sábado, 15 de agosto de 2015

Vacina contra o Ébola revela-se cem por cento eficaz


Uma vacina experimental contra o vírus do Ébola revelou-se cem por cento eficaz após ser testada em mais de quatro mil pessoas não infectadas mas em contacto directo com doentes na Guiné-Conacri. Os resultados, apesar de preliminares, mostram-se “promissores”, anunciou ontem a Organização Mundial de Saúde (OMS), em Genebra, na Suiça.

“Uma vacina eficaz contra o vírus do Ébola encontra-se [agora] disponível a nível global” e indica “um avanço muito promissor”, lê-se no comunicado divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os primeiros resultados publicados na revista científica do Reino Unido, The Lancet, revelam que a vacina VSV-ZEBOV demonstrou uma eficácia de cem por cento durante os dez dias seguidos em que foi aplicada numa pessoa não contagiada, mas a coabitar com pessoas infectadas, salienta o documento.

O método adoptado para o teste da vacina é designado por “anel da vacinação”, em que as pessoas em contacto com os infectados são imunizadas e criam um anel de protecção que impede a propagação do vírus.

Ao centro Margaret Chan (créditos WHO)

Os ensaios clínicos na Guiné-Conacri iniciaram-se a 23 de Março de 2015 para avaliar a eficácia e a segurança de uma única dose de VSV-ZEBOV e os resultados foram um sucesso. Os investigadores verificaram uma protecção muito grande contra a doença nas pessoas vacinadas imediatamente após o contacto com os doentes.

Com base em novas evidências da segurança da vacina, que não deixou quaisquer sinais de efeitos adversos nos pacientes, os testes vão passar a incluir os adolescentes entre os 13 e os 17 anos. Assim como, possivelmente, as crianças entre os seis e os 12 anos, adiantou a OMS.

“Se os resultados [continuarem] a confirmar-se esta nova vacina poderá ser a cura milagrosa contra o Ébola e contribuir para parar o surto actual e, futuramente, erradicar epidemias deste tipo”, salientou, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês, Borge Brende.

Já Margaret Chan, diretora-geral da organização integrada nas Nações Unidas, descreve a vacina como uma ferramenta “muito importante” para os surtos actuais e futuros.

Ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês, Borge Brende.

A epidemia do Ébola na África Ocidental, a mais grave após a identificação do vírus na África Central em 1976, começou em Dezembro de 2013 no sul da Guiné-Conacri, tendo causado 11.279 mortos em 27.748 casos, segundo os dados da OMS.

Quase 30 mil casos

Mais de 99 por cento das vítimas concentram-se na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, onde o surto da doença desorganizou os sistemas de saúde, devastando as economias e fazendo fugir os investidores.

A vacina VSV-ZEBOV foi desenvolvida pela Agência de Saúde Pública canadiana (PHAC, na sigla inglesa) e a licença foi registada pelos laboratórios norte-americanos Merck e NewLink Genetics Corp. Fazia parte de uma das duas vacinas mais avançadas contra o vírus do Ébola, tendo a outra sido desenvolvida pelo laboratório inglês GSK (GlaxoSmithKline) em parceria com o Instituto Americano de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID na sigla inglesa), e testada na Libéria.

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