadores séricos do estado de oxidação, como as substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, a carbonilação de proteínas séricas e o teor de dismútase de superóxido.

O estudo que está a ser realizado incide sobre esses indicadores, em quatro momentos da gravidez sem intercorrências, e visa a comparação com os dados das grávidas diagnosticadas com ameaça de PPT e PPT em qualquer idade gestacional após as 22 semanas de gestação. Os potenciais marcadores apresentados serão testados para a sua capacidade preditiva de desfechos desfavoráveis.

Além de aprofundar os conhecimentos sobre como normalmente estes indicadores séricos relacionados com o stress oxidativo se comportam com o aumento da idade gestacional e no início de trabalho de parto espontâneo a termo, o projecto de investigação pretende também testar a sua aplicabilidade como preditores de APPT/PPT.