segunda-feira, 9 de junho de 2014

Dunas da cratera de Gale em Marte estão activas Investigador português integrou equipa liderada pelo instituto norte-americano SETI

As dunas da cratera de Gale no planeta Marte movem-se, algo que se desconhecia até ao momento. A descoberta foi possível recorrendo a imagens de satélite, recolhidas entre 2006 e 2011, pela missão “Mars Reconnaissance Orbiter”.

A equipa de oito investigadores, liderados pelo Instituto SETI, Estados Unidos da América, dos quais um português David Vaz, do Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra, correlacionou as estruturas sedimentares com modelos atmosféricos, demonstrando que os ventos serão suficientemente fortes para manter actividade eólica nas condições atmosféricas actuais.

O contributo de David Vaz foi desenvolver um algoritmo que permitiu automaticamente “fazer a cartografia e caracterização das estruturas sedimentares eólicas. Genericamente, com base na imagem o algoritmo identifiquei as estruturas sedimentares, semelhantes a pequenas ondas que se podem ver por vezes na areia da praia, e, a partir daí, obtivemos informação sobre a direcção do vento na superfície do planeta”, explica o investigador.

“Este trabalho poderia ser feito manualmente, mas não seria tão prático”, sublinha David Vaz que desenvolveu esta investigação no âmbito do seu pós-doutoramento.Os investigadores aguardam agora que o rover Curiosity passe por esta zona do planeta Marte para validar as conclusões retiradas através de “modelos teóricos de simulação atmosférica. A passagem do Curiosity por esta zona de dunas será uma oportunidade única de estudar processos eólicos em Marte”, sublinha David Vaz, também investigador no Centro de Recursos Naturais e Ambiente do Instituto Superior Técnico.

O estudo desta região permitiu verificar que as dunas se estão a mover a uma velocidade de 40 centímetros por ano terrestre, ou seja uma média de pouco mais de um milímetro por dia. Isto indica que a acção do vento é, muito provavelmente, o processo actual mais importante na modelação da paisagem na cratera de Gale.

Esta informação, avança David Vaz, “fornece pistas importantes para o rover Curiosity. Quando o rover passar pelas dunas, poderá estudar in loco as condições atmosféricas e os mecanismos que permitem o transporte de sedimentos em Marte”.

As conclusões desta investigação vão ser publicadas num artigo, com o título “Pervasive aeolian activity along rover Curiosity's traverse in Gale Crater, Mars”, da edição de Abril da revista científica “Geology”.

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