terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pensar em “zebras” pode salvar vidas Dia Mundial de Sensibilização para os Tumores Neuroendócrinos assinalado amanhã

Os estudantes de medicina são, muitas vezes, relembrados: "Quando ouvirem o som de cascos a aproximarem-se, pensem em zebras, não em cavalos”. Segundo o «Net Cancer Day», “estes profissionais são estimulados a procurarem as condições menos comuns (zebras) – como cancros neuroendócrinos”.

Esta patologia tem sido integrada nas doenças raras, mas existem, matam, já populam milhões de pessoas e, em 50 por cento dos casos, são diagnosticados tardia e incorrectamente; por isso, é importante assinalar o Dia Mundial de Sensibilização para os Tumores Neuroendócrinos (NET), que comemora amanhã a sua 2ª edição.

Contudo, Ana Paula Santos, endocrinologista do Instituto Português de Oncologia (IPO) e coordenadora do Grupo de Estudos dos Tumores Neuroendócrinos, sublinhou ao «Ciência Hoje» que “eram raros, mas já não se podem considerar assim, porque nas últimas três décadas, aumentaram em cinco vezes e o diagnóstico correcto surge com os primeiros sinais de progressão da doença (metastização), decorrendo daqui a necessidade de um melhor conhecimento deste tipo de tumores”.

São cancros derivados de células dispersas do sistema neuroendócrino, presentes em muitos órgãos, incluindo o trato gastrintestinal, pâncreas, vias biliares, ovário, pulmão, testículo, trato urinário, mama, tireóide, timo. «Pense Zebra» (Think Zebra) é o mote da campanha, “especialmente dirigida aos médicos especializados e clínicos gerais, de forma a alertá-los alertar para a necessidade da sua detecção precoce e diagnóstico”.

A médica do IPO alerta para “o mito da progressão lenta” do tumor, já que “alguns têm um comportamento mais agressivo”. Não é uma doença na qual se possa antecipar o diagnóstico, mas é importante avaliar todos os sintomas. “A sociedade recomenda que todos os tumores, mesmo os ‘aparentemente’ benignos sejam considerados potencialmente malignos”, relembrou.

É necessário pensar neles, mesmo quando os sintomas são vagos, “tal como o cólon avermelhado ser confundido com a síndrome do intestino irritável”, mas pode, na verdade, ser uma manifestação de tumor neuroendócrino. Neste caso, o paciente sofre alterações psicológicas como depressão e ansiedade e “perante todas as queixas do doente, o médico deve fazer o despiste, mesmo sendo sinal de outra patologia”, sublinhou ainda.



Campanha alerta profissionais de saúde para diagnóstico precoce.
Ana Paula Santos revelou que o intestino delgado e o pâncreas são “sem dúvida” os órgãos mais afectados. Ainda não existe uma estimativa do número de incidência da doença em Portugal, mas já está em curso um projecto para a realização de um estudo de casos.

Um dia de consciencialização

Ao longo do dia de amanhã, vários doentes e profissionais de saúde – da Austrália à Europa, passando pela América do Norte – estarão em directo na página do «Net Cancer Day» através da partilha de diversas acções de comunicação e vídeos relativos aos NET. Para além disso, decorrerá também uma campanha nas redes sociais, na qual se poderá participar através das acções "Like" e «Think Zebra» (mascote da campanha).

Em Portugal, esta iniciativa conta novamente com a adesão do Grupo de Estudos dos Tumores Neuroendócrinos (GE-TNE) da SPEDM (Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo) – criado com o intuito de optimizar a detecção e terapêutica deste tipo de tumores e que, ao associar-se a esta acção, tem como objectivo alertar para esta patologia de tão difícil diagnóstico.




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