quinta-feira, 26 de maio de 2011

Auto-devoração das células pode ser via para tratamento

Desencadear um mecanismo em que as células se autodevorem, para promover a eliminação de indesejáveis, poderá ser uma via para no futuro tratar doenças neurodegenerativas, como aponta uma investigação realizada na Universidade de Coimbra (UC). Luís Pereira de Almeida, que coordena uma equipa internacional no Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, diz ser essa uma via para promover a eliminação dessas proteínas indesejáveis, como é o caso da ataxina-3 mutada, a proteína tóxica envolvida na doença de Machado-Joseph.

Este processo de autofagia celular já foi confirmado pela sua equipa em modelos animais com a doença de Machado-Joseph, mas "também há evidências de que este mecanismo pode ter efeitos protetores nas outras doenças neurodegenerativas", afirma o investigador, ligado à Faculdade de Farmácia da UC.

Nessas doenças há um bloqueio desse mecanismo de autofagia, uma falha dos mecanismos de degradação proteica que leva à acumulação no interior dos neurónios de proteínas com conformações alteradas, agregadas em diferentes graus, que se tornam tóxicas.

"É como se existissem 'sacos de lixo' que se começam a acumular quando a remoção do lixo numa cidade não é feita. Por outro lado, vimos também que uma das proteínas que era essencial a fazer este transporte, no fundo a remover este lixo - os 'camiões do lixo' - estavam em níveis mais baixos que o normal", explica o investigador à agência Lusa.

Ou seja -- prossegue -- "em vez de haver um número normal de 'camiões do lixo' há um número menor, uma diminuição dos níveis da proteína beclina-1", importante para este processo.

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