segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A equipa de cientistas do Instituto de Investigação da Sida IrsiCaixa, de Barcelona (juntamente com investigadores das universidades de Heildelberg e Lausanne), conseguiu decifrar o mecanismo que o vírus da imunodeficiência humana (HIV) utiliza para penetrar no sistema imunitário. Neste estudo pioneiro, publicado agora na «PLoS Biology», também foi possível bloquear a entrada e evitar a propagação do vírus. Javier Martínez-Picado, que coordenou o trabalho juntamente com Nuria Izquierdo-Useros, explica que a importância da descoberta deste mecanismo nunca antes descrito é o facto de potenciar o desenvolvimento de um novo fármaco, durante os próximos dez anos, capaz de bloquear a transmissão do HIV dentro do corpo humano. Os 20 fármacos utilizados actualmente contra o vírus da imunodeficiência humana não são capazes de o eliminar completamente do organismo, já que este tem a capacidade de se alojar no interior das células dendrítricas – guardiãs do sistema imunitário – e servir-se destas para propagar e infectar os tecidos linfáticos. A equipa da IrsiCaixa já tinha identificado este ano a molécula que se situa em cima das células dendríticas, uma mistura de um lípido e um açúcar; a investigação presente conseguiu a 'quadratura do círculo' ao descrever a molécula da célula dendrítica que se associa ao glucolípido e serve de via de entrada para o seu interior. “Tínhamos a chave e agora temos a fechadura”, diz Martínez-Picado, que deu o enigma por resolvido, pois os cientistas também conseguiram bloquear a entrada através de moléculas derivadas dos açúcares e outro anticorpos, o que permite pensar num fármaco que seja capaz de evitar a infecção. “É como pôr silicone na fechadura para que a chave não entre”, explica o investigador. A equipa iniciou já o rastreio de milhões de compostos químicos, através de simulação informática, com a intenção de se desenvolver o desenho de um novo medicamento. Este não está a ser pensado para ser uma vacina, ainda que possa permitir abrir novas linhas de investigação, porque a sua utilização em fases iniciais da infecção poderia evitar o contágio. O mecanismo descoberto poderá servir igualmente para parar a propagação de outros vírus que actuam de forma semelhante ao HIV, como é o caso do htlv-1, que provoca a leucemia. Artigo: Siglec-1 Is a Novel Dendritic Cell Receptor That Mediates HIV-1 Trans-Infection Through Recognition of Viral Membrane Gangliosides

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