quinta-feira, 12 de abril de 2012

UC quer desenvolver fármaco para o tratamento da Osteoartrose

UC quer desenvolver fármaco para o tratamento da Osteoartrose

Cientistas estudam potencial de alfa-pineno

2012-04-09


Alexandrina Mendes
Investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (UC) estão a estudar um composto natural (alfa-pineno) que acreditam ter elevado potencial para o tratamento da Osteoartrose, principal causa de incapacidades motora e laboral a partir dos 50 anos.

O objectivo “é desenvolver um fármaco capaz de, em simultâneo, travar a progressão da doença e promover a regeneração do tecido da cartilagem” explica Alexandrina Mendes.

Segundo a investigadora, responsável pela avaliação farmacológica das experiências, “é possível identificar moléculas que evitem a destruição e restabeleçam o normal funcionamento das células da cartilagem, ou seja, o equilíbrio da produção – degradação”.

A cartilagem, funciona como amortecedor e lubrificante para garantir uma boa articulação e movimento dos ossos, é constituída por uma grande quantidade de proteínas que lhe dão resistência e elasticidade. As células da cartilagem (condrócitos) produzem essas moléculas de modo a substituir as que se vão degradando. Com o envelhecimento e, sobretudo, com a doença, predomina a degradação em detrimento da produção. .

O composto puro agora identificado pela equipa de sete investigadores da UC demonstrou uma “forte selectividade” para a cartilagem, isto é, “não actuou em outras células do organismo, o que é um bom indicador de que não provoca efeitos colaterais”. No entanto, observa a docente da Faculdade de Farmácia, “ainda são necessários novos estudos de validação, nomeadamente ensaios pré-clínicos em modelos animais e ensaios clínicos”.

A investigação que iniciou em 2007 e conta com a liderança de Carlos Cavaleiro, permitiu também a identificação de um conjunto de óleos essenciais de plantas da flora ibérica, mais concretamente de plantas endémicas de algumas regiões de Portugal (Quiaios, Serra da Estrela, etc,), com moléculas bastante activas sobre a doença articular crónica mais comum.

Até obter esta “família” de moléculas activas com características promissoras para a terapêutica farmacológica da Osteoartrose, os investigadores percorreram um longo caminho. Partiram de um rastreio biológico guiado e desenvolveram estudos em duas vertentes distintas: obtenção dos óleos essenciais e a sua caracterização química.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Osteoartrose, patologia fortemente ligada ao envelhecimento, é uma das 17 doenças prioritárias na área da prevenção e tratamento porque, com a população mundial cada vez mais envelhecida, é “previsível agravamento da incidência da doença com um forte impacto social e económico. A evolução da doença é um processo longo com custos directos (consultas, medicamentos, cirurgia, etc.) e indirectos (produtividade reduzida e absentismo laboral) muito elevados, tanto para o doente como para o Serviço Nacional de Saúde”, conclui Alexandrina Mendes.



http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=53773&op=all

Share119

Sem comentários:

Enviar um comentário