quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ómega-3: o ácido gordo essencial cuja ausência pode ser fatal

Baixos índices de DHA e EPA significam risco cardiovascular elevado

2012-03-07

Por Marlene Moura (Texto)


Clemens von Schacky.
Para reduzir o risco cardiovascular, devemos aumentar o consumo de ácidos gordos ómega 3. Quem alerta é o investigador e cardiologista alemão Clemens von Schacky, que surgiu com o «HS-Omega-3 Index» (índice de HS-Omega-3) – uma espécie de medidor de risco cardiovascular –, e sublinha que existem baixos níveis de ácidos gordos Ómega-3 nas populações dos países Ocidentais.

Clemens von Schacky esteve recentemente em Portugal, no âmbito da iniciativa da Fileira do Pescado, para o Dia Internacional do Ómega-3, e apresentou pela primeira vez no nosso país este biomarcador pioneiro – que permite prever e, consequentemente, prevenir eventos cardiovasculares fatais e não fatais –, aceite e validado pelas comunidades médicas alemã e americana.

Recorde-se que estes ácidos gordos (constituintes das gorduras), polinsaturados, que abundam nos óleos de peixe e que são normalizadores do nível de colesterol no sangue e possuem um potente efeito protector contra as doenças cardiovasculares.

Segundo o investigador alemão disse ao «Ciência Hoje», o HS-Omega-3 Index é uma forma “precisa e validada de medir os níveis de ácidos gordos Ómega-3 nos glóbulos vermelhos”, determinado com um método muito específico e analítico, reflectindo a posição nas pessoas dos dois ácidos gordos Omega-3 EPA e DHA (Eicosapentaenoic acid and Docosahexaenoic acid). Assim, "uma pessoa com um baixo índice de ómega-3 tem um risco cardiovascular elevado", continuou.

Os estudos realizados apontam que os níveis ideais devem situar-se entre os oito e os 11 por cento, “para reduzir o risco cardiovascular". Nos países ocidentais, os resultados têm ficado abaixo desse intervalo, frequentemente nos quatro por cento.

Com o seu colega WS Harris, nos EUA e no YS Park, na Coreia, com a ajuda de outros colaboradores, von Shacky desenvolveu diferentes estudos, e muitos ainda estão decorrer. E refere que "enquanto algumas investigações se concentraram no consumo de ómega 3 com resultados inconsistentes, o uso do nosso método analítico [HS-Omega-3 Index] proporciona um quadro mais claro; além disso, está a ficar cada vez mais óbvio que estes ácidos gordos são uma matéria importante para o cérebro e coração”.

Cérebro e gravidez



Investigador alemão criou biomarcador que previne riscos cardiovasculares.
Os ácidos gordos Omega-3 são "essenciais" porque não podem ser sintetizados pelo corpo e devem ser consumidos sob a forma de gorduras, sendo estes um alimento substancial para o cérebro e coração. “Muitos estudos científicos têm vindo a demonstrar um efeito positivo dos ácidos gordos ómega-3 (DHA e EPA) marinhos em diversas áreas como a cardiologia, a psiquiatria, gravidez, entre outras. Os estudos que desenvolvemos revelam que indivíduos com um HS-Omega-3 Index alto são fisicamente mais aptos do que os que registam níveis baixos, sendo raros os casos de acidentes cardiovasculares súbitos nos indivíduos com valores elevados”, sublinhou.

von Schacky e a sua equipa têm feito testes de rotina para avaliação do nível de Ómega-3 na população. E explicou também que “o declínio cognitivo, que se pensava anteriormente estar relacionado com a idade, depende de um baixo índice de Omega-3”, acrescentando que “pode ser prevenido com suplemento de DHA”. As grandes depressões estão geralmente associadas à falta dos dois ácidos gordos e "podem ser combatidas com o reforço destes" na alimentação, assim como poderá trazer benefícios para outras doenças psiquiátricas.

O DHA é um ácido gordo estrutural e importante para o cérebro, e tanto este como o EPA têm efeitos anti-inflamatórios. "Acreditamos que ambos estão ligados aos mecanismos que accionam desordens cognitivas", disse.

O cardiologista defende também que “a análise dos níveis de Ómega-3 pode fornecer dados importantes sobre a gravidez e o desenvolvimento do feto”. Outras áreas de aplicação do índice são “a prevenção e tratamento de doenças mentais e do declínio intelectual relacionado com o envelhecimento”, concluiu.



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