sexta-feira, 17 de junho de 2011

Medo da morte pode ser fatal durante enfarte Estudo do “European Heart Journal" faz ligação entre mente e corpo

Um estudo publicado no “European Heart Journal" vem sugerir “a importância da ligação entre mente e corpo”, ao revelar que pessoas que sentem muito medo de morrer durante um enfarte do miocárdio e nos dias seguintes, parecem também apresentar uma maior inflamação, um indicador que poderá anunciar mais problemas de saúde, do que os pacientes que não sentem tanto medo.

Nesta investigação foram avaliados 208 pacientes que tinham recorrido ao Hospital St. George, em Londres, com síndrome coronária aguda (obstrução das artérias coronárias), durante um período de 18 meses. Ao longo da sua hospitalização, os pacientes foram questionados acerca do seu medo da morte.

Simultaneamente, os investigadores mediram os níveis sanguíneos do factor de necrose tumoral (TNF), que desencadeia a inflamação. Três semanas depois, quando os pacientes já se encontravam em casa, a equipa de cientistas mediu a variabilidade da frequência cardíaca e os níveis de cortisol (hormona relacionada com o stress) na saliva.

Um quinto dos voluntários mostrou sentir ansiedade extrema e medo da morte, enquanto dois terços revelaram ter reacções emocionais mais moderadas. Também foi verificado que as pessoas mais jovens, pobres e solteiras (o que poderá indicar um maior isolamento social) eram mais propensas a ter reacções intensas.

O medo da morte foi associado a um aumento de quatro vezes nos níveis de TNF no momento do internamento hospitalar. Três semanas depois, verificou-se que os níveis deste factor foram associados a uma menor variabilidade da frequência cardíaca - associada a maiores taxas de mortalidade após um enfarte do miocárdio - e a níveis mais baixos de cortisol, que podem indicar que o organismo não é capaz de reverter a inflamação causada pelo enfarte.

Apesar destes resultados, os investigadores alertaram para algumas limitações do estudo, como, por exemplo, o facto de 23 por cento dos pacientes terem sido acompanhados apenas durante as primeiras três semanas depois do enfarte do miocárdio; terem sido observadas poucas mulheres e por não ter sido esclarecido se é a ansiedade extrema que causa os efeitos biológicos ou vice-versa.

Contudo, Suzanne Steinbaum, especialista em cardiologia preventiva do Lenox Hill Hospital, nos EUA, acredita que este “estudo mostra que quando os pacientes têm muito medo a inflamação aumenta e diminui a variabilidade dos batimentos cardíacos, que podem levar a maus resultados”, pelo que, nestas situações, “devem ser abordados não só os problemas físicos mas também mentais".

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