terça-feira, 22 de novembro de 2011

Investigação abre caminho para nova vacina contra a malária Investigadores ingleses descobriram como parasita invade glóbulos vermelhos

Cientistas do Wellcome Trust Sanger Institute, no Reino Unido, descobriram a forma como o Plasmodium falciparum invade os glóbulos vermelhos, o que poderá abrir caminho ao desenvolvimento de uma vacina, noticia hoje a revista científica «Nature».

"A nossa descoberta foi inesperada e mudou completamente a forma como vemos o processo de invasão" do parasita no sangue humano, explicou Gavin Wright, do Wellcome Trust Sanger Institute, co-autor da investigação. "Parece ter revelado um calcanhar de Aquiles na forma como o parasita invade os glóbulos vermelhos. É recompensador ver como a nossa técnica pode ser usada para responder a problemas biológicos importantes e lançar as fundações para novas terapias", disse ainda.

A malária mata aproximadamente um milhão de pessoas todos os anos, sobretudo crianças com menos de cinco anos na África subsaariana, mas ainda não há uma vacina disponível. A descoberta de Gavir Wright e dos seus colegas permite entender como a mais mortal das espécies do parasita da malária, Plasmodium falciparum, invade os glóbulos humanos nos seres humanos. Através de uma técnica desenvolvida no Wellcome Trust Sanger Institute, descobriram que o parasita depende de um único receptor na superfície do glóbulo vermelho, o que parece abrir caminho ao desenvolvimento de uma vacina.

O estágio sanguíneo do ciclo de vida do Plasmodium começa quando o parasita invade os glóbulos vermelhos e é esta fase que é responsável pelos sintomas e pela mortalidade associada à doença. Há muitos anos que os cientistas tentam desenvolver uma vacina que impeça o parasita de entrar nos glóbulos vermelhos, mas até agora não tiveram êxito.

Um dos problemas é que o parasita é adaptável. Embora muitos receptores dos glóbulos vermelhos tenham sido identificados, até agora nenhum mostrara ser essencial: quando se impedia a entrada por um dos receptores, o parasita mudava para outro. A descoberta agora divulgada mostra que há um receptor que é essencial ao parasita para invadir.

Além de identificarem esta interligação, os cientistas demonstraram que interrompê-la bloqueia completamente o acesso do parasita ao glóbulo vermelho. E isto verificou-se em todas as estirpes do parasita que foram testadas, o que parece indicar que este receptor é uma porta de entrada universal. Os investigadores esperam que a dependência do parasita nesta proteína possa agora ser explorada para desenvolver uma vacina.

"Ao identificar um único receptor que parece ser essencial para o parasita invadir os glóbulos vermelhos do sangue humano, também identificámos um foco óbvio e muito interessante para o desenvolvimento de uma vacina", disse Julian Rayner, co-autor da investigação. "A esperança é que este trabalho leve a uma vacina eficaz".

A vacinação contra a malária será a forma mais simples e com melhor relação custo-benefício para proteger as populações contra a doença. No entanto, para que esta abordagem funcione a nível da população, a vacina tem de ser altamente eficaz para que a vasta maioria das pessoas vacinadas fique imune à doença. A investigação do Wellcome Trust poderá levar a este objectivo.

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