terça-feira, 24 de maio de 2011

“Legislação em vigor é totalmente obsoleta” Manuel Pinto-Coelho, Pres. da Ass. Portugal Livre de Droga, fala sobre o uso de estupefacientes na vida sexual dos jovens

Correio da Manhã – Quais as consequências de drogas como cocaína, heroína e cannabis na vida sexual dos jovens?

Manuel Pinto-Coelho – A droga reforça o desejo sexual , funcionando como um desinibidor. Consequentemente, diminui a percepção do risco, ficando o jovem mais aberto a novas experiências, como a homosexualidade. Estas sensações "disinibidoras" provocadas pelo consumo de droga fazem-se acompanhar do aumento do risco de doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez não desejada. O consumo de cannabis leva a uma quebra no rendimento escolar. E recorde-se que a taxa de abandono escolar no País é de 27%, quase o dobro da taxa europeia (14%).

– Como se dá o primeiro contacto com a droga?

– Através de amigos. É com eles que queremos partilhar experiências e sensações. O traficante de droga só aparece quando o jovem pretende largar a droga.

– O acesso à droga é facilitado?

– Temos o sistema mais liberal do Mundo. Qualquer pessoa pode andar com droga e consumir toda a droga que quiser. E esse consumo é generalizado, afecta todas as classes sociais. A legislação em vigor é totalmente obsoleta pois aceita que as pessoas andem com droga até dez dias.

– Qual a melhor forma de combater a droga?

– Deve-se dissuadir as pessoas de fazer o primeiro consumo, apostando na informação e na educação dos jovens. Estes recebem mais informação do que aquela que conseguem descodificar.

– O que falha no País?

– A atitude dos políticos e dos próprios meios de comunicação social. Aos primeiros falta um entendimento genérico sobre a temática das drogas. Estamos em altura de eleições e nenhum partido colocou a questão do combate à droga na sua agenda. Já os media sentem-se pouco confortáveis a abordar a problemática das drogas.

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