segunda-feira, 26 de maio de 2014

Investigação em Portugal: teste inovador permite identificar multirresistências na tuberculose

Cientistas envolvidos já tinham sido premiados em 2012

2014-02-06
Em 2012, receberam o Prémio de Mérito Científico Santander Totta/ Universidade NOVA pelo desenvolvimento de um teste rápido e mais barato de diagnóstico da tuberculose, baseado em nanopartículas de ouro. Em Janeiro, Pedro Viana Baptista, da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT), e Miguel Viveiros, do IHMT, publicaram um artigo em que mostram que, recorrendo ao mesmo método, e dentro do mesmo tubo, é ainda possível determinar se se trata de uma tuberculose multirresistente e especificar que mutações causam resistência.
O estudo, publicado na revista científica internacional Tuberculosis, partiu de genótipos do bacilo da tuberculose portugueses, mas a metodologia de diagnóstico pode ser adaptada a qualquer grupo genético de resistências.

Em 2011, Portugal registava 22,6 novos casos de tuberculose por 100 mil habitantes, com aproximadamente três por cento de casos multirresistentes, um decréscimo significativo quando comparado com o ano 2000 (25-30 por cento). Foi nessa altura que o IHMT trouxe para Portugal o diagnóstico precoce por biologia molecular e, com o apoio da Fundação Gulbenkian, aplicou-o na área da Grande Lisboa. “Em 24 horas, passou a saber-se se os indivíduos estavam doentes e se eram ou não multirresistentes”, diz Miguel Viveiros.

Com a nova tecnologia de diagnóstico baseada em nanopartículas de ouro, é possível obter o mesmo diagnóstico de forma menos dispendiosa e com uma fácil concretização técnica. “A grande vantagem desta abordagem é permitir sensibilidades superiores às técnicas moleculares padrão (PCR) mas de forma simples e a baixo custo”, refere Pedro Baptista.

“Na prática, pegamos nas nanopartículas, que estão funcionalizadas com sequências que identificam o bacilo da tuberculose e com as resistências do bacilo. Se, na amostra doente, existir o bacilo ou o seu ADN, esses alvos interagem com as partículas. Se não existir interação, a solução muda de muda de cor para azul devido à agregação das nanopartículas”, explica Miguel Viveiros.

A detecção precoce dos casos de tuberculose multirresistente em Portugal é uma necessidade urgente, já que as estirpes portuguesas apresentam características únicas, que as tornam irresponsivas aos tratamentos padrão preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Sabemos que 75-80 por cento das estirpes multirresistentes em Portugal são do mesmo grupo genético da estirpe Lisboa, que tem características não partilhadas com o resto do mundo”, explica o investigador Miguel Viveiros.

Foi no IHMT que a estirpe Lisboa foi identificada pela primeira vez, tendo sido caracterizada, em 1999, no âmbito de uma parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. As razões que a levam a ter uma maior predisposição para a resistência e a centrar-se em Portugal ainda não estão esclarecidas. Mas estão em estudo.

“Temos feito todos os esforços para caracterizá-la do ponto de vista científico. Sabemos que apresenta delecções em alguns genes que a tornam mais virulenta”, daí a não responsividade ao tratamento padrão da OMS, salienta o bacteriologista do IHMT.

Maioria dos casais inférteis aceita
doar embriões para investigação

2014-03-12
A maioria dos casais inférteis (85%) aceita doar embriões para investigação, sendo que as mulheres e os homens católicos se revelam mais propensos à doação, por comparação com os não católicos e sem religião. Portugal é um dos países no mundo onde os casais se mostram mais disponíveis para doar embriões para investigação.

Estas são as principais conclusões do estudo “Saúde, governação e responsabilidade na investigação em embriões: as decisões dos casais em torno dos destinos dos embriões”, coordenado por Susana Silva, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
O estudo revela também que mais de 75% dos participantes defendem a extensão do limite máximo da criopreservação de embriões em Portugal. Um resultado que ganha um impacto reforçado, dada a necessidade emergente de definir, em termos políticos, o tempo máximo em que os embriões podem ser criopreservados.

