Cientistas descobrem como anti-psicóticos
podem provocam obesidade e diabetes
Investigação pode abrir portas ao aperfeiçoamento deste tipo de drogas
2012-02-01
Fred Levine, director do Sanford Children's Health Research Center
Os medicamentos anti-psicóticos, prescritos a quem sofre de desordem bipolar, esquizofrenia, ou outro tipo de problemas mentais, são conhecidos por terem como efeitos secundários obesidade e diabetes.
Num artigo agora publicado no jornal «Molecular Psychiatry», investigadores do Sanford-Burnham Medical Research Institute revelam como estas drogas interferem com o metabolismo, activando uma proteína chamada SMAD3, uma importante parte da via do factor de transformação do crescimento beta (transforming growth factor beta - TGF-β).
A via do factor de TGF-β é um mecanismo celular que regula muitos processos biológicos, incluindo o crescimento celular, as inflamações ou a produção de insulina. No estudo, todos os anti-psicóticos que provocam efeitos secundários no metabolismo activaram a SMAD3, enquanto aqueles que não provocam esses efeitos não activaram a proteína.
A investigação revela também que essa activação é completamente independente dos seus efeitos neurológicos, levantado a possibilidade de esta medicação poder ser concebida para manter os seus efeitos terapêuticos benéficos sem os efeitos metabólicos negativos.
O investigador Fred Levine, director do Sanford Children's Health Research Center e um dos autores do estudo, acredita que “muitos dos anti-psicóticos provocam obesidade e diabetes porque desencadeiam a via do TGF-β”. Em estudos anteriores sobre a diabetes, o cientista procurou uma colecção de drogas conhecidas por alterarem a capacidade do corpo gerar insulina, a hormona do pâncreas que ajuda a regular a glicose. Foi aí que perceberam que muitos anti-psicóticos alteram a actividade do gene da insulina.
A via do factor do TGF-β tem também um papel importante em doenças metabólicas em pessoas que não tomam este tipo de medicação. “Sabe-se que as pessoas que têm altos níveis de TGF-β são mais propensas a ter diabetes. Assim sendo, quando a via do TGF-β é desregulada – devido a anti-psicóticos ou qualquer outro mecanismo – é, claramente, algo negativo”, diz o investigador.
Levine considera que estas conclusões deviam preocupar as companhias farmacêuticas. “Esperemos que estas as novas informações façam com que se venha a melhorar este tipo de medicamentos”, conclui.
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