segunda-feira, 27 de junho de 2011

Potencial da saliva no diagnóstico de doenças testado na UA Comprovada eficácia do método para detecção de cárie dentária 2011-06-20

A saliva tem um papel fundamental na digestão e na deglutição, previne infecções devido às suas enzimas e anticorpos, tem propriedades cicatrizantes e neutraliza os ácidos que causam a cárie.

Um grupo de investigadores da Unidade de Química Orgânica, Produtos Naturais e Agro-alimentares da Universidade de Aveiro (UA) acredita que a saliva pode ter outra importante função como meio de diagnóstico de algumas doenças, como por exemplo, a cárie dentária.

Desta forma, pode contribuir para a sua detecção precoce e incorporar em programas preventivos para a saúde oral com elevada importância e impacto sócio/económico.

Ao longo dos últimos 11 anos, os bioquímicos já conseguiram comprovar que existe correlação entre proteínas e peptídeos presentes na saliva e a cárie dentária, uma das infecções bacterianas crónicas mais comuns e que afecta 80 por cento da população mundial e 66 por cento dos portugueses.

A partir da caracterização das proteínas salivares de uma amostra constituída por indivíduos com cáries e outros sem cáries activas e alguns ensaios in vitro e in vivo, os cientistas conseguiram perceber que as pessoas resistentes às cáries apresentavam maiores quantidades de alguns péptidos constituintes da película aderida, contribuindo para a manutenção da estrutura cristalina do esmalte e diminuindo a ocorrência de infecções por bactérias cariogénicas.

Os investigadores acreditam que diagnósticos realizados com a saliva podem ser tão eficientes quanto os tradicionais exames realizados com recolha de sangue, sendo um procedimento mais barato e mais rápido. “A saliva será cada vez mais uma ferramenta de diagnóstico, de prevenção e de monitorização muito menos invasiva, mas apenas se conseguirmos identificar e validar biomarcadores salivares específicos associados a essas doenças”, disse Rui Vitorino, investigador do Departamento de Química da UA.

Apesar de optimista, o investigador refere que há ainda muito trabalho para fazer nesta área e que as potencialidades são variadas. “Queremos estudar mais aprofundadamente outras situações em que ocorrem alterações da composição das proteínas salivares para conseguirmos prever, acompanhar a progressão e verificar os resultados do tratamento de uma forma eficaz, não apenas na cárie dentária mas também em outras doenças como a diabetes e o cancro da cabeça e pescoço. É nossa intenção perceber em detalhe quais as alterações associadas ao aparecimento de cada uma destas doenças”, acrescentou.

Com este objetivo no horizonte, a UA já estabeleceu parcerias com o IPO do Porto, a CESPU e o Hospital de São João e os resultados preliminares neste novo campo de acção já lhes permitiram fazer, também, a caracterização básica da saliva de indivíduos com cancro da cabeça e pescoço e de indivíduos diabéticos. “Tal como no estudo das cáries dentárias, também aqui encontramos diferenças, mas agora temos de perceber essas variações”, avançou o investigador.

Sem comentários:

Enviar um comentário