Desde 2006 que a lei portuguesa prevê a possibilidade dos embriões criopreservados terem como destino a investigação científica. A experimentação com recurso a esses embriões tem que ser autorizada pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida e carece do consentimento de casais envolvidos em tratamentos de Fertilização In Vitro (FIV) ou de Microinjeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI).

No atual consentimento informado para criopreservação de embriões, os casais deverão escrever “sim” ou “não” à frente da seguinte afirmação: “Consentimos no uso dos nossos embriões em projetos de investigação científica”. Esta decisão é tomada para um período máximo de três anos, correspondente ao limite mais baixo dos prazos estabelecidos por outros países europeus.

A propósito desta investigação, será realizado um debate sobre a governação da investigação em embriões de origem humana, na próxima terça-feira, dia 18 de março, às 14h00, no auditório do ISPUP, onde serão apresentados e discutidos os restantes resultados deste estudo transversal de base hospitalar que foi realizado entre agosto de 2011 e dezembro de 2012.

O objetivo da sessão passa por analisar as visões e experiências dos casais envolvidos em tratamentos de fertilidade, relativamente à decisão de doar ou não doar embriões para investigação, tendo por base os resultados do estudo que aborda: a prevalência da doação de embriões para investigação e factores associados; as motivações para doar ou não doar embriões para investigação; e opiniões sobre a duração da criopreservação de embriões, uma questão premente no debate político.

O evento contará com a presença de Eurico Reis, Presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida e de Helena Machado, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

O estudo incluiu um inquérito com 313 mulheres e 221 homens, envolvidos em tratamentos de fertilidade, e entrevistas semiestruturadas a 34 destes casais.

Investigadores da UA propõem nova solução
para inactivação de bactérias multirresistentes em esgotos

2014-03-24

Uma equipa multidisciplinar da Universidade de Aveiro, tem vindo a trabalhar em novas aplicações de métodos utilizados noutras áreas científicas no sentido de procurar uma solução para a resistência de estirpes bacterianas a vários antibióticos,

Um destes métodos, designado por terapia fotodinâmica, tem vindo a ser testado no tratamento de esgotos hospitalares onde são frequentemente encontradas essas bactérias multirresistentes e, segundo os estudos realizados até agora, mostra ser bem mais eficiente que outras abordagens convencionais.
As estirpes de bactérias em causa, onde se incluem, entre outras, o Staphylococus aureus e Enterococus sp., podem ser causadoras de infecções simples ou sistémicas,infecções respiratórias ou intoxicações de difícil tratamento devido à sua resistência a vários antibióticos conhecidos. Mais frequentes nos efluentes hospitalares, já foram também detectadas em estações de tratamento de águas residuais para onde
aqueles acabam por ser conduzidos sem um tratamento prévio adequado.

A terapia fotodinâmica (PDI, do inglês “photodynamic inactivation”), método já usado no tratamento de certos tipos de cancro, está agora a ser testada no tratamentodestes efluentes hospitalares. Consiste basicamente na utilização de “fotossensibilizadores”, como porfirinas, ftalocianinas, clorinas e alguns corantes que, que absorvem luz visível, transferindo energia para moléculas ao seu redor, originando espécies reativas de oxigénio (ROS – reactive oxygen species) que são altamente citotóxicas provocando alteração nas biomoléculas (proteínas, lípidos e ácidos nucleicos) destes microrganismos patogénicos, levando à sua inactivação.

Nenhum dos estudos realizados até agora mostrou ser possível desenvolver resistência bacteriana a este tipo de tratamento, indicando que este método produz efeitos irreversíveis nestes microrganismos.

A equipa, coordenada por Adelaide Almeida, envolve investigadores do Departamento de Biologia que pertencem ao Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), laboratório associado da UA, e do Departamento de Química, mais concretamente à Unidade de Investigação Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares (QOPNA).

Este estudo indica que há vantagens em realizar o tratamento por terapia fotodinâmica ainda no efluente hospitalar onde existem, habitualmente,resíduos de antibióticos, possibilitando uma acção sinérgica, levando a uma maior eficiência de inactivação das bactérias multirresistentes.

