terça-feira, 31 de maio de 2011

Portugueses descobrem aparecimento de microalgas devido a vulcanismo

Um estudo da Universidade de Coimbra (UC) documentou, pela primeira vez, o aparecimento de vida a partir dos efeitos de um vulcão submarino
A investigação “analisou imagens de satélite de uma região do Oceano Pacífico – na faixa sudoeste, junto ao reino do Tonga – após a erupção de um vulcão submarino e descobriu o aparecimento de microalgas naquela zona”, segundo um comunicado da UC, que adianta que o estudo está a ser destacado pela NASA “como um dos mais interessantes do ano na área da detecção remota”.

A observação feita por Vasco Mantas, no âmbito da sua actividade no Laboratório de Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, prolongou-se durante cinco meses, tendo sido estudadas outras erupções submarinas no Oceano Pacífico.

Segundo o biólogo, existem teorias que sustentam que a cinza vulcânica pode originar o tipo de fenómeno agora observado, mas esta é “a primeira vez” que se documenta o aparecimento de vida a partir dos efeitos da actividade de um vulcão submarino.

Vasco Mantas explicou à Agência Lusa que a observação incidiu em gases e compostos químicos libertados durante a erupção.

De acordo com o investigador do Departamento de Ciências da Terra, o seu trabalho pode ser um ponto de partida para descobertas noutras áreas.

“O surgimento de microalgas em zonas do oceano onde não seria suposto existirem tem consequências, por exemplo, na cadeia alimentar, fazendo aumentar a ‘carga’ de peixe, e na diminuição da quantidade de dióxido de carbono que é lançado para a atmosfera”, explica na nota.

A abertura de novos campos de investigação é “a razão principal apontada por Alcides Pereira, director do Departamento de Ciências da Terra, instituição onde decorreram os trabalhos de investigação, para justificar a distinção da NASA, segundo o mesmo comunicado da Assessoria de Imprensa da UC.

“É muito relevante que um país periférico, como Portugal, podendo ter acesso a dados de alta tecnologia, consiga produzir resultados desta dimensão, fazendo uso apenas do seu ‘know-how’”, realça Alcides Pereira.

Vasco Mantas disse hoje à Lusa que uma das vantagens do seu estudo reside no desenvolvimento de várias técnicas, nomeadamente de processamento de imagem e de análise de dados, que podem ser aplicadas em Portugal.

A investigação levanta ainda “algumas questões sobre a possibilidade deste tipo de acontecimentos ter tido um impacto ao longo da história da vida em situações em que a actividade vulcânica foi mais intensa”, adiantou.

O estudo em causa foi realizado, em parte, com recurso a imagens do sistema de visualização e análise de dados da NASA, designado por Giovanni.

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