As pessoas com mais de 65 anos que tomam vários medicamentos podem estar a prejudicar a capacidade mental e ter um risco acrescido de morte. Um estudo que envolveu 13 mil homens e mulheres com estas idades verificou que cerca de metade utilizavam químicos que em conjunto podem estar associados a este efeito. O artigo foi publicado hoje na revista The Journal of the American Geriatrics Society.
Pessoas que estão em instituições tomam mais medicamentos com este efeito Pessoas que estão em instituições tomam mais medicamentos com este efeito (Adriano Miranda (arquivo))
O cerne da investigação é o efeito anticolinérgico de 80 medicamentos avaliados. Uma das substâncias importantes para a manutenção das ligações entre as células do cérebro é a acetilcolina. O efeito anticolinérgico impede o trabalho desta molécula.
Há muitos medicamentos que causam esta acção, desde tratamentos à incontinência, comprimidos que ajudam a dormir, medicamentos para doenças como a hipertensão ou paragem cardíaca. Os investigadores do Reino Unido e dos Estados Unidos avaliaram a gravidade do efeito de cada medicamento. Que podia ir de um, o efeito mínimo, a três, o máximo.
Uma pessoa que tomasse dois medicamentos com efeito mínimo e um com o efeito anticolinérgico máximo, teria uma pontuação total de cinco.
Entre 1991 e 1993, o tempo em que foi feito o estudo, 20 por cento dos pacientes que tinham uma avaliação de cinco ou mais, morreram. Em contrapartida, dos que não estavam a tomar químicos anticolinérgicos, só sete por cento é que morreu.
Por outro lado, quem tinha uma avaliação de cinco ou mais, desceu em 4 por cento nas funções cognitivas.
“As nossas descobertas mostram claramente que os médicos precisam de rever o peso cumulativo de anticolinérgicos nas pessoas com dificuldades cognitivas para determinar se as drogas estão a causar um declínio no estado mental”, disse em comunicado um dos co-autores do estudo, Malaz Boustani, médico e investigador na Escola de medicina da Universidade do Indiana.
O estudo também mostra que pessoas mais velhas, com um rendimento menor, e com mais problemas de saúde tomavam mais estes medicamentos. Assim como as pessoas que estavam em instituições.
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