Veneno de caracol marinho letal pode facultar
novos tratamentos para a dor crónica em humanos

Estudo envolve cientistas do CIIMAR, Porto

2014-04-01
Num trabalho publicado na revista científica Nature Communications, uma equipa de cientistas Australianos, e Kartik Sunagar e Agostinho Antunes do CIIMAR, Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto, descobriram que o letal caracol marinho Conus geographus consegue surpreendentemente alternar a produção de venenos distintos em resposta a estímulos predatórios ou defensivos.
O estudo do caracol marinho Conus geographus da Grande Barreira de Coral na Austrália, revelou que o veneno defensivo destes animais possui elevadas quantidades de toxinas paralíticas que bloqueiam receptores neuromusculares, causando efeitos letais em seres humanos. Em contraste, o veneno predatório contem toxinas especificas para as presas (peixes), sendo maioritariamente inactivos em alvos humanos.

O Conus geographus é um caracol altamente perigoso - tem a picada mais tóxica conhecida entre as espécies de Conus e é responsável por mais de 30 mortes humanas conhecidas. Não há antiveneno para uma picada do Conus geographus estando o tratamento limitado a apenas manter as vítimas vivas até que as toxinas percam efeito.

Os venenos de caracóis marinhos do género Conus englobam as estratégias mais sofisticadas de envenenamento conhecidos no Reino Animal, permitindo que estes pequenos e lentos animais capturem vermes, moluscos e mesmo peixes. Cada uma das espécies de caracóis marinhos Conus produz mais de 1000 conopeptidos distintos, estando muito poucos destes composto caracterizados farmacologicamente (cerca de 0,1%) tendo como alvo uma vasta gama de proteínas de membrana celular, tipicamente com elevada potência e especificidade.

Esses compostos têm grande potencial como drogas analgésicas, nomeadamente como alvo de receptores específicos da dor humana que podem ser até 10.000 vezes mais potentes que a morfina, sem as consequências viciantes da morfina e seus efeitos colaterais. Destaca-se nesse sentido o Inibidor Cav2.2 w-MVIIA (Prialt) aprovado pelo FDA nos Estados Unidos da América em 2004 sendo utilizado para tratar a dor intratável. O tratamento da dor neuropática crónica com conopeptidos pode assim estender-se a pacientes que sofram de cancro, artrite, herpes, diabetes, Alzheimer, Parkinson e SIDA.

Cancro e diabetes: políticas a longo prazo
reduzem incidência de casos

Sobrinho Simões abordou ontem a questão no Ipatimup

2014-04-02

São doenças civilizacionais e emergentes: obesidade, diabetes e cancro previnem-se muito mais do que se curam e só com um plano político a médio-longo prazo se pode atuar com eficácia na redução do número de casos (para metade, no caso da diabetes). O alerta foi deixado pelo Professor Manuel Sobrinho Simões na última reunião do Ciclo de Conferências «Diabetes Século XXI: O Desafio», ontem, no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP). 
No cancro, como na diabetes, é preciso conhecer a doença para combater o seu aparecimento e os riscos inerentes. «A prevenção do cancro é praticamente idêntica à da diabetes: – passa por não fumar, não beber em excesso, não engordar, fazer exercício regular, entre outros. As doenças civilizacionais e emergentes, como é o caso da diabetes, da obesidade, do cancro, entre outras, previnem-se muito mais do que se curam», referiu Manuel Sobrinho Simões, diretor do IPATIMUP, lembrando que é preciso «articular as instituições que intervêm ou podem intervir na Prevenção, no Tratamento e no Controlo da Diabetes».

Sobrinho Simões identifica outras melhorias necessárias em matéria de comunicação e de operacionalidade: «Clarificar o tipo e o nível de intervenção das instituições (frequentemente há dupla ou tripla intervenção no tratamento); falta de articulação do médico com os outros profissionais que cuidam dos doentes; relação do médico (e de outros profissionais de saúde) com a pessoa com diabetes e a família - há “barreiras” de ignorância entre o médico e o doente e entre o médico e os familiares do doente; articulação entre as especialidades médicas – ex. diabetologista e cirurgião vascular». E acrescenta: «não chega falar de intervenção multidisciplinar, interdisciplinar e interinstitucional. É preciso operacionalizar através de ações concretas».

