terça-feira, 4 de setembro de 2012

Português envolvido em estudo promissor

Inibição da enzima PHD2 diminuiu tumores e reduz os efeitos secundários da quimioterapia 2012-08-21 Por Luísa Marinho Rodrigo Leite de Oliveira Tornar mais eficaz a quimioterapia e ao mesmo tempo diminuir os seus efeitos secundários são as duas mais-valias do estudo publicado na «Cancer Cell» por investigadores da VIB/KULeuven (Leuven, Bélgica), equipa da qual faz parte o português Rodrigo Leite de Oliveira, primeiro autor do artigo. Em conversa com o «Ciência Hoje», o investigador explica a importância e as singularidades desta investigação com um “carácter promissor a nível da aplicação clínica”. Licenciado em Farmácia pela Universidade do Porto e com mestrado em Genética Molecular pela Universidade do Minho, Rodrigo Leite de Oliveira está na Bélgica a desenvolver o seu doutoramento (Universidade de Leuven). Foi neste âmbito que, há cinco anos, começou a fazer a investigação. Em 2009, os estudos resultaram num artigo de grande impacto. Nesse primeiro artigo revelava-se que “normalizando os vasos tumorais conseguia-se diminuir a malignidade dos tumores e reduzir dramaticamente as metástases”. Isso era possível através da diminuição da actividade da enzima PHD2 (proteína sensora de oxigénio que permite que as células se adaptem consoantes os níveis de oxigénio). “Descobrimos que manipulando essa enzima, fazendo com que ela diminua a sua actividade, os vasos tumorais ficam a funcionar melhor, transportando melhor o oxigénio”. Isso faz com que o tumor seja menos maligno e que metastize menos. Não é só pelo facto do oxigénio ser em maior quantidade a nível do tumor que isso acontece. “Os vasos sanguíneos dos tumores são muito desorganizados, caóticos, cheios de espaços entre eles; não são tubos completamente fechados e permitem que as células cancerígenas possam entrar na corrente circulatória até atingirem outros órgãos e criarem as tais metástases que, no fundo, é o que mata os doentes oncológicos”. A redução da actividade da PHD2 faz com que esses vasos se tornem mais uniformes e funcionais. Depois do “grande impacto” que teve essa descoberta, a equipa quis continuar a investigação “partindo do princípio que se esses vasos tumorais funcionam melhor a transportar oxigénio, também podem funcionar melhor a transportar drogas quimioterapêuticas”. “Começámos a tratar os ratinhos já com os vasos tumorais normalizados, com doses menores de quimioterapia e, de facto, os tumores reduziram e as metástases reduziram ainda mais”, explica. Além disso, a equipa descobriu que “a diminuição da actividade desta enzima tem também impacto a nível dos efeitos secundários da quimioterapia”. Nos órgãos que foram estudados – coração e rins – as defesas antioxidantes aumentaram com a diminuição da actividade da PHD2. “O aumento das defesas faz com que os órgãos estejam mais protegidos contra os efeitos da quimioterapia”. “Este é o primeiro estudo que actua a esses dois níveis: a diminuição dos tumores e dos efeitos secundários, tendo assim um carácter muito promissor a nível clínico”, conclui o investigador que vai continuar as investigações tentando agora encontrar um inibidor específico da enzima PHD2. Artigo: Gene-Targeting of Phd2 Improves Tumor Response to Chemotherapy and Prevents Side-Toxicity

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