segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Nanopartícula portuguesa patenteada

Os Estados Unidos da América concederam uma patente a uma nanopartícula de nova geração para o tratamento do cancro da mama, a PEGASEMP™, desenvolvida por uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. “Fizemos o pedido da patente em 2008”, diz João Nuno Moreira, um dos três cientistas envolvidos no desenvolvimento desta nanopartícula. A equipa completa-se com Vera Moura e Sérgio Simões. “Uma qualquer nova tecnologia para que possa ser colocada no mercado, portanto fique disponível para os doentes, tem de cumprir dois pressupostos. Por um lado deve-se provar a sua eficácia e por outro deve estar protegido nos grandes mercados da área farmacêutica e foi isso que conseguimos agora com esta patente”, adianta João Nuno Moreira. A patente “chama a atenção” da indústria farmacêutica e daí “pode decorrer algum investimento” que, em última análise, leva à colocação da nanopartícula no mercado. “Deste modo, a empresa que venha a comercializar a tecnologia tem exclusividade da exploração comercial desta tecnologia, neste caso no mercado americano que é o maior na área farmacêutica”, explica o investigador. A nanopartícula PEGASEMP™ tem sido testada apenas em animais, mas os resultados são promissores. “A nova nanopartícula distingue-se pela capacidade de, não só matar as células cancerígenas, mas também os vasos sanguíneos que alimentam o tumor, impedindo assim que o cancro se alastre no organismo e evitando reincidências”, explicam os cientistas. Ao entrar no cancro, a nanopartícula liberta o seu conteúdo e mata as células cancerígenas. João Nuno Moreira adianta ao Ciência Hoje que “dentro de sensivelmente três anos querem dar início aos ensaios clínicos. Sendo comprovada a eficácia, serão necessários mais quatro anos para que esta nova tecnologia entre no mercado”. Para dar continuidade ao trabalho, João Nuno Moreira, Vera Moura e Sérgio Simões fundaram a empresa Treat-U, incubada no Biocant, em Cantanhede. “A criação da empresa é uma forma de organização diferente. É uma maneira de podermos candidatar a outro tipo de financiamento como o QREN [Quadro de Referência Estratégica Nacional]”, explica João Nuno Moreira. E esta forma de organização já deu os seus frutos. No âmbito do QREN, estes três cientistas conseguiram meio milhão de euros para continuar o trabalho.

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