Na mesma linha, o Director do Programa Nacional da Diabetes, diz que é importante actuar quanto antes. José Manuel Boavida defende que «a Assembleia da República devia ter uma intervenção directa sobre as prioridades da saúde, uma questão que deveria ser acompanhada dentro do próprio Parlamento. É fundamental fazer planos de prevenção: 50% dos casos de diabetes estão ainda por diagnosticar. É preciso avançar com planos de prevenção e aplicar programas vastos de rastreio».

Lembrando que «hoje em dia é pior ter diabetes ou cancro do que ter um AVC», deixou um desafio à Comissão Parlamentar da Saúde. «Há medidas relativamente simples que têm de ser aplicadas. Devemos focar-nos em processos de mobilização colectiva com objectivos bem definidos, e não no trabalho um a um».

Cancro de Mama “Triplo-negativo” e Metástases do Cérebro
«vencem» bolsas de investigação da Associação Laço

2014-04-07
Depois de uma primeira bolsa de investigação para o investigador Sérgio Dias, a Associação Laço atribuíu este ano duas bolsas no valor de 25 mil Euros cada. As vencedoras foram Joana Paredes, do IPATIMUP, que vai desenvolver um projecto sobre o cancro de mama “Triplo-negativo”, e Diana Gaspar, do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, que trabalhará a área das metástases do cérebro
Joana Paredes que lidera uma equipa de investigação do IPATIMUP refere: É uma grande honra e orgulho para mim, e para a minha equipa de investigação, ter sido contemplada com esta bolsa. É por todas as mulheres a quem foi diagnosticado cancro da mama que trabalhamos todos os dias e temos noção que o nosso trabalho constitui uma esperança para a melhor compreensão desta doença, bem como para o seu tratamento.”

Esta equipa de investigadores pretende desenvolver um trabalho sobre um tipo de cancro de mama - “triplo-negativo” – que é um tipo de tumor muito agressivo quando comparado com outros tipos de cancro da mama. Estes tumores tendem a crescer muito rapidamente, tendo também maior capacidade de gerar metástases e de voltar a aparecer, estando frequentemente associados a um mau prognóstico para as doentes.

Com este projeto propõe-se validar a utilização de um fármaco, já aprovado pela FDA para o tratamento de outras neoplasias, no tratamento do cancro da mama “triplo-negativo”. Para Diana Gaspar, investigadora no Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a atribuição desta bolsa de investigação é “uma forma de impulsionar o trabalho científico nesta área e uma importante ajuda no que respeita aos futuros avanços que necessitamos de fazer no desenvolvimento e concretização desta ideia inovadora”.

O projecto de investigação da equipa liderada por Diana Gaspar é na área das metástases no cérebro, muito frequentes nas doentes com cancro da mama. Com este projecto pretendem perceber de que forma as células de um cancro inicialmente confinado à mama conseguem passar pela corrente sanguínea, misturar-se com as células saudáveis presentes no cérebro e aí proliferar dando origem a metástases cerebrais.

A presidência do Júri esteve a cargo da Professora Maria Carmo-Fonseca, uma reconhecida investigadora na área da biomedicina e que exerce funções como Directora no Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, exercendo também os cargos de Directora da Harvard Medical School-Portugal Program e Visiting Professor na Harvard Medical School.

