sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Mulheres e homens têm padrões labiais diferentes

Uma equipa de cientistas portuguesas está a fazer progressos na área da identificação aplicada às ciências forenses. Virgínia Costa, da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP), e Inês Caldas, da mesma faculdade e do CENCIFOR – Centro de Ciências Forenses, Instituto Nacional de Medicina Legal, publicaram um artigo com as conclusões dos seus mais recentes estudos no «Journal of Forensic Sciences». O estudo das impressões labiais, denominado queiloscopia, é o centro do artigo «Morphologic Patterns of Lip Prints in a Portuguese Population: A Preliminary Analysis». Inês Caldas explicou ao «Ciência Hoje» que apesar de não ser ainda “prova estabelecida”, tudo indica que as impressões diferem em cada pessoa. “O que procuramos é discriminar indivíduos a partir dos padrões dessas impressões”. O artigo vem mostrar que o sexo pode ser aferido também a partir desta análise. “Os padrões labiais podem funcionar como impressões digitais”, esclarece. “Estamos ainda a tentar determinar se a singularidade pode ou não ser aplicada”. A experiência que realizaram, na FMDUP, envolveu 50 pessoas, com idades compreendidas entre 22 e 33 anos. “Fizemos a colheita das impressões labiais de 25 pessoas de cada sexo. Fotografámos, aumentámos as imagens e fizemos o tratamento de dados”. Os padrões dividem-se em seis categorias, segundo a classificação Suzuki e Tsushihashi. Inês Caldas Inês Caldas A conclusão destes exames preliminares revela que, de facto, os padrões são diferentes. “O tipo III (52 por cento das ocorrências) é mais frequente nos homens enquanto tipo II (44 por cento) nas mulheres”, pode ler-se no estudo. A identificação através das impressões labiais funciona quando há um registo que permite um exame comparativo, tal como nas impressões digitais. Mas conhecer-se a diferenciação sexual dos padrões acrescenta utilidade a este tipo de identificação. “Numa cena de crime, por exemplo, uma marca labial pode ser uma base para se começar a traçar um perfil”, esclarece. As experiências da equipa não se ficam por aqui. “Estamos, agora, a tentar aprofundar a amostra para termos resultados ainda mais concretos. Estamos também a tentar perceber a afinidade populacional, ou seja, se o padrão se diferencia conforme a proveniência do indivíduo, conforme a sua etnia”, adianta. “Mas quanto a isso ainda não há conclusões. Ainda não fizemos o tratamento de dados”. Artigo: Morphologic Patterns of Lip Prints in a Portuguese Population: A Preliminary Analysis

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