quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Investigadora de Coimbra reduz em 26,5%
a ocorrência de flebites

O estudo de Anabela Oliveira pretendeu compreender as práticas dos profissionais de enfermagem

2014-09-23
 Anabela Salgueiro
Anabela Salgueiro
Um projecto de investigação-acção desenvolvido, durante três anos, por uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) contribuiu para um decréscimo de 26,5% na taxa de incidência de flebites (inflamações da membrana interna das veias) em pessoas portadoras de catéteres venosos periféricos.
O estudo de Anabela de Sousa Salgueiro Oliveira, feito com a colaboração de uma equipa de 30 enfermeiros de um serviço de Medicina de um hospital central – onde se desenrolou o projecto – pretendeu compreender as práticas dos profissionais de enfermagem e contribuir para a redução das flebites que facilitam a colonização bacteriana e a ocorrência de infecções.

Os bons efeitos alcançados surgiram após a realização de oficinas de trabalho com a equipa de enfermagem daquele serviço, com uma vertente de formação e de reflexão sobre as práticas até então seguidas e tendo por base as guidelines (regras ou instruções sobre como algo deve ser feito) e a evidência científica.

A flebite é a inflamação de uma veia, geralmente de uma perna
A flebite é a inflamação de uma veia, geralmente de uma perna
«Os resultados evidenciaram maior mobilização do conhecimento científico, com um decréscimo de 26,5% na taxa de incidência de flebites»
, que anteriormente era de 68,9%, revela a investigadora da ESEnfC, ao notar que para estas «alterações positivas» contribuíram não só as práticas dos enfermeiros, mas também mudanças organizacionais, na liderança, na formação dos profissionais e na (menor) sobrecarga de trabalho.

Por outro lado, o perfil complexo dos doentes - no caso em apreço, tinham uma média etária acima dos 76 anos – pode ser outro factor de risco para a ocorrência de flebites.

Como exemplos de algumas das medidas implementadas, Anabela Salgueiro refere o uso de material mais adequado na fixação e protecção do orifício dos catéteres, a utilização de catéteres de menor calibre e o facto de os garrotes para a punção passarem a ser de uso único e lavados diariamente.

Para o sucesso deste projecto, a investigadora da ESEnfC explica que muito contribuiu a estratégia adoptada, de envolvimento da equipa de enfermagem: «Nós quisemos compreender como faziam e trabalhar com eles, mobilizando a evidência científica para a reflexão. Os enfermeiros foram implicados em todas as fases do processo, no sentido de melhor adequarmos o que está nas guidelines à realidade prática».

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