Nova lei da investigação clínica publicada hoje em Diário da República
O Health Cluster Portugal (HCP), uma associação privada sem fins lucrativos, manifestou hoje o regozijo pela aprovação da novaLei da Investigação Clínica (Lei n.º 21/2014 de 16 de abril), publicada hoje em Diário da República.
De acordo com o Presidente da Direção do HCP, Luís Portela, “é por todos reconhecido que a investigação clínica em Portugal, e especificamente o desenvolvimento de ensaios clínicos, tem contribuído para a melhoria das unidades de saúde e dos cuidados prestados».Assinala ainda: «Contudo, não deixa de ser preocupante que, por uma menor adequação das condições da envolvente, o nosso país tenha vindo, de forma assinalável, a perder competitividade neste domínio ao longo dos últimos anos. Neste contexto, esta nova Lei inclui aspectos francamente positivos no sentido de impulsionar e agilizar os projectos de investigação clínica e de tornar Portugal mais competitivo nesta área, no contexto europeu e global. E, nesta medida, o HCP congratula-se pela aprovação da presente Lei”.
O HCP destaca alguns dos aspectos positivos da nova legislação, a saber: criação de um enquadramento legal mais abrangente e harmonizado; criação do Registo Nacional de Estudos Clínicos (RNEC); criação da Rede Nacional de Comissões de Ética para a Saúde (RNCES) e o estabelecimento de prazos mais competitivos.

Impacto da doença inflamatória do intestino
na vida das pessoas

Estudo europeu revela absentismo laboral e desconforto social

2014-05-12
No âmbito do Dia Mundial da Doença Inflamatória do Intestino, que se comemora no dia 19 de Maio, foram divulgados os resultados de um estudo europeu recente sobre o impacto que esta doença tem na vida dos doentes. As entrevistas foram feitas cinco mil doentes, de mais de 21 países, inclusive Portugal – 160 doentes dos quais 69% eram doentes de Crohn e 29% eram doentes de colite ulcerosa.
Entre os principais resultados do estudo a nível nacional destacam-se os ligados ao absentismo laboral mas também ao desconforto social e relações pessoais. A frequência da necessidade de ir à casa de banho é um dos resultados com mais destaque no estudo, por este motivo, esta rotina é considerada um fardo na vida dos doentes. Do total dos 160 doentes portugueses entrevistados, 36% afirmam já ter sido alvo de piadas por parte de terceiros relativamente à frequência com que têm necessidade de ir à casa de banho.

E quando a pergunta se refere a viagens ou a programas sociais, 53% dos inquiridos preocupam-se com a disponibilidade das casas de banho sempre que vão a algum sítio e 56% consideram mesmo este assunto como uma questão fundamental na altura de fazer planos de viagem ou mesmo planos para uma simples saída.Relativamente ao absentismo laboral, 59% dos doentes sentem-se stressados e pressionados por ter de faltar ao trabalho por causa da doença, mas 75% indicaram já ter faltado pelo menos um dia durante o ano por causa da doença e 21% já faltaram mais de 25 dias.

Como principais razões apontam as consultas médicas (69%), emergências médicas com necessidade de ida ao hospital (54%), fadiga (43%) e cólicas ou dor abdominal (34%). Em termos de hospitalizações, 87% dos doentes dizem ter sido hospitalizados pelo menos uma vez em cinco anos por causa da doença.

No patamar da discriminação e estigma social, 24% dos entrevistados dizem ter sido vítimas de queixas e comentários injustos ao seu desempenho profissional e 19% revelam mesmo já ter sido discriminados no local de trabalho.

Em termos de profissionais, 49% dos doentes afirmam que as suas perspectivas de futuro foram afectadas negativamente pela doença inflamatória do intestino e 31% dos doentes indicam que a doença já fez com que se despedissem ou que fossem despedidos do seu trabalho.

Em termos pessoais, 22% dos inquiridos relevam que a doença os impediu de fazer ter amigos e 45% referem que a doença inflamatória do intestino os impediu de apostar numa relação pessoal. Contudo, 66% negam que a doença tenha sido a causa do fim de uma relação.

