quarta-feira, 1 de junho de 2011

Telemedicina

O presidente da Associação Portuguesa de Telemedicina lamenta que Portugal ainda aposte pouco neste recurso de diagnóstico à distância e sugere que o Ministério da Saúde avance para a criação de uma rede nacional. A União Europeia assinala a partir de hoje a Semana da Telemedicina, no âmbito da 9.ª Conferência Ministerial, a decorrer em Budapeste.

Esta área, “em Portugal, não evoluiu como pensávamos que iria evoluir”, declarou Eduardo Castela, que em 1998 foi pioneiro no país na criação de uma rede de cardiologia pediátrica a partir do Hospital Pediátrico de Coimbra (HPC).

Uma das questões que julga estar na base da fraca evolução da telemedicina, no caso da cardiologia, é o facto de os médicos, “porque não ganham bem, terem de recorrer a consultas regulares privadas, e não estarem disponíveis para integrarem um projecto destes”.

“As dificuldades que tem existido também passam muito pelas mudanças sucessivas na governação em Portugal”, acrescenta. Eduardo Castela diz que ao assumir-se a associação como órgão consultivo para os governos na área da telemedicina, sempre que mudam os titulares na pasta da Saúde tem de voltar a explicar a vocação e vantagens, e “desde 1998 é a mesma história”.

“Era também necessário que o Estado tivesse uma função disciplinadora, porque há algumas experiências salpicadas pelo país de rudimentos de telemedicina em que cada um trabalha à sua maneira, e não são conectáveis”, também por incompatibilidade das plataformas tecnológicas, observa.

Entende que a administração central deveria também mobilizar “os interessados em organizar, de forma sustentada e firme, uma rede de telemedicina nacional, com as diversas nuances, dependendo das especialidades, mas conectáveis umas às outras”. Para Eduardo Castela, a criação da Rede Informática da Saúde “foi um grande avanço, e agora é fazer um esforço de ensino e aprendizagem”.

Na sua perspectiva, especialidades como a cardiologia, a genética médica, ou outras que só existem nas grandes unidades hospitalares, podem recorrer mais à telemedicina, por não se justificar, por exemplo, um cardiologista pediátrico, ou um oncologista pediátrico, em todos os hospitais distritais.

Não é a solução para o SNS

“Isto não é a solução, naturalmente, para o Serviço Nacional de Saúde, mas é uma boa ajuda em algumas especialidades, e fundamental para a teleformação. É um enriquecimento, em especial numa altura, como esta, em que é preciso conter despesas”, sustenta

Eduardo Castela, igualmente director do Serviço de Cardiologia Pediátrica do HPC, diz que a telemedicina “tem enormes vantagens” económicas, pois evita deslocações de utentes, é mais cómoda, e até faz diminuir o absentismo ao trabalho.

“Os médicos também ficam muito mais protegidos, porque acabam por ter, em tempo real, acesso a uma consulta que não têm no seu hospital”, e o diagnóstico que fazem, em diálogo com o especialista, poderá ser seguro, observa. A Associação Portuguesa de Telemedicina, formada há cerca de uma década, está a elaborar uma obra que possa ajudar a expandir em Portugal este recurso para o diagnóstico à distânc

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