terça-feira, 23 de agosto de 2011

Implante pioneiro de válvula aórtica através de mini-esternotomia

Em Portugal, estima-se que uma em cada 15 pessoas com mais de 80 anos sofra de estenose aórtica grave, uma deformidade e calcificação (depósito de cálcio) da válvula aórtica que impede o seu normal funcionamento e o único tratamento é a substituição da válvula; no entanto, “por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas alguns doentes não podem candidatar-se a esta intervenção tradicional”, segundo avançou ao «Ciência Hoje» Vasco Gama Ribeiro, director do serviço de Cardiologia da instituição.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho conseguiu agora realizar, pela primeira vez na Península Ibérica, uma nova abordagem do implante através de cateter da válvula aórtica (TAVI) por via Transaórtica, que poderá ser aplicado a todos os doentes.

"O implante por via transaótica é realizado através de uma mini-esternotomia" – pequena incisão de cinco centímetros no esterno, utilizada com alguma frequência na cirurgia cardíaca minimamente invasiva. “Até aqui as intervenções têm vindo a ser feitas por via percutânea, via femoral ou subclávia, direita ou esquerda – os acessos habitualmente utilizados”, continuou.

Esta técnica é agora diferente e foi a primeira ou apenas a segunda vez a ser realizada no mundo. “É minimamente invasiva porque não exige a abertura do tórax do doente, mas apenas uma pequena incisão para deixar a aorta ascendente à mostra”, referiu ainda Vasco G. Ribeiro.

Os sintomas de quem sofre de estenose aórtica grave traduzem-se em dispneia (falta de ar), síncope (desmaios), sintomas de angina de peito ou morte súbita. Convencionalmente, a estenose aórtica é tratável, mas o objectivo principal é sempre a cirurgia de substituição da válvula. O director do serviço de cardiologia sublinhou ainda que “a válvula é introduzida pela perfuração, não sendo necessário recorrer a uma cirurgia de coração aberto e, por isso, já pode ser feita em doentes supostamente inoperáveis”.

A colocação da prótese aórtica com válvula biológica, uma terapia revolucionária no tratamento da estenose aórtica grave com benefícios clínicos sustentados e resultados evidentes na melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Há muitos doentes que por condições anatómicas, funcionais ou por terem doenças associadas não são candidatos a esta intervenção tradicional, mas hoje em dia já é possível fazê-lo com este novo procedimento e introduzir uma válvula especial biológica de substituição. O hospital já tratou uma média de 70 doentes com este problema, mas este novo procedimento por via mini-esternotomia apenas foi aplicado a uma pessoa. No entanto, foi bem-sucedido.


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