Cegueira provocada por doenças da córnea
pode ser reversível

Em Portugal realizam-se 700 transplantes por ano

2014-05-14

A córnea é uma estrutura da superfície ocular externa, transparente, sem vasos sanguíneos, com uma curvatura e espessura muito próprias que permitem a entrada da luz dentro do olho. É um importante tecido ocular e a sua integridade é fundamental para que todo o processo da visão se possa realizar normalmente. Os transplantes são muitas vezes a única solução para reverter a cegueira provocada pelas doenças da córnea. Segundo a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) são feitos 700 por ano em Portugal, em cinco grandes centros de especializados neste tipo de procedimento.
Paulo Torres, presidente da SPO, refere que há muitas doenças que afectam directamente a córnea, destacando as que induzem alterações anatómicas com diminuição da sua espessura e aumento da sua curvatura, infecções e traumatismos que originam cicatrizes e as que alteram as células mais internas da córnea com modificação do estado de relativa desidratação da mesma, originando, consequentemente, edema da córnea. Todas estas situações, se não tratadas ou se a sua progressão não for travada, poderão levar a uma acentuada diminuição da acuidade visual e por vezes cegueira.

“A cegueira provocada por patologia da córnea pode ser reversível” realça o especialista, “desde que as outras estruturas do olho estejam preservadas. Para tal recorre-se aos transplantes de córnea, isto é, substituição da córnea do doente ou parte dela por uma córnea total ou por lamelas corneanas provenientes de cadáver”.

Em Portugal, as principais doenças que motivam a realização de transplantes de córnea são o queratocone nos seus estados mais avançados, as opacidades da córnea originadas por infecções e traumatismos, as descompensações celulares corneanas originadas por doença da própria córnea ou por traumatismo cirúrgico prévio.

O presidente da SPO refere ainda: “Não nos podemos esquecer do grande inimigo do transplante de córnea, como em todos os transplantes de órgãos, que é a rejeição. Nas consultas de seguimento, os doentes são avisados dos sinais e sintomas de alerta desta complicação em particular, pelo que o acompanhamento próximo por parte do oftalmologista assistente n

FMUP investiga alterações associadas 
à ameaça de parto pré-termo

BEBÉ VIDA, banco de tecidos e células português, está a apoiar o estudo desenvolvido pelo Departamento da Mulher e da Medicina Reprodutiva do Centro Materno Infantil do Norte, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Departamento de Biologia Experimental, Instituto de Biologia Molecular e Celular, sobre as alterações oxidativas no sangue materno associadas à ameaça de parto pré-termo. 
Por parto pré-termo define-se o que se inicia antes de completadas as 37 semanas de gravidez, ocorrendo em cerca de cinco a dez por cento das gravidezes, e sendo a principal causa de mortalidade e morbilidade neo-natal.

Em 30 por cento dos casos o trabalho de parto pré-termo não tem uma causa determinada, sendo que a restante percentagem pode ser associada a doenças inflamatórias intra e extra-uterinas, alterações anatómicas do útero, anomalias do colo uterino, alterações placentares, gravidez múltipla, entre outras causas.

“No entanto, é ainda incerto se este processo é activado por um mecanismo intra-uterino ou se é de origem sistémica que tem no útero um órgão alvo. Neste caso, admite-se que a presença de um marcador circulante pudesse ser preditivo da ocorrência posterior de Parto Pré-termo(PPT)”
, refere Joaquim Paulo Saraiva (investigador principal).

Em 30 por cento dos casos o trabalho de parto pré-termo não tem uma causa determinada
Em 30 por cento dos casos o trabalho de parto pré-termo não tem uma causa determinada
O stress oxidativo é um tema que tem sido alvo de atenção e análise, dado que decorre de alterações moleculares e tecidulares resultantes de um desequilíbrio entre a continuada produção de espécies reactivas de oxigénio (ROS) de efeito oxidante e o teor ou actividades de moléculas antioxidantes. Este provoca a oxidação e disfunção de biomoléculas importantes que foram relacionadas com distúrbios da gravidez, nomeadamente PPT, pré-eclâmpsia, restrição de crescimento uterino e descolamento placentar.

Partindo do pressuposto que no decorrer da gravidez há um equilíbrio do estado redox que pode ser alterado por factores predisponentes ao desencadeamento do PPT, a equipa de investigação propôs-se a estudar indicadores séricos do estado de oxidação, como as substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, a carbonilação de proteínas séricas e o teor de dismútase de superóxido.

O estudo que está a ser realizado incide sobre esses indicadores, em quatro momentos da gravidez sem intercorrências, e visa a comparação com os dados das grávidas diagnosticadas com ameaça de PPT e PPT em qualquer idade gestacional após as 22 semanas de gestação. Os potenciais marcadores apresentados serão testados para a sua capacidade preditiva de desfechos desfavoráveis.

