quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Quando o chichi «dá» luz!

UMinho quer produzir electricidade a partir de urina humana

2014-08-26
Madalena Alves (Foto de Francisca Fidalgo)
Madalena Alves (Foto de Francisca Fidalgo)
O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho está a produzir electricidade e fertilizantes a partir de urina humana. Este projecto europeu, intitulado “Value from Urine”, já despertou o interesse da Agência Aeroespacial Norte-Americana (NASA) e da Agência Espacial Europeia (ESA).

O objectivo é produzir, numa primeira fase, fertilizantes para solos rico em fósforo, e, num segundo momento, utilizar células de combustível microbianas capazes de gerar electricidade e fertilizantes ricos em azoto.
“A valorização da urina separada dos outros componentes do efluente doméstico baseia-se no conceito de saneamento descentralizado, que poderá ser aplicado em zonas remotas ou nações em vias de desenvolvimento sem redes de esgotos e redes eléctricas. Trata-se de um processo que assenta na separação e reutilização das correntes de água poluída gerada em cada habitação”, adianta a professora catedrática Madalena Alves, coordenadora do projecto a nível nacional.

Por exemplo, as águas dos banhos ou das lavagens de roupa podem ser reutilizadas nos autoclismos. Por outro lado, as águas negras, mais concentradas em poluentes, devem ser separadas das águas chamadas ‘cinzentas’, que têm níveis de contaminação menor, permitindo um tratamento diferenciado de acordo com o grau de poluição.

Como tudo se processa (clique para ampliar)
Como tudo se processa (clique para ampliar)
“Evita-se, desta forma, a diluição de poluição, ou seja, a contaminação de correntes de águas limpas com correntes contaminadas. A separação diferenciada da urina é um passo a mais no conceito de saneamento descentralizado. Este sistema é mais sustentável e eficiente do que o actual modelo de saneamento centralizado adoptado na maioria dos países ocidentais”,
explica a investigadora da UMinho. O “Value from Urine” conta com o financiamento do 7.º Programa Quadro da União Europeia e é coordenado pelo Instituto Wetsus, na Holanda.

Madalena Alves
Madalena Alves licenciou-se pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e fez o mestrado em Engenharia Bioquímica no Instituto Superior Técnico. É professora catedrática desde 2013 e directora adjunta do Centro de Engenharia Biológica da UMinho. É responsável por 28 projectos de I&D na área da biotecnologia ambiental e 14 de cooperação internacional. Já orientou 20 estudantes de doutoramento com provas concluídas e mais de 30 alunos de mestrado. Foi distinguida em 2009 com um doutoramento Honoris Causa atribuído pela Universidade de IASI, na Roménia.

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