terça-feira, 4 de setembro de 2012

Arrefecer o cérebro pode tratar insónias!

Arrefecer o cérebro pode tratar insónias! Ana Margarida Nunes 2012-08-31 Contar carneirinhos a saltar uma cerca, beber um copo de leite quente ou ainda ler um livro aborrecido são estratégias utilizadas por muitos no combate às insónias. Em algumas ocasiões funcionam mas noutras não. * Licenciada em Biologia Microbiana e Genética pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e doutorada em Neurociências pelo King's College London em 2009. A insónia tanto pode ser considerada um sintoma como uma doença e a sua permanência varia de apenas alguns dias a meses e anos tornando-se crónica. Normalmente manifesta-se por dificuldade em adormecer ou permanecer a dormir, cansaço diurno e incapacidade de sentir sono reparador ao acordar. Parece que o cérebro não desliga! Na verdade é quase isso o que acontece. Ler um livro aborrecido pode ajudar... ou não! Durante a insónia o cérebro parece estar hiperactivo em determinadas regiões como no córtex frontal. Esta região estende-se da testa até ao meio da cabeça e é aqui que ocorrem as funções executivas como capacidade de diferenciar pensamentos opostos (como bom ou mau), analisar consequências futuras de acções e controlo social. Para mim, isto faz todo o sentido. Quem sofre de insónias queixa-se de estar sempre a pensar em tudo, a rever tudo, a analisar tudo, querendo controlar tudo! Esta “hiperactividade” parece estar também relacionada com a variação de determinadas moléculas, como a melatonina, hormonas de stress como o cortisol e hormonas de crescimento. Se pensarmos que um terço das nossas vidas é e deverá ser passado a dormir um sono reparador percebemos que distúrbios de sono estão muitas vezes associados a doenças como ansiedade, depressão, défice de atenção, hipertensão e outros problemas cardíacos. No entanto, os medicamentos mais comuns no tratamento da insónia são os hipnóticos, que induzem um sono semelhante ao de uma anestesia, ou os ansiolíticos. Ambos podem causar dependência e efeitos secundários são muito frequentes. Dormir ou não dormir: eis a questão! Estudos recentes sugerem que o melhor tratamento para insónias passa pela mudança de hábitos, nomeadamente com ajuda de terapia cognitiva comportamental. Mas o “insomaníaco” terá de se autodisciplinar e comprometer. A mudança de um hábito enraizado por um novo demora um mês e a motivação é fundamental! Para os que têm dificuldade em assumir um compromisso, o arrefecimento do cérebro poderá ser uma realidade. Um estudo mais recente sugere que o “arrefecimento” do cérebro, mais concretamente no córtex frontal, é capaz de restaurar o sono reparador. Este arrefecimento promove o “desligar das baterias” do cérebro, mas na verdade acontece que o metabolismo ou a quebra de determinadas moléculas em excesso durante a insónia diminuem.

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