terça-feira, 23 de agosto de 2011

Laboratório brasileiro estudou a origem do hambúrguer Big Mac

Uma equipa de investigadores do laboratório de Ecologia Isotópica, da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil, viajou pelo mundo para descobrir o segredo do Big Mac, um dos mais conhecidos produtos da rede de fast-food Mc Donald’s, presente em quase todo o mundo. Com o objectivo de apresentar as características culturais da alimentação mundial, o estudo investigou a sande em 26 países.

“O lanche, considerado o carro-chefe do Mc Donald’s, funciona como um poderoso traçador do sistema de produção de carne dos países. O hambúrguer fornece diversas e variadas informações”, referiu em comunicado o investigador Luiz Antonio Martinelli, responsável pelo projecto.

“Por ser servido em quase todo o mundo, a sande tornou-se um importante objecto de estudo. Existe mesmo o «Big Mac Index», um índice económico que calcula o preço do produto em todos os países em que é consumido, com o intuito de medir o valor de uma moeda em relação ao dólar”, continuou.

Para o estudo, a equipa rastreou a cadeia alimentar do gado que lhe dá origem, a fim de descobrir onde e como é produzido o principal ingrediente do Big Mac. Martinelli sublinhou ainda que “a carne moída para a produção de hambúrgueres é preparada em lotes, abrangendo uma multiplicidade de animais comprada de vários fornecedores. Por isso, são úteis integradores das características da carne disponível numa determinada área geográfica”.

Da Austrália para o Japão

O cientista conseguiu provar que, apesar de o Big Mac ser um produto de consumo global, o seu sabor é local, por ser originário do rebanho de cada país. “Mas isso não ocorre no mundo todo. Os isótopos estáveis do carbono e do nitrogénio da carne contida em cada um mostraram, por exemplo, que os hamburgers consumidos no Japão são provenientes da Austrália, com gado alimentado com gramíneas do tipo fotossintético C4”.

Esta conclusão foi baseada no facto de as carnes dos lanches japoneses terem uma razão isotópica do carbono-13/carbono-12 mais elevada do que os esperados num país baseado em uma agricultura de ciclo C3 (norma que caracteriza a forma como a planta faz sua fotossíntese), comprovando que o Japão importa carne da Austrália, onde prevalece o modo fotossintético C4 da lavoura, ou seja, das plantas que suportam altas luminosidades – o que não ocorre no país nipónico.

“As análises dos isótopos estáveis dos elementos carbono e nitrogénio, contidos nos objectos de estudo, no caso a carne do Mc Donald’s, forneceram três importantes conclusões. A primeira refere que com um simples hambúrguer é possível rastrear o que o gado come, anível mundial; a segunda, confere à possibilidade de saber como carnes produzidas em diferentes países viajam pelo mundo e a terceira avança que, "por uma questão de mercado, o igual não é tão semelhante assim”, relatou.

Essas conclusões levaram Martinelli a empregar o conceito “glocal”, fusão das palavras global e local, no Big Mac. “A famosa sande do Mc Donald’s tem a capacidade de estar, ao mesmo tempo, actualizado ao sistema de mercado de empresas globais sem perder a influência cultural imposta pelo mercado local”, finalizou.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49923&op=all

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