segunda-feira, 9 de junho de 2014

Malária e Dengue podem voltar à Europa

A possibilidade de (re)introdução de doenças como a dengue e a malária no espaço europeu foi motivo de análise no encontro da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) sobre doenças transmitidas por vetores. Médicos e outros profissionais da saúde debateram estratégias integradas para o controlo vetorial e a implementação de medidas de saúde pública adequadas.

Segundo a OMS mais de metade da população mundial pode estar em risco de contrair doenças transmitidas por vectores, causa de 1/3 da mortalidade mundial. Apesar de ocorrerem habitualmente em áreas tropicais e subtropicais nos últimos anos assiste-se à sua disseminação para outras áreas geográficas. Esta propagação deve-se a vários factores, nomeadamente o aumento das viagens e comércio internacional, a introdução de novas práticas agrícolas, a evolução sócio demográfica da população, as migrações, as alterações climáticas e, actualmente, à crise que a Europa atravessa.

Segundo António Tavares, Delegado Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, a crise veio acentuar a pobreza e a criação de novos pobres o que “provoca, por falta de capacidade económica, a privação de certas necessidades básicas como os cuidados de saúde".
Esta situação cria uma maior propensão para certas doenças, uma sobrecarga do Serviço Nacional de Saúde e a uma incapacidade de reposta dos profissionais a todos os grupos mais vulneráveis.António Tavares, sublinha, no entanto, que “ um maior aprofundamento do que se está a passar, contribui para uma maior cultura de saúde, sobretudo me zonas limite em que a saúde se articula com outras áreas sociais.”

Os vectores transmitem a infecção através de picada quando eles próprios são portadores de vírus e parasitas. Os mais comuns são os mosquitos (de várias espécies), mosca da areia e carraças. Apenas uma picada pode transmitir doenças como malária, dengue, chikungunya, febre do Nilo Ocidental, leishmaniose, doença de Lyme, febre amarela, encefalite japonesa, entre outras.

De acordo com Maria João Martins, Coordenadora da Unidade de Saúde Pública de Lisboa Central, “muitas doenças são transmitidas por vectores que se não forem devidamente controlados, podem fazer-se levar em transportes internacionais e multiplicar-se, representando um risco para tripulantes, passageiros e propagando doenças noutros países.”
 Maria João Martins explica ainda que “todos os transportes devem ser mantidos isentos de vectores utilizando, para isso, os métodos e materiais recomendados pela OMS.”

A monitorização destas doenças é uma preocupação habitual da Direcção-Geral da Saúde (DGS), de outras Instituições do Ministério da Saúde (tais como o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge - INSA) ou de centros de investigação portugueses como o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) ou o Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Francisco Cambournac (CEVDI).
Também o INSA coordena a Rede de Vigilância de Vectores (REVIVE), que, de acordo com Fernanda Santos, do INSA/CEVDI, tem “como principal objectivo melhorar o conhecimento sobre as espécies de vectores presentes no país, vigiar a sua distribuição e actividade sazonal, contribuindo para o esclarecimento do seu papel como agentes de transmissão da doença e detectar atempadamente a introdução de espécies invasoras com importância em saúde pública, assim como emitir alertas para a adequação das medidas de controlo.”

No seguimento do surto de febre de dengue que teve início em 3 de Outubro de 2012 na Região Autónoma da Madeira, tornou-se clara a necessidade de garantir o aconselhamento especializado da população e dos profissionais de saúde, aprofundar a transmissão de conhecimentos científicos sobre esta matéria e estabelecer medidas de controlo e prevenção que permitam minimizar o impacto destas doenças na saúde pública. A Dengue é a doença tropical emergente mais importante, infecta entre 50 a 100 milhões de pessoas por ano e a mortalidade ronda os 2,5-5%.

Outra doença que importou salientar foi a de Lyme, a principal doença vectorial do Hemisfério Norte. Segundo, Fernanda Santos, Coordenadora da Unidade de Saúde Pública do Alentejo Litoral,“surgem 85 mil casos/ano, e em Portugal, morreram 44 pessoas, nos últimos seis anos. No que toca à malária, que mata 750 mil pessoas/ano a nível mundial, em Portugal existe o vector e o hospedeiro, mas falta-lhe o parasita.

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