terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nutracêuticos com efeitos irreversíveis no metabolismo




Produtos não são analisados pelo ministério.
A esmagadora maioria da população já se automedicou com suplementos alimentares e nutracêuticos, tais como vitaminas, laxantes, diuréticos, drenantes, sais minerais, produtos para emagrecer, entre outros. Estes, se por um lado, auxiliam na compensação de dietas pobres ou na minimização de deficiências metabólicas; por outro, o seu uso frequente pode não ser o mais adequado, podendo até provocar efeitos irreversíveis no organismo.

O livro «Nutracêuticos e Alimentos Funcionais» – disponível desde ontem nos escaparates, sob a chancela da Lidel-Edições Técnicas –, que conta com a coordenação de João F. Pinto, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), alerta para as repercussões que decorrem do uso abusivo destas substâncias, bem como para a falta de controlo dos produtos.

A obra foi criada a várias mãos, por um grupo de docentes da FFUL e do mestrado integrado em Plantas, e nasce da necessidade de se enquadrar o tema numa óptica técnica e científica adequada, por se considerar que “o conhecimento sobre esta matéria é demasiado disperso”, segundo referiu o coordenador ao jornal «Ciência Hoje» (CH).

A publicação trata o tema de um modo pluridisciplinar, desde aspectos farmacológicos, bioquímicos, tecnológicos, analíticos à comercialização, legislação e utilização dos nutracêuticos. João Pinto sublinhou, no entanto, que alguns nutracêuticos poderão “ser inócuos e apresentam mesmo aspectos positivos”, mas a maioria “tem uma acção fisiológica, que a médio e longo prazo poderá desencadear resultados negativos nos rins, fígado ou outro órgão”.



Nutracêutico
Um nutracêutico é um produto nutricional que tem um alegado valor terapêutico. O termo resulta da combinação entre "nutrição" e "farmacêutica" e estuda os componentes fitoquímicos presentes nas frutas, legumes, vegetais e cereais, dispondo-se a investigar as ervas, folhas, raízes (plantas medicinais) e cascas de árvores para descobrir seus benefícios à saúde e possíveis curas de doenças.

Por exemplo, são conhecidos os efeitos positivos do resveratrol (polifenol que pode ser encontrado principalmente nas sementes de uvas pretas e no vinho tinto), mas em vez de beber um copo de vinho por dia, através da extracção da substância de forma concentrada, esta pode ser ingerido em cápsulas.O docente assinalou mesmo que estes produtos estão sob a alçada do Ministério da Agricultura e não do Infarmed – faltando assim “um controlo analítico, directo ou indirecto, sobre os nutracêuticos”.

João Pinto referiu ainda que o uso recorrente de suplementos alimentares deve merecer particular atenção,"para evitar sobredosagens e interferências com os alimentos e podem afectar o metabolismo do indivíduo com efeitos irreversíveis. Quando se pretende fazer um uso contínuo, a opinião de um médico, farmacêutico ou nutricionista é importante”.

Disse ainda ao CH que, por exemplo, “os produtos para emagrecer, apesar de aceites pelas autoridades, podem estar contaminados com substâncias diuréticas que inibam a absorção de nutrientes essenciais” e tomados sem a orientação de um médico poderão, muitas vezes, "entrar em desacordo com outras substâncias aparentadas, com efeitos cinérgicos ou contraditórios”.

A grande preocupação manifestada pelos profissionais de farmácia prende-se com a “contaminação fraudulenta de algumas substâncias activas, por falta de supervisão, por não existir uma lei que faça uma supervisão detalhada


Estes novos compostos químicos deviam ter a supervisão do Infarmed e nunca do ministério da Agricultura, pois muitos destes compostos são activos e actuam no nosso organismo como compostos farmacológicos com cinéticas capazes de interferir na vida do dia a dia, tanto de uma forma dita positiva como numa dita negativa.
Uma área de negócios a merecer a atenção do governo recém empossado.



http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49822&op=all

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