Além de aprofundar os conhecimentos sobre como normalmente estes indicadores séricos relacionados com o stress oxidativo se comportam com o aumento da idade gestacional e no início de trabalho de parto espontâneo a termo, o projecto de investigação pretende também testar a sua aplicabilidade como preditores de APPT/PPT.

Investigadores portugueses estudam proteínas
envolvidas em patologias humanas

2014-05-16
Sílvia G Estácio é a primeira autora do estudo
Sílvia G Estácio é a primeira autora do estudo
Investigadores das universidades de Lisboa e de Harvard estudam as origens microscópicas, com recurso a simulação computacional, de uma patologia fatal - a amiloidose relacionada com a diálise - e que afecta doentes com insuficiência renal grave.

A amiloidose relacionada com a diálise manifesta-se na maior parte dos pacientes com mais de dez anos de hemodiálise - 700 il em todo o mundo. Os cientistas esperam compreender a génese molecular da patologia e dessa forma encontrar uma solução para estes doentes. A doença conformacional caracteriza-se pela inflamação e posterior destruição do tecido osteoarticular em consequência da deposição nesses tecidos de fibras amiloides da proteína beta-2-microglobulina (b2m).

O artigo “A Simulated Intermediate State for Folding and Aggregation Provides Insights into ΔN6 β2-Microglobulin Amyloidogenic Behavior”publicado em maio na PLoS Computational Biology, a revista mais prestigiada na área da Biologia Computacional, resulta da investigação que juntou cientistas do grupo Protein Folding do Centro de Física da Matéria Condensada da Universidade de Lisboa (CFMCUL); do grupo Molecular Modelling and Simulation, integrado no grupo de Química Inorgânica e Teórica do Centro de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; e da Universidade de Harvard.

Eugene I Shakhnovich (físico e professor no Departament of Chemistry and Chemical Biology da Universidade de  Harvard (EUA)) e Patrícia F N Faísca (professora do Departamento de Física da FCUL)
Eugene I Shakhnovich (físico e professor no Departament of Chemistry and Chemical Biology da Universidade de Harvard (EUA)) e Patrícia F N Faísca (professora do Departamento de Física da FCUL)
“À medida que o tempo foi passando (e passou muito tempo desde que iniciámos a recolha de dados!) fomos obtendo resultados interessantes e consistentes o que contribuiu fortemente para nos encorajar a continuar um projecto que sabíamos a priori ir ser longo. Quando terminámos a análise final de todos os resultados (correspondentes a um ano e meio de cálculos computacionais) ficámos muito satisfeitos porque ficou claro que tínhamos ali uma ‘história’ científica superinteressante alicerçada num trabalho científico de grande qualidade”, 
diz Patrícia F. N. Faísca, professora do Departamento de Física da FCUL, líder do grupo Protein Folding do CFMCUL e uma das autoras do artigo.

O estudo, iniciado em Janeiro de 2012, explora a fase inicial do mecanismo de amiloidogénese das duas formas da proteína b2m: a wild-type e a DN6, uma variante truncada.

Miguel Machuqueiro (grupo de Química Inorgânica e Teórica) e Diogo Vila-Viçosa (no terceiro ano do doutoramento em Bioquímica Teórica no grupo de QIT-CQB-FCU)
Miguel Machuqueiro (grupo de Química Inorgânica e Teórica) e Diogo Vila-Viçosa (no terceiro ano do doutoramento em Bioquímica Teórica no grupo de QIT-CQB-FCU)
Essas duas formas da b2m são encontradas nas fibras amiloides extraídas de doentes post-mortem.

A fisiologia da amiloidose relacionada com a diálise caracteriza-se por um ligeiro abaixamento de pH (de 7 para 6.2) do líquido sinovial destes doentes.

