quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Braga quer construir travessas de caminho-de-ferro
com resíduos de plásticos mistos

Projecto é coordenado por Conceição Paiva

2014-09-09
Conceição Paiva: 'Não se pretende a substituição total dos produtos utilizados actualmente»
Conceição Paiva: 'Não se pretende a substituição total dos produtos utilizados actualmente»
A Escola de Engenharia da Universidade do Minho está a desenvolver travessas para caminho-de-ferro recorrendo a resíduos de plásticos mistos. O objectivo principal é apresentar uma aplicação técnica que permita reduzir significativamente os milhões de toneladas de resíduos de plástico indiferenciado depositados anualmente em aterros sanitários ou eliminados por incineração na União Europeia.

Os plásticos mistos são muito promissores para este tipo de aplicações. “Temos protótipos de barras que, do ponto de vista térmico e mecânico, já se adequam a esta utilização. Mas ainda há um conjunto de questões que têm de ser resolvidas até poderem ser aplicadas aos caminhos-de-ferro”, explica Conceição Paiva, investigadora coordenadora do projecto “Travetec”.

Ferro ou betão podem vir a ser preteridos por resíduos de plástico
Ferro ou betão podem vir a ser preteridos por resíduos de plástico
O trabalho está a ser desenvolvido no PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros da UMinho, em Guimarães, com o financiamento da Sociedade Ponto Verde. Conta com a colaboração do Centro para a Valorização de Resíduos da academia minhota e da empresa Extruplás.

As traves utilizadas nos caminhos-de-ferro são normalmente constituídas de madeira ou betão, sendo que as primeiras devem ser submetidas a tratamentos químicos exigentes e problemáticos em termos ambientais e as segundas são demasiado pesadas, o que limita a sua utilização em determinados locais, como pontes e viadutos. Países como os EUA e a Índia estão já a trabalhar na área. “Não se pretende a substituição total dos produtos utilizados actualmente. No entanto, as traves de madeira serão gradualmente substituídas, sendo necessário encontrar materiais alternativos”, sublinha a professora do Departamento de Engenharia de Polímeros da UMinho.

Conceição Paiva
Conceição de Jesus Rego Paiva nasceu em 1960, em Ota – Alenquer, Portugal. É licenciada em Química pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (1984) e doutorada em Ciência e Engenharia de Polímeros pela UMinho (1998). É, desde então, professora auxiliar da Escola de Engenharia da UMinho. De 2000 a 2003, foi visiting assistant professor na Universidade Clemson (EUA), onde trabalhou no Centre for Advanced Engineering Fibers and Films. Tem vindo a trabalhar activamente na modificação química e física de superfícies de carbono na forma de fibras ou de nanopartículas, na síntese de materiais baseados em grafeno e grafite exfoliada para aplicações em superfícies e no desenvolvimento de soluções para reciclagem de resíduos de plásticos provenientes dos resíduos sólidos urbanos e da separação selectiva.

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