sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Investigadores do IGC identificam mecanismo de formação cancerígena

Actividade de genes que promovem cancro pode ser controlada pelo esqueleto das células 2013-05-06 Por Sara Pelicano Florence Janody, coordenadora do estudo desenvolvido no IGC e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Florence Janody, coordenadora do estudo desenvolvido no IGC e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Um grupo de investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), liderado por Florence Janody, identificou um novo mecanismo pelo qual a actividade do oncogene (classe de genes que codificam proteínas cuja actividade favorece o desenvolvimento de tumores) Src é limitada pelo esqueleto da célula, o citoesqueleto, limitando assim o desenvolvimento de tumores. “O aumento da actividade de Src tem sido demonstrada em vários tumores malignos como gastrointestinais, incluindo o colorrectal, hepatocelular, pancreático, tumores gástricos e esofágico, bem como no cancro da mama, ovário e pulmão”, esclarece ao Ciência Hoje, Florence Janody. Neste estudo, os investigadores usaram como modelo a mosca da fruta, Drosophila melanogaster. Esta mosca, devido “à sua sofisticada genética, à baixa redundância e elevado grau de conservação é o organismo ideal para gerar modelos cancerígenos semelhantes aos que incidem nos humanos e assim investigar os mecanismos desta patologia”, acrescenta Florence Janody. Os investigadores procederam então à manipulação genética do citoesqueleto (esqueleto da célula), em tecidos da Drosophila melanogaster. A actina, um dos principais componentes do citoesqueleto, forma uma espécie de cabos que constituem uma rede por onde as moléculas se movimentam dentro da célula. Estes cabos estão em constante afinação: as suas extremidades crescem e encolhem por adição ou remoção de componentes através da acção de proteínas, designadas em inglês por actin-capping, que vão regulando este processo. Src foi o primeiro oncogene a ser descoberto, na década de 1950, como sendo capaz de induzir o cancro. Src foi o primeiro oncogene a ser descoberto, na década de 1950, como sendo capaz de induzir o cancro. O grupo de investigadores do IGC mostrou que o desenvolvimento de tumores é travado na presença de elevados níveis do “afinador” actin capping protein. Este “afinador” restringe a actuação de proteínas que são normalmente activadas por elevados níveis de Src. De acordo com a entrevistada, o grupo verificou que “Capping Protein, ou mesmo todas as proteínas que regulam a actina, são conservadas na mosca da fruta de igual modo que nos mamíferos. Nos mamíferos, como na Drosophila, Src desempenha um papel significativo no desenvolvimento da carcinogénese e são detectados, em muitos carcinomas, o aumento dos níveis de tirosina-quinase Src. Assim, com base nos elevados níveis de conservação entre Drosophila e Src em mamíferos, averiguámos que, em células cancerígenas, a competição entre Capping Protein e o oncogene Src na regulação da actina é crítica nas fases iniciais da transformação celular para determinar se a célula irá ser uma célula cancerígena ou escapar à transformação celular”. Apesar no mecanismo molecular preciso ainda não ser conhecido, a hipótese levantada por estes investigadores é de que o “afinador” cria uma tensão nos cabos do citoesqueleto que impede a acção destas proteínas. De modo inverso, a actividade do oncogene Src é aumentada quando os níveis de actin capping protein estão diminuídos, uma vez que as proteínas activadas conseguem-se libertar do efeito bloqueador da rede do citoesqueleto e actuar na célula, resultando no desenvolvimento de tumores. Assim, quando a rede do citosqueleto não é controlada com precisão, oncogenes como Src não ficam retidos, observando-se o desenvolvimento de tumores. Actualmente, os investigadores colocam a hipótese de utilizar linha celular humana.

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