Os resultados alcançados pelos investigadores são importantes pois encontraram uma explicação microscópica para o aumento do potencial amiloidogénico da DN6-b2m com o abaixamento de pH, conseguindo esclarecer porque é que a amiloidose é mais eficaz precisamente nos locais onde se acumula a proteína e onde a inflamação faz baixar o pH. Actualmente, a equipa interdisciplinar estuda uma nova mutante da beta-2-microglobulina com interesse biomédico e os resultados obtidos até à data 

Sobrevivência das vítimas de cancro oral é inferior a 50%

Sobrevivência das vítimas de cancro oral é inferior a 50%

Investigação analisou situação na Região Norte

2014-05-25
Patologia aumentou nas mulheres como consequência de hábitos sexuais
Patologia aumentou nas mulheres como consequência de hábitos sexuais
A Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU) apresenta os mais recentes dados relativos à sobrevivência no cancro oral na região norte de Portugal.É um trabalho que não reflecte apenas os dados de um só hospital, mas de toda a região. “Estudo de sobrevivência de cancro oral da população do norte de Portugal” é o nome desta investigação da CESPU, em parceria com o RORENO do IPO-Porto e o King’s College, em Londres, que apresenta a sobrevivência tendo em conta os estádios da doença, comparando os tipos de cancro da boca mais relacionados com tabaco ou com infeções pelo vírus do papiloma humano (HPV).
O estudo levado a cabo pela CESPU revela que a solução para alterar estes números é o diagnóstico das vítimas ainda num estádio inicial da doença e que as campanhas de sensibilização e prevenção, assim como rastreios ou programas de detecção precoce de cancro oral, têm um papel fundamental.

Luís Monteiro, docente da CESPU responsável por este novo estudo, participou já numa investigação anterior que decorreu entre 1998 e 2007, apresentada em 2013, e que concluiu que Portugal é um dos países na Europa com mais casos de cancro do lábio e cavidade oral no sexo masculino.

Desenvolvida também pela CESPU em parceria com o RORENO do IPO-Porto e o King’s College, em Londres, essa investigação concluiu ainda que foram detectados nesse período em Portugal 9623 casos de cancro oral, 7565 em homens e 2058 em mulheres, tendo a patologia aumentado a um ritmo de 4% ao ano nas mulheres. Este crescimento revelou-se sobretudo em zonas da boca relacionadas com o vírus do papiloma humano (HPV), consequência de hábitos sexuais.

Investigador da UA estudou variabilidade na dose de radiação utilizada em exames mamográficos

Milton Santos, docente da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA), conclui, num trabalho que constitui parte da dissertação de doutoramento na Secção Autónoma das Ciência da Saúde da UA, que há uma variabilidade significativa em termos de dose de radiação a que os pacientes são sujeitos em duas unidades hospitalares aquando da realização de exames mamográficos. O estudo foi apresentado e reconhecido no European Congress of Radiology 2014 da Sociedade Europeia de Radiologia.
Milton Santos apercebeu-se de um problema simultaneamente clínico e de gestão de processos que poderá, por falta de controlo de qualidade adequado e mais informado, configurar situações de risco de saúde pública. Assim, no âmbito do seu trabalho de doutoramento, realizou estudos de controlo de qualidade em procedimentos radiológicos de elevada incidência em diversas instituições, o que resultou numa metodologia de análise do exercício profissional em Imagiologia passível de ser utilizada em diferentes unidades de saúde.

De entre os trabalhos realizados conduziu o estudo “DICOM metadata-mining in PACS for Computed Radiography X-Ray Exposure Analysis - A Mammography Multisite Study”, envolvendo uma equipa multi-disciplinar.

Trata-se de um estudo de análise de desempenho usando instrumentos de análise de dados concebidos por investigadores do Instituto de Engenharia Electrotécnica e Telemática da UA (IEETA-UA).

Nos exames mantidos em arquivos de imagem médica digitais das unidades hospitalares é possível identificar parâmetros, como o índice de exposição, a quantidade de radiação utilizada, o tipo de exame, entre vários outros que, depois, poderão ser analisados.

A metodologia utilizada permite a comparabilidade desses parâmetros, independentemente dos equipamentos e sistemas de informação utilizados nas diferentes unidades hospitalares.