quarta-feira, 20 de julho de 2011

É possível "congelar o cancro" até ele desaparecer A crioablação percutânea está a ser usada em tumores ósseos em V.N. Gaia 2011-07-14

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho está a usar uma técnica pioneira, em Portugal, no tratamento de tumores ósseos. A Crioablação Percutânea é minimamente invasiva e consiste no congelamento da massa maligna com a introdução de uma agulha especializada guiada através de imagiologia (Tomografia Computorizada - TC).

Tiago Pereira, médico radiologista de intervenção daquela unidade hospitalar, concebe esta técnica como “uma mais-valia por ser possível observar e acompanhar a bola de gelo, com bastante precisão”.
Segundo explicou ainda ao «Ciência Hoje», o procedimento inicia com “a introdução de agulhas especiais” – acopladas a um sistema que transfere gases, “com diferentes tipos de pressão – no tumor, sob anestesia, que, ao libertar substâncias gasosas, darão origem a uma bola de gelo controlada”. O tumor é, então, envolvido na bola de gelo, sem causar danos em outras estruturas ou órgãos envolventes.

Este método dispensa a habitual extracção tumoral via cirúrgica, já que o tecido vai encolhendo até desaparecer. O tempo de atrofia pode levar entre algumas semanas a uns meses, sendo vigiado regularmente.

Tiago Pereira já está a aplicar a técnica, no Hospital de Gaia.
Tiago Pereira já está a aplicar a técnica, no Hospital de Gaia.
O radiologista salvaguardou que a técnica já tinha sido usada no nosso país, mas não era guiada por imagem. “Aqui, o procedimento e a monitorização são seguidos via TC e embora o tumor possa parecer igual, está morto”, sublinhou. Após a intervenção, o paciente pode ter alta no máximo em dois dias. Portanto, as vantagens são claras: o tempo de estadia é encurtado, existe menor agressão cirúrgica, uma redução das complicações pós-operatórias, menos tempo de recuperação e uma clara vantagem estética.

A primeira intervenção, cuja duração teve aproximadamente 90 minutos, foi há um mês e a paciente está a ser seguida. O protocolo requer que seja vigiada por ressonância e caso um pedaço do tecido maligno “ainda estar vivo”, a técnica pode ser repetida apenas sobre essa área. Outro campo de progressão da crioablação percutânea é o tumor renal – que no estrangeiro "já obteve bons resultados", concluiu.

O procedimento foi realizado pela Unidade de Radiologia de Intervenção do Serviço de Imagiologia do Centro Hospitalar Gaia/Espinho, em colaboração com os Serviços de Hemato-Oncologia e Anestesia.
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http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=50051&op=all

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