segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

“A economia do sono não pode existir”, alerta neurologista

A população portuguesa dorme cada vez menos e pior, o que quadriplica o risco de acidente vascular cerebral (AVC), alerta a Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), que no congresso que promove no próximo dia 22 a 25, em Lisboa, irá debater vários aspectos do sono e dos sonhos. Segundo um estudo promovido pela National Sleep Foundation dos EUA, há cada vez menos pessoas a dormir oito horas ou mais, uma tendência que se regista também em Portugal. Aqueles que dormem menos de seis horas por noite têm quatro vezes mais probabilidade de sofrer um AVC ou um enfarte do miocárdio do que aqueles que dormem seis a oito horas. “Os portugueses dormem cada vez menos e com menor qualidade, o que se reflecte na sua saúde, nomeadamente no aumento de risco de AVC, uma doença que continua a ser causa de 25 mil internamentos por ano e uma das principais causas de morte no nosso País”, afirma Victor Oliveira, presidente da SPN. O AVC "é uma das patologias que mais nos preocupa, especialmente numa altura em que os cortes no financiamento dos exames limitam a possibilidade de rastrear adequadamente as pessoas em risco de acidentes vasculares cerebrais, como é o caso do acesso ao eco-Doppler da circulação cerebral”, sublinha. Para o especialista, “o AVC que não é a única patologia que está relacionada com a falta de horas de sono. As dores de cabeça, falta de concentração, perturbações do humor e baixa de rendimento no trabalho, sonolência diurna, são sintomas que alertam para problemas relacionados com o sono. Dificuldades em adormecer ou despertares a meio da noite podem ser sinais de um estado depressivo. O ressonar é um indício de má qualidade de sono devendo ser identificada e tratada adequadamente com vista à melhoria da qualidade de vida. Felizmente, há cada vez maior conhecimento por parte dos médicos em tratar das patologias associadas ao sono. Não nos esqueçamos que passamos um terço da nossa vida a dormir. Daí o termos escolhido para tema central do nosso congresso”. Por outro lado, Victor Oliveira revela que as patologias do sono não são devidamente valorizadas por parte da população, assim como a importância de dormir o tempo suficiente e dormir bem. “Apesar de estarmos em crise económica e sermos todos os dias incentivados a poupar, a economia do sono não pode, nem deve, existir”, alerta.

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