segunda-feira, 27 de junho de 2011

Coimbra encontra terapêutica de origem vegetal para giardiose Doença afecta mais de 280 milhões de pessoas por ano 2011-06-20 Por Carla Sofia Flores

Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) encontraram uma nova alternativa terapêutica para combater a giardiose, uma doença caracterizada por graves infecções no intestino dos humanos, por vezes fatais, e que afecta, anualmente, 280 milhões de pessoas em todo o mundo, nomeadamente crianças, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A equipa multidisciplinar de investigadores liderada por Carlos Cavaleiro, do Centro de Estudos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia da UC (FFUC) trabalhou ao longo de cinco anos na identificação, em extractos de plantas como capim-limão, orégão e uma espécie de tomilho,de compostos que actuam sobre a Giardia lamblia, parasita responsável por esta doença, cuja maior taxa de prevalência verifica-se nos países em desenvolvimento.

“Identificámos terpenóides, substâncias de origem vegetal, que, em estudos in vitro, mostraram ter efeitos muito promissores. Actuam no parasita e alteram a sua funcionalidade, fazendo-o perder a capacidade de se ligar ao hospedeiro”, explicou ao «Ciência Hoje» o coordenador da investigação.

De acordo com Carlos Cavaleiro, depois de realizados os testes in vitro, os cientistas vão iniciar, “dentro de dois meses”, os ensaios em animais, para “comprovar a ausência de toxidade” dos compostos e assim garantir-se a segurança da sua utilização

No entanto, os resultados já disponíveis são indicadores “do elevado potencial para virem a ser utilizados como novas estratégias terapêuticas, menos tóxicas e de menor custo, para combate da giardiose”, uma vez que os actuais medicamentos para tratar a doença são pouco eficazes, têm elevada toxicidade e são muito caros, para além de já apresentarem problemas de resistência do parasita.

O investigador reconheceu que o desenvolvimento de fármacos a partir destes compostos de origem natural pode ser uma alternativa com grande impacto nas regiões onde a doença é mais incidente. “Estes compostos não são exclusivos de uma família de plantas e podem ficar disponíveis para populações que não têm acesso a medicamentos convencionais. Poder-se fornecer matéria-prima vegetal nesses países é uma vantagem”, sublinhou o investigador.

Depois de identificados os compostos, elucidados os seus mecanismos de acção e da validação em ensaios em animais que agora vai iniciar, a utilização destes componentes em humanos dependerá do interesse da indústria farmacêutica e dos resultados dos estudos a que esse processo obriga, explicou Carlos Cavaleiro.

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