quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A espantosa capacidade de regeneração do pâncreas

Da Suíça vêm novas esperanças para os diabéticos

2014-08-19
Pedro Herrera
Pedro Herrera
Antes da puberdade, o pâncreas tem mais plasticidade e maior capacidade de regeneração do que anteriormente se pensava, como mostra um estudo realizado em ratos e apoiado pelo Programa Nacional de Pesquisa "Células Estaminais e Medicina Regenerativa".
Na Suíça, aproximadamente 40 mil pessoas sofrem de diabetes tipo 1, devido à perda de células beta, que produzem insulina.

Esta hormona é essencial para a utilização do açúcar no corpo. Uma vez que as células beta não se renovavam, a comunidade científica pensava que a sua perda era irreversível, por isso que os diabéticos estavam condenados a uma vida dependente de injecções de insulina.

Um mecanismo anteriormente desconhecido

Há quatro anos, pesquisadores da equipa de Pedro Herrera, da Universidade de Genebra, abalaram pela primeira vez esta certeza.

Usando ratos transgénicos demonstraram que no pâncreas doente algumas células alfa doentes, que normalmente produzem a hormona glicagina,transformam-se em células beta e começar a produzir insulina. Ao contrário da glicagina, a insulina faz baixar o açúcar no sangue impedindo a diabetes.

No seu novo estudo, publicado na revista Nature, a equipe de Herrera prossegue as suas descobertas: antes da puberdade, o pâncreas é capaz de compensar de forma espectacular uma eventual perda de células beta.

"Isto através de um novo mecanismo, até agora completamente desconhecido", diz Herrera.

Células delta (que produzem somatostatina, uma outra hormona pancreática) perdem a identidade celular e retornam a um estádio imaturo, semelhante ao de seu desenvolvimento embrionário. Essas células indiferenciadas multiplicam-se e reconstituem as populações de células delta e beta-

Pâncreas humanos funcionarão de forma análoga

Embora o grupo Pedro Herrera tenha estudado a polivalência das células pancreáticas em ratos, várias observações sugerem que em pacientes humanos o pâncreas pode funcionar de forma semelhante. "Este novo mecanismo mostra que o pâncreas tem muito mais plasticidade celular do que nós pensamos, e - pelo menos na infância - há uma grande capacidade de se regenerar", diz Herrera, "O caminho ainda é longo antes que as. pessoas com diabetes possam beneficiar directamente dessas observações, mas a descoberta da capacidade de adaptação das células delta permite-nos imaginar intervenções terapêuticas insuspeitas até agora". "

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